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História da Educação

versión impresa ISSN 1414-3518versión On-line ISSN 2236-3459

Hist. Educ. vol.26  Santa Maria  2022  Epub 30-Nov-2022

https://doi.org/10.1590/2236-3459/117448 

Resenha

MÉTODOS, OBJETOS E FONTES: A PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

MÉTODOS, OBJETOS E FUENTES: LA INVESTIGACIÓN EN HISTORIA DE LA EDUCACIÓN

METHODS, OBJECTS AND SOURCES: THE SEARCH IN HISTORY OF EDUCATION

MÉTHODES, OBJETS ET SOURCES: LA RECHERCHE EN HISTORIE DE L'ÉDUCATION

Daniel Longhini Vicençoni* 
http://orcid.org/0000-0003-3662-8855

* Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR, Brasil.

ROCHA, Alessandro Santos da; Faria FILHO, Luciano Mendes de; PERIOTTO, Marcília Rosa. Métodos, objetos e fontes: a pesquisa em história da educação. Maringá: EDUEM, 2020. 220p.


A obra, intitulada Métodos, objetos e fontes: a pesquisa em história da educação, foi organizada pelos pesquisadores Alessandro Santos da Rocha, Luciano Mendes de Faria Filho e Marcília Rosa Periotto. O livro foi publicado pela Editora da Universidade Estadual de Maringá (EDUEM), em 2020.

Alessandro Santos da Rocha é Graduado em História, Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Atualmente, atua como professor adjunto da referida instituição, lotado no Departamento de Pedagogia - Campus Regional de Cianorte.

Luciano Mendes de Faria Filho é Graduado em Pedagogia, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.

Marcília Rosa Periotto é Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestra em Educação pela Universidade Estadual de São Carlos (UFSC) e Doutora em Educação pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Atualmente, é professora não titular da Universidade Estadual de Maringá.

O livro foi divido em duas partes, sendo a primeira intitulada “Do método na pesquisa” e conta com quatro artigos: 1) Contribuições do pensamento de Carlo Ginzburg ao trabalho com as fontes históricas em estudos étnico-raciais e pós-coloniais na história da educação; 2) Aproximações do pensamento de Carlo Ginzburg à perspectiva historiográfica de Marc Bloch: pistas para a pesquisa em história da educação; 3) Conhecendo professoras pela lente da micro-história; 4) Ausências e imaginação no trabalho com as fontes: processos de produção de narrativas historiográficas.

A segunda parte se intitula “Das fontes e do objeto” e conta com seis artigos: 5) Educação física e americanismo: rastros de padrões culturais entre fios e nós (1932-1950); 6) Por entre silêncios, indícios e decifrações: fios da trama que conferiram identidade à atuação de Renato Eloy de Andrade com a educação física em Minas Gerais (1927-1937); 7) Miguel do Sacramento Lopes Gama, o jornal O Carapuceiro (1832-1845) e a educação da juventude; 8) A questão educacional e o nacionalismo na obra de Alberto Torres na transição e consolidação da Primeira República; 9) Arquivo Alda Lodi: um legado para a pesquisa no campo da história da educação de Minas Gerais; 10) Escravidão e instrução elemental no jornal Província do Paraná - século XIX.

O livro foi resultado de uma parceria interinstitucional realizada por meio do Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil (UFMG) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (UEM). Vale destacar, nesse sentido, que os pesquisadores estão vinculados ao projeto “A educação nos Projetos de Brasil: espaço público, modernização e pensamento histórico e social brasileiro nos séculos XIX e XX”, coordenado pelo professor Luciano Mendes de Faria Filho.

Trata-se de um livro que apresenta pesquisas distintas que convergem para um caminho comum: métodos e fontes na História da Educação. Com escrita fluída, cada capítulo contribuiu de maneira ímpar para (re) pensar o campo de pesquisa, bem como apresentam temáticas necessárias que, por muitos anos, foram negligenciadas pela historiografia da educação.

Desde a década de 1980, discute-se o papel dos teóricos da história no campo da História da Educação. Nesse contexto, o livro, aqui resenhado, avança em tais debates e demonstra que os historiadores da Educação progrediram em suas leituras e análises, reiterando a fertilidade que se apresenta em tal área do conhecimento.

No prefácio, escrito pelo pesquisador Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, foi destacado a multiplicidade dos métodos e das fontes que possibilitam as análises no campo da Educação. Para ele, o livro proporciona uma leitura crítica da educação, por meio de visões políticas distintas, oferecendo ao leitor a possibilidade de conhecer e formar sua visão sobre a Educação.

O primeiro capítulo, intitulado “Contribuições do pensamento de Carlo Ginzburg ao trabalho com as fontes históricas em estudos étnico-raciais e pós-coloniais na história da educação, foi escrito pelo professor Doutor Gustavo Henrique Araújo Forde. Nesse texto, o autor faz uma análise histórica da Educação, utilizando o aparato conceitual do historiador italiano Carlo Ginzburg. Trata-se de um capítulo conciso, que estabelece uma análise crítica acerca dos estudos étnico-raciais e pós-coloniais, destacando a possibilidade e a necessidade de fugir dos maniqueísmos e das dicotomias existentes em diversas narrativas estereotipadas e imaginários pré-construídos no âmbito dos estudos educacionais.

Miriã Lúcia Luiz, professora Doutora e autora do segundo capítulo, intitulado “Aproximações do pensamento de Carlo Ginzburg à perspectiva historiográfica de Marc Bloch: pistas para a pesquisa em história da educação”, destaca a possibilidade de análise em História da Educação por meio da ótica de Marc Bloch e de Carlo Ginzburg, propondo uma aproximação entre os dois. No decorrer do capítulo, é possível perceber o trato minucioso que a autora teve ao aproximar (e distinguir) as propostas teóricas de ambos os historiadores. O objetivo foi deixar “fios” para futuros historiadores da Educação que buscam problematizar e escrever de forma estética e teórica.

No capítulo “Conhecendo professoras pela lente da micro-história”, os autores Cecília Vieira do Nascimento e Luciano Mendes de Faria Filho apresentam uma discussão teórica acerca do debate da Micro-História e das possíveis interlocuções com o campo da História da Educação.

O quarto e último capítulo da primeira seção é intitulado “Ausências e imaginação no trabalho com as fontes: processos de produção de narrativas historiográficas”, e foi escrito por Andrea Brandão Locatelli, Rosianny Campos Berto e Regina Helena Silva Simões, que destacam a produção de Michel de Certeau, Marc Bloch e Carlo Ginzburg na reprodução de novos conhecimentos sobre a História da Educação no estado do Espírito Santo, afirmando a possibilidade de analisar múltiplas fontes por meio de um trato metodológico flexível e rigoroso.

O texto “Educação física e americanismo: rastros de padrões culturais entre fios e nós (1932-1950)”, de Omar Schneider, Amarílio Ferreira Neto e Wallace Rocha Assunção, abre a segunda parte do livro que se dedica em apresentar análises de fontes no campo da História da Educação. Nesse capítulo, os autores demonstraram um amplo domínio dos conceitos ginzburgianos, concomitante ao conhecimento acadêmico pertinente ao trabalho com as fontes periódicas relacionas à História da Educação Física.

No sexto capítulo, “Por entre silêncios, indícios e decifrações: fios da trama que conferiram identidade à atuação de Renato Eloy de Andrade com a Educação Física em Minas Gerais (1927-1937)”, a autora Giovanna Camila da Silva demonstra, assim como os outros autores, um profundo conhecimento do aparato conceitual do historiador italiano, Carlo Ginzburg. Em seu texto, ela fez um estudo sobre os trajetos do professor Renato Eloy de Andrade, afirmando que o resultado final só foi alcançado devido à investigação das fissuras das múltiplas fontes documentais.

Adriene Santanna e Marcília Rosa Periotto são as autoras do sétimo capítulo: “Miguel do Sacramento Lopes Gama, o jornal O Carapuceiro (1832-1845) e a educação da juventude. Trata-se de um texto que utilizou como método a pesquisa histórica e a confrontação das fontes com o contexto na qual foram produzidas. Apresenta, dessa forma, aos leitores, análises críticas referentes ao periódico analisado.

O oitavo ensaio da obra, intitulado “A questão educacional e o nacionalismo na obra de Alberto Torres na transição e consolidação da Primeira República”, de Érica Myeko Ohara Itoda e Marcília Rosa Periotto apresenta uma discussão sobre o pensamento educacional de Alberto Torres, um jornalista e político brasileiro. De escrita fluída, o texto proporciona discussões pertinentes para os interessados na História da Educação brasileira, em especial no período da transição do Império para a República, momento em que se consolida uma nova face política no Brasil, mas que mantém as mesmas estruturas sociais.

O nono capítulo do livro, intitulado “Arquivo Alda Lodi: um legado para a pesquisa no campo da história da educação de Minas Gerais”, de Nelma Marçal Lacerda Fonseca, refere-se a um relato pessoal sobre seu trabalho de pesquisa com o acervo da professora Alda Lodi, que foi doado para o Museu da Escola de Minas Gerais, em 2002. Os comentários da autora podem auxiliar os pesquisadores que se interessam por história oral e pelo trabalho com preservação de documentação em arquivos.

O décimo e último capítulo de livro, “Escravidão e instrução elementar no jornal Província do Paraná - século XIX”, foi escrito por Vicente Moreira da Silva e Cézar de Alencar Arnaut de Toledo. Trata-se de um texto que articula análises precisas sobre as discussões que permeavam a imprensa paranaense no século XIX acerca da urgência de educar e de instruir os escravizados no contexto da Abolição.

De maneira geral, a obra Métodos, objetos e fontes: a pesquisa em história da educação cumpre seu objetivo de apresentar discussões pertinentes nas mais diversas áreas que circunscrevem o campo da História da Educação. Demonstrando um rigor acadêmico ímpar, o livro pode e deve ser utilizado como referencial nas graduações e pós-graduações dos cursos da área de Pedagogia e de Estudos Educacionais.

Trata-se, portanto, de uma importante contribuição para o campo da História da Educação, sobretudo àqueles que se dedicam a estudar as questões de metodologia que permeiam o dia-a-dia do pesquisador. Tais temas são fundamentais para suscitar problematizações que podem levar à atualização de qualquer trabalho acadêmico, principalmente porque, em tempos em que se nega a ciência e seus procedimentos, a obra reforça que não se faz ciência sem fundamentação teórica e metodológica.

Referências

ROCHA, Alessandro Santos da; FILHO, Luciano Mendes de Faria; PERIOTTO, Marcília Rosa (Org.). Métodos, objetos e fontes: a pesquisa em história da educação. Maringá: EDUEM, 2020. 220p. [ Links ]

Recebido: 05 de Agosto de 2021; Aceito: 07 de Setembro de 2021

E-mail: daniel.longhini97@gmail.com

DANIEL LONGHINI VICENÇONI é doutorando do Programa de Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá, na linha de pesquisa em História e Historiografia da Educação. Participa do Grupo de Pesquisa Sobre Política, Religião e Educação na Modernidade (UEM) e do grupo de Estudo e Pesquisa em História da Educação e do Ensino de Leitura e Escrita - GEPHEELE (UEM).

Editora responsável:

Dóris Bittencourt Almeida

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