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Revista Práxis Educacional

versión On-line ISSN 2178-2679

Práx. Educ. vol.18 no.49 Vitória da Conquista  2022  Epub 04-Jul-2023

https://doi.org/10.22481/praxisedu.v18i49.11095 

Artigos

LEITURA CRÍTICA DE MEMES DA INTERNET EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA1

LECTURA CRÍTICA DE MEMES DE INTERNET EM CLASES DE INGLÉS

Jefferson do Carmo Andrade Santos1 
http://orcid.org/0000-0002-3299-0948

Paulo Boa Sorte2 
http://orcid.org/0000-0002-0785-5998

Emanuelle Silveira Nunes Barros3 
http://orcid.org/0000-0001-6933-287X

1Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão, Sergipe, Brasil; jeffcarmo@academico.ufs.br

2Universidade Federal de Sergipe- São Cristóvão, Sergipe, Brasil; pauloboasorte@academico.ufs.br

3Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão, Sergipe, Brasil; manusnb@academico.ufs.br


RESUMO:

Memes podem ser definidos como pequenas unidades de sentido transmitidas e transformadas de pessoa para pessoa em processos de cópia e imitação (DÍAZ, 2013; DAWKINS, 1976). Com o passar do tempo, as teorias sobre memes foram revisitadas devido a questões contemporâneas envolvendo tecnologias na sociedade (SHIFMAN, 2014). Com base nesses aspectos, apresentamos e analisamos uma pesquisa documental (LAVILLE; DIONNE, 1999; FLICK, 2009) caracterizada pelo levantamento de memes da internet e uma proposta de sequência didática no contexto de aulas de língua inglesa. As análises foram fundamentadas na perspectiva da leitura crítica e da justiça social (JORDÃO, 2017). Como resultado, apontamos os memes como recursos potencializadores para o estabelecimento da crítica social em sala de aula, uma vez que eles podem retratar realidades diversas.

Palavras-chave: leitura crítica; linguagem; memes da internet

RESUMEN:

Los memes pueden ser definidos como pequeñas unidades de significado transmitidas y transformadas de persona a persona en procesos de copia e imitación (DÍAZ, 2013; DAWKINS, 1976). Con el tiempo, las teorías sobre los memes se han revisado debido a problemas contemporáneos relacionados con las tecnologías en la sociedad (SHIFMAN, 2014). A partir de estos aspectos, presentamos y analizamos una investigación documental (LAVILLE; DIONNE, 1999; FLICK, 2009) caracterizada por la encuesta de memes en Internet y una propuesta de secuencia didáctica en el contexto de las clases de lengua inglesa. Los análisis se basaron en la perspectiva de la lectura crítica y la justicia social (JORDÃO, 2017). En consecuencia, señalamos a los memes como recursos potencializadores para el establecimiento de la crítica social en el aula, ya que pueden retratar diferentes realidades.

Palabras clave: lectura crítica; lenguaje; memes de internet

ABSTRACT:

Memes can be defined as small units of meaning transmitted and transformed from person to person in processes of copy and imitation (DÍAZ, 2013; DAWKINS, 1976). As time went by, the theories about memes were reviewed due to contemporary issues regarding technologies in society (SHIFMAN, 2014). In face of these aspects, we present and analyze documentary research (LAVILLE; DIONNE, 1999; FLICK, 2009) characterized as a data collection of memes and a didactic sequence in the context of English language classes. Our analyses were based on the perspective of critical reading and social justice (JORDÃO, 2017). As a result, we point out memes as potential resources for the establishment of critique in classroom since they can portray diverse realities.

Keywords: critical reading; language; internet memes

Considerações iniciais

A internet tem sido integrada à vida humana no século XXI. No Brasil, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios, de 2019 (CETIC-BR, 2020a), cerca de 74% da população brasileira acessa a internet. A maioria dos usuários é formada por jovens, que compartilham mensagens com seus amigos e parentes, interagem através de videochamadas e acessam plataformas de mídias sociais, a exemplo do Facebook, Instagram, Twitter, Tik Tok e serviços de streaming como YouTube, Netflix e Spotify. Esses usuários não só consomem, mas também produzem conteúdo no contexto da cultura da convergência (JENKINS, 2009), em que as mídias tradicionais e alternativas são influenciadas pelas vozes tanto de profissionais quanto de pessoas comuns, que buscam atenção, engajamento e espaços participativos.

De acordo com a pesquisa TIC Educação, de 2019 (CETIC-BR, 2020b), os alunos interagem constantemente por meio de seus smartphones nas escolas, independentemente de estarem dentro ou fora da sala de aula. Além disso, a pesquisa revelou que 98% dos estudantes de áreas urbanas acessam a internet através desses dispositivos e 58% os utilizam para realizar atividades escolares, mesmo em situações sem conexão de dados ou banda larga. Em geral, eles tiram fotos de quadros brancos e livros didáticos, tomam notas por meio de processadores de texto e gravadores de áudio, pesquisam palavras em dicionários off-line, jogam videogames e compartilham esses conteúdos com seus colegas de classe. Atualmente, alguns dos conteúdos mais difundidos pelos jovens são memes, o objeto deste artigo.

Os memes podem ser definidos como pequenas unidades de significado transmitidas e transformadas de pessoa para pessoa em processos de cópia e imitação (DÍAZ, 2013; DAWKINS, 1976). Este artigo visa apresentar e analisar uma pesquisa documental sobre memes da internet junto a uma proposta de sequência didática no contexto das aulas de língua inglesa. Entendemos a sequência didática como um procedimento de ensino e aprendizagem de línguas cujo foco se direciona tanto a textos escritos como orais em um conceito baseado no gênero - o que está de acordo com a perspectiva de Dolz e Schneuwly (DENARDI, 2017).

Levando esses aspectos em consideração, este estudo está fundamentado em uma perspectiva crítica e qualitativa (JORDÃO; FIGUEIREDO; MARTINEZ, 2020). Dividimos este artigo em sete seções: a primeira seção apresenta nossa proposta; a segunda esboça um panorama com pesquisas atuais sobre memes; a terceira ilustra a forma como organizamos esta pesquisa; na quarta seção, fornecemos uma visão geral das teorias relativas aos memes, leitura crítica e justiça social; a quinta seção concentra-se na análise de quatro categorias de memes, a saber, raça, gênero, classe social e orientação política; e a sexta apresenta possibilidades de atividades pedagógicas por meio da análise de uma sequência didática. Por fim, trazemos uma síntese, fornecendo, assim, algumas observações.

Pesquisas atuais sobre memes

A fim de fornecer um panorama sobre o atual cenário acadêmico dos memes na internet no contexto do ensino de línguas, selecionamos alguns trabalhos que propuseram práticas em sala de aula por meio de diferentes tipos de memes. Os artigos apresentados nos parágrafos seguintes abordam a noção de memes como meios para fomentar práticas criativas e críticas na Educação. Além disso, alguns dos autores destacam as possibilidades de diversão e entretenimento dos memes. Estamos cientes, porém, que este breve resumo não cobre todas as diversas perspectivas para a inclusão de memes em contextos educacionais.

Para começar, Matias (2020) sugere que os memes da internet são recursos significativos para desenvolver habilidades de pensamento crítico em cenários de sala de aula. Ele conceitua o pensamento crítico como uma forma de analisar conteúdos e explicar conceitos, assim como um meio de buscar diferentes perspectivas de leitura e pensamento sobre questões sociais. Reddy, Singh, Kapoor e Churi (2020) defendem que a integração de memes da internet na Educação é uma forma de contemplar as preferências e identidades dos alunos em relação a práticas extraescolares. Assim, ao incluir tais textos na rotina de sala de aula, os professores podem se conectar aos elementos com que os alunos normalmente interagem na vida cotidiana.

Dongqiang, Serio, Malakhov e Matys (2020) discutem o potencial dos memes da internet em diferentes contextos de educação linguística, a exemplo de aulas de inglês, italiano, russo e chinês. Eles apresentam memes como recursos relevantes para lidar com ideologias e para desenvolver práticas criativas com os estudantes. Eles também enfatizam os usos ressignificados de memes sobre o tema das aulas remotas demandadas pela pandemia da covid-19. Kayali e Altuntas (2021), por outro lado, propõem o uso de memes para o ensino de vocabulário em aulas de língua inglesa. Eles afirmam que os memes proporcionam aos estudantes diversão e inovação com relação em situações de revisão de vocabulário. Eles mencionam que os estudantes normalmente tendem a ser criativos em termos de linguagem quando entram em contato com memes em sala de aula.

Hartman, Berg, Fulton e Schuler (2021) discutem o uso de memes no estudo de Literatura por meio de respostas artísticas. Eles definem a resposta artística como a prática de criar/desenvolver conexão com obras literárias através de diversas perspectivas de arte. Neste caso, os estudantes foram motivados a explorar os conceitos e os significados materializados na Literatura por meio da prática de desenho de memes. Alternativamente, Silva e Nunes (2021) relatam os resultados de pesquisas de campo desenvolvidas com professores de língua inglesa em formação inicial sobre a imersão no uso de memes da internet. As autoras concluem que os participantes prestaram pouca atenção às modalidades visuais dos memes com os quais lidaram e, também, tiveram dificuldade em implementar análises críticas.

Os trabalhos listados nos parágrafos anteriores representam o potencial dos memes da internet como fontes para o desenvolvimento de cenários educacionais variados em que os alunos se sentem parte do conhecimento tratado em sala de aula. À luz de percepções diversificadas, os trabalhos acadêmicos acima mencionados nos ajudam a ilustrar e reforçar a relevância dos memes da internet como recursos para contemplar as identidades e as práticas sociais dos alunos. O que enfatizamos, neste artigo, no entanto, é que os memes da internet não são textos neutros. Eles retratam ideologias e servem aos interesses de diferentes agendas; logo, eles têm que ser incluídos e acolhidos em sala de aula por meio de percepções críticas.

Metodologia

Este artigo é caracterizado como uma pesquisa documental, através da coleta e categorização de memes da internet, e como uma análise crítica de uma sequência didática fundamentada nos conceitos de leitura crítica e justiça social no contexto das aulas de língua inglesa (JORDÃO, 2017). Assim como outras modalidades de texto, os memes comunicam e relatam informações que são, segundo Laville e Dionne (1999), um dos aspectos-chave desses documentos, uma vez que podem ser vistos como qualquer elemento que produza significado. Além disso, a pesquisa documental trata de vários formatos, que vão desde documentos audiovisuais até documentos impressos, e fornece aos pesquisadores insights relevantes. Flick (2009) argumenta que o uso de documentos na pesquisa deve levar em conta os sujeitos que os produzem, os objetivos pretendidos e o público ao qual são dirigidos. Assim, nesta pesquisa, os memes foram selecionados, codificados, categorizados e analisados à luz de teorias relativas aos memes da internet, leitura crítica e justiça social.

Memes da internet, leitura crítica e justiça social

A origem do termo meme precede o contexto atual da internet global. De fato, a primeira menção a essa expressão ocorreu no livro intitulado The Selfish Gene, escrito em 1976 pelo biólogo britânico Richard Dawkins. Em poucas palavras, os memes podem ser definidos como pequenas unidades de significado transmitidas de pessoa a pessoa por meio de cópia e imitação. Como Dawkins (1976) afirmou, os memes são como genes porque sofrem mutações durante os processos de seleção e transmissão. Apesar de ter sido o pioneiro a abordar a questão do meme, o biólogo britânico não foi o único a dar contribuições para este campo teórico. De acordo com Díaz (2013), pesquisadores de outras áreas, como Neurologia e Psicologia, também contribuíram para o desenvolvimento de conceitos relativos aos memes, assim como ilustrado a seguir, na Figura 1:

Fonte: elaborado pelos autores (2022)

Figura 1  conceitos sobre memes 

Knobel e Lankshear (2007) definiram memes como padrões de informação cultural passados de pessoa para pessoa e que acabaram gerando, desenvolvendo e refletindo pensamentos e comportamentos de grupos sociais. Eles afirmam que a internet transformou os memes em uma forma popular de descrever como as ideologias podem ser rapidamente difundidas e assimiladas no ciberespaço. Portanto, essas definições propostas por Lankshear e Knobel (2007) são similares àquelas apresentadas na Figura 1. De acordo com Shifman (2014), os memes podem ser expressos por meio de piadas, boatos, vídeos ou websites que são compartilhados através de cópia ou imitação, cobrindo proporções micro e macro. Os memes da internet tornaram-se ferramentas de comunicação amplamente utilizadas na vida cotidiana devido a muitos aspectos: facilidade de produção, consumo ou compartilhamento, possibilidade de acrescentar referências, representar grupos ou expressar emoções pessoais, como mostrado na figura seguinte:

Fonte: elaborado pelos autores (2022)

Figura 2 características dos memes da internet 

Ao examinar os aspectos ilustrados na Figura 2, podemos perceber que os memes estão sempre situados socialmente, e os impactos de sua difusão podem divergir drasticamente dependendo dos contextos culturais. Assim, as pessoas reagem de maneira diferente quando interagem com os memes da internet porque as experiências de vida não são iguais e consensuais. Além disso, devemos ter uma atitude duvidosa ao utilizar os memes para realizar nossas práticas sociais, uma vez que os textos e ações não são neutros (MENEZES DE SOUZA; MONTE MÓR, 2018). Devemos nos perguntar como o uso de memes na internet pode afetar outras pessoas de maneiras diferentes: estou corroborando com o ostracismo social ao compartilhar um certo meme? Estou contribuindo para reforçar a crueldade social enquanto me divirto com uma situação ilustrada em um meme? Esse meme influencia outras pessoas a marginalizar culturas e grupos sociais?

Esses questionamentos não são receitas ou modelos a serem seguidos, mas nos ajudam a ilustrar como os memes podem ser entendidos como textos legítimos e como eles podem ser abordados por meio de posicionamentos críticos na Educação. Considerando que os memes podem impactar a vida das pessoas de diversas maneiras, devemos considerar que os eles têm o poder de ajudar grupos sociais a serem ouvidos, assim como de destruir reputações sociais e reforçar o ostracismo (BOA SORTE; VICENTINI, 2020). Ao levar essas questões em consideração, defendemos que os usos dos memes na Educação são potencializados quando se baseiam em perspectivas sociais críticas, que tendem a considerar os textos inseridos em contextos e como veículos de construção de sentidos.

Diante dessa abordagem, entendemos a leitura como uma prática social. A leitura tem sido percebida através de diferentes perspectivas ao longo dos anos. As teorias tradicionais defendem que os leitores desempenham um papel neutro ao entrarem em contato com os textos e que o ato de ler significa reconhecer os códigos linguísticos. Por outro lado, as teorias contemporâneas, a exemplo da teoria freireana, argumentam que a leitura é uma prática social pautada nas preocupações e ideologias mundiais (REIS, 2021). Freire estabeleceu uma nova percepção sobre a alfabetização ao propor que devemos ler as palavras e o mundo. Essa foi a primeira geração de perspectivas críticas acerca da leitura, quando as práticas de leitura passaram a ser vistas como letramento, o que significa uma atitude preocupada em identificar as ideologias e estruturas sociais implicadas nos textos.

Com o passar do tempo, outras abordagens críticas foram desenvolvidas com base na teoria sobre letramento de Freire. Kalantzis e Cope (2020) argumentaram que a linguagem está imbricada em vários letramentos, que ficaram conhecidos como os multiletramentos. Além disso, o significado de ser crítico foi ampliado, uma vez que a leitura foi então percebida como uma prática de construção de sentidos. A primeira geração dos letramentos, amplamente conhecida como Pedagogia Crítica, foi voltada para a acepção de que os leitores deveriam aprender estratégias para desvendar as ideologias implícitas pelos autores originais. Por outro lado, a segunda geração, denominada Letramento Crítico, baseia-se na concepção de que nossas experiências de vida influenciam a maneira como lemos os textos e os sentidos que deles construímos.

Questões sociais por meio dos memes da internet

Buscamos imagens usando a expressão memes about combinada com os seguintes termos: capitalismo, classes sociais, democracia, desigualdade social, direita, branqueamento, esquerdistas, homofobia, islamofobia, latinos, papéis de gênero, pessoas conservadoras, política, racismo, sexismo, socialismo e transfobia. Em termos gerais, escolhemos memes que reproduzem ou criticam os estereótipos tradicionais em relação às questões sociais mencionadas anteriormente. Nosso objetivo, além disso, foi basear nossa busca em memes retratados nos principais meios de comunicação e na cultura pop. A perspectiva do Letramento Crítico também foi considerada, uma vez que estamos lidando com mudanças sociais, diversidade cultural, equidade social e emancipação política (KALANTZIS; COPE, 2020).

Com base nos estudos sobre justiça social na perspectiva do Letramento Crítico, categorizamos os memes selecionados em quatro grupos: (a) raça, (b) gênero, (c) classe social e (d) orientação política. Essas categorias dizem respeito ao que Collins e Bilge (2016) denominaram como interseção. Segundo os autores, a interseccionalidade é uma ferramenta para compreender e analisar o mundo, considerando como as divisões sociais, tanto em nível individual quanto coletivo, bem como em domínio local e global, promovem cenários de privilégio e opressão. O termo interseccionalidade surgiu, assim como explicado por Romero (2018), por meio das lutas pelos direitos civis de feministas negras norte-americanas.

A abordagem interseccional representa o fato de que essas mulheres enfrentaram opressão não apenas devido a uma identidade social, como, por exemplo, ser uma mulher, uma mulher negra ou uma mulher pobre. Numa perspectiva interseccional, essas mulheres enfrentaram um tratamento opressivo de forma cruzada, quando todas as identidades são impactadas pela opressão. Como Collins e Bilge (2016) explicam, não se trata de criar hierarquias de identidades sociais, mas de perceber que as pessoas são formadas por muitas identidades, o que acaba influenciando a forma como elas se posicionam no mundo. Embora não seja possível, no âmbito deste trabalho, incorporar todos os fatores mencionados nos estudos acerca da interseccionalidade, nossa intenção está voltada para a análise de como a identificação social muda dependendo da forma como as pessoas são representadas.

Compreendemos que as categorias listadas abaixo se entrecruzam, se atravessam e, em última instância, competem em níveis individuais e coletivos, embora sejam definidas através dos diferentes contextos pelos quais se originaram. Por meio do levantamento de dados, selecionamos oito memes para cada categoria, o que resultou em 32 arquivos. Em termos quantitativos, este número não representa a infinidade de memes disponíveis on-line. Entretanto, dada a natureza qualitativa desta pesquisa, nossa atenção foi voltada para a relevância dos memes nas aulas de língua inglesa quando eles são utilizados para analisar questões sociais por meio da leitura crítica. Nos parágrafos seguintes, fornecemos um panorama sobre como os memes selecionados, por meio da busca na internet, representam questões sociais:

(a) Raça: nos memes selecionados, chineses eram geralmente representados como sendo todos iguais, os muçulmanos retratados como terroristas, os mexicanos como traficantes de drogas e os policiais usando força física contra os negros. Frases como "não sou racista porque tenho amigos negros" e "o racismo não é um problema porque é um tópico amplamente discutido" foram comumente usadas. Exemplos de pessoas brancas falando sobre racismo e homens negros cometendo violência doméstica também foram retornados na busca. A maioria das representações se referia a estereótipos dirigidos a “minorias” marginalizadas, tais como negros e imigrantes;

(b) Gênero: nesta categoria, selecionamos memes em que homens tinham como objetivo ensinar a igualdade de gênero a mulheres; cisgêneros eram perseguidos por transgêneros; mulheres retratadas como pessoas que cozinham e homens como pessoas que constroem; meninas sendo ensinadas a não aceitarem desigualdades de gênero; fotos em que meninos usam roupas azuis e meninas usam roupas cor-de-rosa; revelação do gênero do bebê como um crime; e cisgêneros definindo transfobia. A maioria das representações questiona os papéis e as desigualdades de gênero que são considerados como garantidos pela sociedade. Além disso, os entendimentos dos cisgêneros sobre a transgeneridade são questionados;

(c) Classe social: selecionamos memes que retratam a divergência entre quanto os consumidores pagam e quanto os trabalhadores recebem por seus empregos; a desilusão dos jovens com o capitalismo; a resistência das pessoas em aceitar e adotar políticas sociais uma vez que são consideradas socialistas; os efeitos do capitalismo na rotina diária e na qualidade de vida dos trabalhadores, a resistência voltada para as práticas capitalistas; a mercantilização dos discursos críticos sobre o capitalismo; a justiça social tomada como um produto; as críticas sobre os privilégios de determinadas classes sociais ao longo da história. A maioria das representações critica os efeitos do capitalismo sobre as classes sociais mais desfavorecidas, concentrando-se especificamente na melhoria das diferentes políticas socioeconômicas em relação à força de trabalho proletária;

(d) Orientação política: selecionamos memes que representam a combinação de várias práticas preconceituosas de pessoas conservadoras; memes ilustrando os jovens chegando à idade de votar e tendo apenas más opções; países sendo considerados como uma democracia apenas porque o presidente afirmou esse posicionamento; memes satirizando a prática de não ensinar os direitos das pessoas nas escolas para facilitar que os líderes políticos as enganem; jovens estereotipados como aqueles que não se importam com política; comparações entre cenários políticos fictícios e reais; memes satirizando personalidades políticas conhecidas por suas ações não-democráticas como sendo aqueles que amam a democracia. Na figura 3, trazemos exemplos dos memes selecionados nas quatro categorias:

Fonte: imagens organizadas pelos autores (2022)

Figura 3 memes representando questões sociais 

Temos, na figura 3, alguns dos memes selecionados por meio de motores de busca. A primeira categoria, denominada raça, mostra um meme em que um policial branco é representado sorrindo para uma situação envolvendo um homem negro. A primeira frase causa certas expectativas, especialmente quando se trata de negros, uma vez que as abordagens agressivas da polícia a eles são comuns na sociedade. Quando a justificativa do policial é revelada, há uma quebra de expectativa em relação ao racismo, uma vez que o policial justifica que ele avisou o homem negro que ele havia deixado seu café no teto do carro. Esse exemplo mostra como a violência policial contra os negros acaba sendo naturalizada e se torna a primeira expectativa em vários contextos.

A segunda categoria, gênero, mostra um homem que exige não ter sua fala interrompida porque se sente legitimado a ensinar igualdade de gênero a mulheres. Esse exemplo pode ser entendido como uma crítica a uma perspectiva comum de descrédito da autoridade das mulheres para falarem sobre suas experiências. A abordagem irônica é ilustrada quando se diz que o homem estava tentando explicar sobre igualdade de gênero ao assumir a voz das mulheres. Portanto, além de fazer um discurso de autoridade para as mulheres, o homem está tentando ensinar igualdade de gênero àquelas que sofrem os efeitos de uma sociedade patriarcal na vida cotidiana.

A terceira categoria, denominada classe social, expõe uma foto tirada pelo sociólogo e fotógrafo Lewis Hine, na qual ele ilustra a exploração da força de trabalho infantil nas fábricas americanas no início do século XX. A oração "começo a suspeitar que o capitalismo não regulamentado não tem restrições morais", na figura 3, mostra que as crianças não tinham tempo para perceber que eram exploradas naquela época. A situação retratada no meme pode ser analisada através de uma perspectiva histórica, uma vez que, atualmente, as crianças têm sido resguardadas por leis que garantem seus direitos à educação e à saúde. Entretanto, mesmo que a História nos tenha mostrado a existência da exploração de crianças, observamos concepções que negam os direitos das crianças. Levando esses aspectos em consideração, os professores podem ilustrar que as questões de classe social ainda são abordadas por meio de acepções predatórias.

A quarta categoria, orientação política, traz um meme em que realidade e ficção são misturadas. O aparecimento de uma personagem da saga Star Wars, o autoproclamado imperador Palpatino - conhecido por ter sido o último chanceler da República Galáctica, o Lorde dos Siths, e o governante mais assassino e autoritário - foi atrelado à imagem do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. A edição foi voltada para a concepção de que Bolsonaro foi considerado o presidente mais impopular ao fim do primeiro ano de governo desde o movimento da redemocratização, especialmente por causa de seus constantes impulsos autoritários. Ao comparar Palpatine e Bolsonaro, a edição fotográfica pretende afirmar que ambos podem ter concepções similares em relação à democracia e à república.

Na próxima seção, apresentamos e discutimos uma sequência didática baseada na perspectiva da leitura crítica, tratando sobre o acolhimento de atitudes antirracistas por meio do uso de memes da internet em sala de aula. Além disso, objetivamos propor atividades focadas em uma visão ampliada acerca dos memes, levando em consideração o trabalho com remixes em vídeo entendidos como exemplos de memes.

Memes em práticas de sala de aula

Intitulada I have a dream, a seguinte sequência didática foi pensada para ser aplicada durante 10 aulas com duração de 50 minutos cada. As atividades propostas são mediadas por meio da leitura de textos aliada à produção de memes e remixes em vídeo. O objetivo é problematizar algumas representações racistas difundidas na grande mídia através de atividades pedagógicas que proporcionem uma análise crítica das questões sociais. Da primeira à quinta aula, os alunos interagem com textos que abordam questões de racismo e antirracismo na sociedade; e da sexta à décima aula, eles são motivados a desenvolver textos relativos aos temas abordados, assim como exposto no quadro a seguir:

Quadro 1 I have a dream 

Aula 1 1) O professor exibe oito anúncios sobre questões sociais.
2) Os alunos se reúnem em grupos para discutir as seguintes questões: (a) Como você se sente em relação ao vídeo? (b) Há alguma coisa no vídeo que incomoda você? Em caso positivo, do que se trata? (c) O vídeo influenciaria você a comprar o produto ou não? Por que o vídeo influenciaria ou não? (d) Identidades diferentes influenciam a maneira como as pessoas interpretam essas propagandas?
Aula 2 1) Os alunos compartilham suas respostas sobre as perguntas propostas na última aula.
2) Os alunos leem o texto intitulado Being Antiracist e o discutem com base nas seguintes perguntas: (a) Existem relações entre os vídeos e o texto mencionado? (b) Quais são as relações entre eles? (c) O que eles têm em comum? (d) Você já ouviu falar sobre esses diferentes tipos de racismo mencionados no texto? (e) Quais são as diferenças entre eles? (f) Você considera importante compreender as diferenças entre eles? Por quê?
4) Os estudantes leem o texto intitulado Anti-Racism Defined em grupos e respondem as seguintes perguntas: (a) Você já ouviu o termo antirracismo? (b) Qual é a diferença entre racismo e antirracismo?
5) Em grupos, os alunos trabalham na produção de remixes de vídeo que problematizam anúncios racistas baseados em uma abordagem antirracista.
Aula 3 1) Os alunos apresentam uma proposta de remixagem de vídeo, e o professor faz comentários e sugestões sobre ela. Os alunos são convidados a entregar um plano na quinta aula.
2) Cada grupo recebe oito memes e algumas perguntas: (a) Esses memes são (anti)racistas? Por quê? Por que não? (b) Como podemos identificar quando um texto é (anti)racista?
3) Os alunos são solicitados a produzir um rascunho de um meme antirracista com base nos textos utilizados na aula anterior.
Aula 4 1) Os alunos apresentam o rascunho produzido na aula anterior e o professor solicita uma versão revisada na sexta aula.
2) O professor pode fazer estas perguntas: (a) Como cidadãos, o que podemos fazer para lutar contra o racismo? (b) Por que é tão importante para todos nós assumirmos a responsabilidade de lutar contra o racismo? (c) O que devemos aprender com os ativistas antirracistas?
3) O professor propõe uma leitura em grupo do texto intitulado What does it mean to be an anti-racist human rights defender?, e, depois, apresenta as seguintes perguntas: (a) Existe algum risco para as pessoas que lutam contra o racismo? (b) Como podemos ajudar as pessoas que são atacadas por racistas? (c) Como podemos ajudar as pessoas que são racistas a se darem conta disso?
Aula 5 1) Os alunos entregam um plano de ação para desenvolver a produção de um remix de vídeo com base na orientação do professor.
2) O professor poderia fazer as seguintes perguntas aos alunos: (a) O que você sabe sobre como fazer entrevistas? (b) Que estratégias você aplicaria para fazer isso? (c) Que responsabilidades devemos assumir ao entrevistar alguém?
3) Os alunos leem e discutem o texto intitulado The Difference between Structured, Unstructured & Semi-Structured Interviews (POLLOCK, 2019). Em grupos, os estudantes são solicitados a criar um plano de entrevista sobre experiências de racismo a ser aplicado com parentes ou amigos. A entrevista deve ser desenvolvida em português, gravada e transcrita para a aula seguinte.
Aula 6 1) Os alunos entregam uma versão revisada do plano de entrevista e o professor pede uma versão preliminar do remix de vídeo;
2) Discutir sobre a versão preliminar dos memes; 3) Os alunos trabalham em grupos para traduzir as entrevistas transcritas para o inglês e preparar uma apresentação dos trechos destacados.
Aula 7 1) Em grupos, os alunos apresentam os pontos destacados nas entrevistas e oferecem a oportunidade para que seus colegas de turma façam comentários sobre as suas produções;
2) Na aula seguinte, os alunos devem entregar a versão transcrita das entrevistas.
Aula 8 1) Apresentar as versões preliminares dos vídeos. O professor e os colegas de turma fazem sugestões e comentários sobre as produções;
2) Os alunos devem entregar as entrevistas transcritas;
3) Preparar os grupos para apresentar sua produção na aula seguinte aos alunos de outras turmas. Organizar os grupos para a assessoria final na nona aula.
Aula 9 1) Discussões finais e preparação para a apresentação;
Aula 10 1) Os grupos comentam brevemente sobre o processo de produção, e exibem seus vídeos e memes para a turma;
3) O professor entrega uma folha de papel com perguntas para os alunos avaliarem as produções dos colegas de classe e comentarem as apresentações.

Fonte: elaborado pelos autores

As atividades propostas no Quadro 1 não são receitas a serem seguidas, uma vez que as realidades educacionais variam de acordo com as posições sociais que os estudantes e professores ocupam no mundo. Por outro lado, o que pretendemos apresentar, neste texto, é o exercício de questionar e duvidar de concepções, leituras e pensamentos. Esse exercício, baseado em uma perspectiva do Letramento Crítico (MENEZES DE SOUZA, 2019; LUKE, 2012), oferece aos professores e alunos a oportunidade de rever questões sociais que eles tomam como estáveis. Assim, de acordo com essa abordagem, os alunos são encorajados a analisar suas próprias realidades antes de levarem em conta as realidades dos outros.

A produção de vídeos e memes - os elementos principais desta proposta de sequência didática - pode ser desenvolvida por meio dos princípios da remixagem para, segundo Glăveanu, Saint-Laurent e Literat (2018), subverter imagens dos principais meios de comunicação. Burwell (2018) afirma que essas práticas de remixagem fazem as pessoas repensarem narrativas e personagens, o que exige a capacidade de ler nas entrelinhas e propor modificações que diferem da obra original. Além disso, os professores podem usar os princípios do Letramento Crítico, uma vez que os memes permitem a reapropriação e a ressignificação dos discursos.

Essa perspectiva se justifica, ainda, porque Luke (2012, p. 5, tradução nossa) afirma que o Letramento Crítico tende "[...] a analisar, criticar e transformar as normas, sistemas de regras e práticas que regem os campos sociais da vida cotidiana [...]". Assim, por meio das atividades propostas neste artigo, abordamos a prática da leitura crítica, analisando nossas próprias atitudes, bem como as de outras pessoas. Como argumenta Menezes de Souza (2019), ler criticamente significa analisar nossas ideias e concepções, ou seja, a compreensão da leitura como um processo de construção de sentidos.

Considerações finais

Neste artigo, apresentamos um panorama acerca das teorias relativas aos memes e aos memes da internet. Em seguida, discutimos concepções sobre leitura crítica e justiça social e como essas questões podem ser abordadas na Educação em Língua Inglesa usando memes da internet. Depois disso, apresentamos e analisamos uma pesquisa documental em que selecionamos e organizamos memes em quatro categorias: raça, gênero, classe social e orientação política. Finalmente, descrevemos e analisamos uma sequência didática, intitulada I have a dream, na qual propusemos atividades para o uso de memes da internet em aulas de língua inglesa com o objetivo de promover análises críticas.

Ao levantarmos artigos para identificar como os memes têm sido abordados no ensino de línguas, descobrimos que os usos desses textos multimodais não são consensuais em termos de prática de sala de aula. Consideramos esse um aspecto relevante nos dias de hoje, especialmente porque os sentidos são construídos com base em questões sociais que variam de acordo com diferentes realidades. Levando essas perspectivas variadas projetadas pelos autores nos cenários de sala de aula, ponderamos que os professores tendem a planejar o uso de memes considerando seus objetivos de ensino, bem como os conceitos que eles criam e/ou acolhem em relação ao que eles entendem por língua.

Baseados nessa noção de aprendizagem e ensino contextualizados de língua, defendemos que propostas pensadas para a sala de aula, como esta que apresentamos neste artigo, devem ser consideradas e analisadas com base nos objetivos que os autores apontaram. Assim, objetivamos reunir perspectivas que diferem umas das outras para afirmar que, dependendo da nossa posição no mundo, entenderemos a língua, a aprendizagem e o ensino de maneiras divergentes. É por isso que percebemos a relevância do papel dos alunos nos processos de decisão em sala de aula, principalmente neste período atual de culturas colaborativas, multimodais e participativas.

A ideia de implementar a “diferença” como um conceito a ser colocado em prática na Educação é um mecanismo que ajuda a quebrar injustiças. Nossa principal intenção, então, foi apresentar memes como recursos para criticar e revelar questões sociais que foram trazidas à tona graças a perspectivas críticas que começaram a perceber a Educação como uma arena de ideologias. Assim, uma vez que professores, estudantes e pessoas em geral não são seres neutros, devemos analisar quais mecanismos e públicos temos legitimado na sociedade, e se tal legitimidade valida o alcance da justiça social. Ao fazer isso, ajudamos a garantir a Educação como um veículo de promoção da equidade no mundo.

Mais uma vez, porém, ponderamos que não pretendemos oferecer receitas ou modelos de aprendizagem e ensino de línguas. Nosso plano foi propor atividades em sala de aula por meio de memes que pudessem fazer com que os professores considerassem se as suas aulas estão servindo a algum mecanismo de justiça social ou não. Nossas análises apontaram que os memes da internet são recursos potenciais para desenvolver a consciência crítica na Educação, especialmente quando as línguas são vistas como veículos de construção de sentidos. Além disso, os memes da internet podem ser criados e editados através de múltiplas modalidades, o que reforça seu potencial de retratar diferentes identidades e diversas realidades sociais. Com base nos elementos que emergiram durante o processo de análise, acreditamos que os memes da internet podem auxiliar os professores a explorar questões sociais, uma vez que são vistos como recursos para a construção de sentidos e a crítica.

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SOBRE OS AUTORES

1Este artigo foi parcialmente financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq) por meio do financiamento PIBIC-PVD8320-2019. Agradecemos, também, a Matheus Ferreira de Jesus por seu esforço e compromisso durante a pesquisa documental. As declarações aqui feitas são de responsabilidade exclusiva dos autores.

SOBRE OS AUTORES

5Emanuelle Silveira Nunes Barros. Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Membro do Grupo TECLA. Bolsista CAPES de Mestrado. Contribuição de autoria: escrita e revisão do texto - E-mail: manusnb@academico.ufs.br

6SANTOS, Jefferson do Carmo Andrade; BOA SORTE, Paulo; BARROS, Emanuelle Silveira Nunes. Leitura crítica de memes da internet em aulas de língua inglesa. Revista Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 18, n. 49, 2022. DOI: 10.22481/praxisedu.v18i49.11095

2This article was partially financed by The Brazilian National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), grant PIBIC-PVD8320-2019. We also thank Matheus Ferreira de Jesus for his effort and commitment during the documentary research. The statements made herein are solely the responsibility of the authors.

Recebido: 18 de Julho de 2022; Aceito: 29 de Setembro de 2022

Jefferson do Carmo Andrade Santos. Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Membro do Grupo de Pesquisa TECLA. Bolsista CAPES de Doutorado. Contribuição de autoria: escrita e revisão do texto - E-mail: jeffersonandrade06@hotmail.com

Paulo Boa Sorte. Doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP. Professor Associado na Universidade Federal de Sergipe. Líder do Grupo de Pesquisa TECLA. Contribuição de autoria: escrita e revisão do texto - E-mail: pauloboasorte@academico.ufs.br

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