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Conjectura: Filosofia e Educação

versão impressa ISSN 0103-1457versão On-line ISSN 2178-4612

Conjectura: filos. e Educ. vol.28  Caxias do Sul  2023

https://doi.org/10.18226/21784612.v28.e023042 

Artigos

Filosofia e visão de mundo: contribuições de mestre Eckhart para a formação humana

Filosofía y cosmovisión: los aportes del maestro Eckhart a la formación humana

Luiz Felipe de Arruda Moura1 
http://orcid.org/0000-0003-0684-8494

Ezir George Silva2 
http://orcid.org/0000-0002-4289-073X

1Professor efetivo dos Municípios de Recife e Abreu e Lima, em Pernambuco. Possui Licenciatura Plena em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2015) e especialização em Filosofia e Sociologia pela Faculdade Serra Geral (2022). Além disso, é Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (2023).

2Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Desde 2019 integra o quadro de professores permanentes do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Educação – CE.


Resumo

Neste artigo, tomamos como referência as reflexões de Mestre Eckhart acerca da Mística, suas visões de mundo sobre o Ser humano e modos de enfrentamentos dos fundamentalismos e radicalismos sociais, educacionais e religiosos, a partir de uma determinada época. Eckhart foi um religioso da Ordem dos Pregadores, popularmente conhecida como Dominicanos, que expressou sua relação profunda com as questões comuns da vida a partir de sua experiência pessoal com o divino. Essas suas reflexões foram alvos de diversas incompreensões fundamentalistas, o que resultou em um processo inquisitório que, mesmo após a sua morte, condenou parte de seus escritos. Nosso objetivo é antes pedagógico, isto é, partimos dos desafios educacionais, e a partir deles, questionarmos: o que a Educação pode aprender dos estímulos da mística? No aspecto específico, pretendemos tematizar uma certa noção de integralidade humana à luz de uma sociedade que se mostra, cada vez mais, intolerante, desumana, superficial e alienadora da própria condição humana. Segundo, pontuar algumas vias e possibilidades dos caminhos da formação humana e, por fim, tecer um diálogo entre Educação e Espiritualidade. Do ponto de vista metodológico, propomos uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa e de caráter hermenêutico, por entendermos que seus pressupostos apontam para a relação entre o autor e a realidade e seu caminho de ressignificação pedagógica. Enfim, chamar atenção para outros possíveis modos de se pensar os nexos entre Visão de Mundo e Formação humana, buscando ressaltar a importância da Filosofia como prática reflexiva sobre e na Educação. Com isso, buscaremos apresentala como um processo possível de ressignificar os processos educacionais que negligenciam a integralidade da pessoa humana, pois ela é capaz de inserir o humano em um profundo processo de autoconhecimento.

Palavras-chave Filosofia; Visão de Mundo; Mestre Eckhart; Formação Humana

Resumen

En este artículo tomamos como referencia las reflexiones del Maestro Eckhart sobre la Mística, sus cosmovisiones sobre el Ser humano y las formas de confrontar los fundamentalismos y radicalismos sociales, educativos y religiosos de una época determinada. Eckhart fue un religioso de la Orden de Predicadores, conocidos popularmente como dominicos, que expresó su profunda relación con los asuntos comunes de la vida desde su experiencia personal con lo divino. Estas reflexiones fueron objeto de varios malentendidos fundamentalistas, que desembocaron en un proceso inquisitivo que, incluso después de su muerte, condenó parte de sus escritos. Nuestro objetivo es antes de todo pedagógico, pues partimos de los desafíos educacionales, y a partir de ellos nos preguntamos: ¿que desde la Educación podemos aprender dos estímulos de la mística? En un aspecto específico, pretendemos tematizar una determinada noción de integralidad humana a la luz de una sociedad cada vez más intolerante, implacable, superficial y alienante de la propia condición humana. En segundo lugar, puntuar algunos caminos y posibilidades de formación humana y, por último, dialogar entre Educación y Espiritualidad. Desde el punto de vista metodológico, proponemos una investigación bibliográfica, con enfoque cualitativo y de carácter hermenéutico, pues entendemos que sus presupuestos apuntan para la relación del autor con la realidad y su camino de significación pedagógica. Finalmente, llamar la atención sobre otras formas posibles de pensar los vínculos entre Visión de Mundo y Formación Humana, buscando resaltar la importancia de la Filosofía como práctica reflexiva en la Educación. Con eso, buscaremos presentarlo como un posible proceso de resignificación de los procesos educativos que descuidan la integralidad de la persona humana, pues su acción es capaz de insertar al ser humano en un profundo proceso de autoconocimiento.

Palabras clave Filosofía; Visión Mundial; Maestro Eckhart; Formación

Introdução

Em épocas em que o humano vem sendo reduzido à sua capacidade de produtividade, pensar em formação humana se apresenta como uma ação concreta e não, meramente, numa postura teórico-intelectual. Enfrentamos um momento histórico repleto de discursos e posturas fundamentalistas, que ferem a compreensão do e sobre o homem e precisamos, minimamente, resgatar compreensões que contribuam para nos colocar em contato com a realidade mais profunda de nossa condição: a humanidade.

Em busca dessa compreensão profunda sobre si próprio, dentre os caminhos possíveis, optamos por trilhar aquele vivido por Johann Eckhart (Turíngia, 1260 – Colônia, 1328). Como membro religioso da Ordem dos Pregadores, popularmente conhecida como Dominicanos, se tornou um conhecido filósofo e teólogo da sua época e elaborou diversos sermões bíblicos, em que podemos visualizar a profundidade do seu próprio pensamento acerca de Deus, do humano e da vida em geral. Enquanto pensador e intelectual profundo, seus sermões e tratados se voltam para as abordagens em torno da Mística Alemã e dos modos como o homem se vê na relação consigo, com o outro, o mundo e o Ser transcendente.

Seu estilo e linguagem, típicos do seu modo próprio de ver e viver no mundo, às vezes soa paradoxal, todavia, suas contribuições se colocam para além dos limites religiosos, confessionais e doutrinários da Igreja Católica Romana. As obras de Eckhart oferecem elementos que nos ajudam a problematizar certos modelos educativos da nossa época; propõe ainda, um convite a reflexão das concepções básicas da educação e relações sociais, em um mundo cada vez mais marcado pela cultura da competitividade, da imposição do individualismo e dos processos de despersonalização das relações humanas.

A partir do pensamento de Mestre Eckhart podemos visualizar um conjunto de elementos que visam fortalecer e aprofundar os processos educacionais. Embora os trabalhos sejam mais ligados ao Campo da Filosofia, em sua relação com as Ciências da Religião, suas repercussões também podem ser associadas ao processo de construção de certos princípios educacionais, que apresentam uma perspectiva da formação humana e uma concepção acerca do humano, em seu sentido mais abrangente. Podemos citar, por exemplo, a capacidade de abertura de si para realidades diversas, favorecendo um movimento dialógico, ou seja, de encontros de subjetividades que contribuem para o crescimento um do outro, sem preconceitos, intolerâncias ou discriminações.

Ademais, seu olhar acerca do homem pretende nos levar à compreensão de que a sua formação não se limita aos níveis e domínios da técnica e da qualificação profissional. Em um sentido profundo, dizemos que suas contribuições pretendem chamar a atenção para outras categorias que consigam nos ajudar a pensar a educação para além dos simples pensamentos abstratos, e a partir de uma visão integral e vivência existencial mais profunda.

Do ponto de vista epistemológico, propomos tratar a formação humana a partir de certa concepção de Mística que nos remete a uma perspectiva da integralidade e da multidimensionalidade do Ser humano (Rohr, 2012). A dimensão da Mística não pode estar dissociada das outras dimensões3 que constituem a nossa condição de ser-no-mundo. Caso queiramos pensar em formação humana não poderemos compartilhar compreensões acerca do homem se dê de forma compartimentada, departamentalizada e reducionista, mas como um Ser de múltiplas dimensões em constante relação.

No pensamento do Mestre Eckhart, a mística assume um caráter de autoconhecimento e se caracteriza em um caminho de iluminação da consciência de si e dos modos de ampliação da visão de mundo e apreensão do que o homem realmente é, no mais íntimo do Ser. A vivência mística é aquela que se coloca, livre e alegremente, no processo de desprendimento do homem de si mesmo, na direção do mistério divino.

Esse processo não significa, de modo algum, uma anulação da identidade própria de cada Ser humano ou algum tipo de exigência externa de negação de sua existência e subjetividade. Pelo contrário, representa um caminho de clarividência da condição existencial, aquilo que nosso teórico considera quando afirma que, “fora de Deus não há nada a não ser o nada” (Eckhart, 2009, p. 147). Dessa forma, qualquer exigência de negação de si anuncia-se contrária a concepção de Mística, pois ela se configura num caminho de encontro e de comunhão.

Atualmente, a perspectiva da Mística Eckhartiana pode se encontrar, em certos aspectos, com noção de Espiritualidade apresentada por Ferdinand Rohr. Em ambas, se sobressai a compreensão de que é preciso olhar para o humano de forma integral, sem limitá-lo a perspectivas que o fragmentam e compartimentalizam.

A dimensão espiritual precisa ser compreendida como parte fundamental de um processo de desenvolvimento da pessoa humana, em sua multidimensionalidade, pois “o desequilíbrio de uma dimensão, mais cedo ou mais tarde, vai desaguar no desequilíbrio das outras” (Rohr, 2013a, p. 29). Pensar em integralidade ajuda a ir além da dicotomia e/ou da tendência maniqueísta, quando polarizam e classificam dimensões humanas entre as noções do sagrado e do profano. Esse caminho de crescimento auxilia na aceitação e preservação da dignidade da pessoa humana em sua singularidade e subjetividade, quando apontam para os processos formativos que pretendem ser geradores de sentidos existenciais.

Se admitirmos, inicialmente de forma provisória, que a espiritualidade é uma das dimensões que fazem parte do ser humano, não podemos vê-la de forma isolada, sem nexo com as dimensões profanas. Criar um distanciamento intransponível entre a espiritualidade e as demais dimensões – afirmamos com antecipação – gera um misticismo falso e nocivo à formação humana

(Rohr, 2012, p. 14).

A formação espiritual se constitui em um caminho de autenticidade e desenvolvimento humano. Ou seja, há uma compreensão em que a dimensão meramente biológica do indivíduo não o define por completo, mas, que por meio dela podemos alcançar um desenvolvimento qualitativamente superior. Com isso, falamos sobre um caminho de formação que não nos limita aos instintos ou nos reduz às pulsões naturais.

Em busca dessa compreensão mais profunda sobre o humano, metodologicamente, optamos por uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa (SEVERINO, 2007), realizada a partir do conteúdo registrado nas obras de Eckhart, principalmente nos “Sermões Alemães” (2008, 2009), por se tratarem de textos que surgiram a partir do seu convívio e relação com a comunidade que atuava como religioso.

Dessa forma, optamos ainda por uma abordagem hermenêutica, visto que, nesses textos, “É necessário ir além das manifestações imediatas para captá-los e desvelar o sentido oculto das impressões imediatas. O sujeito precisa ultrapassar as aparências para alcançar a essência dos fenômenos” (Chizzotti, 2000, p. 79). A partir dessas opções metodológicas tencionamos alcançar compreensões mais profundas que ajudem o humano a compreender melhor a si próprio.

Considerando que a Mística, para o Mestre, não transforma o indivíduo em uma ilha, mas, num Ser que percebe o sentido da sua existência quando se põe no caminho das relações, acreditamos que ela pode contribuir para o crescimento de uma segurança existencial. Essa segurança provinda do caminho místico de autoconhecimento, é um entendimento profundo sobre si próprio importante para problemas sociais hodiernos, como, por exemplo, a intolerância, em suas mais diversas manifestações: religiosa, racial, sexual, dentre outras. Ao estar consciente de si próprio, o indivíduo não se sente ameaçado pelo que é diverso, mas encontra possibilidades de formação a partir da existência do outro. Essa relação se apresenta como um caminho educativo frutuoso para a humanização das relações.

Perspectivas acerca da integralidade humana

Como dito anteriormente, a linguagem eckhartiana, por vezes, se apresenta de maneira paradoxal, exigindo do leitor determinado esforço para compreendê-la de fato. Essa característica linguística, por exemplo, se apresenta nas suas considerações sobre o homem. Para ele, “’Homo’, ‘o homem’, significa o mesmo que ‘aquele que é de terra’ e quer dizer ‘humildade’. A terra é o inferior dos elementos e encontra-se no meio e está totalmente envolvida pelo céu e recebe toda a influência do céu” (Eckhart, 2009, p. 23). A depender das escolhas, o homem, na visão do Mestre, pode ser de duas naturezas:

Importa saber, em primeiro lugar – como, aliás, é claro e manifesto -, que o homem tem em si duas espécies de natureza: corpo e espírito. Por isso diz um escrito: quem conhece a si mesmo, conhece todas as criaturas, pois todas as criaturas, pois todas as criaturas são ou corpo ou espírito. E a escritura diz do homem que há em nós, um homem exterior e, um outro, o homem interior

(Eckhart, 2016a, p. 8).

O homem exterior se configura naquele que se prende e não supera a sua dimensão corpórea, numa oposição ao homem interior, que busca a sabedoria inefável, revestindo-se de uma imagem eterna e divina, que lhe permite estabelecer comunhão com todas as outras criaturas (Eckhart, 2016a, 2009).

Para tornar-se um homem interior, na visão de Eckhart, é preciso ultrapassar três coisas: “A primeira é a corporalidade, a segunda multiplicidade, a terceira é a temporalidade” (Eckhart, 2009, p. 102). Numa perspectiva atual, quem supera o tempo e não se limita exclusivamente ao corpo ou ao espírito torna-se integral e não comporta as contradições da multiplicidade, pois encontra-se no mesmo chão das outras existências, percebendo a sua comunhão com elas.

Embora Ferdinand Rohr não parta de uma estrutura de oposição entre as duas condições do humano, pensada por Eckhart, nem utilize o conceito de superação para tratar do movimento de crescimento do humano, é possível perceber que, em ambos, a concepção de que o indivíduo não se encerra em uma condição biológica fica muito visível:

Lançando luz já nesse momento em direção da formação humana, podemos caracterizar dois momentos distintos. Um chamamos de hominização exatamente como processo que se impõe naturalmente das dimensões mais densas sobre as mais sutis. Pertencem a esse processo de hominização todos os desenvolvimentos biológicos, psíquicos emocionais e cognitivos, baseado num madurecer natural. A formação humana, compreendida como humanização, ao contrário, seria o trabalho árduo de fazer valer a voz do lado mais sutil do ser humano, o espiritual. Sob esse ponto de vista não negamos o lado espiritual como dimensão norteadora do processo de humanização

(Rohr, 2012, p. 17).

Embora que já tenhamos nascido pertencentes à espécie humana, o processo de humanização não acontece de modo natural, inclusive porque o próprio processo de hominização esgota, de alguma forma, a realização das potencialidades do ser humano, num sentido aproximado àquilo que consideraríamos a plenitude (Rohr, 2013a). Em um sentido humanizador, fazer valer a voz de nossa dimensão mais sutil é permitir discernir os aspectos da própria compreensão de si.

Ao humano, é preciso intuí-lo de modo integral. A integralidade pressupõe a contemplação e a valorização do ser humano de maneira ampla e abrangente, sem negligenciar nenhum dos seus aspectos existenciais, porém, dando voz à sua realidade mais sutil, aquela que dá sentido à sua existência, que nomeamos por espiritualidade. Essa postura nos leva a perceber o humano de modo indivisível, de alguém em que não pode ser departamentalizado, compartimentalizado, reduzido, condicionado ou alienado de si mesmo.

Nesse sentido, cada existência se apresenta como única, irrepetível. Assim, a visão acerca dos aspectos que constituem a integralidade do ser humano passa, necessariamente, tanto pela auto realização do ser em si mesmo, quanto pelo domínio das suas relações interpessoais. Essa visão nos indica que o diverso não representa uma ameaça, mas uma possibilidade de autoconhecimento e amadurecimento humano. Aquilo que o outro reflete não fala apenas do que ele próprio é, mas também de aspectos da existência daquele que o observa; o outro, em certa medida, revela também aquilo que sou.

Na perspectiva do Mestre Eckhart, é possível encontrar o chão de uma analogia que nos ajuda a compreender a ligação existente entre a condição humana e suas dimensões: “O sol brilha sem cessar; contudo, quando uma nuvem ou neblina se interpõe entre nós e o sol, já não lhe percebemos o brilho. Do mesmo modo, quando o olho está doente em si mesmo, e enfermiço, ou velado, é-lhe impossível perceber o brilho” (Eckhart, 2016a, p. 12). O indivíduo precisa discernir sobre as dimensões que constituem a sua existência; esse é um movimento que o coloca num caminho de formação mais abrangente. A abrangência, nada mais é do que a realização da nossa condição humana, ou seja, o cumprimento verdadeiro daquilo que somos, integralmente:

[...] a palavra “homem” significa algo que transcende a natureza, o tempo e tudo o que diz respeito ao tempo ou sabe a tempo; e o mesmo se diga do espaço e da corporeidade. Ademais, esse “homem” de certa forma nada compartilha com coisa alguma, isto é, não se configura ou se assemelha com isto nem com aquilo, e nada se sabe do Nada, de sorte que em nenhuma parte dele se encontra ou percebe algo do Nada; tão perfeita é sua imunidade ao Nada que nele só encontrarás vida, ser, verdade e bondade puros. Uma pessoa assim é na verdade um homem “nobre”, nem menos nem mais

(Eckhart, 2016a, p. 14).

Nesse sentido, Eckhart, nos fala sobre inúmeros e possíveis caminhos para perceber a multiplicidade das dimensões que constituem o ser humano e sua interdependência. Para tanto, ele utiliza, hermeneuticamente, as categorias de tempo e de espaço. Mais ainda, oferece-nos um caminho qualitativo de ajuda, que visa levar-nos a compreensão e aproximação da noção de corporeidade.

A noção de corporeidade é importante para perceber que as categorias já consolidadas e consagradas no campo da lógica formal, que pretende determinar o que é a verdade, enquanto um sistema de inferências, não conseguem dar conta da abrangência e da compreensão do humano e dos aspectos que envolvem sua formação. É preciso ainda ir além, superar os paradigmas e as compreensões já existentes, que valorizam o humano pela sua capacidade produtiva, e estabelecer uma nova ótica, que ultrapasse e transcenda os modelos preestabelecidos, permitindo alcançar uma noção ontológica mais próxima do que é, verdadeiramente, o Ser e sua condição fundamental.

Dessa forma, o homem interior de Eckhart se encontra com a perspectiva da integralidade e da multidimensionalidade de Rohr, quando o indivíduo se coloca a caminho de um processo de maturidade espiritual. À medida que consegue enxergar-se para além de seus próprios condicionamentos existenciais torna-se mais próximo da plenitude do seu Ser. Sobre isso, acrescenta-se;

Quanto mais nobre é algo, tanto mais universal. O sentido, eu o tenho em comum com os animais, e a vida com as árvores. O ser me é ainda mais interior, eu o tenho em comum com todas as criaturas. O céu abrange tudo o que está abaixo dele. Por isso é ele também mais nobre. Quanto mais nobre as coisas, tanto mais abrangentes e universais

(Eckhart, 2009, p. 58).

A ideia de integralidade não está relacionada a algo genérico, superficial e indefinido, pois nobreza da alma humana, que é tornarse cada vez mais livre dos condicionamentos. Ao se colocar em busca da integralidade e da sua condição mais profunda, o homem deixa de se enxergar como um acidente e se põe a caminho de superar os extratos interiores do egoísmo e da avareza sentimental. Isso permite tornar a nossa existência abrangente e nobre.

O acesso a condição integral acontece quando o homem unifica sua alma e se coloca a caminho da superação de suas próprias contradições, mais ainda, quando se desprende de tudo aquilo que impede sua realização e processo de maturidade espiritual. Ao tornar-se coerente em sua própria existência e unívoco, o indivíduo pode compartilhar de sua humanidade com todos os outros indivíduos.

Desse modo, o caminho de compreensão da perspectiva da integralidade passa pelo movimento de coerência e de consciência de sua própria natureza e existência no mundo. Não se pode crescer humana e espiritualmente sem consciência de si próprio, de suas limitações, potencialidades, capacidades e fé na condição possível; esse movimento exige a busca por um viver autêntico. Ademais, “solicitar seguir e imitar um exemplo não faz o menor sentido, pois jamais alguém consegue imitar outra pessoa ou uma abstração, e nessa tentativa, com certeza, deixará de realizar o que traz em termos de potenciais próprios” (Rohr, 2013b, p. 128).

A integralidade, nesse aspecto, está relacionada ao mistério do Ser e àquilo que ainda nós não somos. Mais ainda, indica que a pessoa humana não é estática e acabada, mas que a condição humana é de puro devir, ou seja, que cada um deve colocar-se, constantemente, em um caminho de autoconhecimento e descoberta de si mesmo, com vistas à sua realização enquanto pessoa humana.

Educação: caminho para formação humana

Na História da Educação, percebemos que a prática pedagógica serviu, muitas vezes, para implementar modelos políticos e ideológicos de formação, impondo uma necessidade de estabelecer uma gama de doutrinas, dogmas, culto e disciplina (Gadotti, 2003). Com a institucionalização do cristianismo, por exemplo, houve um intenso movimento para difundir as ideias típicas dessa tradição, utilizando estratégias como o uso da língua grega, a fim de solidificar sua doutrina (Nunes, 2018). Como resultado, a Educação, por muitos séculos, foi utilizada com o propósito catequético.

A catequese, enquanto processo institucionalizado, se encarrega de apresentar as bases da fé e dos dogmas que a alicerçam. É uma forma de apresentar e de inserir o neófito no contexto das verdades da fé, na intenção de que o mesmo as assimile e as reproduza, geralmente de forma irreflexiva.

A Educação, por sua vez, diferentemente da catequese, pode ser compreendida por um caminho que “[...] conduz progressivamente à descoberta de si próprio e cria, pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores da existência humana” ( Jaeger, 2003, p. 3). Dessa forma, a Educação assume a característica de uma relação do Ser Humano consigo próprio, sem alienar a sua existência a um ser externo.

A Educação, enquanto processo de formação humana, permite a compreensão do indivíduo, enquanto pessoa integral tanto no seu relacionamento consigo próprio quanto na sua vida social. Nesse sentido, Rohr (2013), nos dá a compreensão de que a Educação é um processo no qual, além da formação humana, no sentido de humanizar o educando, oferece recursos capazes de auxiliá-lo na vida social, pois gera nele compromissos éticos.

Não é a Educação em si mesma que dá a essência humana ao indivíduo, pois ela já está presente em nossa condição de existente, mas, sua atividade apara as arestas do instinto inconsciente, permitindo a inserção na vida social e no desenvolvimento de certas habilidades como a empatia, o respeito e o altruísmo.

[...] já tive a oportunidade de propor um outro símile muito claro: quando um mestre faz uma imagem de madeira ou de pedra, ele não introduz a imagem na madeira; o que ele faz é aparar as lascas que ocultavam e encobriam a imagem; não dá coisa alguma à madeira, mas lhe tira e escava a cobertura e afasta a ferrugem, fazendo aparecer o brilho que jazia oculto debaixo dela

(Eckhart, 2016a. p. 12).

A Educação, enquanto núcleo de formação espiritual, não insere uma realidade externa ao ser humano, mas oferece suporte para que a sua natureza mais ampla e mais profunda floresça, despertando a abertura de si para o outro, favorecendo relações sociais livres de preconceitos e amarras.

Essa educação que é fulcro de crescimento humano, deve compreender, respeitar e valorizar todas as dimensões da condição humana, oferecendo espaço e oportunidade para florescerem e desenvolverem-se as características que constituem a condição humana. Ela, por ser uma expressão concreta da Mística, não deseja propor uma lógica salvacionista ou um movimento messiânico para a sociedade, mas, apresentar uma concepção ética, a partir da integralidade do humano, que não se associa a modelos fundamentalistas. Ela se projeta como uma visão de mundo que proporciona experiências de vida tão significativas que independem de cor, raça, credo ou confissão religiosa institucionalizada.

Como vimos anteriormente, esse processo não acontece de maneira natural (Rohr, 2013a) e, embora não seja possível guiar alguém por ele, é importante que haja alguém para oferecer as ferramentas ou dar o suporte necessário quando o indivíduo se sentir preparado para trilha-lo. É preciso que seja um movimento consciente e voluntário. Assim, é importante destacar que não é da competência do educador forçar e/ou conduzir, por sua própria vontade, o educando por esse caminho de crescimento humano e espiritual. Um processo educacional que se quer integral deve ter uma participação ativa do educador.

Na obra Da Divina Consolação (2016b), Eckhart indica que quando o ser humano age em função de uma ação e a traz para perto do seu coração, o seu interesse fica direcionado ao fim pelo qual ele dedica todo seu esforço e empenho. Nesse caso, se o interesse do educador estiver ligado ao desejo de preparar os seus educandos para as dificuldades da vida e essa intenção estiver perto do seu coração, suas ações serão dedicadas a formar indivíduos cheios de virtudes.

Nesse chão de possibilidades, podemos pensar sobre o papel do educador, como parte fundamental e imprescindível no caminho de crescimento humano. O educador deve se sentir corresponsável pela transformação e, consequentemente, pelo futuro daqueles confiados aos seus cuidados e a sua atuação deve oferecer modos que permitam um processo de autorreflexão no educando, pois,

A tarefa do educador é, nesse caso, buscar as formas adequadas em que ele os confronta com a própria situação. Só no momento em que o apelo de educador para uma autocontemplação toca o aluno no seu íntimo faz sentido auxiliá-lo na análise dos seus descaminhos e fortalecê-lo a seguir o próprio caminho. Nesse caso, ele dispõe de condições para distinguir entre seu caminho e os desvios, com convicção própria

(Rohr, 2013b, p. 126).

Para tanto, é de extrema importância que aquele que irá conduzir a formação educacional seja um indivíduo que já tenha se posicionado em um processo autêntico de autodescoberta e de crescimento existencial. Não se pode conduzir alguém por um lugar desconhecido por si, ou seja, que nunca o trilhou nem experimentou. Porém, “Um mestre diz: quem tivesse estado no sol e na lua, e visse a maravilha que são, se não tivesse ninguém para partilhar isso, não poderia suportá-lo” (Eckhart, 2008, p. 187). Dessa forma, crescer espiritualmente torna-se tão frutuoso, que aquele que se colocou no caminho deseja que haja sempre a possibilidade de que outros também se coloquem e o experimentem.

Educação e espiritualidade

Eckhart (2008) nos ensina sobre a existência de três níveis de conhecimentos: o corpóreo, da ordem das sensações; o espiritual, advindo das imagens geradas do conhecimento corpóreo e, por último, o conhecimento em que o espírito se volta para seu próprio íntimo, também chamado de conhecimento interior. Sobre ele, podemos considerar a seguinte explanação,

O conhecimento interior é aquele que se fecunda de modo intelectual no ser de nossa alma; no entanto, ele não é o ser de nossa alma; ele, porém, lança suas raízes nela e é algo da vida da alma, isto é, vida dotada de intelecto, e nessa vida o homem é gerado como o Filho de Deus e para a vida eterna; e esse conhecimento é sem tempo e sem espaço, sem aqui e sem agora

(Eckhart, 2008, p. 91).

No pensamento eckhartiano, a alma e a sabedoria estabelecem uma relação de intimidade que é vital para ambas, pois, para ele, não se pode ignorar o fato de que o conhecimento interior está intimamente ligado ao conhecimento intelectual. Assim, dissociar a formação espiritual da capacidade de pensar, articular e conhecer seria danoso, pois ela é estimulada e fertilizada pelo intelecto.

Seguramente, crescer espiritualmente exige um nível de amadurecimento de si. E, além da possibilidade desse crescimento ser interrompido ou pausado pelas situações da vida prática, ele ainda se caracteriza por ser um comprometimento perene, interminável do humano consigo mesmo. Esse caminho pode ser entendido a partir da seguinte metáfora,

Agora prestai atenção e observai com precisão! Se o homem permanecesse para sempre moça-virgem, dele não viria nenhum fruto. Para tornar-se fecundo é necessário que seja mulher. “Mulher” é o nome, o mais nobre que se pode atribuir à alma, e é muito mais nobre que “moçavirgem”

(Eckhart, 2009, p. 47).

Viver um processo educacional, em uma perspectiva espiritual, implica em tornar-se, metaforicamente, uma Mulher. O estado de moça-virgem é caracterizado pela falta de frutos, ou seja, pela falta de capacidade de desenvolver e fertilizar a vida espiritual. Somente passando do estado de “moça-virgem” para a “condição de mulher” que poderemos experienciar a fecundidade existencial de compreender, aceitar, afirmar e realizar a sua existência no mundo. Ser mulher é quando o indivíduo: “[...] se afirma como presença livre, alguém que busca reconhecer na vivência com o outro a autenticidade da própria liberdade, a característica essencial do ser pessoa, a saber, a disponibilidade” (Silva, 2019, p.212).

A proposta de uma Educação como um caminho espiritual de afirmação da pessoa humana auxilia não apenas na promoção de ações esporádicas, mas numa outra concepção formativa que pretende ser humanizadora e coerente. Isso desperta um sentimento de corresponsabilidade pelas conquistas e pelas limitações daqueles que estabelecem relações sociais e afetivas conosco. É um movimento de colocar-se a caminho, abertos à transformação, para não perder ou banalizar as características mais preciosas que possuímos.

O processo educativo, como núcleo de espiritualidade, é um meio de encontrar sentido para o que se aprende nas instituições de ensino e, consequentemente, na vida social. Isso ajuda a despertar os indivíduos para caminhos em que se permite desenvolver sentimento de solidariedade, empatia e altruísmo, pois: “O que se transforma em um outro, torna-se um com ele” (Eckhart, 2009, p. 73). Por mais que o indivíduo se sinta desenvolvido nesse processo de crescimento, deve-se levar em consideração o seguinte conselho,

O homem jamais deve julgar tão bem sua ação, mesmo que tenha feito perfeitamente, a ponto de tornar-se desligado das obras e seguro de si mesmo e de reduzir sua razão à ociosidade ou ao endormecimento. Deve-se medir continuamente com essas duas forças, a razão e a vontade, a fim de lograr o melhor em sumo grau; destarte, encontra-se decididamente armado contra todo e qualquer dano; assim não perde nada em cada coisa, antes, pelo contrário, cresce ininterruptamente e em alto grau

(Eckhart, 2016c, p. 21).

Pensar que já se alcançou o máximo de humanidade possível, ou pelo menos um estágio considerado satisfatório, pode ser pernicioso para o indivíduo. O caminho do crescimento humano é infindável. Por isso, é extremamente importante colocar-se sempre aberto e disponível para a transformação que se apresentar necessária, em busca de uma compreensão mais clara sobre nossa própria existência.

Alcançar um nível de compreensão tão elevado ajuda a enxergar o verdadeiro e o puro conhecimento “Um mestre diz: Puro conhecimento, mesmo aqui <ainda> nesta vida, abriga em si mesmo tão grande prazer, que o prazer de todas as coisas criadas é bem um nada diante do prazer que o puro conhecimento em si comporta” (Eckhart, 2009, p. 53). Por verdadeiro e puro conhecimento, nos dias atuais, queremos compreender o processo de formação que não se apoia em projetos de transferência da dignidade do humano para realidades externas.

O puro conhecimento, nessa perspectiva existencial, é alcançar a sabedoria de cumprir sua própria essência e assumir, com responsabilidade, a sua existência no mundo. Essa indicação possui um profundo significado, pois o processo de formação humana não diz respeito apenas a crescer intelectualmente, mas, a colocar-se no caminho, num processo de contínua abertura. Tudo isso indica que o caminho de realização existencial não negligencia ou despreza nenhum dos aspectos da vida e da existência do indivíduo. E, nesse caso, a Educação enquanto Espiritualidade, deve favorecer um crescimento humano integral.

Conclusão

As relações existenciais entre Educação e Espiritualidade que aqui foram propostas, estão baseadas em reflexões afloradas nos encontros do grupo de estudos em Educação, Filosofia e Espiritualidade, do programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE. Tais discussões se justificam ao percebermos que há um crescente distanciamento das características mais íntimas da condição humana, como a solidariedade, empatia, respeito e um crescimento de sentimentos de competição, intolerância e individualismo no processo educacional.

Essa realidade favorece o crescimento de inúmeros problemas sociais que colocam a vida humana abaixo dos interesses pessoais, os quais podem ser vistos a todo tempo atualmente. O enfrentamento a eles se apresenta como um dos grandes desafios pedagógicos atuais, demandando perspectivas que ressignifique nossas compreensões e práticas atuais.

Os docentes, como personagens importantes da ação educativa, devem ser aqueles que se colocam num caminho de crescimento espiritual, enquanto dimensão constitutiva da sua humanidade. Eles, por exercerem papel tão importante, não podem assumir uma posição negligente e despreocupada com as situações que colocam em risco a existência e o bem-estar dos seus educandos, porém, precisam primeiro trilhar eles próprios os caminhos de conhecimento humano e espiritual.

Consideramos que as contribuições teóricas e espirituais de Mestre Eckhart podem, claramente, oferecer suporte para uma formação que seja humanizadora, pois articulam, com uma linguagem que é típica do seu contexto, a necessidade de considerar a integralidade da condição humana, não permitindo que nenhuma das suas dimensões seja banalizada no processo de auto realização. Mais ainda, suas contribuições podem auxiliar-nos na construção de um processo educacional que visa o desenvolvimento integral do ser humano, favorecendo a consciência de dimensões profundamente humanas, como a tolerância, em seus diversos aspectos e manifestações.

Nesse sentido, o olhar místico de Eckhart se torna propositivo para a Educação, quando se coloca em perspectiva da formação humana se projetando para além da formação técnica e acadêmica, e colocando-se como uma visão de mundo para além dos dogmas e reducionismos confessionais. Conforme essa perspectiva místicofilosófica, o homem é um Ser que, empenhando-se no propósito de desvelamento de si mesmo, torna-se plenamente humano, passando assim, a viver movido pelo núcleo de uma consciência profunda.

Dessa forma, a Mística se apresenta como um horizonte possível, capaz de ressignificar os processos educacionais que fragmentam e compartimentalizam a pessoa humana. Ela, enquanto meio de autoconhecimento, oferece um caminho para que o indivíduo encontre em si próprio o sentido para a sua existência e as suas relações. Assim, a Educação que se projeta enquanto processo formativo integral gera uma vivência responsável no mundo.

É preciso colocar-se a caminho, na busca do autoconhecimento, da auto aceitação e, consequentemente, na busca de meios para superar os diversos problemas sociais que emergem dessa realidade, favorecendo, assim, o desenvolvimento de personalidades mais conscientes de si. Isso ajuda o indivíduo a ser justo, solidário, autêntico e empático, permitindo que as relações interpessoais estabelecidas sejam mais cordiais, fraternas e permeadas pelo sentimento de corresponsabilidade pela existência e preservação da dignidade do outro, favorecendo um crescimento humano mútuo.

3É possível encontrar perspectivas diversas sobre a compreensão das dimensões constitutivas do ser humano. A percepção que compartilhamos é aquela apresentada por Ferdinand Röhr, que compreende o humano a partir de cinco dimensões básicas: a física, representada pela corporalidade e suas características biológicas; a sensorial, que nos são manifestadas pelas percepções do mundo sensível a partir dos cinco sentidos; a emocional, que abrange as movimentações dos nossos diversos estados emocionais; a mental, que compreende o racional, o lógico e a nossa capacidade de reflexão e, por fim, a dimensão espiritual, que dá sentido àquilo que transcende a realidade verificável do mundo empírico. Para Röhr, “A dimensão espiritual transcende a realidade empiricamente verificável e nem por isso deixa de ser realidade para quem se volta para ela e se compromete com ela. (2012, p. 15). A importância dessa dimensão está, em justamente, atribuir sentido à realidade humana, naquilo em que as outras dimensões são insuficientes.

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Recebido: 22 de Maio de 2022; Aceito: 12 de Dezembro de 2022

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