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Conjectura: Filosofia e Educação

versão impressa ISSN 0103-1457versão On-line ISSN 2178-4612

Conjectura: filos. e Educ. vol.23 no.3 Caxias do Sul  2018  Epub 05-Set-2019

 

Apresentação

Apresentação

Presentation

Everaldo Cescon

Evaldo Antônio Kuiava

Nilda Stecanela


No último número da revista Conjectura: filosofia e educação de 2018, reportamos textos que abordam questões que interseccionam a Educação e a Filosofia.

O primeiro texto, intitulado O homem como ser-no-mundo: repercussões pedagógicas da analítica existencial de Ser e tempo, de autoria de Wanderley José Ferreira Júnior, expõe aspectos básicos da analítica existencial realizada por Martin Heidegger, na obra Ser e tempo. Em seguida, explicita as estruturas ontológicas do homem como ser-aí (Dasein), cuja constituição fundamental é ser no mundo, analisando as possíveis repercussões no campo da educação.

A seguir, Altair Alberto Fávero e Marcelo José Doro, em O declínio da experiência e os desafios educacionais: uma abordagem a partir de Walter Benjamin, enfatizam o impacto negativo da pobreza de experiência para a constituição da subjetividade do indivíduo contemporâneo e assinalar a possibilidade de se fazer frente a este quadro de empobrecimento, a partir de uma ideia de educação voltada à formação integral, que, mesmo diante do apelo crescente do conhecimento técnico-científico especializado, não abre mão do ensino das humanidades. Nessa linha, defendem a tese de que as disciplinas de formação humanística, como Artes, Literatura, Filosofia, cumprem papel de destaque no desenvolvimento das condições necessárias à realização de experiências, no sentido específico descrito por Benjamin.

O terceiro texto reflete sobre Como ensinar Filosofia?: uma proposta platônica. Luiz Maurício Bentim da Rocha Menezes reflete sobre o ensino, seu instrumento e seu objeto, a partir do pensamento da Antiguidade grega, mais especificamente a partir da obra de Platão e suas implicações sobre o ensino da filosofia.

Vladimir Fernandes, em Pensando a formação ética discente: contribuições das perspectivas aristotélica e kantiana, oferece alguns subsídios conceituais para pensar o sujeito ético, uma vez que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece entre as finalidades da educação no Ensino Médio, “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”. Adota como referência a ética finalista aristotélica e a ética racional kantiana, buscando apresentar as ideias centrais dessas teorias, assim como os aspectos convergentes para se pensar a figura do agente ético a ser preparado pela escola.

Em Movimento sofístico na Grécia (séculos V e IV a.C.): o trabalho de ensinar, José Sílvio de Oliveira investiga a natureza do trabalho de ensinar dos sofistas na Grécia dos séculos (V e IV a.C.). Em que medida se pode afirmar que o movimento sofístico de fato era um movimento desprezível e, portanto, aproveitara-se da sua obra, a educação em favor da esfera econômica?

Os professores Jayme Paviani e Vanderlei Carbonara, em Pressupostos epistemológicos nos processos de ensino e de aprendizagem a partir de uma perspectiva ética, analisam diferentes pressupostos epistemológicos e suas possíveis implicações aos processos de ensino e aprendizagem, no contexto educacional. O texto parte de alguns esclarecimentos preliminares sobre a ideia de pressupostos e contextualiza aspectos do debate epistemológico, em relação a algumas das matrizes educacionais mais expressivas. Ao propor uma análise da possibilidade de um conhecimento seguro e verdadeiro diante dos processos de ensino e aprendizagem, o artigo alcança seu ponto mais significativo de argumentação e coloca em debate concepções objetivistas e não objetivistas sobre o conhecimento. Ao longo do texto são apontadas pistas de reflexão e de tomadas de decisão, que possibilitam compreender aspectos de diferentes matrizes do currículo na educação básica e superior.

Francisco das Chagas Silva Souza e Priscila Tiziana Seabra Silva Marques da Aliança, em Da ilusão à sedução: a crise do paradigma dominante e a emergência da pesquisa (auto)biográfica, discutem como esse tipo de pesquisa se insere no Paradigma Emergente. Buscam compreender como as histórias de vida e as narrativas de si têm transitado, nas últimas décadas, entre a desconfiança e a sedução.

A seguir, Rogério Rodrigues, em A educação entre muros e a transmissão do saber interdisciplinar, analisa o processo formativo em interface com a perspectiva interdisciplinar no campo educacional. A análise parte do paradigma do muro como um problema que se evidencia enquanto representação emblemática do projeto da sociedade, pautada na interdição ou na exclusão do outro e conclui que existem outros muros difusos, que também impedem a passagem física e social do sujeito para diversos espaços na vida em sociedade. No caso específico no campo do conhecimento, o muro que impede a passagem para o meio intelectual se apresenta em toda a semiótica que nos conduz ao pensamento reificado do senso comum e, principalmente, à manutenção da hegemonia da apropriação de determinada representação de mundo, que se pauta numa hierarquia entre aqueles que mandam e os outros que obedecem.

Desafios para a inclusão de estudantes com deficiência física: uma revisão de literatura, de Cláudia Alquati Bisol, Carla Beatris Valentini, Rafaella Ghidini Stangherlin e Priscila Paolla Peyrot Bassani, apresenta uma revisão de literatura, realizada com o objetivo de identificar, em artigos nacionais, os principais desafios para a inclusão de estudantes com deficiências físicas em escolas comuns. O artigo discute quatro categorias (formação de professores, Tecnologia Assistiva, rede de apoio especializado e adaptações curriculares). Em relação à formação de professores, os estudos destacam as demandas ocasionadas pela perspectiva da inclusão e as críticas à formação inicial e continuada. Outros aspectos evidenciados são o desconhecimento acerca da Tecnologia Assistiva ou de seu uso, a falta de recursos e as barreiras que os estudantes continuam enfrentando. Os estudos apontam ainda para a necessidade de maior apoio de equipes multidisciplinares nas escolas e para a importância das adaptações curriculares para a aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes com deficiências.

Por fim, em Formação permanente e em contexto de profissionais da Educação Infantil: contribuições de um projeto de extensão universitária, Aline Sommerhalder e Andressa de Oliveira Martins revelam a necessidade de repensar a estruturação de professores, pautando-se em uma formação colaborativa e que considere suas práticas reais e os contextos de trabalho, por meio da relação entre teoria e prática, uma vez que a pesquisa evidenciou que esses elementos são fundamentais para uma formação significativa e de qualidade, possibilitando incidências sobre a ação.

Completa este número a resenha feita por Gabriel Garmendia da Trindade, da obra organizada por Denis Leon intitulada Educação vegana: perspectivas no ensino de direitos animais. São quatro ensaios que tratam da questão das relações éticas estabelecidas entre humanos e membros de outras espécies.

Boa leitura!

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