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Educação UNISINOS

On-line version ISSN 2177-6210

Educação. UNISINOS vol.23 no.2 São Leopoldo Apr./June 2019  Epub Apr 30, 2020

https://doi.org/10.4013/edu.2019.232.11 

Artigos

Estratégias Bio/Ecopolíticas na Educação Ambiental: a mídia e o aquecimento global*

Bio/Ecopolitical Strategies in Environmental Education: the media and the global warming

Paula Corrêa Henning1 

1 Professora Associada do Instituto de Educação e professora permanente no Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental e no Programa de Pós-Graduação Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Bolsista Produtividade 2 CNPq. paula.c.henning@gmail.com


Resumo

O artigo busca analisar as estratégias bio/ecopolíticas no discurso midiático do aquecimento global educando-nos para agir no meio ambiente. Utiliza-se os estudos de Michel Foucault sobre biopolítica e os desdobramentos dele no conceito de ecopolítica. Seu corpus discursivo refere-se a reportagens de dois jornais, Folha de São Paulo e El País, a respeito do aquecimento global em 2016 e 2017. O estudo analisa a ativação das estratégias bio/ecopolíticas em defesa do planeta que encontra conforto no saber da ciência e da estatística. Pensando nos potenciais efeitos das reportagens midiáticas, tensiona-se tais discursos e seus modos de intervenção e subjetivação em tempos atuais. Junto às normalizações bio/ecopolíticas, que nos ensinam como cuidar do meio ambiente, podem se encontrar também as resistências criando novos olhares para a Educação Ambiental, apostando em fissuras nas grandes verdades que insistem em nos fazer rebanho.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Biopolítica; Michel Foucault

Abstract

The article aims to analyze the bio/ecopolitical strategies in the media global warming discourse. It is presented Michel Foucault's biopolitical studies and the developments of his concepts of ecopolitics. The discursive corpus refers to articles from two newspapers, Folha de São Paulo and El País, on global warming in 2016 and 2017. The study analyzes the activation of bio/ecopolitical strategies that finds comfort in the knowledge of science and statistics. Having in mind the potential effects of media reports, these discourses and their modes of intervention and subjectivation are stressed. Along with the bio/ecopolitical normalizations that teach us how to take care of the environment, it is also possible to find resistances bringing up new views for the Environmental Education, betting on cracks in the great truths that insist on making us a herd.

Keywords: Environmental education; Biopolitics; Michel Foucault

Introdução

Se olharmos com cuidado as modificações que o planeta Terra vive a milhares de anos, vemos que os problemas ambientais não se fabricam a pouco tempo. São frutos de intensas transformações naturais, ecológicas e culturais. Não resta dúvida de que as intervenções humanas, especialmente depois da consolidação do Capitalismo e da Revolução Industrial, deram aos problemas ambientais novos contornos e arranjos.

São inúmeros os exemplos palpáveis dos problemas ambientais que enfrentamos. Murcianos e gaúchos2 sentiram na pele as mudanças climáticas sofridas nos últimos anos. Basta recordar o aquecimento solar, tornando quase impossível viver o verão de Murcia, na Espanha, em 2015 ou então, o calor vivido por gaúchos do Brasil em pleno inverno de 2016. Problemas efetivamente vividos por nós e, para eles, devemos pensar como atuar enquanto educadores ambientais e habitantes desse mundo. Aqui me parece estar um dos maiores desafios da Educação Ambiental (EA): como pensar espaços de EA que nos provoquem a agir, problematizar e viver frente a problemas ambientais que estamos passando?

A comunidade científica, de um modo geral, alerta para as emissões de gases de efeito estufa occorridas, especialmente pelas ações humanas. Há teorias que alertam também para a presença dessa mudanças devido ao ciclo natural da Terra, mas que, de algum modo, os estilos de vida que levamos acarretam na aceleração das transformações climáticas que sofremos. Quero deixar claro que o presente artigo não tem a intenção de criticar ou defender posição a respeito das teorias científicas sobre o câmbio climático. Como nos ensinou Foucault (1999 e 2004), uma coisa é materialidade do fato - os problemas ambientais que se apresentam aos nossos olhos e corpos - outra, é o discurso que fabricamos a partir dessa materialidade.

Vale, uma vez mais, recorrermos ao filósofo francês para entender que, longe da crítica rasa feita a ele a respeito de que para seu pensamento “tudo é discurso”, há sim uma materialidade que não pode ser desconsiderada; no entanto, seu trabalho se interessava pelos efeitos de sentido produzidos pelas verdades que vão sendo fabricadas a partir de discursos proliferados em uma dada sociedade. Nesse sentido, Foucault, ao examinar o discurso da sexualidade na modernidade, explicita aos seus leitores que não se trata de eliminar uma dada materialidade do corpo, mas sim de evidenciar como, a partir dessa materialidade se fabricam discursos, dispositivos de poder que tomam a vida como alvo primeiro.

[…] a análise da sexualidade como “dispositivo político” implicaria, necessariamente, a elisão do corpo, da anatomia, do biológico, do funcional? A essa primeira questão creio que se pode responder não. Em todo caso, o objetivo da presente investigação é, de fato, mostrar de que modo se articulam dispositivos, de poder diretamente ao corpo a corpo, a funções, a processos fisiológicos, sensações, prazeres; longe do corpo ter de ser apagado, trata-se de fazê-lo aparecer numa análise em que o biológico e o histórico não constituam sequência, como no evolucionismo dos antigos sociólogos, mas se liguem de acordo com uma complexidade crescente à medida em que se desenvolvam as tecnologias modernas de poder que tomam por alvo a vida. Não uma “história das mentalidades”, portanto, que só leve em conta os corpos pela maneira como foram percebidos ou receberam sentido e valor; mas “história dos corpos” e da maneira como se investiu sobre o que neles há de mais material, de mais vivo (Foucault, 1999, p. 142, grifos do autor).

Assim, gostaria de deixar muito claro que nesse texto o propósito etá longe de ser um questionamento a veracidade do aquecimento global. Há indicios fortes de que ele é um dos sérios problemas ambientais que vivemos. Basta ver o derretimento das calotas polares, os refugiados climáticos que aumentam a cada ano, os invernos cada vez mais amenos e mais curtos em diferentes regiões do globo terrestre, etc. No entanto, interesso-me pelos efeitos de sentidos acionados nas mídias quando narram o aquecimento global e o suposto colapso planetário daí decorrente. Entendendo que nesse materiais vamos ensinando a ver e conviver com o meio ambiente, busco tensionar que Educação Ambiental estamos acionando nesses extratos midiáticos. Assim, interessa a nós, educadores ambientais, que modos de nos relacionar com o planeta e os problemas ambientais estão sendo ensinados nas mídias atualmente? Como vamos compondo uma certa subjetividade nos individuos contemporâneos?

Darei destaque a reportagens midiáticas, brasileiras e espanholas, que apresentam a crise ambiental que estamos vivendo e que viveremos daqui há alguns anos. O corpus analítico refere-se a reportagens coletadas em 2016 e 2017 em dois jornais de maior circulação nacional, um no Brasil e outro na Espanha, a saber: Folha de São Paulo e El País. O objetivo do artigo é analisar o discurso midiático de aquecimento global e as estratégias bio/ecopolíticas colocadas em marcha na defesa da sociedade e do planeta. Esse estudo é parte de um projeto de pós-doutorado na Universidade de Murcia que tem como proposta analisar a crise ambiental em diferentes extratos midiáticos e os modos com a Educação Ambiental é acionada como uma estratégia bio/ecopolítica na atualidade. O recorte para este texto, foi focado nos problemas climáticos devido a sua ampla repercussão na mídia. Assim, foi feita uma busca on-line com palavras-chave dedicadas ao problema específico. Após a leitura das reportagens, a investigação contou com 180 que tratam da temática destinando-se a apresentar o colapso climático que vivemos e poderemos viver nos próximos anos.

Por entender que essas mídias ensinam uma certa Educação Ambiental, olho com desconfiança para as enunciações marcadamente catastróficas devido as ações humanas junto ao planeta Terra. Assim é que tomo a crise ambiental como um discurso vencedor, no sentido nietzscheano. Ele se alastra a todos os cantos do globo terrestre; ele se prolifera de maneira maciça e continua. Artefatos midiáticos têm exemplares muito centrados nessa discussão, basta ver filmes de animação que apresentam o fim da sobrevivência humana na Terra, como é o caso de Wall.e; Batalha por T.E.R.A (Henning et al, 2013); músicas de rock and roll que tratam da crise ambiental em todo globo terrestre (Vieira, 2013); revista de ampla circulação brasileira que ensina sobre a crise ambiental e o suposto fim do mundo (Garré, 2015); livros infantis que se dedicam a ensinar ações de como cuidar para que o planeta e a água não se acabe (Magalhães, 2016); etc.

Ensinada por Nietzsche, só travo batalha com causas vencedoras, justo por que são elas que são tomadas como verdade a um povo, tornando-nos, muita vezes, um povo de rebanho (2003; 2008). Nesse artigo, tomo para batalha os discursos específicos de aquecimento global, como uma das muitas facetas da crise ambiental. Por entender o valor de verdade que carrega a proliferação discursiva a respeito do aquecimento global é que, com os óculos foucautianos, a enxergo e travo, com ela uma batalha, tensionando seus ditos e mirando-a de um outro lugar: da sua exterioridade. Olho as reverberações que se produzem nas mídias sob análise, buscando entender “o seu aparecimento, [a] sua regularidade” (Foucault, 2004, p. 23). Assim é que os estudos da biopolítica em Foucault e seu desdobramento com o conceito de ecopolítica são tomados aqui como indicadores táticos (Foucault, 2008a). E, com isso, tenho o objetivo desse artigo: dar a ver as estratégias biopolíticas no discurso midiático do aquecimento global educando-nos para agir no meio ambiente.

Para dar conta desse objetivo, organizei o artigo em três seções. Nessa primeira, evidenciei os contornos do estudo. Na próxima seção, problematizo os conceitos de biopolítica e ecopolítica, demarcando sua potência e reverberação nas reportagens midiáticas que ensinam sobre aquecimento global. E, na última apresento elementos à guisa de conclusão, provocando-nos a pensar o que pode a Educação Ambiental para além de uma estratégia bio/ecopolítica na atualidade.

Ensinando-nos sobre aquecimento global: reportagens midiáticas em defesa da vida

O Poder é da ordem da vida (Foucault, 2005). Colocamos a espécie humana numa política de controle, de seguridade para esquadrinhá-la, esmiúça-la e, a partir daí, governá-la sempre bem e cada vez melhor. Assim é que uma ordem da segurança se estabelece em nossa sociedade a partir de meados do século XVIII (Foucault, 2008a). Organiza-se a circulação das pessoas e das coisas nas cidades, elimina-se o perigo, define-se os riscos e busca-se estratégias para contê-los.

Ao trabalhar com o conceito de biopolítica em sua História da Sexualidade I (1976) e em seu curso do Collége de France, Em Defesa da Sociedade (1976), Foucault nos apresenta um novo operador que toma como objeto a vida humana. Este surge nas sociedades ocidentais a partir de meados do século XVIII. Trata-se de um controle regulador da população ou ainda de tecnologias de segurança que se desenha para gerir, de modo racional, o governo dos homens (Foucault, 2001; 2008a). A biopolítica é tomada pelo filósofo como uma política que, a partir de cálculos e prognósticos regula a população por meio de ações governamentais, no desejo de assegurar a vida coletiva. O biopoder - o poder sobre a vida - tem nas biopolíticas importantes tecnologias de intervenção sobre as populações, criando estratégias para o controle social. Daí porque os dispositivos de segurança são tão importantes para colocar em funcionamento a biopolítica: pra defender a sociedade é necessário assegurar sua vida, seus elementos fundamentais para o gerenciamento dela na coletividade.

Pensando com Rabinow e Rose, podemos ver o conceito de biopoder operar com três elementos que, combinados, apresentam estratégias de intervenção potentes para investir nas populações:

[...] uma forma de discurso de verdade sobre os seres vivos; um conjunto de autoridades consideradas competentes para falar aquela verdade; estratégias de intervenção sobre a existência coletiva em nome da vida e da morte; e modos de subjetivação, nos quais os indivíduos podem ser levados a atuar sobre si próprios, sob certas formas de autoridade, em relação a estes discursos de verdade, por meio de práticas do self, em nome da vida ou da saúde individual ou coletiva (2006, p. 37).

Discursos de verdade; estratégias de intervenção e modos de subjetivação são três elementos importantes para pensarmos a biopolítica hoje. Esses três elementos parecem se combinar ao tratar da Educação Ambiental na mídia: um discurso de verdade que toma os meios midiáticos como espaço de difusão de palavras de ordem, assumindo um saber sempre legitimado em nossa sociedade moderna, a ciência; indicações de ensinamento para viver junto ao meio ambiente, intervindo na existência coletiva dos sujeitos e a fabricação de certo modo de subjetivação verde, sustentável. A combinação desses três elementos atuam nos materiais midiáticos que lanço análises nesse artigo. Veremos então como a ciência é chamada incessantemente nas reportagens como um discurso de verdade, tomando uma ferramenta como auxílio fundamental, a estatística. Assim vai ensinando novos modos de vida verde, incitando o sujeito a jogar o jogo do ecologicamente correto, a atuar sobre si mesmo, subjetivando-se a novas gestões da vida individual e coletiva.

Pensar com Foucault nos exige tensionar seus estudos para o mundo atual que vivemos. É preciso levar adiante seus conceitos, fazendo deles uma “caixa de ferramentas”, como nos convidou a olhá-los (Foucault, 2006). Ao discutir sobre biopoder, sua preocupação não foi sobre questões ambientais. No entanto, mirando o momento atual, podemos ver o quanto há de potência nesse conceito para pensarmos as acelerações de problemas ambientais que se produzem no cotidiano da vida.

Como isso, o autor dispara nosso pensamento para entendermos como o biopoder é reforçado, reativado, fabricado e exercido no campo da Educação Ambiental. Um campo que não se dedica apenas às escolas, mas a toda uma sociedade, marcada que está por problemas de fenômenos ambientais: aquecimento global, derretimento de geleiras, extinção de espécies de fauna e flora, excitação ao consumo, etc. Um campo que se alastra em diferentes espaços, alguns confinados como a escola; outros de ampla circulação de informações, como a mídia, ensinando como devemos conviver com o meio ambiente.

Ao pensarmos na articulação da biopolítica com a Educação Ambiental, quero dar destaque a um conceito que vem sendo estudado por alguns sérios pesquisadores articulados ao pensamento foucaultiano. Trata-se da ecopolítica. Entendida como um novo horizonte da biopolítica (Veiga-Neto, 2014), ela centra-se na vida planetária e, por isso, é vista de modo mais amplo. Assim, toma-se a ecopolítica como um governo do planeta (Passetti, 2013). Desejando o controle da vida planetária, as ações da ecopolítica centram-se em um equilíbrio entre o humano e o seu ambiente.

Desse modo, o alvo biopolítico - a população - alastra-se e encontra nesse formato mais alargado, uma convocação para pensar na gestão do planeta ou, tensionando os estudos foucaultianos, pensa-se numa governamentalidade ambiental (Passetti, 2013; Maletti, 2011): cada um e todos são responsabilizados pelo caos planetário e cabe a cada um e todos resolver os estrondos cometidos na mãe-natureza.

Preservação, cuidado com o ambiente, catástrofes planetárias, colapso ambiental são parte da agenda ecopolítica; funda-se um governo da vida planetária dedicado a criar estratégias de ação para seguridade da vida na Terra. Ações ecológicas voltadas ao denuncismo de uma hecatombe por vir ou ainda um catastrofismo previsto por dados estatísticos tornam fortes argumentos que colocam em pauta uma ecopolítica voltada para seguridade do planeta. É preciso governar para melhorar aquilo que é vivo na Terra, sempre projetando seu futuro, sempre investindo em ações que se dediquem a criar novas estimativas, mais confiantes e mais “vivas” para o futuro que virá.

A biopolítica agindo racionalmente lança mão de saberes específicos, cria condições para colocar em funcionamento ações desejadas e necessárias às populações, intervindo, direta ou indiretamente, nas vidas mais íntimas dos sujeitos contemporâneos. Tensionando esse conceito, podemos entender que a ecopolítica, por debruçar-se sobre a vida planetária, também utiliza-se de diferentes mecanismos de segurança, agindo sobre dados materiais, sobre probabilidades, sob perspectivas futuras para fazer viver cada vez mais o planeta Terra e sua população.

Com as previsões, as probabilidades, as estimativas vamos compondo cenários que se fabricam para defender a sociedade e, de forma mais alargada, o planeta. Um elemento se torna primordial e alvo de inúmeras investidas de poder: o futuro. Em tempos atuais, vimos uma proliferação discursiva a respeito do futuro do planeta e, em decorrência, da vida humana. Foucault demarca o futuro como um elemento importante no cenário das estratégias de seguridade populacional. Em seu curso Segurança, Território e População, ao descrever sobre a organização das cidades, o autor nos provoca a pensar no quanto aquilo que ainda não aconteceu, mas poderá acontecer, deve ser pensado para defender a sociedade. É necessário pensar nas estimativas, nas probabilidade, no cenário por vir.

[...] vai se trabalhar com o futuro, isto é, a cidade não vai ser concebida nem planejada em função de uma percepção estática que garantiria instantaneamente a perfeição da função, mas vai se abrir para um futuro não exatamente controlado nem controlável, não exatamente medido nem mensurável, e o bom planejamento da cidade vai ser precisamente: levar em conta o que pode acontecer (Foucault, 2008a, p.26).

Com a proliferação discursiva da crise, como não entender que ela está aí e devemos pensar no futuro? Como não mudar nossos modos de vida, pois se trata disso para que tenhamos, no futuro, esse planeta para viver? Como não aceitar os ditos científicos que nos ensinam que o mundo, futuramente, poderá acabar?

El cambio climático parece llevarnos a un escenario donde aumentarán la frecuencia e intensidad de estas olas de calor. Este nuevo estado del clima puede acarrear un ascenso de la mortalidad en el verano y puede llevar a grandes pérdidas económicas que solo pueden ser paliadas frenando el calentamiento global (El País, 2017b).

Las ciudades saben que no tienen futuro, ni podrán competir, si no son sostenibles en su desarrollo, en su actividad y en su gestión (El País, 2017a).

El comisario marroquí encargado de la organización del encuentro [COP 22], Abdelalim Lhafi, también se mostró apremiante: “Hay que actuar aprisa. Somos la última generación que puede luchar contra el cambio climático” (El País, 2016b).

O que está por vir é algo que precisa ser pensado, racionalizado, calculado, criando estratégias de intervenção para aquilo que poderá ocorrer. A criação de novos saberes, cada vez mais imiscuídos na vida social, auxiliam, decisivamente para gerenciarmos, administramos e controlamos de forma mais efetiva os modos de vida. Uma racionalidade que se justifica pelo futuro do planeta. É daí que vários saberes se produzem: demografia, economia política, etc. Cria-se uma complexa rede de saberes e verdades que trabalham para defender a sociedade (Foucault, 2008a), ou ainda, para defender o planeta. O futuro então toma lugar de destaque e a ele nos dirigimos para pensar nas consequências de nossas ações. Querendo ensinar como vivermos em nosso planeta, criando estratégias de intervenção, as reportagens assumem, num primeiro plano, a necessidade de convencer-nos da suposta crise que nos levará a um colapso planetário. É aqui que o discurso de verdade a respeito do aquecimento global, com autoridades competentes para falar - como a ciência e o saber da estatística, como veremos a seguir- coloca em ação o primeiro elemento do conceito de biopoder que nos fala Rabinow e Rose (2006), investindo nas populações, e no planeta também.

Para dar conta do futuro, apela-se para o raciocínio da probabilidade. As estatísticas constroem uma organização lógica que torna naturalizada a relação quase direta entre a causa em si - o colapso planetário futuro - e a necessária ação daí decorrente. É dizer, “fenômenos disparatos são ordenados e tornados comensurados para a administração social. [...] O que está em fluxo se torna estabilizado de modo a parecer apenas como um problema técnico restrito a um campo de objetividade” (Popkewitz e Lindbland, 2001, p.120). Quadros detalhados e numéricos se tornam ferramentas da estatística com os avanços da ciência (Senra, 1999). A união entre a estatística, que contribui com o Estado, e o regime discursivo da ciência, que toma lugar de destaque na modernidade, torna robusto aquilo que, isoladamente, já era forte. Uma razão quase incontestável, especialmente quando articulada a outros discursos, vai conectando elementos e criando realidades que se tornam tão legítimas que somos incapazes de pensar sobre elas enquanto construções.

Até 2025, a ONU estima que 14% da população mundial enfrentará escassez de água (Folha, 2017c).

O relatório alerta que, mesmo com a melhoria na proteção ambiental, está previsto que as mudanças climáticas, nos próximos 80 anos, eliminarão mais de 35% das florestas de bambu, habitat dos pandas. Isso poderá levar a um novo declínio nos números da espécie (Folha, 2016b).

Un tercio de la población mundial está expuesta a condiciones climáticas que producen olas de calor mortales, debido a la acumulación de gases de efecto invernadero en la atmósfera, que hacen que sea “casi inevitable” que ocurran muertes por altas temperaturas en vastas áreas del planeta. Y las predicciones son aún peores: la cifra llegará al 48% de la población hasta 2100, aunque se reduzcan las emisiones de esos gases. Estas son las principales conclusiones de un estudio realizado por geógrafos de la Universidad de Hawái, que analizaron más de 1.900 casos de muertes relacionadas con olas de calor en 36 países en las últimas cuatro décadas (El País, 2017c).

El desafío es mayúsculo. Tanto la demografía, con una población urbana que crecerá hasta los 6.000 millones en 2050 según estimaciones de Naciones Unidas, como la economía, las grandes ciudades globales convertidas en actores capaces de competir con los Estados, plantean escenarios de extrema complejidad (El País, 2017a).

Como nos alerta Senra (1999), os fatos são construídos e as estatísticas podem auxiliar nesse processo. Diante disso, é importante entendermos que munirmo-nos delas pode ser muito produtivo em tempos de grandes problemas ambientais; mas é preciso sabermos também suas limitações.

[...] as estatísticas são construídas, o que não lhes diminui a importância. Desde que bem construídas, as estatísticas seguem guardando todas as suas reais possibilidades, ainda que, por serem construções, igualmente apresentem limitações. Mas, ignorar essa realidade pode levar a situações embaraçosas, querendo-se estatísticas que não são possíveis, frustrando-se com as estatísticas possíveis. Enfim, sendo da ordem da precisão e não da ordem da exatidão, as estatísticas precisam ser usadas com muito cuidado, não dispensando discernimento (Senra, 1999, p.5).

Trago Senra para auxiliar-me no difícil exercício de destacar a produtividade e a limitação da estatística. Podemos sim pensar conexões prováveis com o uso da estatística; porém, muitas vezes seu uso faz conexões deterministas. É preciso cuidado com os fatos que construímos a partir dos números. Destacar probabilidades de catástrofe planetária para os próximos cinquenta anos é apenas uma previsão, uma precisão estatística. Isso não é o fim do mundo. A estatística não nos garante a exatidão dos fatos ou ainda a certeza do que teremos para viver daqui para frente.

Uma série de informações mapeiam um dado momento, descrevendo fenômenos que ocorreram. Esse modo descritivo, que toma os fatos como evidência, é fundamental para que, sustentada pelos dados em si, justifique-se as probabilidades, o futuro que poderá vir a ocorrer. “Governar a população está relacionado à gestão do cálculo por meio das estatísticas” (Passetti, 2013, p.5). É preciso conhecer, dominar cientificamente os acontecimentos ambientais: informações científicas a respeito das justificativas das mudanças climáticas são trazidas, exaustivamente nas reportagens analisadas, para convencer o leitor do saber experto que pode, enfim, nos dizer, porque chegamos ao estágio que estamos.

Usando a temperatura média analisada pela Nasa no período entre 1951 e 1980, abril de 2016 teve uma temperatura igual a de janeiro. [...] “Todas essas quebras de recordes nas temperaturas e as implicações disso - como o recorde no número de incêndios e as secas na Índia - nos fazem lembrar que não podemos fazer nada a não ser acelerar planos com soluções. Não temos outra opção a não ser acelerar essa agenda”, afirmou [Christina Figueres, secretária-executiva da Convenção da ONU para Mudanças Climáticas] (Folha, 2016a).

[...] cientistas asseguram que se trata de uma cratera única, um registro detalhado de 200 mil anos de história da Terra. [...] A cratera tem crescido na média de dez metros por ano. Mas em anos mais quentes, esse aumento chegou a 30 metros, conforme indicou estudo do Instituto Alfred Wegener em Potsdam, na Alemanha. A instituição vem monitorando o buraco há uma década. Esse registro geológico pode ajudar a compreender como será, no futuro, a adaptação da região ao aquecimento global (Folha, 2017a).

[a respeito da extinção de animais no mundo, devido a perda de habitats e mudança climática]. [...] el pasado octubre el Foro Mundial para la Naturaleza (WWF) publicó la última edición de su Living Planet Index, un informe bianual que mide 14.152 poblaciones de 3.706 especies, y concluía que entre 1970 y 2012 el mundo había experimentado un declive en un 58% de estos animales. Si la situación no mejoraba, WWF indicaba que en 2020 habrían desaparecido dos tercios de los animales salvajes con respecto a 1970 (un declive del 67%) (El País, 2016c).

O campo da ciência, chamando em auxílio a estatística, constrói uma realidade para nós: inventa-se a crise ambiental com sua decorrente catástrofe planetária. Os dados científicos do passado comprovam que, caso não façamos nada para contornar, o colapso planetário está por vir. Os mecanismos de segurança agem tendo em conta uma análise do que “acontece e uma programação do que deve acontecer” (Foucault, 2008a, p.53). E com isso, cria-se todas as condições possíveis para que nossos hábitos, modos de vida e novas subjetivações sejam criadas: é preciso ir além da defesa da sociedade, agora, na correnteza da ecopolítica, é preciso também defender o planeta.

As estatísticas intervêm nos processos de governo, uma vez que os números moldam nossa maneira de ‘ver’ as possibilidades de ação, de inovação e até nossa ‘visão’ de nós mesmos. São produtos de interesses sociais, políticos e econômicos, sensíveis às decisões metodológicas de organizações complexas com verbas limitadas. Além do mais, os números refletem o passado (Popkewitz e Lindbland, 2001, p.117) [grifos dos autores].

Descreve-se o já ocorrido, com saberes científicos e dados estatísticos. São eles que nos dizem o que aconteceu e porquê. Mas não é só isso: essa configuração permite auferir prognósticos, criar probabilidades plausíveis para se dizer, enfim, o que teremos a enfrentar, caso nossas ações individuais, coletivas e governamentais não se modifiquem. A partir do saber experto da ciência, auxiliada pela estatística, que descreve acontecimentos já vividos, temos um elemento importante que a ciência necessita debruçar seu olhar: o risco do colapso planetário.

Seguindo as pistas de Foucault, entendemos a noção de risco como algo que somente pode aparecer a partir da estatística. Com cálculos de probabilidade e previsibilidade, inventamos algo que ainda não ocorreu. Verificando fenômenos ambientais que já ocorreram, analisa-se as recorrências, os elementos que se associam e as curvas de normalidade e anormalidade que levam ao risco de um colapso planetário. “Vai se ter portanto a curva normal, global, as diferentes curvas consideradas normais, e a técnica vai consistir [...] em procurar reduzir as normalidades mais desfavoráveis, mais desviantes em relação à curva normal” (Foucault, 2008a, p.82). Assim temos um quadro muito bem montado para justificar a alta probabilidade de que “o aquecimento global prosseguirá, mesmo nos melhores cenários” (Folha, 2017b).

Querendo antecipar um acontecimento inadequado, o conceito de risco é tomado como uma estratégia de governança. Diante do possível risco é preciso criar ações intervencionistas. Assim, a estatística que lança mão dos dados do passado, se torna fundamental para convencermo-nos do risco que vivemos de um colapso planetário diante do aquecimento global. Uma vez convencidos do risco - pelo saber sempre esclarecedor da ciência e da estatística - é preciso pensar no futuro. Justifica-se, com isso, a necessidade de agirmos por antecipação. As reportagens, depois de convencer-nos do risco do colapso planetário, nos ensinam como agir para que o planeta não se esgote. Temos aí os outros dois elementos do conceito de biopoder trazidos por Rabinow e Rose (2006): estratégias de intervenção em nome da vida e modos de subjetivação que vão fabricando um certo sujeito contemporâneo. É dizer, de modo categórico, devemos mudar nossas ações e agir já!

[COP 22] Entre as sugestões práticas para prefeitos estão mudanças urbanas que permitam a redução de viagens motorizadas e o deslocamento de mercadorias (levar empregos do centro para os bairros onde as pessoas vivem, por exemplo), incentivo ao uso de bicicleta e uso de biocombustíveis. O relatório também destaca mudanças que podem ser estimuladas dentro de casa. “Desligar equipamentos quando não houver uso, manter fechados os ambientes com temperatura condicionada e dimensionar adequadamente velocidade de ventiladores e temperatura de condicionadores de ar; desligar aparelhos em stand-by, usar “tomadas inteligentes”, que possuem interruptores próprios pode facilitar essa ação, substituir lâmpadas fluorescentes por LED; construir e reformar casas, considerando uma participação maior de iluminação natural”, entre outros (Folha, 2016c).

[Reportagem sobre o desaparecimento das abelhas] Plante flores diferentes em vasos ou no jardim para oferecer uma dieta rica e variada às abelhas; Não use produtos químicos ou inseticidas, pois podem ser novicos para as abelhas; Deixe flores silvestres e ervas daninhas no jardim: são bons alimentos para as abelhas; Construa um “hotel para abelhas”; Deixe um prato de água no jardim ou no quintal (Folha, 2017d).

“Tenemos que consumir menos, emitir menos gases de efecto invernadero y plantar árboles para refrescar las ciudades”, sostiene. El geógrafo afirma que, ahora mismo, las opciones de la humanidad para enfrentarse a las olas de calor están “entre malas o terribles” (El País, 2017c).

Com a ciência e a estatística inventamos realidades e fabricamos antecipações que determinam a premência de agirmos em defesa do futuro planetário. Tomando conhecimento dos números, é necessário pensar o que fazer, antecipadamente. Minimizar o risco é uma das riquezas que a estatística pode nos trazer. Vamos conhecendo as regularidades de uma determinada população e, em muitos casos presentes nas reportagens analisadas, conhecemos também as regularidades do planeta Terra. Como isso, um mapa vai sendo gerado, trazendo dados que ajudam a delimitar nosso cenário.

Antes de ver os números como descritores de um risco planetário, vejo-os como potente estratégia na invenção de uma determinada realidade, dirigindo condutas, governando vidas e fabricando soluções para o problema criado. Temos na estatística uma potente ferramenta para o governo das populações, para o governo da/na vida planetária. Assim, os números comprovam e confirmam uma determinada necessidade: é preciso agir em prol do planeta. Os número muito mais do que descrever uma realidade, a constituem. É dizer, a medida que somos capturados pelos números, nos conscientizamos do quanto estamos chegando a um colapso planetário, de aquecimento global inviabilizando a permanência ou a qualidade de vida dos humanos na Terra. Criamos uma realidade - a do risco - e, a partir dela, elaboramos nossas melhores possibilidades de ação para expurgar o indesejável.

Após a constatação de um inconveniente risco de colapso é que ações são planejadas, elaboradas, racionalizadas. É necessário transformar nosso ambiente, nosso espaço de convívio, nossos modos de vida. É necessário transformar sujeitos ignorantes em sujeitos verdes. Dada a verdade da crise e do cenário calamitoso que está por vir, a Educação Ambiental é tomada como um importante campo de saber que contribui para orientar, definir, apresentar modos de vida condizentes com o tempo em que vivemos. Ela é um campo necessário para criar estratégias de intervenção frente ao risco do colapso planetário. Assim, lembrando dos três elementos que caracterizam a biopolítica trazidos por Rabinow e Rose (2006), temos no campo da EA discursos de verdade, estratégias de intervenção e modos de subjetivação.

Compreendendo os cálculos probabilísticos, os modos de vida cada vez mais agressores ao planeta concluímos que uma Educação Ambiental é necessária! Daí porque ela toma contornos tamanhos em nossa sociedade: à ela cabe o papel de pensar soluções para as mazelas ambientais; à ela cabe salvar a humanidade do colapso planetário; nela depositamos nossas maiores sonhos de uma vida saudável, sustentável e feliz. Assim temos todas as justificativas plausíveis para que, em nome da defesa planetária, mudemos nossas ações públicas e privadas, nossa alimentação, nosso tempo no banho, nossos hábitos de consumo, etc. Modos de subjetivação são criados e tornados necessários.

Em tempos de hecatombe planetária a EA assume-se, com seus discursos de verdade, intervenções na vida cotidiana e subjetivações dos indivíduos como uma importante ferramenta bio/ecopolítica. No desejo de gerenciar ações verdes para o controle da vida, a EA vai conduzindo as condutas da massa de indivíduos, agindo nas ações cotidianas dos sujeitos. Chamo a atenção para o modo como vamos educando através do medo e do possível risco de perda planetária. Pensarmos os problemas ambientais é um dos mais prementes desafios do campo da EA. No entanto, como nos alerta Riechmann, “[...] pintar futuras catástrofes no suele proporcionar motivación suficiente para actuar” (2016, p.317). Afinal, como estamos educando os sujeitos para olhar, pensar e criar saídas para o aquecimento global, a emissão de gases de efeito estufa, as relações humano-natureza, etc?

Acionando esse modo de ensinar, fizemos da EA uma importante estratégia bio/ecopolítica na atualidade. Mas, cabe a nós, incomodados com isso, acioná-la de outros modos, fazê-la aparecer enquanto força criativa. Como nos ensinou Foucault, “onde há poder, há resistência” (1999, p.91). Ainda que a sociedade da segurança tenha tomado para si a EA como uma estratégia bio/ecopolítica - justo por que viu nela a grandeza de sua força - cabe a nós, resistentes a essa posição ocupada, deslocar a EA desse lugar. Fazer com que onde há o desejo de apriosioná-la para o gerenciamento da vida, haja outro desejo possível: o de tensioná-la como campo de problematização, como campo de criação de outra éticas possíveis.

Considerações Finais

Militante e obcecado com a ideia de pensar nossa atualidade, Foucault nos ajuda a criar saídas para nossos problemas contemporâneos. Pensar a vida, para além das malhas bio/ecopolíticas, é uma dessas possibilidades: o que podemos em tempos bio/ecopolíticos? O que cabe a nós, frente a proliferação discursiva midiática de crise ambiental, aquecimento global, colapso planetário? Pensar sobre essas questões é tarefa nossa, que desejamos criar possibilidade de ação frente ao alarmismo das vozes midiáticas. Talvez esse seja nosso desafio: recusar a EA como uma estratégia bio/ecopolítica que incide sobre nós, conduzindo nossos modos de vida, definindo subjetivações. Podemos ser capazes de inventar e criar novas formas de vida, novos modos de existir e conviver em tempos de problemas ambientais. É dessa escuta por outros modos de criar a EA que estamos carecendo; é desse desejo de pensar fora do mesmo que possamos ver a potência de uma EA que nos ensine a viver o hoje e os nossos modos de nos relacionar com o ambiente.

Pensando nos potenciais efeitos das reportagens midiáticas, talvez esse texto possa, de algum modo, tensionar essas verdades. Que saibamos aproveitar da ciência, da estatística e das mídias, de forma geral, aquilo que elas podem nos trazer de produtivo. Nesse sentido, o ensinamento deleuziano tem aqui sua importância: “Não cabe temer ou esperar, mas buscar novas armas” (Deleuze, 1992, p. 220). Olhar com desconfiança as combinações estatísticas de passado e futuro, a voz categórica da ciência ou ainda o denuncismo midiático de perda do planeta é colocar em prática o que Deleuze nos ensinou. Não sejamos cegos frente ao problemas ambientais; em contrapartida, não sejamos demasiado ingênuos para crer no fim do mundo. Façamos escolhas que nos levem para o tensionamento do pensamento.

Junto às normalizações bio/ecopolíticas, que nos ensinam como cuidar do meio ambiente, podemos encontrar também as resistências, as fugas, o impossível e a criação. Cabe a nós, que fizemos EA, inventar novas armas. É da criação dessas novas armas que talvez pudéssemos trazer um respiro à Educação Ambiental, um outro modo de fazê-la. Novas armas que nos coloque com toda potência no jogo da vida. Uma EA da problematização e da criação, pensando o pensamento e apostando em fissuras nas grandes verdades que insistem em nos fazer rebanho.

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* Esse artigo é fruto do Pós-Doutorado realizado na Universidad de Murcia/Espanha e contou com financiamento de pesquisa do Edital Estágio Sênior da CAPES 2017-2018.

2 Populações das regiões do sudeste da Espanha e do sul do Brasil, respectivamente.

Recebido: 09 de Novembro de 2017; Aceito: 13 de Agosto de 2018

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