SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.23 número especial 2Religião, ética e educação: experiências e vivências do Quilombo do Mel da Pedreira no AmapáA inserção dos Programas de Pós-Graduação em Teologia no sistema Capes: consequências para o campo índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Conjectura: Filosofia e Educação

versión impresa ISSN 0103-1457versión On-line ISSN 2178-4612

Conjectura: filos. e Educ. vol.23 no.spe2 Caxias do Sul  2018  Epub 29-Ago-2019

https://doi.org/10.18226/21784612.v23.especial.5 

Dossiê Educação, Ética e Religião

Dimensões pedagógicas da religiosidade e proteção ao uso de drogas na adolescência: um estudo de caso

Pedagogical dimensions of religiosity and protection of drug use in adolescence: a case study

Evaldo Luís Pauly* 

Cristine Gabriela de Campos Flores** 

*Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre e graduado em Teologia pela Escola Superior de Teologia (EST) São Leopoldo – RS. Professor Permanente no PPG em Educação da Universidade La Salle de Canoas – RS. : evaldo.pauly@unilasalle.edu.br

**Doutoranda peloo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle – Canoas, como bolsista de dedicação exclusiva da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs). Mestre em Educação pelo Centro Universitário La Salle. : cristinegabriela@gmail.com


RESUMO

Resumo

Existem diversos estudos que indicam os fatores de risco relacionados ao uso de drogas, entre eles, está a adolescência, considerada o período de maior vulnerabilidade. No entanto, pesquisas atuais estão interessadas em conhecer os fatores promotores de saúde e proteção, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de comportamentos de risco, mesmo em situações de vulnerabilidade. Nessa perspectiva, a religiosidade vem sendo identificada como fator protetor ao uso de drogas; mas, apesar disso, pouco se sabe sobre os mecanismos causais desse importante fenômeno. Este artigo apresenta uma pesquisa que investigou as dimensões pedagógicas das práticas religiosas de um grupo de adolescentes pertencentes a uma Igreja Evangélica do Município de Canoas – RS, que atua na proteção ao uso de drogas na adolescência. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis jovens que atuam como líderes do grupo de adolescentes da instituição religiosa participante da pesquisa. Esse contexto caracteriza a pesquisa como um estudo de caso. Para a análise dos dados, utilizaram-se os princípios da grounded-theory, ou teoria fundamentada nos dados. Dessa forma, foram observadas quatro dimensões pedagógicas nas práticas religiosas do grupo participante da pesquisa, que poderiam atuar de maneira protetiva ao uso de drogas na adolescência. São elas: educação ao apoio social; educação à autorregulação; educação ao entretenimento consciente; e educação à espiritualidade. Os resultados da pesquisa apontam à relevância do tema para a saúde pública e a possibilidade de inserção das dimensões pedagógicas, encontradas nesse contexto religioso, em programas educativos de prevenção ao uso de drogas na adolescência.

Palavras-chave:  Religiosidade; Educação; Drogas; Adolescência; Proteção ao uso de drogas

ABSTRACT

Abstract

There are several studies that indicate the risk factors related to drug use, among them is adolescence, considered a period of greater vulnerability. However, the current research is interested in knowing the factors promoting health and protection, with the aim of preventing the development of risk behaviors, even in situations of vulnerability. In this perspective, religiosity has been identified as a protective factor for drug use; but, despite this, little is known about the causal mechanisms of this important phenomenon. This article presents a research that seeks to investigate the pedagogical dimensions of the religious practices of a group of adolescents belonging to an Evangelical Church in the city of Canoas – Rio Grande do Sul – Brazil, which act to protect adolescents from drug use. For this, semi-structured interviews were conducted with six young people who act as leaders of the group of adolescents of the religious institution participating in the research. This context characterizes the research as a case study. For the analysis of the data, the principles of grounded-theory, or theory based on the data, were used. Thus, four pedagogical dimensions were observed in the religious practices of the group participating in the research, which could act in a protective manner to the use of drugs during adolescence. They are: education for social support; education for self-regulation; education for conscious entertainment; and education for spirituality. The research results point to the relevance of the theme to public health and to the possibility of inserting the pedagogical dimensions, found in this religious context, into educational programs to prevent drug use in adolescence.

Keywords:  Religiosity; Education; Drugs; Adolescence; Protection to the use of drugs

Introdução

Devido ao processo natural de maturação biológica, social e psicológica, a adolescência1 é um período complexo na vida do ser humano. Nessa fase, o indivíduo inicia a construção de sua identidade e, para isso, normalmente, afasta-se dos pais e/ou cuidadores e busca aceitação em um grupo de amigos. Também é na adolescência que o sujeito passa a explorar situações novas, começa a tomar algumas decisões sem interferência de um adulto e conquista maior liberdade para ir e vir. A imaturidade, inerente a essa fase de aprendizado, aliada à abertura à influência do meio externo, torna os adolescentes mais vulneráveis à iniciação ou ao ingresso no consumo de drogas.2

O uso de drogas por adolescentes viola o direito promulgado no art.7º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), qual seja, “o direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam” ao adolescente desenvolver-se “em condições dignas de existência”, princípio reforçado pelo art. 19, que estabelece o direito de o adolescente usufruir da “convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes”. Essas garantias sociais merecem, por óbvio, atenção tanto das políticas públicas de garantia de direitos da infância e adolescência, especialmente, das políticas educacionais.

O art. 81 do ECA proíbe “a venda à criança ou ao adolescente”, entre outros, “de bebidas alcoólicas” e de “produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica”. O art. 243 reforça a proibição, configurando como crime punível com penas que variam de dois a quatro anos de prisão a quem “vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar” para menores de idade “produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida”.

Essas proibições e a respectiva penalização não impedem que crianças e adolescentes consumam tais produtos. O V Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), em parceria com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Cebrid/Unifesp), revelou um cenário preocupante: o início precoce do uso de drogas lícitas e ilícitas. No documento, o então Secretário Nacional Antidrogas, Paulo Roberto Yog de Miranda Uchôa, defendeu a necessidade de

criar políticas e propor ações de fiscalização efetivas que assegurem o cumprimento da legislação, bem como programas de prevenção e tratamento do uso de drogas por meio de articulações intersetoriais e de forma descentralizada com uma visão realista, e não idealizada. (GALDURÓZ et al., 2004, p. 8).

Nesse contexto, a pesquisa de Sanchez, Oliveira e Nappo (2004) sobre os fatores protetores contra o uso de drogas, apresenta a religiosidade como um poderoso fator preventivo-primário, ou seja, a religiosidade protege o jovem de iniciar o consumo de drogas. Em suas conclusões, as autoras consideraram a possibilidade de introdução da espiritualidade em programas educativos de prevenção.

Dessa forma, a pesquisa que é apresentada no presente artigo teve como objetivo investigar as dimensões pedagógicas das práticas religiosas de um grupo de adolescentes pertencentes a uma Igreja Evangélica do Município de Canoas - RS, que atua na proteção ao uso de drogas na adolescência. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis jovens, com idades entre 17 e 23 anos, que exercem função de liderança nesse grupo de adolescentes. Os participantes da pesquisa atuam no planejamento e na execução de atividades eclesiais voltadas aos adolescentes e são membros do grupo de jovens da Igreja investigada.

Metodologia

Diante do objetivo desta pesquisa, definiu-se como metodologia a pesquisa qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com seis jovens, membros do Movimento Evangélico de Renovação (Mover), uma Igreja Evangélica criada e organizada, inicialmente, no Município de Canoas - RS. Esse contexto caracteriza a pesquisa como um estudo de caso.

Amostra

A amostragem em pesquisa qualitativa não se detém no critério numérico; antes, se preocupa com a capacidade dessa de contribuir para a compreensão do fenômeno investigado. Dessa forma, em estudos qualitativos, são utilizadas amostras intencionais, ou seja, são selecionados participantes ricos em informações acerca do fenômeno que o investigador pretende compreender. Por isso, definiram-se, previamente, alguns critérios para a seleção dos participantes desta pesquisa. Os critérios de inclusão foram: ser membro do Mover; exercer alguma função de liderança no grupo de adolescentes da congregação-sede; e ter entre 12 e 25 anos. Esse recorte está pautado pela relevância de ouvir jovens que, além de participarem das atividades da Rede Jovem, também se envolverem no planejamento e na execução de atividades voltadas aos adolescentes. Além disso, os participantes deveriam assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no caso dos jovens com idade superior a 18 anos. Os jovens menores deveriam assinar o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (Tale),e seu responsável, o TCLE.

Seis jovens que atendiam aos critérios de inclusão aceitaram participar de forma voluntária, sendo três (50%) do sexo masculino e três (50%) do sexo feminino.

Coleta de dados

Para a coleta dos dados, optou-se pela entrevista semiestruturada, o que contempla questões norteadoras previamente padronizadas, formuladas a partir do referencial teórico do estudo. Contudo, tal estrutura não foi aplicada rigidamente, pois outras questões emergiram durante o diálogo com os participantes. De forma geral, as perguntas versaram sobre a vivência dos jovens tanto nas atividades religiosas como em outras atividades sociais; seu papel como líder dos adolescentes; sua percepção a respeito do tema drogas; dados sociodemográficos que buscaram o conhecimento da condição financeiro-cultural e social dos participantes. No total, a entrevista apresentou cinco tópicos centrais, conforme descritos a seguir, divididos em 30 questões: a) dados sociodemográficos: informações referentes à condição financeiro- cultural e social dos participantes; b) perfil religioso: crenças e práticas religiosas dos participantes e de suas famílias; c) perfil social: atividades sociais dos participantes, tais como grupo de amigos, principais atividades de lazer e relação com seus familiares; d) prática como líder: visão dos participantes sobre seu papel de líder do grupo de adolescentes; e e) percepção sobre o uso de drogas por adolescentes: hipóteses dos participantes sobre o motivo pelo qual um adolescente opta por usar drogas. Todos os jovens receberam informações gerais sobre a pesquisa e seus objetivos. As entrevistas foram gravadas com a concordância prévia dos participantes e, após, transcritas para análise.

Análise dos dados

Para análise dos dados, seguiram-se os princípios da grounded-theory ou teoria fundamentada nos dados. (STRA USS; CORBIN, 2008). Tal metodologia engloba técnicas e procedimentos que possibilitam o desenvolvimento de uma teoria fundamentada em dados obtidos durante a pesquisa. A recomendação dos precursores da teoria fundamentada é que o pesquisador interaja com seus dados e tenha um olhar próprio sobre eles, deixando de lado, em um primeiro momento, as teorias e hipóteses previamente elaboradas sobre o tema que está pesquisando. Essa postura possibilita nova compreensão do fenômeno em estudo.

Resultados e discussão

A pesquisa partiu da hipótese de que poderiam existir dimensões pedagógicas em práticas religiosas organizadas e vivenciadas por adolescentes que podem contribuir, em alguma medida, com a prevenção do uso de drogas. Dessa forma, o objetivo da pesquisa era investigar as dimensões pedagógicas das práticas religiosas desse grupo religioso, que atua na proteção ao uso de drogas na adolescência. Durante as entrevistas, os jovens falaram sobre suas atividades sociais e religiosas, compartilharam experiências pessoais, relataram sobre como concebem e interpretam o papel de liderança desempenhado e falaram sobre suas percepções a respeito do tema drogas.

Um dado relevante à pesquisa foi a constatação de que todos os participantes afirmaram nunca terem feito uso de drogas, nem mesmo de forma experimental. A análise dos dados permitiu a compreensão de que os motivos que levaram os participantes a não consumir drogas não eram por medo da repressão eclesiástica, do castigo eterno ou por falta de oportunidade, mas porque estão protegidos. Nesse sentido, se acredita que as dimensões pedagógicas, presentes nas atividades religiosas que os jovens lideram tanto no planejamento quanto na execução e participação, justificam o fato de dizerem não às drogas. Os participantes viveram sua infância e adolescência na comunidade religiosa; por assim dizer, foram beneficiários de um atendimento pastoral. Atualmente, exercem a função de líderes e dão continuidade a esse trabalho pedagógico, que, entre outras coisas, tem, ao que tudo indica, conseguido proteger determinados adolescentes do uso de drogas.

As dimensões pedagógicas presentes nas práticas religiosas do grupo investigado

No contexto desta pesquisa, dimensão pedagógica refere-se aos processos formativos e às práticas educativas que promovem ensino e geram transformação daqueles que deles participam. Para Libâneo, as práticas educativas constituem-se em um componente integrante da atividade humana e estão presentes em todo conjunto de processos sociais dos quais o indivíduo participa. O autor define educação como “uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à nossa existência humana individual e grupal”. (2001, p. 7). Tendo em vista essa perspectiva de educação, as categorias observadas nas entrevistas permitiram identificar quatro dimensões pedagógicas nas práticas religiosas do grupo investigado: educação para o apoio social; educação para a autorregulação; educação para o entretenimento consciente; e educação para a espiritualidade. O resultado da dinâmica existente entre essas dimensões resulta, entre outras transformações da pessoa, em desenvolvimento e proteção ao uso de drogas na adolescência.

Educação para o apoio social

Os dados da pesquisa revelaram que o grupo religioso estudado mantém uma forte rede de apoio social entre seus membros. Nela, os adolescentes e jovens encontram espaço para o diálogo e constroem relações de amizade. Além disso, parecem enxergar seus líderes como verdadeiros referenciais humanos, pessoas com quem contar e a quem seguir. Sobre isso, Juliano e Yunes (2014, p. 28), dizem que “laços sociais duradouros são importantes porque fornecem ajuda em tempos de necessidade, permitindo enfrentamento e superação de momentos de crise”.

O período da adolescência é considerado como o de maior vulnerabilidade ao início do uso de drogas; por isso, manter uma rede de apoio social tem um papel fundamental para o desenvolvimento saudável do indivíduo. Nessa perspectiva, o esforço em promover espaços de diálogo é uma das características importantes do grupo investigado. Tendo em vista que, devido ao conflito geracional, os adolescentes talvez não se sintam confortáveis para dialogar com seus pais e/ou familiares sobre suas dúvidas e problemas, torna-se prudente permitir-lhes que encontrem um espaço com pessoas dispostas e preparadas para escutá-los e auxiliá-los na superação individual e grupal dos desafios dessa etapa do desenvolvimento humano. Quando os participantes da pesquisa foram questionados sobre quem procuram quando estão em alguma situação de conflito ou dúvidas sobre a vida, afirmaram que costumam recorrer a membros do grupo de jovens ou da Igreja.

Ttem uma pessoa aqui da igreja que eu confio muito, hoje ela nem é da Mover-Sede, ela é da Mover Sertão Santana, que quando eu tenho algum problema, alguma coisa, eu sei que eu sempre posso correr pra ela. (Participante 1).

Eu tento falar com o I. (pastor dos jovens) que é um cara assim que me ajudou bastante em vários momentos da minha vida, então eu sempre tento compartilhar com ele. (Participante 5).

Da mesma forma, esses jovens que encontram apoio em pessoas vinculadas ao grupo religioso, procuram apoiar e dialogar com os adolescentes que lideram, como pode ser observado nas falas abaixo:

Eles têm total liberdade para vir até nós, a gente conversa sobre qualquer coisa sempre. Então, se algum adolescente tivesse qualquer dúvida e viesse até nós, a gente conversaria sobre isso sem nenhum problema. (Participante1).

Eu tô ali pra ajudar alguém, que tipo... não quer compartilhar algo pra todo mundo, mas queira conversar. (Participante 4).

A forma como os participantes encaram seu papel na liderança do grupo de adolescentes também é um dado relevante, pois, segundo Juliano e Yunes (2014, p. 30), “a força e a manutenção de uma rede de apoio social e afetiva eficaz e efetiva dependem da motivação de seus membros, da qualidade dos vínculos estabelecidos, do contentamento recíproco da habilidade social e necessidade da relação dos seus integrantes”. Os jovens declararam-se comprometidos e dedicados à sua função. As atividades são planejadas com antecedência e são constantemente avaliadas, de modo que possam ser aperfeiçoadas se houver necessidade. Outra característica observada nesses jovens foi o interesse em servir de referencial humano aos adolescentes que lideram.

Eles têm uma visão de nós assim muito... como alguém que eu quero ser. Então, eu sempre cuido bastante o que eu vou falar, o que eu vou ensinar, porque isso pode influenciar no que eles vão querer fazer. Alguns dizem: “Eu quero fazer o mesmo curso que tu”, “Eu quero ter o mesmo ministério que tu”, “Eu te vejo e te acho um cara legal”. E eles procuram buscar ser quem tu é, então acredito que esse é maior principal papel influenciar eles assim, com nosso bom testemunho e dar o caminho que eles têm que seguir. (Participante 5).

A postura dos líderes em demonstrar e efetivamente exercitar o seu interesse pela vida dos adolescentes, sua disponibilidade para o diálogo e a convivência com esses parecem indicar as disposições pedagógicas necessárias para a sustentação da rede de apoio. Para Juliano e Yunes

construir e consolidar redes são processos intimamente ligados à convivência. Conviver com outros seres humanos significa interagir de forma recíproca, a partir de trocas, principalmente afetivas, que possibilitam o desenvolvimento na diversidade de papéis, alteração e equilíbrio de poder, conjunção de olhares, contato físico, respeito mútuo, entre outros elementos a depender da situação. (2014, p. 137).

As relações de amizade e a formação de um grupo de amigos fazem parte da adolescência, vista como etapa do desenvolvimento humano. Participar de um grupo de amigos que não seja de usuários de drogas ou que não apresente comportamentos de risco é um dos fatores que permite ao adolescente prevenir-se quanto ao uso de drogas. As falas dos participantes apontaram à existência de vínculos sólidos de amizade entre jovens e adolescentes, membros do grupo.

Todos os meus amigos estão aqui né, tudo o que eu faço é com eles.(Participante 2).

A grande maioria dos meus amigos, os que permanecem até hoje, são realmente os amigos da igreja e normalmente quando eu saio é com o pessoal da igreja. (Participante 6).

A construção e a manutenção da rede de apoio observadas no grupo investigado vão de encontro ao que Bauman denomina de vida líquida, própria dos habitantes de uma sociedade líquido-moderna. Para o autor, vive-se em uma sociedade de mudanças rápidas e constantes, marcada por sucessivos finais e reinícios. Em uma sociedade líquida, nada é duradouro ou sólido, tudo é descartável, inclusive os modelos de sociabilidade. O autor assim define os indivíduos de vida líquida, porque estabelecem “ligações frouxas e compromissos revogáveis [que] são os preceitos que orientam tudo aquilo em que se engajam e a que se apegam”. (2009, p.11). Nesse contexto, a atratividade nas redes de relacionamentos virtuais está na comodidade de se conectar e desconectar, pois, em uma sociedade líquida, as redes de pertencimento social também podem ser provisórias. (JULIANO, 2014). Em uma sociedade com as características anunciadas por Bauman (2009), como o grupo de jovens da Igreja do Mover consegue manter sua rede de apoio? Os dados da pesquisa permitiram entender que tal rede foi construída e é mantida por meio de um trabalho essencialmente educativo. Ficou claro, no discurso dos participantes, que a abertura ao apoio e a disponibilidade em apoiar são características cultivadas pelos membros mais experientes e ensinadas aos mais jovens.

Educação para a autorregulação

A segunda dimensão pedagógica presente nas práticas religiosas do grupo investigado diz respeito aos princípios de moderação identificados no discurso dos participantes. Tais princípios orientam sua vida, como uma bússola guia um viajante e têm como base: o código de conduta compartilhado pelos membros do grupo e a valorização de um estilo de vida constante e vigilante, dentro e fora do ambiente religioso.

Durante as entrevistas, os participantes definiram determinados comportamentos e atitudes como certos ou errados com relevante firmeza. A seguir, as Figuras 1 e 2 apresentam algumas atitudes classificadas como erradas ou certas de acordo com o código de conduta dos participantes.

Fonte: Elaborada pelos autores, 2015.

Figura 1 – Atitudes erradas 

Fonte: Elaborada pelos autores, 2015.

Figura 2 – Atitudes certas 

Os princípios de moderação influenciam no comportamento dos membros, mesmo fora do ambiente religioso, como, por exemplo, quando o adolescente necessita tomar a decisão de não experimentar drogas, mesmo que seus colegas de escola estejam pressionando, como pode ser observado na fala:

Eu recebo proposta de ir pra festas, usar drogas e ter relações com outras meninas e eu procuro sempre me manter focado assim... dizer não. Eu sei que é uma coisa que é prazerosa no momento, mas, depois, não vai ser o melhor caminho. (Participante 5).

Sobre essa temática, Marques, Cerqueira-Santos e Dell’Aglio afirmam que

a religião pode, então, influenciar a vida das pessoas de forma multifatorial, sendo que a formação de uma rede social e a consolidação de normas morais devem estar presentes. Tais normas se desenvolvem no sentido de ditar valores sobre o que é certo ou errado, bom ou ruim, bem ou mal, digno ou indigno, etc., os quais orientam e motivam as ações humanas. Tais valores, portanto, direcionam a maneira como os desejos humanos podem ser julgados e guiados para caminhos tidos como positivos. (2011, p. 90).

Essa capacidade de julgar e direcionar os desejos humanos para caminhos positivos pode ser denominada de senso de autorregulação. Castillo e Dias (2009, p. 207) definem autorregulação como o “processo em que o indivíduo assume um papel ativo na construção do seu destino, através da ativação, monitoração, inibição, preservação e adaptação do comportamento, emoções e estratégias cognitivas para alcançar objetivos desejados”. A análise dos dados produzidos pelas entrevistas permitiu observar que o trabalho pedagógico desenvolvido pelo grupo estudado estimula o adolescente a refletir sobre suas ações antes de executá-las, devido às consequências que seu comportamento e suas atitudes podem trazer à sua vida, desenvolvendo, assim, uma educação à autorregulação.

Educação para o entretenimento consciente

O conceito de diversão que o grupo investigado sustenta está pautado pela ideia de que existem formas erradas e/ou nocivas e formas corretas e/ ou saudáveis de se divertir. Na análise das entrevistas, observou-se que os participantes evitam lugares ou ambientes facilitadores ou estimulantes de comportamentos considerados errados pelo grupo, como, por exemplo, consumir bebidas alcoólicas e drogas. Fica evidente que o conceito de diversão também está submetido aos princípios de moderação já apresentados, como constam nas falas da participante 3, quando compara o comportamento dos seus colegas de trabalho com o de seu grupo de amigos, e da participante 6, ao narrar algumas observações que seus colegas de trabalho costumam fazer em relação ao seu comportamento.

A escolha deles é final de semana sair para beber, pra eles isso é diversão, pra nós aqui é sair pra comer. (Participante 3).

Eles dizem aquela coisa assim: “Ah, tu não é um crente careta! Aquela pessoa careta em tudo que faz”, “Tu te diverte também, mas tu não fala palavrão, tu não fica!”, porque eu nunca “fiquei” nem na época da escola, nem na faculdade, tenho meu noivo e sou fiel a ele. Não bebo, nunca fumei. (Participante 5).

Na fala de alguns jovens, compreendeu-se que, embora saibam que as drogas podem proporcionar prazer, preferem, conscientemente, preservar sua saúde e consideram importante manter fidelidade às suas crenças e ao seu grupo. Para Schenker e Minayo (2005, p. 709), os adolescentes que utilizam drogas estão em busca de prazer e calculam valer a pena correr riscos para alcançá-lo. De acordo com as autoras, “um adolescente que usa maconha, em princípio, busca prazer e não dor e sofrimento. Em geral, está à cata de extroversão, prazer, novas sensações, compartilhamento grupal, diferenciação, autonomia e independência em relação à família, dentre outros efeitos”.

Schenker e Minayo também afirmam que os profissionais atuantes em programas de prevenção às drogas costumam não abordar o lado prazeroso das drogas, focam apenas em suas consequências negativas; dessa forma, não desenvolvem a compreensão ampla do fenômeno. As autoras defendem que “uma preocupação básica da educação para a saúde seria, pois, discutir com os adolescentes os riscos associados aos comportamentos nos quais se engajam, mas tendo o cuidado de não desconhecer o lado prazeroso desse engajamento”. (2005, p. 709).

O conceito de diversão dos jovens e adolescentes da Igreja do Mover permite analisar a relevância de uma educação para um entretenimento consciente. Embora se questione se o simples fato de frequentar casas noturnas se enquadra como comportamento de risco, é mister que os adolescentes compreendam que algo que possa lhes fazer mal não deve ser considerado divertido. Apesar de não realizarem atividades que normalmente fazem parte dessa etapa da vida, como ir a festas em casas noturnas ou se envolver em relacionamentos amorosos sem compromissos e profundidade afetiva, os participantes possuem atividades de entretenimento e relataram programar atividades divertidas para os adolescentes que lideram, como passear com os amigos, acampar, praticar esportes, namorar e se envolver em práticas musicais.

A maioria das atividades de entretenimento citadas pelos participantes acontece dentro do ambiente religioso e geralmente é acompanhada por algum adulto responsável, especialmente no caso de adolescentes. Essa característica do grupo faz refletir sobre a importância de haver espaços para que adolescentes e jovens possam desfrutar de momentos de extroversão e lazer, de novas experiências, convivência com grupo de amigos e independência dos pais em segurança. Apenas instruir os adolescentes a não desfrutarem do prazer das drogas e não lhes oferecer outras opções de diversão prazerosa pode ser uma abordagem pouco eficaz.

Educação para a espiritualidade

Diversos estudos citam a espiritualidade como um fator de proteção ao uso de drogas na adolescência. Além disso, o direito ao desenvolvimento espiritual está especificado e garantido no art. 3º do ECA: “Garante-se à criança e ao adolescente todas as oportunidades e facilidades” para que possam desenv olver, entre outras dimensões da vida humana, a espiritualidade. Mas como podemos compreender a educação para a espiritualidade? E quem, de fato, pode e deve assumir essa responsabilidade para com esse direito específico de crianças e adolescentes?

Nesse sentido, a pesquisa revelou algumas características e manifestações das experiências de espiritualidade vivenciadas pelos jovens participantes da pesquisa. Além disso, o processo de análise dos dados permitiu observar como as práticas religiosas dos jovens lhes oportunizou e facilitou o desenvolvimento da espiritualidade; em outras palavras, como a instituição religiosa dos jovens promove, à sua maneira, educação para a espiritualidade?

Durante a análise dos dados, constatou-se que as crenças, a maneira de compreender o mundo e as experiências de contato com o sagrado mencionadas durante as entrevistas estavam fundamentadas, principalmente, em ensinamentos bíblicos. A valorização da existência humana, a satisfação com a vida, a esperança e a possibilidade de relacionamento com o transcendente são constructos elaborados pelos membros do grupo a partir do estudo e da transmissão de mensagens e preceitos do livro sagrado dos cristãos. A interpretação e a compreensão desses ensinamentos produzem sentido e significam positivamente a vida dos participantes da pesquisa, como pode ser verificado no seguinte trecho da fala do participante 5:

A gente aprende aqui (igreja) a ser satisfeito em Deus, sabe... Quando tu tá com os amigos bebendo, usando drogas, tu pode estar transparecendo uma coisa e quando tu chega em casa tu tá mal... E eu acredito que isso acontece muito! E hoje eu posso dizer que eu não tenho isso, eu vou chegar em casa e eu vou ter a mesma alegria porque eu tenho Jesus. (Participante 5).

Eles, por sua vez, buscam ensinar essa visão de vida aos adolescentes que lideram, dando continuidade ao trabalho de educação para a espiritualidade.

Eu espero que se tiver uma coisa, só que eles tenham que sair daqui sabendo é que em Deus eles são amados, perdoados e têm nova chance de vida, nova chance de sonhos, de um futuro bem-sucedido. (Participante 1).

Visto isso, pode-se questionar: Qual é a relevância de uma educação para a espiritualidade? A pesquisa de Fowler apresenta reflexões importantes para esse questionamento. Fowler e seus colaboradores entrevistaram 359 pessoas, com idades entre 3 e 84 anos, entre 1972 e 1981. O objetivo era compreender o desenvolvimento da fé. Após as análises das entrevistas, o autor afirmou que seu estudo sobre o desenvolvimento da fé “confirma o julgamento de que os seres humanos são geneticamente potenciados – quer dizer – são dotados no nascimento – com prontidão para desenvolver-se na fé”. (1992, p. 248). Para o referido autor, a fé está presente potencialmente no ser humano, como algo a ser desenvolvido, e tal constructo permite ao homem atribuir significado e propósito à existência humana.

A perspectiva da educação integral também oferece subsídios para que se possa pensar na relevância da educação para a espiritualidade. Nesse sentido, a professora universitária e pesquisadora Leda Lísia Franciosi Portal (2007, p. 287) defende a construção de uma “cultura educacional ‘verdadeiramente integral’, que reconheça a inseparabilidade do corpo, mente, coração e espírito”. Em concordância com a teoria de Fowler (1992), a autora (PORTAL, 2007) considera que as pessoas não nascem com um sentido pré-concebido para a vida, mas que cada ser humano tem, em si, a capacidade de descobrir e cultivar um sentido pessoal e único para sua existência.

Assim, se acredita que a educação para a espiritualidade pode oferecer subsídios para que o indivíduo construa interpretações e compreensões próprias ao significado da existência humana e o propósito para sua vida, elementos importantes para a construção de uma vida plena e feliz. (PORTAL, 2008). Dessa forma, se alude que essa característica da espiritualidade é um dos fatores de sua ação protetora, no caso, do uso de drogas.

Diante disso, é possível refletir: De que forma se faz uma educação para a espiritualidade? Para Portal a formação espiritual é “entendida fundamentalmente como a construção de uma base sólida de conhecimentos e informações relacionadas ao Sagrado, constituindo fonte privilegiada para o transcendente e o divino”. (PORTAL, 2007, p. 62). A autora defende que essa é a direção para que o ser humano possa construir um conhecimento que “transcenda e confira um significado à sua existência”. (2007, p. 62).

Considerações finais

Educação e religião são temáticas que, geralmente, são pensadas de forma dissociada, quando não de modo antagônico. Desde sua origem na Revolução Francesa, a tradição pedagógica republicana moderna afirma que “as opiniões religiosas não podem fazer parte da instrução comum, já que, devendo ser escolha de uma consciência independente, nenhuma autoridade tem o direito de preferir uma à outra”. (CONDORCET, 2008, p. 47). Exatamente por essa razão, a educação pública deve proporcionar autonomia aos seus educandos, a fim de que cada geração, na expressão de Condorcet, “se torne cada vez mais digna de governar-se por sua própria razão”. (2008, p. 47).

Na perspectiva da autoridade estatal, de fato, é prudente que religião e educação permaneçam distintas e separadas; na perspectiva do educando, parece conveniente que religião e educação cooperem entre si e se unam no esforço de contribuírem para a complexa construção da dignidade da pessoa humana que se torna capaz de governar a si mesma a partir de sua inteligência e do conhecimento que adquire na escolarização pública. Parece evidente, por outro lado, que a drogadição fere a dignidade da pessoa humana, especialmente, da criança e do adolescente, ao limitar sua autonomia e debilitar sua capacidade de autogoverno.

O caso estudado pelo artigo apontou a algumas dimensões pedagógicas presentes nas práticas religiosas do grupo de jovens da Igreja do Mover. A dimensão pedagógica da educação para o apoio social demonstrou como os jovens podem fortalecer sua autonomia vinculando-se a um grupo religioso que assume normas de comportamento que considera válidas, adotando-as para sua própria autorregulação. Parece que os adolescentes e jovens, ao escolherem, conscientemente, as normas de sua organização religiosa, adotam e criam formas de entretenimento conscientes que lhes proporcionam uma fruição prazerosa de sua vida juvenil. Por fim, parece plausível admitir que esse grupo de jovens líderes e os adolescentes que lideram desenvolveram diversas maneiras de praticar a educação para a espiritualidade.

Os dados desta pesquisa possibilitaram perceber a maneira como seis jovens de um grupo religioso vivenciam e praticam a educação para a espiritualidade, especialmente por intermédio de leitura e estudo de textos sagrados, tanto de forma individual como em grupo e também nos momentos de convivência dos líderes com seus discípulos. Na continuidade da pesquisa aqui iniciada, resta aprofundar a discussão e experiências práticas sobre o modo como a educação obrigatória, pública por natureza republicana, pode valer-se da educação para a espiritualidade na promoção da autonomia de seus docentes e discentes, sem ferir o princípio da liberdade de consciência no qual se fundamenta a própria razão pedagógica.

1Este artigo tomará como referência, para adolescente, a definição do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), qual seja, “pessoa entre 12 e 18 anos de idade”.

2O termo droga será utilizado neste artigo, referindo-se às substâncias químicas que causam dependência física ou psíquica.

Referências

BAUMAN, Z. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. [ Links ]

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Seção 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 1º abr. 2014 [ Links ]

CASTILLO, J. A. G. del; DIAS, Paulo C. Auto-Regulação, resiliência e consumo de substâncias na adolescência: contributos da adaptação do questionário reduzido de auto-regulação. Psicologia, Saúde & Doenças, Lisboa, v. 10, n. 2, p. 205-216, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v10n2/v10n2a04.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2016.Links ]

CONDORCET, J.-A.-N. de C. Cinco memórias sobre a instrução pública. São Paulo: Edunesp, 2008. [ Links ]

FOWLER, J. Estágios da fé: a psicologia do desenvolvimento humano e a busca de sentido. São Leopoldo: Sinodal, 1992. [ Links ]

GALDURÓZ, J. C. F. et al. V Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do Ensino Médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. São Paulo: Cebrid, 2004. [ Links ]

JULIANO, M. C. C. Rede Família: uma tecnologia social promotora de resiliência familiar e comunitária. Rio Grande: Pluscom, 2014. [ Links ]

JULIANO, M. C. C.; YUNES, M. A. M. Reflexões sobre rede de apoio social como mecanismo de proteção e promoção de resiliência. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 135-154, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414753X2014000300009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 abr. 2015. [ Links ]

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar, Curitiba, n. 17, p. 153-176, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n17/ n17a12.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016. [ Links ]

MARQUES, L. F.; DELL’AGLIO, D. D. A espiritualidade como fator de proteção na adolescência. Cadernos IHU Ideias, São Leopoldo, v. 7, n. 119, p. 1-18, 2009. [ Links ]

MARQUES, L. F.; CERQUEIRA-SANTOS, E.; DELL’AGLIO, D. D. Religiosidade e identidade positiva na adolescência. In: DELL’AGLIO, D. D.; KOLLER, S. H. (Org.). Adolescência e juventude. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 77-108. [ Links ]

PORTAL, L. L. F. Educação para inteireza: um (re)descobrir-se. Educação, Porto Alegre, edição especial, p. 285-296, 2007. Disponível em: <http:// revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/3564/2782>. Acesso em: 27 jun. 2015. [ Links ]

______. O sentido da existência humana: um olhar para cima na aventura do encontro interior. In: ENRICONE, D. et al. (Org.). A docência na Educação Superior: sete olhares. 2. ed. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2008. p. 49-64. [ Links ]

SANCHEZ, Z. V. D. M.; OLIVEIRA, L. G.; NAPPO, S. A. Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com ênfase na religiosidade. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 43-55, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v9n1/19822.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2014. [ Links ]

SCHENKER, M.; MINAYO, M. C. de S. Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n.3, p. 707-717, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n3/a27v10n3.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.Links ]

STRAUSS, A.; CORBIN, J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento da teoria fundamentada. 2. ed. Trad. de Luciane de Oliveira da Rocha. Porto Alegre: Artmed, 2008. [ Links ]

Recebido: 27 de Abril de 2018; Aceito: 01 de Setembro de 2018

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o trabalho original seja corretamente citado.