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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.33 no.64 Florianópolis  2021  Epub 01-Maio-2021

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021.e78743 

Seção Temática

Contemplar: a trajetória de um coletivo no fomento da pesquisa, extensão e cidadania para o lazer

Contemplar: the trajectory of a collective in promoting research, extension and citizenship for leisure

Contemplar: la trayectoria de un colectivo en la promoción de la investigación, la extensión y la ciudadanía para el ocio

Shaiane Vargas da Silveira1 
http://orcid.org/0000-0001-7997-135X

Solano de Souza Braga1 
http://orcid.org/0000-0002-6231-4756

Sofia Araujo de Oliveira1 
http://orcid.org/0000-0003-4842-303X

1Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Parnaíba, Piauí, Brasil.


RESUMO

O artigo tem como objetivo apresentar uma breve descrição da trajetória do Grupo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo Livre e Lazer - CONTEMPLAR, sediado na Universidade Federal do Delta do Parnaíba, no município de Parnaíba, Piauí/Brasil. A partir da metodologia da análise documental e descritiva foi realizado um relato histórico e elencadas as perspectivas teóricas que embasam as linhas de pesquisa do grupo de pesquisa. Em 2018, a partir da institucionalização formal, o coletivo definiu quatro linhas para o desenvolvimento da pesquisa, extensão e divulgação científica, quais sejam: “Políticas Públicas e Movimentos Sociais em Lazer”, “Ócio, Bem-estar e Desenvolvimento Humano”, “Inovação, Criatividade e Tecnologias de Entretenimento e Lazer e “Territórios, Espaços e Lugares de Lazer”. Foi possível concluir que, apesar da independência estratégica de cada linha, as premissas do ócio humanista, do desenvolvimento humano e da teoria das necessidades correspondem ao pano de fundo que estrutura a base conceitual dos estudos.

PALAVRAS-CHAVE: Centro de pesquisa; Desenvolvimento social e lazer; Extensão comunitária

ABSTRACT

This article presents a brief description of the trajectory of Grupo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo Livre e Lazer - CONTEMPLAR, hosted at the Universidade Federal do Delta do Parnaíba, at the county of Parnaíba, Piauí/Brasil. From the descriptive and documental analysis, an historic report was made and the theoretical perspectives were listed, which base the research lines from the research group. In 2018, from the formal institutionalization, the collective defined four lines for the development of the scientific research, extension and promotion, which are: “Public Policies and Leisure Social Movements”, “Leisure, Well-being and Human Development”, “Innovation, Creativity, “Leisure and Entertainment Technologies and “Territories, Spaces and Places of Leisure”. Although the strategic independence of each line, the premises of humanistic leisure, human development and theory of necessity all correspond to the background that structures the conceptual base of the studies.

KEYWORDS: Research center; Social development and leisure; Community extension

RESUMEN

El artículo presenta una breve descripción de la trayectoria del Grupo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo Livre e Lazer - CONTEMPLAR, con sede en la Universidade Federal do Delta do Parnaíba, en el municipio de Parnaíba, Piauí/Brasil. A partir del análisis documental y descriptivo, se realizó un relato histórico y se enumeraron las perspectivas teóricas que sustentan las líneas de investigación del grupo de investigación. En 2018, a partir de la institucionalización formal, el colectivo definió cuatro líneas para el desarrollo de la investigación, extensión y divulgación científica, a saber: "Políticas Públicas y Movimientos Sociales en el Ocio”, “Ocio, Bienestar y Desarrollo Humano”, “Innovación, Creatividad y Tecnologías de Entretenimiento y Ocio” y "Territorios, Espacios y Lugares de Ocio". A pesar de la independencia estratégica de cada línea, las premisas del ocio humanista, el desarrollo humano y la teoría de las necesidades corresponden al trasfondo que estructura la base conceptual de los estudios.

PALABRAS-CLAVE: Centro de investigación; Desarrollo social y ocio; Extensão comunitaria

INTRODUÇÃO

O Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo Livre e Lazer - CONTEMPLAR compreende um grupo de pesquisa cuja denominação foi inspirada na consideração do Lazer como categoria indispensável no conjunto de necessidades humanas da sociedade. A atenção ao lazer se reverte assim na atenção ao que é básico para o bem-estar de homens e mulheres, de diferentes gerações, classes sociais e outros atributos que nos diferenciam ou congregam.

No presente artigo será apresentada a trajetória histórica do grupo, o diálogo entre as linhas de pesquisa, o referencial teórico que sustenta a abordagem teórica da equipe e por fim resultados parciais consagrados em projetos, publicações e outras formas de divulgação científica. A partir da abordagem do lazer como necessidade humana adotamos como ponto de partida a “Carta Internacional de Educação para o Lazer”, subscrita pela World Leisure Organization - WLO, pois considera que o lazer seja:

Uma área específica da experiência humana com seus próprios benefícios, incluindo liberdade de escolha, criatividade, satisfação, diversão e aumento de prazer e felicidade. Abrange formas amplas de expressão e de atividades cujos elementos são tanto de natureza física quanto intelectual, social, artística ou espiritual. O lazer promove a saúde e o bem-estar geral oferecendo uma variedade de oportunidades que possibilitam aos indivíduos e grupos escolherem atividades e experiências que se adequem às suas próprias necessidades, interesses e preferências. (WORLD LEISURE ORGANIZATION, 1993, s.p).

Ampliando esse conceito, convém registrar que para Gomes (2004), o lazer se caracteriza por quatro elementos interligados - tempo, espaço-lugar, ações/atitudes e manifestações culturais. Tais elementos estão enraizados no lúdico e passíveis de pressão e interferência do contexto. A autora afirma ainda que esses quatro elementos expressam um exercício coletivamente construído, no qual os sujeitos se envolvem em função dos seus desejos

Lazer também é considerado por Silva et al (2011, p. 32) como a cultura, praticada, assistida ou conhecida, no tempo/espaço disponíveis, com determinadas características de atitude, abrangendo a atividade (conteúdos culturais) e a não atividade (ócio), em três gêneros (conformismo, criticidade, criatividade), levando em conta a superação de níveis conformistas para críticos e criativos, oferecendo possibilidades de descanso, divertimento e desenvolvimento pessoal e social.

Os três conceitos apresentados, WLO (1993), Gomes (2004) e Silva et al (2011), se somam e abarcam a compreensão de lazer adotada pelo Grupo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo Livre e Lazer - CONTEMPLAR, pois situam o fenômeno sob uma perspectiva crítica, que apesar das pressões e interferências postas em sociedade, tem características que lhe permitem evolução. Neste sentido, a atenção ao tempo livre e ao lazer se torna prerrogativa para o exercício e desfrute da cidadania, tendo em vista que permite um olhar atento e cauteloso, assim como o exemplo da atenção básica em saúde, que se constitui de um conjunto de ações individuais, familiares e coletivas em prol da promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, etc.

De forma a acompanhar o fluxo evolutivo do conceito de lazer frente à sua concepção como necessidade humana adotamos o estudo de caso do Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR, mediante a coleta de informações expostas no projeto de cadastramento institucional do grupo, no regimento, nas atas de reuniões, nos relatórios de pesquisas, no planejamento anual e no espelho disponível no Diretório dos Grupos de Pesquisa - DGP do CNPq. O registro pessoal por meio da história oral também foi considerado nos procedimentos de estudo, aprofundando a narrativa retrospectiva de consolidação do grupo e suas atividades de pesquisa e extensão.

TRAJETÓRIA HISTÓRICA

O CONTEMPLAR atuava como grupo de estudos vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Turismo, da Universidade Federal do Piauí - EITUR/UFPI. Foi formado em 2015 com o intuito de reunir universitários e docentes em torno de pesquisas e atividades de extensão voltadas para a temática do lazer. O primeiro resultado desta reunião de pesquisadores foi a publicação do trabalho acadêmico, em formato de artigo, “Minha casa, Minha Vida...Meu Lazer: Reflexão sobre o Lazer em um Empreendimento Habitacional Popular Urbano”, que foi publicado na Revista Brasileira de Estudos do Lazer - RBEL (Universidade Federal de Minas Gerais), v. 4, n. 1, jan./abr. 2017 | Dossiê Equipamentos de Lazer.

A área de estudo contemplada no estudo desenvolvido e publicado compreendeu um empreendimento habitacional popular na cidade de Parnaíba/Piauí, que também se consagrou como espaço de desenvolvimento de atividades de extensão, no qual o grupo permaneceu em atividade até o ano de 2020, quando, em função da pandemia provocada pela CODIV-19, suspendeu as ações extensionistas por tempo indeterminado.

Apesar do vínculo institucional com o curso Bacharelado em Turismo, discentes de outros cursos universitários também tiveram atuação no Grupo, sendo a maioria proveniente do curso de Psicologia, que nos estudos do lazer encontraram fundamentação teórica compatível com sua base curricular, favorecendo assim a inserção de novas pesquisas como a de análise da satisfação das necessidades existenciais, com foco no lazer.

Realizada por três anos consecutivos, de 2016 a 2018, outra pesquisa local, junto aos jovens universitários, trouxe importantes contribuições para o Grupo, por meio da divulgação nacional e internacional, além da publicação de capítulos de livros. Iniciada com o estudo “Aproximações entre o sistema de necessidades de Max-Neef e a perspectiva do lazer como necessidade humana” a pesquisa “Satisfação Integral do Lazer, por Jovens Universitários, a partir do Estudo das Necessidades Existenciais” foi um marco importante para o CONTEMPLAR decidir pela formalização e independência, tendo em vista a especialidade nos estudos do lazer que se concretizava com a sólida produção e número de orientações na iniciação científica e extensão universitária.

Outro fator predominante para a formação oficial do Grupo de Pesquisa foi a adesão da UFPI à Asociación Iberoamericana de Estudos do Ócio - Asociación Otium, cuja representação institucional foi formalizada no ano de 2017. A adesão foi fruto da ação de mobilidade internacional, quando, em 2016, a coordenadora do Grupo de Pesquisa apresentou a candidatura da Universidade no evento Foro OcioGune 2016: Los riesgos del ocio: desafíos y respuestas contemporáneas, realizado na cidade de Bilbao/Espanha. Neste mesmo evento foram aprovadas duas comunicações orais da equipe e, no ano seguinte, 2017, durante o XI Encontro Científico Internacional de OTIUM, realizado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, na cidade de Porto Alegre/RS o grupo foi comunicado de sua aprovação junto a rede iberoamericana.

Em 2018, com uma trajetória de estudos, pesquisadores, bolsistas e voluntários de extensão e pesquisa, foi então registrado o núcleo de pesquisa com o objetivo de aprofundar a temática de estudos do lazer, ampliando as linhas de pesquisa e valorizando a produção da universidade em âmbito nacional e internacional, que naturalmente já vinha ocorrendo. Surgiu assim a necessidade de credenciar o Grupo de Pesquisa, que concentraria de forma ordenada a formação de pesquisadores, a produção científica, a orientação em nível de graduação e pós-graduação e os esforços necessários para o fomento à pesquisa. Cabe aqui registrar que no mesmo ano, em 2018, o Campus Universitário Ministro Reis Velloso, onde se situa o grupo de pesquisa, tornou-se independente da Universidade Federal do Piauí - UFPI, dando origem à Universidade Federal do Delta do Parnaíba - UFDPar.

TEMAS DE ESTUDO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As linhas de pesquisa que configuram a atuação do Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR estão assim descritas e identificadas:

Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa - DGP/CNPq

Quadro 1 Linhas de Pesquisa do Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR 

Quanto ao aporte teórico que sustenta as linhas apresentadas, figura no plano de fundo a concepção de ócio humanista, cuja abordagem advém dos debates e argumentos sedimentados pelo Instituto de Estudos de Ocio, da Universidade de Deusto, Bilbao/Espanha.

Paralelamente o grupo adota a perspectiva de que na sociedade capitalista, que reúne em suas mãos tanto os meios de produção como a força de trabalho, a relação do homem com os seus processos de trabalho e de não-trabalho foi afetada de tal forma que ao mesmo tempo que sacia as necessidades, cria uma nova série delas. Assim, as necessidades são consideradas instrumento perfeito para um homem expiar domínio sobre outro, de acordo com aquilo que é ditado pela realidade das trocas e poder do dinheiro, constituindo a alienação das necessidades, numa sociedade na qual a finalidade da produção não é a satisfação das necessidades, mas a valorização do capital. Para reverter essa visão é preciso pensar o lazer como direito.

Compreender o lazer como uma necessidade básica e coletiva permite visualizar o alcance de suas políticas públicas no enfrentamento do mercado, do consumo e da alienação e como resposta à problemática social. Essa visão se baseia no fato do lazer constar como direito constitucional (UNGHERI e ISAYAMA, 2020) e estar registrado no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Estatuto do Idoso, no Estatuto da Igualdade e Diversidade e no Estatuto das Cidades.

A Declaração dos Direitos Humanos, em seus trinta artigos, já estabelecia garantias mínimas para que possamos viver nossos direitos, dentre eles o do lazer. A Declaração, que foi publicada em 1945, já tinha a preocupação com o lazer dos indivíduos e proclama, no artigo XIV, o seguinte: “Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”. Constitui-se, portanto, pedra fundamental do aporte teórico nas linhas de pesquisa do Grupo CONTEMPLAR considerar que o lazer é uma necessidade humana, que requer atenção da academia, dos gestores públicos e da sociedade.

POLÍTICAS PÚBLICAS E MOVIMENTOS SOCIAIS EM LAZER

Na abordagem das políticas públicas e movimentos sociais em lazer o aporte teórico que sustenta os estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa CONTEMPLAR se relaciona à contribuição do materialismo histórico-dialético. Essa abordagem nos permite a compreensão das contradições que envolvem o tema, dentre eles as oposições: trabalho X lazer, consumo X direito, liberdade X alienação, dentre outros.

Consideramos que não apenas o tempo de trabalho é consumido pelo sistema sociometabólico totalitário, mas o tempo de não-trabalho também. Acreditamos que o risco dessa apropriação do tempo-livre pelo capital é a transformação daqueles instantes que seriam do “reino da liberdade”, indicado por Marx (2003), em tempo de alienação, fetichismo e estranhamento, ou seja, indicações que expressam o caráter capitalista da sociedade contemporânea e sua lógica destrutiva (ANTUNES, 2002).

Na concepção marxista o trabalho é uma das dimensões da vida, a base de toda a vida social e significado de ação criadora. Essa atividade está inserida em um todo denominado de trabalho socialmente necessário, que possibilita também a diminuição das horas de trabalho, quando o trabalhador pode dedicar-se às necessidades mais elevadas (HELLER, 1986, p. 25). A partir dessa constatação podemos indicar que as políticas públicas de lazer correspondem a um conjunto de intervenções que se materializam em bens e/ou em serviço de interesse público, com objetivo de assegurar o direito ao lazer e a dedicação do sujeito às suas necessidades mais elevadas.

Conforme Uvinha (2017), duas das tendências possíveis nas experiências de lazer da sociedade contemporânea são “a atenção ao lazer como direito fundamental para o exercício da cidadania” e o “fortalecimento das políticas públicas de fomento ao lazer, em especial as públicas”. Ao encontro dessas tendências, a perspectiva teórica que configura nossos estudos é de que o Estado tem participação protagonista neste processo, mas que o modelo de análise, avaliação e desenho da intervenção política se estabelece a partir do entorno social e contexto teórico emergente de cada época e dos antecedentes da experiência política prática (SAN SALVADOR, 2000). Para Gramsci (1984), o Estado não é um fim em si mesmo, mas instrumento da sociedade civil, como esfera de mediação entre a infraestrutura econômica que representa e interesses particulares na conquista de posições.

El Estado-gobierno es concebido como organismo propio de un agrupamiento para crear el terreno favorable a la máxima expansión de este misnio agrupamento, pero también esta evolución y esta expansión son vistas concretamente como universales, es decir, vinculadas a los intereses de los agrupamientos subordinados, como un desarrollo de equilíbrios inestables entre los intereses del grupo fundamental y los de los grupos subordinados, equilibrios en los que los intereses del grupo fundamenlal prevalecen pero hasta cierto punto, al menos no hasta el egoísmo económico-corporativo. (GRAMSCI, 1984, V. 3, P. 170)

Os movimentos sociais direta ou indiretamente envolvidos na formação histórica das políticas públicas de lazer, em especial as urbanas, também estão representados nessa mediação e os definimos como “um setor significativo da população que desenvolve e define interesses incompatíveis com a ordem social e política existente e que os persegue por vias não institucionalizadas” (SANTOS, 2013, p. 252).

Enfim, para chegar ao objetivo de analisar a agenda de políticas públicas de lazer e seus processos desde a formulação, implementação e avaliação, os estudos são conduzidos pela reflexão de Draibe (2001), de que é necessário admitir que a implementação modifica as políticas públicas e que, portanto, especial atenção deve ser direcionada a esta etapa, mesmo que seja um campo de incertezas. Com foco no processo de avaliação das políticas públicas, a linha de pesquisa vem se concentrando na execução de projetos como o “Sistema de Indicadores para Políticas Públicas de Lazer”, financiado pelo CNPq, cujo objetivo é a proposição de indicadores inovadores que contribuam para a formulação e avaliação de programas governamentais.

ÓCIO, BEM-ESTAR E DESENVOLVIMENTO HUMANO

Nos apropriamos das teorias do ócio humanista, para afirmar que a vivência plena do indivíduo se produz quando aceitamos o lazer como experiência completa e com sentido, ou seja, quando existe um processo com início, meio e fim.

La vivencia de ocio gana significación, importancia y calidad en la medida que se separa del mero «pasatiempo» y se incardina en nuestras vidas rompiendo las barreras del tiempo objetivo. La experiencia de ocio se enriquece al fijar su realidad en presente, procesual y significativamente, con el pasado y el futuro que le corresponde. El tiempo que precede a la realización de una actividad de ocio no tiene que ser necesariamente «tiempo libre», ni tampoco su tiempo posterior. La vivencia de una experiencia de ocio se inicia, o puede iniciarse, mucho antes de la realización de la actividad em sí misma. (CUENCA, 2000, p. 92)

Já citamos que, para Gomes (2004), o lazer se caracteriza por quatro elementos interligados - tempo, espaço-lugar, ações/atitudes e manifestações culturais. A autora afirma ainda que esses elementos expressam um exercício coletivamente construído, no qual os sujeitos se envolvem em função dos seus desejos. Desejos reveladores de que “nuestros ocios no son sólo presente, sino itinerarios de vida que nos hablan de comienzos, desarrollos, momentos cumbre y declives, marcados por un tiempo próprio” (CUENCA; GUTIERREZ, 2009, p. 13). Ao abordar o campo dos desejos salientamos que nos estudos sobre ócio, bem estar e desenvolvimento humano realizados pelo grupo de pesquisa, o lazer faz parte do conjunto das necessidades humanas.

De acordo com a publicação de Manfred A. Max-neef, Desenvolvimento à Escala Humana, elaborada em colaboração com Antonio Elizalde e Martin Hopenhayn (2012), no conjunto de privações e potenciais humanos teremos a necessidade de ócio ou lazer. Tal necessidade se manifesta de forma análoga às demais oito necessidades chamadas axiológicas que, simultaneamente, se completam por aquelas denominadas existenciais (ser, ter, estar e fazer). Elevar a reflexão do lazer como necessidade e potencial, que permite dar significado a nossa existência, colabora para o melhor entendimento dos satisfatores e dos meios escolhidos para sua realização, seja em relação ao próprio indivíduo, em relação ao grupo ou em relação ao ambiente.

Nem sempre sabemos se estamos satisfeitos ou não em nossas experiências de lazer (ROJEK,1995). A partir de sua fala abrem-se indagações, que extrapolam os limites da avaliação em escalas de satisfação, pois um novo tipo de análise pode dar voz às necessidades existenciais que potencializam nossas vidas. Kropotkin (1973) afirmou que o homem não é um ser que vive exclusivamente para comer, beber e dormir. Satisfeitas as necessidades básicas, materiais, o homem também tem necessidades de prazer e gozo material ou intelectual. São “necessidades de luxo”, mas que rompem a monotonia da existência e a tornam agradável” (KROPOTKIN, 1973, p. 44).

Nessa mesma corrente teórica, Medeiros (1975) enfatiza que lazer corresponde a uma das necessidades básicas do ser humano, assim como Cascudo (2004, p. 580), nos seus estudos da antropologia, indicava que “a necessidade lúdica, o desejo de brincar, o uso de jogo é uma permanente humana”. Sendo uma necessidade humana torna-se essencial a mudança da perspectiva do lazer funcional, de caráter utilitário e aparente, para um enfoque como experiência com fim em si mesmo (MARCELLINO, 1983; CUENCA, 2000, 2011; CSIKSZENTMIHALYI, 2001; MONTEAGUDO, 2008).

Dados os argumentos citados, justificamos que a linha de pesquisa Ócio, Bem-estar e Desenvolvimento Humano está fundamentada nas categorias teóricas que amparam os conceitos de ócio humanista, de desenvolvimento humano e da teoria das necessidades. Tais categorias serão permanentemente aprofundadas nos estudos futuros, estabelecendo pontes com a realidade atual, na qual os hábitos de lazer, as experiências e a oferta de atividades passam por mudanças profundas que envolvem preservação da saúde mental e o bem estar de todos os grupos sociais.

INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE E TECNOLOGIAS DE ENTRETENIMENTO E LAZER

Esta linha de pesquisa possui como base a criatividade que de acordo com Mouchird e Lubart (2002, apud DE BRITO; VANZIN; ULBRICHT, 2009, p, 205) “a criatividade pode ser conceituada como um conjunto de capacidades que permitem uma pessoa comportar-se de modos novos e adaptativos em determinados contextos.” Percebe-se que a inovação está intrinsecamente relacionada com a criatividade, sendo sua força geradora.

A inovação é produto da criatividade e o sentido da mesma, porém de acordo com Brown (1989, apud DE BRITO; VANZIN; ULBRICHT, 2009) também existem como componentes o processo, a pessoa ou entidade e a situação. O ato criativo gera um processo, coordenado por uma pessoa ou entidade, diante de uma situação que combinados geram um “produto” que pode ser material ou imaterial. Um quadro pintado por um artista pode ser um ato inventivo assim como uma apresentação de dança ou uma música.

A criatividade pode ser encontrada em diversos campos, dentre eles a cultura, desenvolvimento urbano, arquitetura, educação e o turismo (RICHARDS, 2009). O universo da cultura passa a ser comercializado por meio da indústria cultural, atendendo os padrões econômicos do sistema capitalista (CAMPOS, 2006). Neste contexto surge uma infinidade de atividades associadas ao lazer, inseridas na denominada indústria do entretenimento onde cultura e lazer tornam-se produtos que se comportam mediante a lógica do mercado.

Na contemporaneidade a indústria do entretenimento associada à inovação está intimamente ligada com a tecnologia, Régis (2008, p. 32) vem discutir que atualmente há a transposição para as tecnologias de informação, meios e linguagens que advém de diferentes tipos de mídia “[...] como texto, ilustrações, fotos, sons, músicas, animações e vídeos - temos observado uma verdadeira revolução nos processos de gravação, produção, armazenamento e distribuição dos produtos midiáticos”. A convergência das mídias transformou a indústria do entretenimento onde é possível a digitalização de diversos elementos que envolvem o lazer, afetando-o diretamente.

A criatividade utiliza as tecnologias de informação para diversos fins, dentre eles o lazer e entretenimento. É possível ter acesso às informações e ao entretenimento de forma instantânea (CAMPOS, 2006). Surgem várias ferramentas como computadores, smartphones, óculos de realidade virtual, videogames, simuladores de realidade virtual, etc.

O lazer digital pode ser ativo e/ou passivo, onde no primeiro há interação com as ferramentas e no segundo, a interação é mínima como assistir um filme. (TREW e MALLE, 2004 apud MIRANDA; FARIAS, 2009). O aumento da cobertura da internet e a democratização de equipamentos digitais vem permitindo o usufruto de pequenos “lazeres” e momentos de folgas no trabalho ou estudo. É possível, por exemplo, jogar videogame ou assistir um filme no percurso de ônibus de volta do trabalho, o que era impensável sem as atuais tecnologias e o acesso facilitado à internet.

O lazer está cada vez mais “conectado”, e isso é possível verificar não só em tecnologias de informação e comunicação, mas também em equipamentos de lazer que vem utilizando tais ferramentas para dinamizar seus espaços. É possível encontrar óculos virtuais e simuladores de realidades virtuais em parques de diversões, museus vem utilizando recursos digitais para criar ferramentas de mediação cultural, entre tantos outros exemplos. O turismo também se utiliza dessas ferramentas com criatividade, seja para a proposição de novas formas de planejamento e gestão, ou para o desenvolvimento do segmento denominado turismo criativo,

[...] um turismo que oferece ao visitante a oportunidade de desenvolver seu potencial turístico pela participação em cursos e experiências de aprendizagem, que são característicos dos destinos de férias onde são contratados. O turismo criativo diz respeito, portanto, às habilidades aprendidas de forma ativa, que os turistas levam consigo quando retornam às suas casas. Esse envolvimento é o resultado de uma mudança de valores que se direciona ao autocrescimento mais do que apenas para o aspecto material do consumo (RICHARDS, 2009, p. 43-44).

Esta linha de pesquisa possui uma grande abrangência, percorrendo a criatividade em suas nuances e sua relação com os contextos atuais no âmbito tecnológico, social, ambiental, econômico e cultural. Não se pode compreender o universo do lazer sem a sua ligação com o ambiente que o circunda. Baseado nessa reflexão, as perspectivas futuras da equipe contemplam estudos sobre estratégias de lazer na hotelaria do litoral nordestino, o uso da tecnologia como ferramenta de lazer no turismo e a investigação da criatividade como propulsora de estratégias de lazer e recreação.

TERRITÓRIOS, ESPAÇOS E LUGARES DE LAZER

A linha de pesquisa "Territórios, espaços e lugares de lazer" coloca a dimensão socioespacial em primeiro plano, analisando sob diversas abordagens teóricas os territórios e as formas espaciais criadas pela ação humana, referindo-se ao lazer como elemento dinamizador desses processos. Quais são as áreas de lazer? Onde elas estão localizadas? Quais são as características dessas áreas e o perfil do público que as frequenta?

Tem-se como conceito básico o espaço composto por elementos fixos e fluxos (SANTOS, 2002), pois é nele que relações humanas acontecem. O autor propõe que estruturas fixas e fluxos compõem um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e ações que são responsáveis pela forma e dinâmicas que formaram o espaço geográfico (BRAGA e GONTIJO, 2011). Putrick (2019) ressalta que o espaço não é um objeto, nem uma mercadoria, nem sequer um instrumento. Não é o lugar da produção de coisas, mas da reprodução das relações sociais. E nessa cópia estão incluídos o espaço urbano, dos espaços dos lazeres, dos espaços educativos, os espaços da cotidianidade e de turismo (LEFÉBVRE, 2006).

Para Santos (2002) o uso dado aos objetos seria uma resposta para as condições sociais e técnicas presentes num dado momento histórico e são reflexos de uma exterioridade. Mas sem as ações, um determinado espaço seria apenas uma paisagem. São as ações, combinadas com os objetos que formam o espaço geográfico (ou, para o objeto de estudo, espaço turístico e/ou espaço de lazer), gerado como resposta à demanda de visitação gerada pelos fixos naturais e/ou os construídos (BRAGA e GONTIJO, 2011). Os fluxos compreendem as dinâmicas socioculturais que envolvem a relação do homem com os sistemas ecológicos, econômicos e o próprio sistema social, as dinâmicas econômicas compostas por dinâmicas relacionadas à produção, distribuição, consumo e acumulação do capital (SANTOS, 2002).

Os processos de territorialização cíclicos (SOUZA et al, 2015) e/ou voláteis (LIMONAD, 2005) provocados pelo uso de espaços de lazer pelos moradores e/ou visitantes possuem potencial para gerar processos inclusivos e/ou excludentes em um mesmo espaço. É possível ilustrar esse fenômeno, de forma simplificada por dois cenários, o primeiro quando os espaços de lazer são apropriados pela comunidade esse processo é inclusivo, ou em um segundo, quando esse espaço é tomado por interesses privados e convertido em espaço turístico, geralmente a população local e mais pobre é excluída.

Esse processo é observado em diversos espaços costeiros nordestinos, onde as praias, praças, shoppings, feiras e espaços públicos de lazer, por vezes, são convertidos em espaços de consumo para o turismo de massa e se transformam de territórios de dominância “simbólica”, (com predomínio de processos de apropriação e de identificação, com a presença do princípio da multiplicidade e o território como símbolo), para “territórios de dominância “funcional”, em espaços em que predominam processos de dominação, desigualdade e de territórios sem identidade definida (HAESBAERT, 2010).

A forma como os núcleos receptivos reagem e se moldam aos gostos dos visitantes é descrito por diversos autores como Beni (2000), Boullón (2002), Ouriques (2005) e Luchiari (1999). Nesses casos os serviços, preços, músicas e cardápios, por exemplo, são adaptados para atender aos turistas e acabam afastando os moradores locais. Nesses mesmos espaços observa-se a maior presença de infraestrutura básica e de serviços públicos como saneamento básico e segurança. Por vezes, esses processos de territorialização geram conflitos entre os envolvidos: população local X poder público X empresários X turistas.

Novas formas alternativas ao turismo de massa podem gerar o efeito contrário do que é observado atualmente em municípios como Parnaíba, Piauí, e ser um indutor de inclusão das comunidades em áreas de lazer dos municípios onde moram. Ações que promovam a democratização do acesso ao lazer para as comunidades locais em municípios turísticos precisam ser mais pesquisadas para poderem, em um segundo momento, se transformarem em políticas públicas. A discussão sobre esse tema está inserida nas prioridades da linha de pesquisa, oportunizando novas perspectivas de análise para estudos futuros.

O ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM LAZER

A linha de pesquisa “Políticas Públicas e Movimentos Sociais em Lazer” vem se consolidando no Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR, especificamente pela implementação da Pesquisa “Sistema de Indicadores para Políticas Públicas de Lazer”. Em desenvolvimento institucional desde 2017, o projeto contou até 2020 com a participação de seis bolsistas e voluntários de Iniciação Científica, dois mestrandos de Programas de Pós-graduação, dois docentes da UFDPar e um docente externo à instituição.

O citado projeto é financiado pelo CNPq (Chamada Universal nº 28/2018) e se encontra em andamento com o objetivo de levantar e analisar os indicadores de políticas públicas de lazer para a proposição de um sistema inovador de avaliação, sem perder de vista que “a validade de um indicador corresponde ao grau de proximidade entre o conceito e a medida, isto é, a sua capacidade de refletir, de fato, o conceito abstrato a que o indicador se propõe a “substituir” ou “operacionalizar” (Januzzi, 2001, p. 26).

A ideia de criar uma composição de indicadores compreende uma maneira intuitiva de monitorar complexos sistemas, que a sociedade considera importante e precisa controlar (Meadwos, 1998 apud Bellen, 2004, p. 14). A utilização de indicadores envolve, assim, um processo decisório que nos apresenta um parâmetro, ou conjunto de parâmetros, que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno. Tem ainda a capacidade de resumir e simplificar a realidade, agregando informações, de forma que esta realidade fique mais aparente e acessível para a sociedade, seja com fins de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas ou não (Gallopin, 1996; Tuntall, 1994 apud Bellen, 2004).

Ao tratar de indicadores sociais, Januzzi (2001), demonstra que existem várias tipologias e formas de classificação de indicadores e uma delas é segundo a área temática da realidade social. No panorama de indicadores sociais teremos por exemplo, indicadores de saúde, de educação, de segurança pública, habitação e outros temas, que também podem ser agregados e gerar o que denominamos de sistemas. Reconhecida a complexidade do tema a partir do exposto, é importante ressaltar que se trata de uma pesquisa de longo prazo, cuja etapa inicial se desenvolve a partir do reconhecimento dos indicadores mais utilizados no âmbito acadêmico para posterior análise e confirmação desses indicadores com stakeholders nos estudos do lazer e gestores públicos.

A etapa de reconhecimento dos indicadores ainda se encontra em execução mas seus achados parciais (num recorte feito apenas a partir de artigos publicados por membros de grupos de pesquisa com linha de pesquisa em políticas públicas de lazer, no ano de 2018) revelam que os indicadores mais utilizados na produção dos pesquisadores investigados foram relacionados aos seguintes temas: Adesão ao gasto na FDL (Função Desporto e Lazer); Implementação/ Grau de descentralização e participação dos municípios do PELC (Programa Esporte e Lazer na Cidade); Percentual per capita na FDL; Apropriação da produção científico/acadêmico no campo político/burocrático; PELC nível Federal; Aspectos que foram determinantes para a seleção dos gestores do esporte e Conhecimento dos gestores em relação às Leis estaduais e federais sobre esporte e lazer.

Conforme Silveira et al. (2020) dentre os achados da pesquisa sobre os indicadores mais utilizados na produção dos pesquisadores investigados, o gasto na função desporto e lazer foi o mais estudado e a escala municipal superou a análise de políticas estaduais e federais. Ao concluir a etapa inicial, cuja abordagem abrange várias fontes de informação, o projeto descreve que serão apontados quais indicadores podem, em conjunto, configurar um sistema adequado para a formulação e avaliação de políticas públicas, assim como ocorre nas áreas de saúde, educação e meio ambiente, dentre outros. Para a composição desse sistema o projeto adota os seguintes aspectos, que devem compor previamente o conjunto de critérios de exclusão e inclusão de indicadores:

  • • eleição de indicadores que sejam mensuráveis ou observáveis, para então classificar entre objetivos e subjetivos;

  • • verificação da existência prévia de dados para medição dos indicadores e sua disponibilidade para consulta;

  • • consideração, no caso de não haver disponibilidade de dados para consulta, da possibilidade de uma metodologia de coleta viável (em termos financeiro, técnico e humano);

  • • consideração da disponibilidade dos meios para construir e monitorar os indicadores - em termos financeiro, técnico e humano;

  • • observação de que os indicadores ou o sistema de indicadores tenha aceitação política e social.

Ainda na linha de pesquisa “Políticas Públicas e Movimentos Sociais em Lazer” o Grupo realiza a Pesquisa “Implementação e Gestão do Programa Voluntariado em Unidades de Conservação na Rota das Emoções” que aborda o estudo de um programa federal, do Ministério do Meio Ambiente, sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - ICMBio. O território selecionado para o estudo compreende o espaço turístico denominado Rota das Emoções, que reúne, dentre seus atrativos, unidades de conservação localizadas nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, quais sejam: Parque Nacional de Jericoacoara, Parque Nacional de Sete Cidades, Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba e Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

O estudo do Programa Voluntariado está vinculado ao Mestrado Profissional em Gestão Pública, da UFPI e conta com dois mestrandos do Programa, além da parceria com o Grupo PET TURISMO/UFPI/UFDPAR, que integra o Programa de Educação Tutorial - PET e atualmente está sob a tutoria da líder do Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR. Analisar o processo de implementação do Programa Voluntariado nas unidades de conservação indicadas compreende o objetivo do estudo, que foi motivado pela necessidade de acompanhar as estratégias de ampliação ou limitação da participação social nos espaços protegidos que se destinam, dentre outros fins, ao lazer e ao turismo.

A ATUAÇÃO EXTENSIONISTA DO GRUPO

Um dos intuitos da extensão universitária é de aproximar os acadêmicos da realidade ao qual eles estudam, ou seja, cada curso deve cumprir seu papel e dar um retorno a sociedade. “No que se refere à relação Extensão e Ensino, a diretriz de indissociabilidade coloca o estudante como protagonista de sua formação técnica - processo de obtenção de competências necessárias à atuação profissional - e de sua formação cidadã - processo que lhe permite reconhecer-se como agente de garantia de direitos e deveres e de transformação social”. (FORPROEX, 2012, p. 18).

Para concretizar os anseios da extensão universitária as ações de extensão viabilizadas no âmbito do CONTEMPLAR tem como destaque o Projeto de Extensão Universitária Ludoteca Contemplar no Bairro, cujo objetivo é promover a vivência plena do indivíduo a partir do lazer como experiência completa e com sentido, colaborando na autoestima dos moradores que vivem em situação próxima de vulnerabilidade social. Para tanto o projeto prevê o alcance dos seguintes objetivos específicos: a) Desenvolver atividades planejadas para ocupação do tempo livre para crianças, adolescentes e jovens; b) Avaliar, planejar e criar novos conceitos de espaços de lazer comunitário; e c) Formar Jovens Monitores para o Lazer e Cidadania.

A proposta extensionista delimitada surgiu de uma situação específica, criada a partir da ocupação urbana dos empreendimentos habitacionais do Programa Federal “Minha Casa, Minha Vida” no município de Parnaíba. Desde que foi iniciada a entrega das unidades habitacionais ficou evidente a mobilidade de moradores, que antes viviam em bairros tradicionais da cidade, como a área central e as proximidades do rio Igaraçu, e que passaram a residir nos locais onde foram implantados os novos empreendimentos habitacionais, em áreas distantes do seu convívio familiar e social. A observância da situação criada a partir destes deslocamentos proporcionou questionamentos sobre os hábitos de lazer da população local, que recém-chegada ao novo ambiente, se depara com graves problemas sociais, como homicídios, assaltos, tráfico de drogas e pedofilia.

Apesar da próspera aquisição da casa própria, a situação das famílias ainda pode ser considerada de vulnerabilidade social, pois as famílias se encontram expostas à exclusão social. A violência urbana, em suas diversas manifestações, se expande com velocidade e abrangência, despertando a necessidade urgente de transformação da situação, mediante uma iniciativa inovadora, que inclui a valorização dos hábitos de lazer praticados por diversos grupos sociais, antes e depois da ocupação dos novos espaços habitacionais, como forma de minimizar a tendência de evolução dos problemas sociais.

Compreender o lazer como uma necessidade básica e coletiva permite visualizar o alcance de suas políticas públicas no enfrentamento do mercado, do consumo e da alienação, bem como resposta à problemática social, uma vez que o lazer além de constar como direito constitucional, consta como direito no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº 8069 e promulgada em 13 de julho de 1990), no Estatuto do Idoso (Lei Federal n° 10.741, de 1° de outubro de 2003), no Estatuto da Igualdade e Diversidade (Lei Federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010) e no Estatuto das Cidades (Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001).. Pensar o contrário é reduzir o lazer a uma necessidade individual, subjetiva e relativa, cuja satisfação é dada pelo mercado ou por políticas microssociais que não correspondem ao mesmo patamar da conquista coletiva dos trabalhadores frente aos direitos humanos e trabalhistas que lhe garantiram o acesso ao tempo livre. A ação do projeto, portanto, se concentrou no acesso de crianças de baixa renda a práticas de lazer que raramente estão disponíveis em seu ambiente habitual, promovendo assim experiências positivas e diminuição das desigualdades.

Outra ação de extensão em desenvolvimento e iniciada em 2020 é o Projeto de Extensão Carussandê - Caruru, Samba e Dendê, cujo objetivo é promover a cultura afrobrasileira com foco na literatura, na gastronomia e nas festas populares de origem africana, valorizando essas três vertentes que fazem parte da vivência lúdica em sociedade por meio de podcast e ações formativas, presenciais e remotas. Em linhas gerais, as categorias teóricas principais das ações extensionistas giram em torno dos conceitos de lazer, como fenômeno cultural no sentido evolutivo, à criticidade e à criatividade; de identidade e de identidade negra. Amplia-se, logicamente, a outras categorias complementares que correspondem ao papel intelectual que nos caracteriza, em atenção aos rumos da sociedade e às mudanças que são possíveis de incentivar.

Kabengele Munanga (2020) afirma aquilo que a universidade jamais deve perder de vista: "Intelectual é um cientista que influencia na mudança da sociedade humana. Você pode ser um cientista que passa a vida no laboratório, mas não se incomoda com os rumos da sociedade. É cientista sim, mas não é intelectual" (2020, s.p). Observando o sentido da afirmativa de Munanga o grupo de pesquisa tem preocupação social e assim atua para o desenvolvimento intelectual de seus participantes. Numa visão de futuro pretende-se fortalecer o caráter de coletivo e ampliar o debate sobre o lazer para o âmbito da cidadania, auxiliando movimentos sociais e promovendo ações novas, ou que já se encontram em curso.

FORMAS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

As principais formas de dar vazão aos estudos desenvolvidos pela equipe de pesquisadores do CONTEMPLAR ao longo dos dois últimos anos (2018 a 2020) foram a publicação de livros e capítulos de livros, publicação em periódicos nacionais e internacionais e a participação em eventos científicos. Dos livros e capítulos de livros publicados no período indicado, damos destaque às seguintes obras, cujos autores ligados ao CONTEMPLAR colaboram de forma parcial ou integral:

Fonte: Consulta direta aos pesquisadores

Quadro 2 Principais livros publicados ou com capítulos publicados, de autoria de pesquisadores do Grupo de Pesquisa CONTEMPLAR 

Quanto às publicações mais recentes em periódicos, o grupo tem aberto sua participação em revistas especializadas nas áreas de lazer, turismo, esporte, psicologia, geografia e ciências sociais em geral.

Fonte: Consulta direta aos pesquisadores

Quadro 3 Principais periódicos com publicações do Grupo de Pesquisa 

Sendo um grupo relativamente novo e com apenas dois anos de atuação formal, uma das estratégias majoritárias de divulgação da pesquisa tem sido a participação em eventos e apresentação de trabalhos com publicação em anais, de caráter regional, nacional e internacional. Além do acervo concretizado e exposto a partir do credenciamento do grupo junto ao CNPq, convém registrar o financiamento obtido pelo edital FAPEPI 2/2017 na publicação do livro Lazer e Políticas Públicas: Agendas, Declarações, Recomendações e Outros Marcos Importantes (figura 1). Outras publicações relevantes de capítulos ocorreram nos livros indicados na figura 1.

Fonte: Consulta direta aos pesquisadores

Figura 1 Capas de livros publicados de autoria de pesquisadores (livro “Lazer e Políticas Públicas”) ou com capítulos de autoria dos pesquisadores 

O Contemplar conta com uma publicação coletiva que será lançada em 2021, com o título “Estratégias Sociopolíticas e Experiências para o Planejamento do Lazer”. O livro conta com a contribuições de seus pesquisadores e da colaboradora portuguesa, da Universidade de Aveiro, que evidenciam diferentes estratégias de atuação sociopolítica em prol do planejamento do lazer, enquanto direito social e necessidade humana no campo das políticas públicas. A reflexão que o livro provoca tem embasamento naquilo que Boaventura de Sousa Santos defende, na obra “Pela Mão de Alice: O Social e o Político, na Pós-modernidade”, sobre a ideia moderna de que as minirracionalidades do mundo atual estão a serviço de uma irracionalidade global, que é inabarcável e incontrolável. Para uma nova política precisamos reinventar as minirracionalidades e com isso incentivar que elas sejam totalidades presentes em múltiplas partes ao invés de simples partes de um todo. Essa lógica nos leva a uma possível pós-modernidade de resistência, como enfatiza o autor, e tem consonância com aquilo que nossos textos propõem, que é discutir sobre diferentes estratégias de combater localmente a irracionalidade global.

Outra forma de difusão e compartilhamento de conhecimento do grupo é a iniciativa de organização de eventos e cursos, como o ciclo de debates sobre lazer “Contemplar e Agir”, que já realizou três edições, e o Curso Básico de Recreação, oferecido de forma gratuita a estudantes universitários e profissionais com interesse no tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais resultados alcançados pelo grupo de pesquisa CONTEMPLAR dizem respeito ao fortalecimento de uma base intelectual, na qual seus pesquisadores conectam realidades, vivências e fatos históricos a construções teóricas e críticas pertinentes e legítimas. A difusão de conhecimento, mediante a produção e publicação de qualidade, é consequência desse resultado e vem se consolidando a partir dos estudos e atividades de extensão em andamento.

É essencial observar que, para além das perspectivas futuras de estudos identificadas nas linhas de pesquisa do grupo, será necessário ampliar o debate sobre o conceito de lazer, considerando as especificidades no contexto brasileiro e ibero-americano, os desdobramentos do pós-pandemia, a evolução das tecnologias e sua dimensão espacial.

A inclusão da temática do lazer junto aos programas de pós-graduação, onde os professores vinculados ao grupo já atuam, têm colaborado para o fortalecimento das linhas de pesquisa e deverá continuar como estratégia de ampliação de nossa rede de pesquisadores, assim como a extensão do CONTEMPLAR como um coletivo que reúna pesquisadores do Nordeste, extrapolando a limitação atual concentrada no Piauí e Ceará.

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

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REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto

Recebido: 11 de Dezembro de 2020; Aceito: 29 de Abril de 2021

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