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Conjectura: Filosofia e Educação

versão impressa ISSN 0103-1457versão On-line ISSN 2178-4612

Conjectura: filos. e Educ. vol.24  Caxias do Sul  2019  Epub 31-Jul-2020

https://doi.org/10.18226/21784612.v24.e019038 

ARTIGOS

As canções populares e o sentimento de missão educadora dos intelectuais românticos: o exemplo do poeta Juvenal Galeno no contexto do Romantismo brasileiro

Les chansons populaires et le sentiment de la mission éducative des intellectuels romantiques: l’exemple du poète Juvenal Galeno dans le contexte du Romantisme brésilien

João Batista Andrade Filho* 
http://orcid.org/0000-0002-1196-6711

Francisco Ari Andrade** 
http://orcid.org/0000-0002-3028-9867

*Doutor em Educação. Professor de Filosofia associado à Secretaria da Educação Básica do Estado do Ceará (UFC). E-mail: jbandradef@gmail.com

**Professor-Adjunto IV (DE), no Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação (FACED), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira (PPGE) (Mestrado e Doutorado), na linha de pesquisa História e Memória da Educação, do eixo História da Educação, Política e Sociedade Brasileira do PPGE-FACED-UFC. Pós-Doutor em Educação pelo PPGE-UFS - Universidade Federal de Sergipe. Doutor em Educação Brasileira pelo PPGE-FACED-UFC. E-mail: andrade.ari@hotmail.com


Resumo

A partir do século XVIII, na Europa, muitos intelectuais europeus passaram a alimentar o gosto e o interesse pelas questões populares. O filósofo alemão Johann Gottfried Herder (1744-1803) é considerado um dos expontes que influenciaram muitos intelectuais, cujas ideias alimentaram o movimento romântico. Contrariando a mentalidade racionalizante iluminista, tais ideias conduziram os adeptos dessa tendência a voltarem-se aos estudos da tradição campesina, buscando, no povo e no seu passado glorioso, o elemento constituidor da nacionalidade, particularmente na canção e na poesia populares. Aos intelectuais românticos estava essa questão posta como missão educadora. Em terras brasileiras, tal interesse se fortaleceu ainda no período Regencial, alimentado pela lógica do contexto que foi se constituindo logo após a nossa independência política. Deveu-se, sobretudo, à iniciativa dos intelectuais românticos brasileiros, nutridos pelos referidos ideais do Romantismo europeu, notadamente francês, moldado pelo Espiritualismo Eclético, e firmes na convicção da missão restauradora de educação da pátria através da instituição de sua história e sua literatura. Em um percurso histórico e compreensivo, intentamos mostrar que as ações do poeta cearense Juvenal Galeno, expressas em suas obras, estavam sintonizadas com a referida causa romântica e, assim, definir o mesmo como intelectual com propósito de missão educadora.

Palavras-chave: Romantismo; Canção popular; Missão educadora; Intelectuais românticos

Résumé

À partir du XVIIIème siècle, en Europe, de nombreux intellectuels européens ont commencé à nourrir le goût et l’intérêt pour les questions populaires. Le philosophe allemand Johann Gottfried Herder (1744-1803) est considéré comme l’un des expontes influenceurs beaucoup d’intellectuels dont les idées alimenté le mouvement romantique. Contrairement à la mentalité des Lumières rationaliser ces idées a conduit les partisans de cette tendance à se tourner vers l’étude de la tradition paysanne, cherchant des gens et de leur passé glorieux constitutor l’élément de nationalité, en particulier dans la chanson et la poésie populaire. Pour les intellectuels romantiques, cette question était posée comme une mission éducative. Dans les pays brésiliens, cet intérêt s’est renforcé même dans la période Regencial, alimentée par la logique du contexte qui allait bientôt devenir notre indépendance politique. Était due principalement à l’initiative des intellectuels romantiques brésiliens, nourri les idéaux visés au romantisme européen, notamment française, façonnée par spiritisme éclectique et ferme dans la conviction de la mission réparatrice de l’éducation intérieure par l’établissement de son histoire et de la littérature. Dans un parcours historique et la compréhension, intentamos montrent que les actions du poète Juvénal Galen, Ceara exprimées par ses œuvres étaient en phase avec cette cause romantique et ainsi définir les mêmes que dans le but de la mission éducative intellectuelle.

Mots Clés: Romantisme; Chanson populaire; Mission educative; Intellectuels romantiques

1 Da possível origem do interesse pela canção popular

A guinada cultural romântica na Europa do século XIX, que via com desconfiança a hegemonia racionalizante iluminista, era alimentada por um propósito que provocou o reencontro europeu com a espacialidade campesina que tendia a se fazer distante por conta dos desenvolvimentos industrial e urbano que varriam as tradições, bem como com o seu próprio passado, que tendia a ser esquecido.

Tal interesse, bem como o interesse pela natureza, pelo solo, refletem um movimento nessa direção na Europa já a partir de fins do século XVIII. Esse interesse amplo, que se expressou particularmente como interesse pelo popular, que, segundo Burke (2010) constituiu-se, na virada do século XVIII para o século XIX, um momento da emergência política das nações na Europa. É aí que, de acordo com Alencar (2014), a cultura popular torna-se moeda corrente entre os intelectuais, sobretudo de países periféricos da Europa, impulsionando a pesquisa e a publicação de livros, revistas e almanaques. O interesse pela cultura popular passa a ser visto como elemento essencial e definidor da nacionalidade.

Portanto, foi seguindo esse propósito, desde fins do século XVIII, que intelectuais se lançaram em busca de tradições justificadoras de um suposto passado glorioso. Segundo Burke (2010, p. 26), “foi no final do século XVIII e início do século XIX, quando a cultura popular tradicional estava justamente começando a desaparecer, que o ‘povo’ (o folk) se converteu num tema de interesse para os intelectuais europeus”.

Foram esses intelectuais, no embalo e inspirados notadamente pelas ideias do filósofo alemão Johann Gottfried Herder (1744-1803) que, em ensaio de 1778, defendeu a tese de que “no mundo pós-renascentista, apenas a canção popular conserva a eficácia moral da antiga poesia, visto que circula oralmente, é acompanhada de música e desempenha funções práticas”. (BURKE, 2010, p. 19).

Segundo afirmara Goethe (apudBURKE, 2010, p. 19), “Herder nos ensinou a pensar na poesia como o patrimônio comum de toda a humanidade, não como propriedade particular de alguns indivíduos refinados e cultos”. Além disso, Herder defendeu a “ideia de que os grandes poetas expressavam o pensamento e a experiência de suas sociedades e eram seus verdadeiros porta-vozes”. (BERLIN, 1982, p. 135).

Peter Burke salienta, ainda, que, notadamente a partir de Herder, outros autores lançaram-se na tarefa de identificar, no povo, a matéria-prima da Nação. E aí não só a poesia, mas as canções e os contos populares, dentre outras manifestações, constituíram-se no capital de um “movimento mais amplo que se pode chamar a descoberta do povo”. (BURKE, 2010, p. 30).

De acordo com Corrêa (2013, p. 22), não há uma resposta simples se perguntarmos as razões da descoberta da cultura popular naquele momento, muito menos sobre a significação dela para os intelectuais.

Naturalmente, não existe uma resposta simples a tal pergunta. Alguns dos descobridores eram, eles mesmos, filhos de artesãos e camponeses [...]. A maioria deles, porém, provinha das classes superiores, para as quais o povo era um misterioso Eles, descrito em termos de tudo o que os seus descobridores não eram (ou pensavam que não eram): o povo era natural, simples, analfabeto, instintivo, irracional, enraizado na tradição e no solo da região, sem nenhum sentido de individualidade (o indivíduo se dispersava na comunidade). Para alguns intelectuais, principalmente no final do século XVIII, o povo era interessante de uma certa forma exótica; no início do século XIX, em contraposição, havia um culto ao povo, no sentido de que os intelectuais se identificavam com ele e tentavam imitá-lo. (CORRÊA, 2013, p. 23).

Para Albuquerque Júnior, a resposta estaria no que ele chamou de “dispositivos de nacionalidades, ou seja, o conjunto de regras anônimas que passa a reger as práticas e os discursos no Ocidente desde o final do século XVIII e que impunha aos homens a necessidade de ter uma nação, de superar suas vinculações localistas”. (2011, p. 61).

Este dispositivo faz vir à tona a procura de signos, de símbolos, que preencham esta ideia de nação, que a tornem visível, que a traduzam para todo o povo. Diante da crescente pressão para se conhecer a nação, formá-la, integrá-la, os diversos discursos regionais chocamse, na tentativa de fazer com que os costumes, as crenças, as relações sociais, as práticas sociais de cada região que se institui neste momento, pudessem representar o modelo a ser generalizado para o restante do país, o que significava a generalização de sua hegemonia. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2011, p. 61).

Ao que parece, razões não faltaram e, levando em conta o momento que coadunava com o advento do Romantismo, alimentando suas aspirações, assinalaremos com Burke (2010, p. 23), que “houve uma série de razões para esse interesse pelo povo nesse momento específico da história europeia: razões estéticas, razões intelectuais e razões políticas”. E, certamente, nesse rol de razões, devem ser incluídas ainda as educacionais, afinal, elas vêm propostas notadamente em duas obras do aludido filósofo Herder, estampando os seguintes títulos : Ideia sobre a filosofia da história da humanidade e Também uma filosofia da história para a formação da humanidade .

2 Da possível origem do interesse pela canção popular em solobrasileiro, no contexto do Romantismo

Em terras brasileiras, tal interesse se fortaleceu ainda no período Regencial, alimentado pela lógica do contexto que foi se constituindo logo após a nossa independência política. Deveu-se, sobretudo, à iniciativa de intelectuais românticos brasileiros, nutridos pelos referidos ideais do Romantismo europeu, notadamente francês, moldado pelo Espiritualismo Eclético e firmes na convicção da missão restauradora da educação da Pátria através da instituição de sua história e sua literatura.

No século XIX com as mudanças, e reformas políticas, que tem o Brasil experimentado, nova face literária apresenta. Uma só ideia absorve todos os pensamentos, uma nova ideia até ali desconhecida, é a idéia da Pátria: ela domina tudo, tudo se faz por ela, ou em seu nome. Independência, Liberdade, instituições sociais, reformas políticas enfim, tais são os objetos, que atraem a atenção de todos, e os únicos, que ao povo interessam. (GONÇALVES DE MAGALHÃES, [1836], 1999, p. 150).

Talvez por isso, a mais concreta iniciativa, no sentido de restauração pátria tenha sido a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, dado que, segundo Schwarcz (1993, p. 24), “em suas mãos estava a responsabilidade de criar uma história para a Nação, inventar uma memória para um país que deveria separar, a partir de então, seu destino dos da antiga metrópole europeia”.

Além do desejo de fundar uma historiografia nacional e original, há a intenção de não só ensinar e divulgar conhecimentos, como formular uma história que, a exemplo dos demais modelos europeus, se dedicasse à exaltação e glória da pátria. De fato, encontrava-se congregada no instituto boa parte da geração romântica - de Gonçalves de Magalhães a Gonçalves Dias - que carregava consigo esse senso de dever patriótico. Nessa geração não havia lugar para uma divisão mais apurada do trabalho intelectual, destinava-se ao culto à ciência o mesmo fervor com que se veneravam as artes. Tratava-se de construir uma vida intelectual em sua totalidade, para o progresso das Luzes e consequentemente a grandeza da Pátria. (SCHWARCZ, 1993, p. 104).

Até o referido momento, as descrições existentes sobre o Brasil estavam restritas ao olhar estrangeiro. Segundo Porto Alegre (2003, p. 22), “na primeira metade do século XIX, o movimento de viajantes estrangeiros entre nós tornou-se intenso e ininterrupto. Desde a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, o Estado acolheu e estimulou as expedições”. A abertura política com D. João VI proporcionou a entrada de cientistas naturalistas ao território brasileiro, descortinando segredos até então escondidos. É sabido que diversas expedições e relatórios foram formulados por exploradores estrangeiros que, além de comporem uma imagem nada condizente com os propósitos da pátria, e muitas vezes tais exploradores remetiam seus relatórios e materiais colhidos a seus países, em nada contribuindo para alterar o quadro de total desconhecimento de certas peculiaridades do nosso território e de seu povo. Nisso havia um propósito, pois, segundo Alencar,

patrocinados pelos Estados imperialistas, ou mesmo como excentricidades de particulares, essas viagens faziam convergir para o continente europeu um amplo conjunto de relatos, objetos e iconografia dos países distantes. Essa miscelânea de curiosidades, além de significarem a globalização mundial pela integração de várias culturas a um saber ocidental, racionalizador e classificatório, serviam também como traço distintivo de uma elite letrada, ciosa de um conhecimento generalista e enciclopédico. Colecionar curiosidades e relatar viagens por mundos distantes era um privilégio de uns poucos, que agregavam mais essa faceta como requisito de uma formação e educação diferenciadas; um refinamento e erudição de usufruto restrito. (2014, p. 5).

O questionamento, mesmo do secretário-fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Januário da Cunha Barboza, em 1839, quando da instalação do referido instituto, atesta bem o incômodo que essas ações produziam entre nossa intelectualidade. Assim se expressava ele: “E deixarmos sempre ao gênio especulador dos estrangeiros o escrever a nossa história?” Justificando a iniciativa da criação do instituto, havia declarado que o mesmo objetivava “ressuscitar também os americanos da indigna obscuridade em que jaziam até agora”. (RIHGB, 1839 apudPORTO ALEGRE, 2003, p. 104).

Foi, portanto, dessa maneira, que as atividades científicas de exploração do território foram despertando, pouco a pouco, o sentido de nacionalidade.

O momento de formação do IHGB não é de menor importância. Concretizado alguns anos após o movimento de Independência, o instituto é de alguma forma filho dileto de um espírito de época que nesse momento se difunde. “A Independência tem um papel decisivo para o ideal romântico”, afirma Antonio Cândido ao caracterizar esse período em que a literatura torna-se um recurso de valorização do país, quer reproduzindo o que se fazia na Europa, quer exprimindo uma realidade específica e local. O projeto do grêmio carioca previa, portanto, além de um levantamento documental, a afirmação de uma perspectiva teórica. Fazer história da pátria era antes de tudo um exercício de exaltação. Essa lógica comemorativa do instituto se efetivou não só mediante os textos produzidos e publicados na revista, como por uma prática efetiva de produção de monumentos, medalhas, hinos, lemas, símbolos e uniformes próprios ao estabelecimento. Lembrar para comemorar, documentar para bem festejar. (SCHWARCZ, 1993, p. 104).

As ideias que os estrangeiros disseminavam sobre o País acabavam causando incômodos, como salientado, aos intelectuais ligados ao propósito nacionalista-romântico. Conforme veremos, tal preocupação é constatada na crítica proferida pelo escritor José de Alencar, em seu romance Ubirajara, de 1874.

Os historiadores, cronistas e viajantes da primeira época, senão de todo o período colonial, devem ser lidos à luz de uma crítica severa. [...] Faço estas advertências para que ao lerem as palavras textuais dos cronistas citados nas notas seguintes não se deixem impressionar por suas apreciações muitas vezes ridículas. É indispensável escoimar o fato dos comentos de que vem acompanhado, para fazer uma idéia exata dos costumes e índole dos selvagens. (ALENCAR, 1874, p. 12-13).

Os intelectuais românticos, adeptos do propósito patriótico, segundo Porto Alegre (2003, p. 26-27), “sem desligar-se das ideias europeias dominantes, estavam dispostos a apoiarem-se na matéria-prima que era ofertada pela realidade, dando, eles próprios, sua versão da nacionalidade e partindo para a descoberta do Brasil concreto”. O poeta Domingos Gonçalves de Magalhães, em ensaio sobre literatura brasileira de 1836, publicado na revista Niterói, expressa essa necessidade conforme registrado neste recorte:

Toca ao nosso século restaurar as ruínas, e reparar os erros dos passados séculos. Cada Nação livre reconhece hoje, mais que nunca, a necessidade de marchar. Marchar para uma Nação é engrandecerse, é desenvolver todos os elementos da civilização. Há mister reunir todos os títulos de sua existência, para tomar o posto, que justamente lhe compete na grande liga social, como o nobre recolhe os pergaminhos de sua genealogia, para em face do Rei fazer-se credor de uma nova graça. Se o futuro só pode sair do presente, a grandeza daquele se medirá pela deste. O povo que se olvida a si mesmo, que ignora o seu passado, como o seu presente, como tudo que em si passa, esse Povo ficará sempre na imobilidade.] (GONÇALVES DE MAGALHÃES, 1836, p. 141-142).

Outros expoentes do Romantismo brasileiro, como José de Alencar e Antônio Gonçalves Dias, ampliaram o debate a partir da defesa da tese da necessidade de estudar as canções do povo, identificando sua importância à literatura e à cultura brasileiras e, consequentemente, à construção da referida nacionalidade. Foi o aludido escritor cearense quem afirmou que é “nas trovas populares que se sente mais viva a alma de uma nação”. (ALENCAR, 1960, p. 961).

Vejamos que a frase acima, de José de Alencar, reflete a tese herderiana referenciada em parágrafos anteriores, demonstrando a clara apropriação dessas ideia pelos intelectuais românticos brasileiros. Segundo Afrânio Coutinho (1966), “a procura do colorido local peculiar conduziu à compreensão da cultura popular, onde para os românticos, residiria o caráter original da criatividade literária, de onde partiria o veio formador da literatura”.

A iniciativa de constituição da Comissão Científica de Exploração, conforme salientado nas seções anteriores, abrindo as sendas à composição do autoconhecimento da Pátria a partir de sua história e de seu território, consequentemente, abria a possibilidade de encontrar e definir o Brasil e o brasileiro, através das riquezas naturais, bem como através das tradições culturais, das canções, da poesia, das festas e danças e, em geral, de sua literatura.

3 Um interesse formatado como uma mentalidade de missãoeducadora

Um poeta cearense, geralmente conhecido como poeta e mero folclorista local, denominado Juvenal Galeno, pareceu-nos estar inserido nesse propósito romântico, estando muito bem-situado e bem-sintonizado com o mesmo. Apuramos que a influência estética das composições de Juvenal Galeno foi tecida a partir da colheita das diretrizes dessa mentalidade romântico-brasileira desde sua juventude, seja a partir de Gonçalves de Magalhães, de Manoel de Macedo, de Álvares de Azevedo, seja de José de Alencar e de Gonçalves Dias. Sua obra expressa bem uma consciência romântica (formatada e certamente disseminada pela vastidão do Império) que tinha por objetivo maior “dar à nação uma nova dimensão espiritual, balizando os caminhos de nossa literatura, de nossa filosofia, de nossa educação, de nossa política”. (GONÇALVES DE MAGALHÃES apudBARROS, 1973, p. 73).

Portanto, sua obra é a expressão de um intelectual que, intencionalmente, assume o compromisso de uma missão a desempenhar, uma missão com a Pátria, consciente de que tal empreitada encerrava desde o conhecimento cultural de seu povo até os processos de educação do mesmo. É o próprio Juvenal Galeno quem atesta o que foi supramencionado.

Chorei a sorte do povo, que nas ruas, no cárcere, e por toda a parte sofria a escravidão. E vendo então que ele ignorava seus direitos, lhos expliquei; vendo-o no sono fatal da indiferença, despertei-o com maldições ao despotismo e hinos à liberdade, - e estimulei-o comemorando os feitos dos mártires da Independência e de seus grandes defensores, - preparando-o assim para a reivindicação de seus foros, para a grande luta que um dia libertará o Brasil do jugo da prepotência, e arrancará o povo das trevas da ignorância, e dos grilhões do arbítrio! (JUVENAL GALENO, 2010a, p. 72).

Não é à toa que Juvenal Galeno, em prólogo da primeira edição de seu Lendas e Canções Populares, cita o filósofo Herder.

Foi no seio do povo que conheci e cantei seus sentimentos; que pude conhecer essa poesia, que, segundo Herder - “É o tesouro da ciência do povo, de sua religião, de sua teogonia, de sua cosmogonia, da vida de seus pais, dos feitos de sua história. A expressão de seu sentir, a imagem de seu interior na alegria, na tristeza, junto ao leito das núpcias, ou da sepultura!” (JUVENAL GALENO, 2010a, p. 73).

Tal citação evidencia que as ações do referido poeta faziam-se acompanhar das mesmas discussões teóricas do movimento ao qual se filiara.

Foi apropriando-se dessas ideias e tomando parte nos debates que Juvenal Galeno foi “buscando identificar-se com o seu povo, acompanhouo, observando o seu viver simples, no sertão, na praia e na montanha, decorando os seus cantos, lendas e crendices, para poder escrever o que realmente esse povo sentia”. (AZEVEDO, 1981, p. 6). É o próprio poeta cearense quem testemunha sua inserção nesse propósito romântico, através de suas obras e de memórias deixadas em prefácios e prólogos que acompanhavam suas publicações, conforme segue.

Reproduzindo, ampliando e publicando as lendas e canções do povo brasileiro, tive por fim representá-lo tal qual ele é na sua vida íntima e política, ao mesmo tempo doutrinando-o e guiando-o por entre as facções que retalham o Império - pugnando pela liberdade e reabilitação moral da pátria encarada por diversos lados - em tudo servindo-me da toada de suas cantigas, de suas linguagens, imagens e algumas vezes de seus próprios versos. (JUVENAL GALENO, 2010a, p. 61).

Das obras de Juvenal Galeno, as que vão estampar maior destaque são, justamente, aquelas que, em seus títulos, fazem clara referência ao povo. São elas: Lendas e canções populares, de 1865; Cenas populares, de 1871; Lira cearense, de 1872, que antes de publicação em livro foi intitulada Lira popular, e Cantigas populares, publicado postumamente.

É o próprio Juvenal Galeno quem afirma, no prólogo da primeira edição de seu Lendas e canções populares, o percurso que fizera na organização e catalogação das canções populares. Pelo que ali se lê, há a afirmação de um propósito e a descrição de uma metodologia. Em relação ao primeiro, ao reproduzir, ampliar e publicar as canções do povo brasileiro, Juvenal Galeno afirma que teve por fim representá-lo e guiá-lo doutrinariamente, “pugnando pela liberdade e reabilitação moral da pátria”. (JUVENAL GALENO, 2010a, p. 61). Para seguir esse propósito, o poeta cearense detalhou métodos, técnicas e processos de como colheu as informações necessárias com o povo no cumprimento de sua missão. Isso contempla o segundo conceito caracterizando-o como uma metodologia.

Afirmou Juvenal Galeno (201oa, p. 61) que intentou, antes de tudo, conhecer o povo e com ele identificar-se. Acompanhou-o no passo a passo do seu viver, em campos, povoados, sertões, praias e montanhas, ouvindo, registrando e aprendendo cantos, lendas, queixas, profecias, usos, costumes e superstições. Posteriormente, escreveu o que esse povo sentia, o que cantava, o que dizia e inspirava, conforme dito nesta estrofe do poema Palestra íntima: “E cantei a labuta dos roceiros/Dos homens do sertão as vaquejadas/ E dos homens do mar as pescarias/Sobre as ondas bravias nas jangadas.” (JUVENAL GALENO, 2010s, apud NETTO, 2010, p. 69).

Segundo o que o próprio poeta afirmou,

foi no trabalho, no lar e na política, - na vida particular e pública, - na praia, na montanha e no sertão, - que ouvi os cantos do povo, que reproduzi-os, que ampliei-os, sem desprezar a frase singela, a palavra do seu dialeto, a sua metrificação, e até o seu próprio verso.

(JUVENAL GALENO, 2010a, p. 72).

Sânzio Azevedo (1981), no texto Os contos de Juvenal Galeno, escrito como prefácio à 4ª. edição do livro Cenas populares, cuja primeira edição é de 1871, caracterizou o bardo romântico cearense como um “agudo observador da realidade do Ceará na sua época, a ponto de alguns contos poderem (como alguns textos do citado livro de poesia) servir de segura fonte para o estudo dos costumes de então.” (AZEVEDO, 2010, p. 16).

Isso reforça o que afirmara Azevedo a respeito da característica observadora do poeta Juvenal Galeno sendo capaz de transmitir ,com fidelidade, o que observava.

Também Austregésilo de Athayde, em nota sobre Juvenal Galeno no jornal carioca Diário da Noite, em 1936, ressaltou e exaltou essa pujança descritiva afirmando que as canções de Juvenal Galeno “comovem as almas e acordam nelas as melhores lembranças dos tempos da meninice, os ambientes dos campos, os quadros bucólicos das vaquejadas, as melancolias dos poentes, a graça dos primeiros amores”.

Florival Serraine (1969, p. 26), ainda no aludido prefácio à terceira edição de Cenas populares afirmou que “pode sem exagero afirmar-se que, no escritor cearense, o sentido da realidade cultural e as raízes telúricas eram por demais influentes”, e, por isso, existia, em Juvenal Galeno, uma preocupação constante em traduzir essa realidade física e sociocultural com fidelidade, respeitando, minimamente, seus detalhes.

Do maior interesse cultural são as descrições da vida social e familiar do jangadeiro, da rendeira, do vaqueiro, do agricultor, que ele cuidadosamente efetua, denotando amplo e fiel conhecimento do ambiente rústico, do meio e do homem que participava da sociedade folk na segunda metade do século passado. (SERRAINE, 2010, p. 27).

Pelos personagens e temas tratados por Juvenal Galeno, poderíamos classificá-lo como um cronista em pleno Romantismo que, “embora pintando os cenários próprios de sua terra, que são as paisagens comuns do nordeste, Juvenal Galeno foi, pelo sentimento, um cantor da nacionalidade”. (ATHAYDE, 1936, p. 145).

Depreende-se que Juvenal Galeno portou-se como alguém que tinha noções de etnologia, dado que elaborou, sobretudo, um trabalho de observação de costumes, de caracteres e comportamentos. Buscou descrever e analisar a vida social do povo, situado em dado lugar e como promove sua identidade a partir de sua fala, seu canto, suas danças e outras formas de sociabilidade.

Ressaltamos, em outros trabalhos que, na composição de sua obra A Porangaba, Juvenal Galeno, certamente, teria colhido sua experiência com etnologia com membros da Comissão Científica, notadamente de Gonçalves Dias, afinal, essa era a função específica do poeta maranhense na referida comissão. Schwarcz, em obra já citada, reforça que a “antropologia e etnologia são disciplinas que assumem importância crescente dentro da revista do IHGB, passando, inclusive, a constituir um campo separado de atuação”. (SCHWARCZ, 1993, p. 111). É a partir dessa atuação que Juvenal Galeno encontra a canção popular.

Algumas considerações

Juvenal Galeno tinha consciência de que perseguia um propósito, que se identificava, certamente, com o propósito romântico e, portanto, sabia ele que, em tal empreitada, deveria buscar incessantemente aquilo que Herder chamou de “verdadeiro tesouro cultural” do povo, ou seja, a canção popular, cravejada como brilhante na pedra bruta. Relembremos que esse era o momento da construção e afirmação da nacionalidade brasileira. É o contexto do Romantismo. O texto manifesto de Gonçalves de Magalhães sobre literatura brasileira, lançado na Revista Niterói, lembrava a necessidade de uma nação livre marchar rumo à civilização e, para tanto, cabia-lhe o esclarecimento de sua própria história.

No projeto de construção da nacionalidade, constava como prérequisito a reconstituição da história brasileira. Então, nesse ponto, era mister encontrar interesse e meditação profunda nos caminhos não trilhados, conforme orientou Gonçalves de Magalhães.

O autor de Suspiros poéticos e saudades, em seu manifesto, tenta desconstruir a mentalidade formatada por princípios da colonialidade portuguesa. Para tanto, exaltou os poetas e os conclamou, como protagonistas da nacionalidade, a se despirem das galas apavorantes que não lhes pertenciam e faz votos para que os vindouros vates brasileiros achassem, no puro céu de sua Pátria um sol mais luminoso que Phebo.

Vejamos que a recomendação era voltar os olhos às coisas do vasto império brasileiro. Fazê-lo descobrir a si mesmo a partir do que era inédito ou ainda não havia sido objeto da atenção devida. Era preciso lançar mão do que fosse possível para a recomposição da história brasileira. Nisso estavam inseridas as canções, as poesias e todo um conjunto de tradições populares.

Sobre as canções populares, Herder (1827, 1828) escreveu que, quanto mais selvagem, mais vivo e mais liberto é um povo, tanto mais selvagens, isto é, mais vivas, mais libertas, mais sensuais e mais liricamente atuantes deverão ser também as canções desse povo.

Assim, a história de uma nação será tanto mais rica quanto mais incorporar esses valores. O próprio Herder alertava ao fato de que a espécie humana estava destinada a um progresso de cenas, de cultura de costumes e, aí do homem a quem desagrada a cena em que deverá aparecer, atuar e viver. Aí, também, do filósofo da humanidade e dos costumes para quem sua cena é a única e que despreza a mais primitiva por considerá-la pior.

Juvenal Galeno acolheu essas teses, e seu discurso isso demonstra. Não foi à toa que citou Herder. Conforme apontamos, há teses de Gonçalves de Magalhães em seu discurso. Ressaltamos, em diversos momentos de nosso texto, o compartilhamento dessa mentalidade entre os intelectuais do ecletismo romântico.

É necessário um estudo de aprofundamento dessas questões. De qualquer maneira, até podemos afirmar que Juvenal Galeno era um intelectual muito bem-informado, bem-elacionado, pois que fazia parte dessa intelectualidade nacional.

Partindo para o encontro desse ideal (conforme indicado e descrito), de encontrar a canção e a poesia populares, acreditava Juvenal Galeno estar no cumprimento de uma missão partilhada como mentalidade.

Ressalte-se que encontrar as tradições populares a partir de suas canções, registrar a poesia popular, reescrevê-la, bem como os costumes, nada disso se constituía em um fim em si mesmo. Tudo isso era meio, constituindo-se como elemento essencial na composição do propósito educacional no ideal de construção da Pátria de acordo com as diretrizes traçadas no âmbito do Romantismo.

Referências

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ALENCAR, J. de. Ubirajara. Rio de Janeiro: José Olympio, [1874] 1953. [ Links ]

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Recebido: 31 de Julho de 2018; Aceito: 17 de Novembro de 2019

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