SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.17 número47PAULO FREIRE E O COMBATE AO ANALFABETISMO NA GUINÉ-BISSAU: A CAMPANHA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DE ADULTOS índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Práxis Educacional

versão On-line ISSN 2178-2679

Práx. Educ. vol.17 no.47 Vitória da Conquista ago. 2021  Epub 18-Fev-2022

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v17i47.9384 

Entrevistas

UM LEGADO GLOBAL DA OBRA FREIREANA: UM DIÁLOGO COM PETER ROBERTS

UN LEGADO GLOBAL DEL TRABAJO FREIREAN: UN DIÁLOGO CON PETER ROBERTS

Peter Roberts1 
http://orcid.org/0000-0003-4408-5125

Ester Maria de Figueiredo Souza2 
http://orcid.org/0000-0001-5992-0184

1Universidade de Canterbury - Nova Zelândia peter.roberts@canterbury.ac.nz

2Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Brazil efigueiredo@uesb.edu.br


RESUMO:

Em fase das discussões propostas e esperadas para o debate do pensamento freireano em ocasião do centenário de seu nascimento, buscou-se neste texto estabelecer um diálogo com um dos pesquisadores que têm, ao longo de décadas, estabelecido toda uma caminhada científica, acadêmica e social, tendo como um dos aportes de reflexão a obra do professora brasileiro Paulo Freire. Assim, foi realizada entrevista com o professor Peter Roberts, cuja produção tem atravessado fronteiras e alargado a discussão com e do pensamento freireano. Peter Roberts é professor na University of Canterbury, em Christchurch, na Nova Zelândia, na área de Educação. O objetivo da entrevista, portanto, foi realçar a obra de Paulo Freire no enfoque dos trabalhos acadêmicos realizados pelo professor Peter Roberts, quer estabelecendo pontes dialógicas de Freire com outros autores, quer perspectivando novos caminhos que atualizam o pensamento freireano.

Palavras-chave: Diálogo; Freire; Legado freireano

RESUMEN:

En la fase de las discusiones propuestas y esperadas para el debate sobre el pensamiento de Freire con motivo del centenario de su nacimiento, este texto buscó entablar un diálogo con uno de los investigadores que, a lo largo de décadas, ha constituido todo un conjunto científico, académico y itinerario social., teniendo como uno de los aportes de reflexión la obra del maestro brasileño Paulo Freire. Así, se realizó una entrevista al profesor Peter Roberts, cuya producción ha traspasado fronteras y ha ampliado la discusión con y del pensamiento de Freire. Peter Roberts es profesor en la Universidad de Canterbury, Christchurch, Nueva Zelanda, en el campo de la educación. El objetivo de la entrevista, por tanto, era destacar el trabajo de Paulo Freire en el foco de trabajos académicos realizados por el profesor Peter Roberts, ya sea estableciendo puentes dialógicos entre Freire y otros autores, o buscando nuevos caminos que actualicen el pensamiento de Freire.

Palabras clave: Diálogo; Freire; Legado freireano

ABSTRACT:

In the phase of the proposed and expected discussions for the debate on Freire's thought on the occasion of the centenary of its birth, this text sought to establish a dialogue with one of the researchers who have, over decades, established a whole scientific, academic and social journey. , having as one of the contributions of reflection the work of the Brazilian teacher Paulo Freire. Thus, an interview was carried out with Professor Peter Roberts, whose production has crossed borders and broadened the discussion with and of Freire's thought. Peter Roberts is a professor at the University of Canterbury, Christchurch, New Zealand, in the field of Education. The objective of the interview, therefore, was to highlight the work of Paulo Freire in the focus of academic works carried out by Professor Peter Roberts, either establishing dialogic bridges between Freire and other authors, or looking forward to new paths that update Freire's thought.

Keywords: Dialogue; Freire; Freirean legacy.

Peter Roberts é professor na University of Canterbury, em Christchurch, na Nova Zelândia, na área de Educação. Incursiona-se pela Filosofia Ética, Política, Educação e, tem realçado a potência da obra freireana para estudos no campo da Literatura. Um de suas publicações, no ano 2000, abordou Educação e Literatura no enquadre da humanização tratada por Paulo Freire1 e, além dessa publicação, destacamos o estudo do ano de 2010, quando situou a potência do pensamento de Paulo Freire para os enfrentamentos éticos do século XXI.2

Desde 1980, quando foi apresentado aos textos de Paulo Freire, pelo pesquisador Colin Lankshear, na Universidade de Auckland, revelou interesse em aprofundar seus estudos, tendo dissertado sobre o conceito de Conscientização, ainda no ano de 2009.

Esta Entrevista foi concedida à Práxis Educacional, por meio escrito (e-mail), para compor o número especial em homenagem aos 100 anos de Paulo Freire. O convite foi formulado em abril de 2020, por reconhecer as iniciativas pioneiras que o professor Peter Roberts, da University of Canterbury (Nova Zelândia), implementou para a divulgação do pensamento freireano, ressaltando-se a dimensão ética e estética da obra freireana para produção do conhecimento em diferentes campos do saber

Nosso propósito, com a realização da entrevista, foi realçar a obra de Paulo Freire no enfoque dos trabalhos acadêmicos realizados pelo professor Peter Roberts, quer estabelecendo pontes dialógicas de Freire com outros autores, quer perspectivando novos caminhos que atualizam o pensamento freireano na Austrália, e expressando a dimensão humanista e emancipatória do pensamento freiriano, na Filosofia, na Educação e, como estudos pioneiros, revela a dimensão da Literatura.

Cabe ressaltar a cordialidade como fomos atendidos pelo professor Peter Roberts, sua presteza em responder e nos provocar sobre a expressividade de suas respostas ao nosso roteiro de entrevista, dispondo-se a realçar a forma como aborda os temas freireano em seus estudos, para ampliar a aproximação ao público brasileiro. Assim, nossa opção foi traduzir a entrevista, como reconhecimento da importante contribuição do entrevistado a este número. Esperamos que os leitores, como escavadores de túneis do conhecimento, penetrem nas palavras deste texto-entrevista e encontrem pistas dialógicas para encontros com as duas obras: a de Paulo Freire e a de Peter Roberts.

1. Ester Maria de Figueiredo Souza: Professor, obrigada por este encontro, por meio desta entrevista. Professor, não temos, ainda, traduzido para o Português, trabalhos de sua autoria. Mas, o senhor é um pesquisador que lê e escreve sobre Paulo Freire, patrono da educação Brasileira. Poderia nos narrar como foi o seu encontro com a obra de Paulo Freire e quais os aspectos que estão mais presentes nos estudos que realizou ao longo três décadas.

Peter Roberts: Meu encontro inicial com as ideias de Paulo Freire foi em cursos técnicos na Universidade de Auckland, no início dos anos 80 do século passado. Eu completei uma dissertação no conceito de conscientização no mesmo período em que Freire iniciou a fase mais produtiva de sua carreira escrita. Nos próximos anos vindouros, iniciei uma tese baseada nas ideias de Freire e ensino superior. Ao final dos anos 1970 do século passado, Paulo Freire já tinha uma grande contribuição para os estudos educacionais com a publicação do livro Pedagogia do Oprimido e outros trabalhos iniciais (FREIRE, 1972a, 1972b, 1976). Ainda assim, ele tinha muito mais a dizer. O lançamento do livro Pedagogia da Libertação, em co-autoria com Ira Shor, marcou o início de um intenso período de atividade intelectual por dez anos de sua vida. Muitos outros livros com um formato dialógico apareceram (ESCOBAR et al, 1994; FREIRE & FAUDEZ, 1989; FREIRE & MACEDO, 1987; HORTON & FREIRE, 1990), ao lado de múltiplos livros de autoria única direcionando um rico alcance de temas filosóficos, políticos e educacionais (FREIRE, 1993, 1994, 1996, 1998a, 1998c). Essas publicações tardias, ao lado dos livros iniciais bastante conhecidos, promoveu um fértil território para o meu próprio engajamento com as ideias de Freire por meio de meu ensino e pesquisa. Outros livros emergiram no século XXI (FREIRE, 2004, 2007; FREIRE, FREIRE & DE OLIVEIRA, 2014), e eles estimularam pensamentos mais avançados. Meus interesses vão além do trabalho Freireano, claro. Estes são úteis para aprofundar minha compreensão a respeito dos limites e possibilidades na pedagogia freireana.

2. Ester Maria de Figueiredo Souza: Quais pontos chave e lições o senhor aprendeu com Paulo Freire no decorrer das décadas?

Peter Roberts: Os princípios pedagógicos de Paulo Freire devem ser considerados em relação com uma mais ampla dimensão dos pensamentos ontológicos, epistemológicos e éticos do autor. Freire tem muito a nos ensinar a respeito da humanização de desumanização, da natureza do conhecimento, das políticas educacionais, e das possibilidades de comunicação por meio das diferenças. A partir de Freire, podemos alcançar um senso mais aguçado da necessidade de coerência entre nossas palavras e atos. Freire nos dá um conjunto de ideais nos quais podemos nos inspirar para nosso trabalho como professores e pesquisadores. Ele demonstra a necessidade da humildade, abertura, tolerância, cuidado, compromisso e rigor. Essas virtudes podem ser exibidas - e comprometidas - em inúmeras situações da vida cotidiana. Desnecessário dizer os pontos fracos de seu trabalho, mas esses podem ter, também, valor educativo, levando a um debate construtivo, reflexões mais profundas e outras leituras. Freire promoveu uma certa inquietação na atitude direcionada à educação e conhecimento, mantendo todos nós um pouco no limite e permitindo a cada um de nós a ver que sempre há mais trabalho a fazer (Veja mais: DARDER, 2015; KIRYLO, 2011; MAYO, 1999; MORROW & TORRES, 2002; ROBERTS, 2000, 2010; SCHUGURENSKY, 2011).

3. Ester Maria de Figueiredo Souza: Como você avalia o legado global do trabalho de Paulo Freire?

Peter Roberts: O que quer que alguém pense a respeito de Paulo Freire, é imediatamente aparente a notória influência do seu trabalho. Não é importante apenas o número de pessoas que leram e citaram seus livros. A largura de sua influência deve ser igualmente notada. As ideias de Freire foram tomadas por educadores em todos os níveis do sistema educacional - desde a mais tenra infância à mais avançada idade adulta. Elas também engajam teólogos, filósofos, psicólogos, sociólogos, cientistas políticos e desenvolvedores de teorias, entre outros. Elas foram aplicadas não apenas em salas de aula, mas também em conselhos, serviço social, enfermagem, reabilitação em programas prisionais, movimentos pacifistas, e enfrentamentos pelos direitos indígenas. Esta não é, de maneira alguma, uma lista exaustiva. O alcance de Paulo Freire é verdadeiramente global, com leitores em quase todas as partes do mundo. Livros como Pedagogia do Oprimido já foram traduzidos em inúmeras línguas. Não há uma única maneira para avaliar o seu legado, mas algum sentido do que ele deixou para nós e o constante movimento do significado de suas ideias pode ser ganhado por meio da variedade de contribuições em coleções de edições a respeito do seu trabalho nos anos mais recentes (por ex., PETERS & BESLEY, 2015; KIRYLO, 2020; TORRES,2019). O grande número de pessoas, em um tão variado de campos diferentes, terem encontrado algo de valor nas ideias de Freire sugere que ele toca fundo e permanente nas preocupações humanas. Ele nos incita a perguntar a respeito de nós mesmos e a respeito do mundo no qual habitamos. Ele encoraja cada um de nós a refletir a respeito dos ideais aos quais somos compromissados, quaisquer que sejam os domínios de nossos estudos ou atividades. Ele oferece esperança, ao mesmo tempo em que reconhece o desespero da existência, oferecendo uma avaliação séria das realidades políticas (ROBERTS, 2016). Ele confronta a prevalente cultura da performatividade, instrumentalismo, superficialidade e egoísmo, oferecendo uma visão utópica ancorada na ideia de construir um novo, mas nunca perfeito, mundo (ROBERTS & FREEMAN-MOIR, 2013). Este é um mundo, ele deve dizer, que está sempre sendo feito, sempre incompleto.

4. Ester Maria de Figueiredo Souza: Qual impacto Paulo Freire teve na Nova Zelândia?

Peter Roberts: Paulo Freire certamente deixou sua marca na Nova Zelândia (Veja ROBERTS, 1999). Na comunidade educacional, ele é melhor conhecido entre filósofos da educação, mas a maioria dos sociólogos da educação e historiadores educacionais também terão algum conhecimento dele. Aqueles que ensinaram cursos em estudos curriculares, políticas da educação, educação para adultos e educação comparada frequentemente incorporaram as ideias de Paulo Freire em suas palestras. Os temas de Paulo Freire são mais frequentemente endereçados via relações entre professores e alunos, para integralizar as teses e dissertações (cf. ROBERTS, 2019). Há pouco espaço para teoria educacional em muitos programas para professores nos anos mais recentes, mas, novamente, muitos que possuem um compromisso profissional de longa data nesta área terá alguma familiaridade com textos chave, a exemplo do Pedagogia do Oprimido. O trabalho de Freire é importante para muitos estudiosos Mãori na educação (Veja SMITH, 1990), que adaptaram as ideias freireanas em distintas maneiras para avançarem nossa compreensão da experiência e conhecimento indígena. E, assim como tem sido o caso em diferentes pontos do mundo, a influência de Freire foi estendida para muito além do campo da educação. A filosofia freireana parece ter tido pouca influência direta no pensamento político, mas isso dificilmente é uma surpresa, pois que documentos políticos na Nova Zelândia raramente demonstram um profundo engajamento com a teoria.

5. Ester Maria de Figueiredo Souza: Professor, o senhor além de sua atenção se dirigir para a Educação e Filosofia, o senhor, também, tem se dedicado a um enquadre da literatura. O senhor afirma que a literatura oferece um complemento útil às fontes tradicionais de não-ficcção. Como esse aspecto pode ser realçado na ética freireana? Podemos perspectivar uma outra estética?

Peter Roberts: Eu sempre amei a literatura, mas mantive a leitura de romances, contos e peças de teatros separada do meu trabalho acadêmico por muitos anos. Eu supus sentir que trazer essas duas esferas de minha vida em um diálogo ativo uma com a outra, subjetivando minhas respostas a trabalhos de ficção ao escrutínio do olhar erudito poderia manchar minha relação com aqueles livros e autores. Eu encontrei que o risco de dar esse salto foi inteiramente satisfatório, e ao longo dos derradeiros quinze anos, eu forneci leituras filosóficas e educacionais ao trabalho de muitas figuras literárias, inclusas Fiodor Dostoevsky, Hermann Hesse, Albert Camus e Iris Murdoch ( ROBERTS, 2008, 2012; ROBERTS & FREEMAN-MOIR, 2013; ROBERTS, GIBBONS & HERAUD, 2015; ROBERTS & SAEVEROT, 2018). As ideias de Freire se prestam bem a essa espécie de bolsa de estudos, fornecendo uma base sólida para perguntas educacionais e a oportunidade para uma obra de ficção "responder" à teoria freireana. Isso ficou evidente para mim em leituras freireanas prévias a respeito d Hesse (Veja ROBERTS, 2010, 2012), mas o ponto chegou para mim por meio de um artigo meu a respeito de Paulo Freire e de um autor brasileiro, Lima Barreto (ROBERTS, 2021). O romance O triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (BARRETO, 2011), encena algumas interessantes questões éticas e educacionais para pedagogos compromissados com o ideal freireano de conscientização. Refletir a respeito da 'loucura' de Policarpo nos auxilia a melhor apreciar alguns dos limites da educação, do diálogo e da consciência crítica, enquanto reforça ao mesmo tempo a necessidade para empatia e compaixão.

6. Ester Maria de Figueiredo Souza: A ideia de inacabamento do ser é muito presente em Paulo Freire. Nós, como professores, pesquisadore, nos deparamos com inúmeras situações em que a interação verbal é constitutiva de nosso próprio acesso formativo. Quais legados de Paulo Freire nos inspiram, na sua visão, a persistir em uma abordagem humanista para a formação de pesquisadores e pesquisadoras?

Peter Roberts: Você está certa: a noção de inacabamento é uma chave para o trabalho de Paulo Freire. Freire foi consistente neste ponto por toda sua carreira escrita. Quando ele falou a respeito de humanização em seus livros iniciais, ele enfatizou que isso era uma questão para se tornar mais completamente humano, mais completamente o que nós somos destinados a ser. Nós nos tornamos inteiramente humanos, seu trabalho sugere, por meio do engajamento em crítica, na práxis dialógica, mas fazemos isso em um mundo imperfeito. Lutar contra estruturas desumanizadas, políticas, atitudes e práticas é parte do processo de humanizar a nós mesmos. Nós nunca engajamos neste processo sozinhos; portanto minha incompletude é também o seu inacabamento. O uso da palavra "formação é interessante, particularmente à luz dos assuntos mais em voga na educação. A ênfase na performance, na medição, na avaliação implacável, dentro de um currículo abarrotado, com professores e alunos sempre reféns do relógio, vai de encontro ao processo de formação menos preciso, mas discutivelmente e imensuravelmente mais importante processo de formação. A ideia de formação é central para a noção europeia de bildung, e o trabalho de Paulo Freire complementa isso, em um sentido saudável. Em particular, eu diria que Freire molda nossa consciência a respeito da formação educacional como necessária para o processo político. A escolaridade é uma questão de curto prazo; a formação é um processo que dura a vida inteira. Nós somos, como mostra Freire, formados por meio das relações construídas, dos livros lidos, dos trabalhos realizados, dos momentos de alegria e grande tristezas experienciadas, das decisões tomadas, das ações empreendidas, das palavras pronunciadas e dos silêncios habitados. Em resumo, somos formados por meio das dificultosas, complexas e imprevisíveis tarefas do viver e do ser dentro e com o mundo.

7. Ester Maria de Figueiredo Souza: Agradecemmos este momento e, para encerrar, gostaríamos que o senhor, em um exercício de invenção, nos provocasse com uma questão que hoje Paulo Freire nos remeteria para construção de um mundo antifascista.

Peter Roberts: Vivemos uma era estruturada em excessivas certezas. Isso ocorre em muitos aspectos, mas um dos exemplos mais reveladores foi fornecido pelo estilo de liderança adotado em alguns países nos anos mais recentes (ROBERTS, 2020). Com um mix de arrogância e ignorância, alguns em posição de poder mentiram repetidamente, recusaram ouvir o Bom Conselho, deliberadamente promoveram divisão e ódio e fracassaram abissalmente no seu dever de responder á crise global gerada pós Covid-19. Freire provavelmente perguntaria: De quais maneiras estarmos menos certos de nossas certezas nos auxiliaria a construir um mundo melhor?

REFERENCES

Barreto, L. (2011). Triste fim de Policarpo Quaresma / The sad end of Policarpo Quaresma (M. Carlyon, Trans.). Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cidade Viva. [ Links ]

Darder, A. (2015). Freire and education. New York: Routledge. [ Links ]

Escobar, M., Fernandez, A.L., Guevara-Niebla, G. with Freire, P. (1994). Paulo Freire on higher education: A dialogue at the National University of Mexico. Albany, NY: State University of New York Press. [ Links ]

Freire, P. (1972a). Pedagogy of the oppressed. Harmondsworth: Penguin. [ Links ]

Freire, P. (1972b). Cultural action for freedom. Harmondsworth: Penguin . [ Links ]

Freire, P. (1976). Education: The practice of freedom. London: Writers and Readers. [ Links ]

Freire, P. (1993). Pedagogy of the city. New York: Continuum. [ Links ]

Freire, P. (1994). Pedagogy of hope. New York: Continuum . [ Links ]

Freire, P. (1996). Letters to Cristina: Reflections on my life and work. London: Routledge. [ Links ]

Freire, P. (1997). Pedagogy of the heart. New York: Continuum . [ Links ]

Freire, P. (1998a). Teachers as cultural workers: Letters to those who dare teach. Boulder, CO: Westview Press. [ Links ]

Freire, P. (1998b). Pedagogy of freedom: Ethics, democracy, and civic courage. Lanham, Maryland: Rowman and Littlefield. [ Links ]

Freire, P. (1998c). Politics and education. Los Angeles, CA: UCLA Latin American Center Publications. [ Links ]

Freire, P. (2004). Pedagogy of indignation. Boulder, CO: Paradigm Publishers. [ Links ]

Freire, P. (2007). Daring to dream. Boulder, CO: Paradigm Publishers. [ Links ]

Freire, P. & Faundez, A. (1989). Learning to question: A pedagogy of liberation. Geneva: World Council of Churches. [ Links ]

Freire, P., Freire, A.M.A., & de Oliviera, W.F. (2014). Pedagogy of solidarity. Walnut Cove, CA: Left Coast Press. [ Links ]

Freire, P. & Macedo, D. (1987). Literacy: Reading the word and the world. London: Routledge . [ Links ]

Freire, P. & Shor, I. (1987). A pedagogy for liberation. London: MacMillan. [ Links ]

Horton, M. & Freire, P. (1990). We make the road by walking: Conversations on education and social change. Philadelphia, PA: Temple University Press. [ Links ]

Kirylo, J.D. (2011). Paulo Freire: The man from Recife. New York: Peter Lang [ Links ]

Kirylo, J. (Ed.) (2020). Reinventing Pedagogy of the oppressed: Contemporary critical perspectives. London: Bloomsbury. [ Links ]

Mayo, P. (1999). Gramsci, Freire and adult education: Possibilities for transformative action. London: Zed Books. [ Links ]

Morrow, R.A. & Torres, C.A. (2002). Reading Freire and Habermas: Critical pedagogy and transformative social change. New York: Teachers College Press. [ Links ]

Peters, M.A. & Besley, T. (Eds.) (2015). Paulo Freire: The global legacy. New York: Peter Lang . [ Links ]

Roberts, P. (Ed.) (1999). Paulo Freire, politics and pedagogy: Reflections from Aotearoa-New Zealand. Dunmore Press: Palmerston North. [ Links ]

Roberts, P. (2000). Education, literacy, and humanization: Exploring the work of Paulo Freire. Westport, CT: Bergin and Garvey. [ Links ]

Roberts, P. (2010). Paulo Freire in the 21 st century: Education, dialogue and transformation. Boulder, CO: Paradigm Publishers. [ Links ]

Roberts, P. (2012). From West to East and back again: An educational reading of Hermann Hesse’s later work. Rotterdam: Sense Publishers. [ Links ]

Roberts, P. (Ed.) (2015). Shifting focus: Strangers and strangeness in literature and education. New York: Routledge . [ Links ]

Roberts, P. (2016). Happiness, hope, and despair: Rethinking the role of education. New York: Peter Lang . [ Links ]

Roberts, P. (2019). Thesis supervision: A Freirean approach. In C.A. Torres(Ed.) The Wiley Handbook of Paulo Freire (pp. 521-534). Oxford: Wiley-Blackwell. [ Links ]

Roberts, P. (2020). Less certain but no less committed: Paulo Freire and Simone de Beauvoir on ethics and education. In J.D. Kirylo (Ed.) Reinventing Pedagogy of the oppressed: Contemporary critical perspectives (pp. 135-146). London: Bloomsbury . [ Links ]

Roberts, P. (2021). Conscientization, compassion and madness: Freire, Barreto and the limits of education. Review of Education, Pedagogy, and Cultural Studies, 1-21. Available online at: https://doi.org/10.1080/10714413.2021.1890510Links ]

Roberts, P. & Freeman-Moir, J. (2013). Better worlds: Education, art, and utopia. Lanham, MD: Lexington Books. [ Links ]

Roberts, P., Gibbons A. & Heraud, R (2015). Education, ethics and existence: Camus and the human condition. New York: Routledge . [ Links ]

Roberts, P. & Saeverot, H. (2018). Education and the limits of reason: Reading Dostoevsky, Tolstoy and Nabokov. New York: Routledge . [ Links ]

Schugurensky, D. (2011). Paulo Freire. London: Continuum. [ Links ]

Smith, G. (1999). Paulo Freire: Lessons in transformative praxis. In P. Roberts (Ed.) Paulo Freire, politics and pedagogy: Reflections from Aotearoa-New Zealand. Dunmore Press: Palmerston North . [ Links ]

Torres, C.A. (Ed.) (2019). The Wiley Handbook of Paulo Freire . Oxford: Wiley-Blackwell . [ Links ]

SOBRE O ENTREVISTADO E A ENTREVISTADORA:

1ROBERTS, Peter. Education, literacy, and humanization: exploring the work of Paulo Freire. Westport, CT: Bergin and Garvey, 2000.

2ROBERTS, Peter. Paulo Freire in the 21 st century: education, dialogue, and transformation. Boulder: Paradigm Publishers, 2010

Recebido: 07 de Julho de 2021; Aceito: 03 de Agosto de 2021

Peter Roberts Professor da Universidade de Canterbury, na cidade de Christchurch - Nova Zelândia. Doutor em Filosofia (Universidade de Waikato); Mestre em Artes com Honras (University of Auckland); Bacharel em Artes (University of Auckland). Desenvolve estudos nas áreas de filosofia da educação, políticas educacionais e suas pesquisas incluem problematizações sobre ética, política da educação, literatura e educação. Há mais de três décadas dedica-se a explorar o trabalho de Paulo Freire , quando, em 1980 teve contato com textos freireanos, na Universidade de Auckland. Publicou, em 1989, o primeiro trabalho sobre pensamento freireano: “Paulo Freire and Science Education”.

Ester Maria de Figueiredo Souza Professora da Unviersidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UESB; líder do Grupo de Pesquisa em Linguagem e Educação (GPLED)

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons