Introdução
Ao caracterizar a formação e a atuação profissional de instrutores de esporte de aventura no estado de Minas Gerais, Paixão (2015) identificou que, dos 109 participantes da investigação, somente 37 tinham formação em Educação Física. Nessa mesma perspectiva, Triani et al. (2020) analisaram o perfil de instrutores de esportes de aventura atuantes nas regiões da Barra da Tijuca e de São Conrado no Rio de Janeiro e identificaram que, dos 166 participantes do estudo, somente 24 tinham a formação acima referida.
O fato de ter essa formação pode não garantir uma conduta consciente sobre as questões ambientais. No entanto, nas Diretrizes Curriculares da Educação Física (Brasil. MEC. CNE. CES, 2004), em seu artigo 7º, é descrito que as questões pertinentes à educação ambiental deverão ser abordadas no trato dos conhecimentos da formação do graduado em Educação Física. Desse modo, Lima et al. (2018) citam o Manifesto Mundial da Educação Física, que ratifica a responsabilidade dos profissionais da área com essas questões.
De acordo com os documentos mencionados, tais profissionais, em algum momento de sua formação, têm contato com esse tipo de discussão. No entanto, não é isso que o estudo de Inácio, Moraes e Silveira (2013) encontrou, pois evidencia que, de 43 universidades públicas brasileiras investigadas, somente 9 tinham disciplinas que abordavam a relação Educação Física e meio ambiente e, na maior parte dos casos, referiam-se a disciplinas eletivas.
Esses autores assinalam que as experiências com a educação ambiental criam oportunidades reais de mudanças comportamentais. Nesse sentido, é possível afirmar que, somente no final da década de 1990, a formação em Educação Física ampliou as relações entre homem, esporte e natureza, com a inserção da disciplina de Esportes de Aventura no currículo dos cursos, ocasião em que há presença das experiências com os esportes na natureza, em virtude das aulas práticas (Costa, 2000).
Estudos anteriores (Domingues; Kunz; Araújo, 2011; Inácio; Moraes; Silveira, 2013; Triani; Silva; Paixão, 2019) apontaram que trabalhos que relacionam Educação Física e meio ambiente são poucos. No entanto, é possível afirmar que com a produção de pesquisas sobre o tema (Tahara; Darido, 2016; Paixão, 2017, 2018; Triani; Telles, 2019; Triani et al., 2020) e a homologação da Base Nacional Comum Curricular (Brasil. MEC, 2018), que insere as práticas corporais de aventura como unidade temática da Educação Física, as discussões sobre essa relação têm sido ampliadas no campo da licenciatura; porém, na formação do bacharelado, ainda precisa ser discutida (Brasil; Ramos; Nascimento, 2019).
Nesse contexto, conhecer como determinados grupos sociais procedem diante de objetos específicos tem sido ponto de discussão de estudos que adotam a Psicologia Social como base epistemológica. Dessa maneira, a Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 2012) tem servido como referencial teórico e metodológico para compreender como os grupos sociais se comportam. Utilizar-se dessa base pode auxiliar no entendimento das representações sociais engendradas pelos estudantes de Educação Física.
Considerando que essas representações correspondem a “[...] uma forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social” (Jodelet, 2001, p. 22), identificar aquelas que um grupo de estudantes de Educação Física possui sobre determinado objeto representacional pode favorecer a apreensão dos conhecimentos compartilhados entre o grupo, em que se ancoram e em quais práticas sociais podem se refletir.
Conhecer as representações sociais de futuros profissionais de Educação Física sobre o esporte e o meio ambiente constitui um caminho para compreender alguns dos possíveis indícios de como esse grupo se comporta ante a relação homem, esporte e natureza. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi identificar e analisar as representações sociais que determinado grupo de estudantes de um curso de bacharelado em Educação Física da zona Oeste do Rio de Janeiro possui sobre o meio ambiente e a relação homem, esporte e natureza.
Metodologia
O presente estudo, de natureza qualitativa, enquadra-se na perspectiva estruturalista da Teoria das Representações Sociais (Abric, 2000), a qual busca identificar como estão estruturadas as representações sociais de um determinado grupo em relação a um dado objeto.
O grupo em questão foi formado por 34 graduandos, de um total de 40 ingressantes na disciplina de Esportes de Aventura do curso de bacharelado em Educação Física, do sexo masculino e feminino, com idade entre 20 e 50 anos, de uma instituição privada localizada na zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Cabe assinalar que, embora a instituição esteja localizada na Barra da Tijuca, um dos bairros de maior poder socioeconômico da região, o valor da mensalidade é acessível, considerando que grande parte dos alunos mora em comunidades localizadas na periferia.
Para constituição dos dados da pesquisa, foi aplicada a técnica de associação livre de palavras que, segundo Carmo, Leite e Magalhães Júnior (2017), é um tipo de investigação na qual as pessoas inquiridas registram palavras referentes ao estímulo provocado por um termo indutor. No estudo em tela, foram empregados dois termos indutores: “meio ambiente” e “relação homem, esporte e natureza”. Para tanto, foi entregue uma folha de sulfite A4 com os dois termos indutores e, logo abaixo de cada termo, cinco linhas em branco para que os participantes registrassem as cinco primeiras palavras que lhes viessem à mente quanto a cada um dos termos e, em seguida, classificassem-nas de um a cinco, sendo um a mais importante e cinco a menos importante (colocando o número em frente de cada palavra). O intuito dessa hierarquização é oportunizar uma reavaliação da ordem das palavras evocadas, como apontam Carmo et al. (2019).
A técnica de análise de dados se deu da seguinte maneira: inicialmente, as palavras foram examinadas e incorporadas em grupos semânticos, seguido da determinação da ordem média de evocações (OME) e da frequência média (F), o que possibilitou a construção do quadro de quatro casas, que nos indica os prováveis elementos nucleares e periféricos das representações sociais (Magalhães Júnior; Tomanik, 2012; Galvão; Magalhães Júnior, 2016). Seguindo os autores, utilizamos as fórmulas: OME de cada grupo (OME = ∑G/f (G = grau de importância; f = frequência do grupo)), média das frequências (F = ∑f/GS (∑f = somatória das frequências de todos os grupos; GS = quantidade de grupos semânticos)) e média das OMEs: ∑ome/GS (somatória das OMEs de cada grupo; GS, número de grupos semânticos).
No decorrer do processo de condução desta pesquisa, foram respeitadas as diretrizes regulamentadas pela Resolução nº 510/16 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), sendo o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Grande Rio (Unigranrio), Ofício CEP nº 2.072.798, de 19 de maio de 2017.
Resultados e discussão
Em relação ao termo indutor “meio ambiente”, o grupo evocou 170 palavras, organizadas em 17 grupos semânticos. Foram descartadas 43 que tiveram frequência igual a um e não se ligavam a nenhum dos grupos formados, conforme sugerem Carmo et al. (2019) e Ortiz et al. (2019).
Baseando-se nas fórmulas propostas por Magalhães Júnior e Tomanik (2012) e Galvão e Magalhães Júnior (2016), determinamos a frequência (f) e a ordem média de evocação (OME) de cada grupo, bem como a frequência média (F) e a média das ordens médias de evocação (OMEs) dos grupos, resultando na organização da Tabela 1.
Elementos centrais - 1o quadrante | Elementos intermediários - 2o quadrante | ||||
---|---|---|---|---|---|
Alta F e baixa ordem média de evocações F≥7,47 e OME<2,82 | Alta F e alta ordem média de evocações F≥7,47 e OME≥2,82 | ||||
Palavra | F | OME | Palavra | F | OME |
Água | 19 | 1,63 | Árvore | 16 | 2,90 |
Ar | 11 | 1,64 | Terra | 11 | 3,36 |
Natureza | 11 | 2,23 | Demais plantas | 9 | 3,44 |
Mar/rio | 11 | 2,36 | |||
Animais | 10 | 2,80 | |||
Elementos intermediários - 3o quadrante | Elementos periféricos - 4o quadrante | ||||
Baixa F e baixa ordem média de evocações F<7,47 e OME<2,82 | Baixa F e alta ordem média de evocações F<7,47 e OME≥2,82 | ||||
Palavra | F | OME | Palavra | F | OME |
Sensações | 4 | 2,50 | Esportes | 5 | 3,60 |
Positivas | 4 | 2,75 | Montanha | 4 | 4,75 |
Poluição | 3 | 2,33 | Desmatamento | 2 | 3,50 |
Preservação | 3 | 2,67 | Fumaça | 2 | 3,50 |
Habitat | 2 | 2,00 | |||
Sustentabilidade |
Fonte: Elaboração própria.
Diante da Tabela 1, é possível compreender que, no primeiro quadrante, em que se localizam os grupos que tiveram F maior ou igual a 7,47 e OME menor que 2,82, encontram-se os prováveis elementos pertencentes ao núcleo das representações sociais dos estudantes analisados: água, ar, natureza, mar/rio e animais.
O primeiro quadrante traz os elementos do núcleo central, o segundo e o terceiro apresentam os elementos intermediários das representações sociais, já o quarto exibe os elementos periféricos que as constituem (Magalhães Júnior; Tomanik, 2012).
É importante assinalar que, de acordo com a Teoria do Núcleo Central (Sá, 1996), a qual se enquadra na perspectiva da abordagem estrutural das representações sociais (Abric, 2000), os elementos que compõem o primeiro quadrante, núcleo central, são os mais fortes em termos representacionais, sendo considerados os mais resistentes à mudança, pois trata-se de uma constituição social e histórica. De maneira inversamente proporcional, o sistema periférico (quarto quadrante) é o mais suscetível a mudanças. Adicionalmente, há elementos intermediários que, na ocasião da pesquisa, estavam localizados no segundo e no terceiro quadrantes, porém, levando em conta que as representações sociais se constituem de maneira dinâmica, é indispensável perceber os quadrantes em forma de processo, pois os elementos podem transitar entre eles, na medida em que intervenções sobre o objeto são realizadas.
Os elementos do primeiro quadrante demonstram que o núcleo das representações sociais desses graduandos é constituído por uma visão naturalista, associada a elementos naturais do ambiente (Carvalho, 2012; Magalhães Júnior; Tomanik, 2013). Para Reigota (2010), essas representações não percebem o ser humano como integrante e pertencente ao ambiente.
Para Abric (2000, p. 28), “a representação funciona como um sistema de interpretação da realidade que rege as relações dos indivíduos com seu meio físico e social, ela vai determinar seus comportamentos e suas práticas”. Considerando a forte influência que as representações sociais estabelecem nas relações dos sujeitos e, ainda, considerando a representação naturalista que os graduandos do curso de Educação Física apresentaram sobre meio ambiente, é necessário que esse grupo seja submetido a ações que promovam o sentimento de pertencimento ao ambiente, interagindo com ele, visualizando seu funcionamento e percebendo as relações de interdependência dos elementos naturais entre si e com o homem (Magalhães Júnior; Tomanik, 2012, 2013).
Conforme afirmam Rufino, Sarmento e Menezes (2012), o distanciamento entre os seres humanos e o meio ambiente ocorreu principalmente devido à migração das pessoas da zona rural para zona urbana e ao aumento da industrialização. Dessa forma, com o passar dos anos, os indivíduos começaram a sentir falta do contato direto com a natureza e de praticar esportes em ambientes não urbanos. Na tentativa de integrar-se a esse meio novamente, iniciou-se a expansão das práticas das atividades físicas de aventura. Como fazem parte do contexto social, os autores explicam que propor essas atividades nas aulas de Educação Física escolar é também uma possibilidade de ampliar os conteúdos ensinados e ajudar a desenvolver a consciência crítica sobre assuntos como preservação ambiental, tema tão urgente nos dias atuais.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil. MEC, 1998, p. 19), a questão ambiental se torna relevante na formação para a cidadania de forma que permite o sujeito ver o mundo no qual “[...] se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida”. Além da formação para a cidadania, considerar a temática ambiental para os sujeitos desse grupo implicaria sua formação inicial, uma vez que, diante de sua prática profissional como educador físico, o meio ambiente é um tema transversal.
Quanto ao termo indutor “relação homem, esporte e natureza”, o grupo evocou 134 palavras, sendo que 20 graduandos apresentaram 5 palavras, 11 registraram 3, 1 apenas 1 e 2 nenhuma. Elas foram organizadas em 23 grupos semânticos e foram descartadas 62 que tiveram frequência igual a um e não se incluíam nos grupos formados (Carmo et al., 2019; Ortiz et al., 2019). A OME média foi de 3,13 e a frequência média (F) de 2,50. A Tabela 2 apresenta os quatro quadrantes com os possíveis grupos que compõem as representações sociais desses bacharelandos.
Elementos centrais - 1o quadrante | Elementos intermediários - 2o quadrante | ||||
---|---|---|---|---|---|
Alta F e baixa ordem média de evocações F≥3,13 e OME<2,50 | Alta F e alta ordem média de evocações F≥3,13 e OME≥2,50 | ||||
Palavra | F | OME | Palavra | F | OME |
Saúde | 9 | 1,56 | Surf | 5 | 3,20 |
Trilha | 6 | 1,33 | Rapel | 4 | 2,75 |
Escalada | 5 | 2,00 | Lazer | 4 | 3,75 |
Paz | 4 | 3,25 | |||
Elementos intermediários - 3o quadrante | Elementos periféricos - 4o quadrante | ||||
Baixa F e baixa ordem média de evocações | F<3,13 e OME<2,50 | Baixa F e alta ordem média de evocações | F<3,13 e OME≥2,50 | ||
Palavra | F | OME | Palavra | F | OME |
Respeito | 3 | 1,00 | Aventura | 3 | 3,67 |
Liberdade | 3 | 2,00 | Esporte | 2 | 2,50 |
Sobrevivência | 2 | 1,00 | Meio Ambiente | 2 | 2,50 |
Adrenalina | 2 | 2,00 | Prazer | 2 | 2,50 |
Cuidado | 2 | 2,00 | Vida | 2 | 2,50 |
Natureza | 2 | 2,00 | Futebol | 2 | 3,00 |
Sol | 2 | 2,00 | Mato | 2 | 3,00 |
Desmatamento | 2 | 3,00 | |||
Radical | 2 | 5,00 |
Fonte: Elaboração própria.
As palavras do primeiro quadrante, possíveis elementos do núcleo central, são: saúde, trilha e escalada. Desse modo, considerando-os como os mais expressivos, por apresentarem maior frequência e menor ordem média de evocação, isto é, termos que mais se repetiram e foram tidos como mais importantes pelos estudantes, pode-se identificar alguns indícios de que, para os participantes da pesquisa, a relação homem, esporte e natureza está associada à saúde e à prática do esporte de aventura, com ênfase nas atividades de trilha e escalada.
Inicialmente, percebe-se que não é raro observar estudantes de Educação Física e profissionais da área estabelecerem associações entre práticas sociais e saúde. Essa observação não é vista somente no campo do bacharelado, pois, ao investigar alunos de licenciatura em Educação Física, Krug et al. (2017) identificaram o termo “saúde” como um dos elementos mais expressivos nas representações sociais de estudantes.
As associações entre Educação Física e esporte com a saúde também estão nas representações sociais de outros profissionais de saúde, foi o que observou o estudo de Toledo et al. (2006) ao identificar as representações sociais desses profissionais sobre os professores de Educação Física e o esporte. Dessa maneira, é evidenciado que mesmo no senso comum há um vínculo entre esporte e saúde.
A saúde como um conceito hegemônico nas associações que os bacharelandos em Educação Física estabelecem ante a relação homem, esporte e natureza pode ter uma explicação. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais (Brasil. MEC. CNE. CES, 2004), é descrito que o profissional de Educação Física é um especialista em saúde. Nessa perspectiva, a formação dele, principalmente no campo do bacharelado, ocorre sob o paradigma da saúde.
Moscovici (2012) explica que as representações sociais são constituídas nas relações que os sujeitos estabelecem entre e intragrupos, sendo essa forma de conhecimento construída por meio da comunicação que há na interação dos sujeitos com seu grupo de pertencimento. Nessa lógica, na medida em que a formação dos estudantes é feita com base no pressuposto da saúde, pode permitir que as associações entre os diferentes objetos do campo da Educação Física e do esporte sempre estejam vinculadas à saúde predominantemente.
No entanto, a relação homem, esporte e meio ambiente pode ocorrer em um plano transcendental ao da saúde, pois, corroborando as diretrizes curriculares para a formação dos profissionais de Educação Física (Brasil. MEC. CNE. CES, 2004), a formação desse agente precisa acontecer de maneira generalista, humanística e crítica. Portanto, cabe aqui lembrar os estudos de Fossatti, Sarmento e Güths (2012) e Cândido et al. (2014), quando salientam que os saberes necessários para a docência na sociedade contemporânea, bem como as representações sociais do “bom professor”, em todos os níveis de ensino, evidenciam, majoritariamente, os saberes humanísticos em detrimento do conhecimento técnico.
Em se tratando dos termos “trilha” e “escalada”, elementos também presentes no primeiro quadrante, é possível assinalar que podem estar associados às características regionais do local. Nessa perspectiva, de acordo com Dias e Alves Júnior (2007, p. 40), a cidade do Rio de Janeiro é conhecida como “capital brasileira das montanhas”, inclusive, essas características estão presentes nos cartões postais da região. Adicionalmente, os autores apontam que essa cidade foi o porto de entrada de algumas modalidades de esporte de aventura no Brasil.
Ainda segundo esses autores, as relações entre a região e a prática da trilha e da escalada estão intimamente interligadas, pois a instituição onde a pesquisa é realizada fica a aproximadamente 4 quilômetros (km) da trilha da Pedra Bonita e a 6 km da trilha da Pedra da Gávea e da primeira rampa de voo livre do Brasil. Além disso, ainda na mesma cidade, há ambientes para a prática dessas atividades, como a trilha da Pedra da Tartaruga e, as mais conhecidas, do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar, principais pontos turísticos da região. Desse modo, trata-se de uma ambiência em que vivem os estudantes que participaram do estudo, pois grande parte deles são moradores dessa região.
Essas duas últimas palavras pertencentes ao núcleo central apresentadas na Tabela 2 de certa forma concordam com os dados exibidos na Tabela 1, reforçando a maneira naturalista que esse grupo social concebe o ambiente e, também, demonstrando uma nova concepção que é o ambiente como recurso a ser explorado, nesse caso, como potencial para as atividades desportivas e de promoção à saúde.
Ao considerar as questões sociais, culturais e históricas relacionadas às representações sociais, é oportuno lembrar de Triani, Bizerra e Novikoff (2017), quando assinalam que a cultura exerce forte influência sobre a composição dessas representações, sendo fundamental observar a cultura em que as representações sociais de um determinado grupo foram geradas. Adicionalmente, Sá (1996), ao apresentar a Teoria do Núcleo Central, já assinalava que o núcleo central das representações sociais de um grupo deve ser analisado considerando a maneira como este se constitui social e historicamente.
Diante das análises postas, é possível apontar que as representações sociais ora evocadas e associadas à relação homem, esporte e natureza parecem ser resultado da formação humana que esses estudantes tiveram, e ainda têm, como integrantes da região em que vivem, bem como da formação acadêmica que estão tendo sobre as relações entre práticas esportivas e saúde.
Considerações finais
Após o desfecho do manuscrito, pode-se concluir que os indícios de representações sociais sobre meio ambiente apontam para uma perspectiva naturalística, a qual não percebe o homem como pertencente ao meio. Além disso, no que se refere à relação homem, esporte e natureza, considera-se que as representações sociais compartilhadas entre o grupo estudado estão pautadas na ideia de saúde e na prática dos esportes regionais.
Ao buscar identificar as representações sociais dos bacharelandos do curso de Educação Física e com base nos achados da investigação, é oportuno lembrar que o meio ambiente deve ser tematizado como conteúdo durante o curso de graduação em Educação Física, na medida em que há relação homem, esporte e natureza, principalmente no que se refere à intervenção profissional no campo dos esportes de aventura.
Diante do exposto, torna-se necessário propor intervenções cabíveis para transformar essas representações sociais compartilhadas pelo grupo, buscando ampliar a concepção sobre o meio ambiente e sobre os esportes de aventura que não se limitam aos regionalmente conhecidos, mas a um universo ainda pouco explorado pela Educação Física. Ações de educação ambiental direcionadas a esse grupo seriam possibilidades interessantes na tentativa de modificações de suas representações sociais.