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História da Educação

Print version ISSN 1414-3518On-line version ISSN 2236-3459

Hist. Educ. vol.27  Santa Maria  2023  Epub May 20, 2023

https://doi.org/10.1590/2236-3459/127288 

Artigo

MANUAIS E EDIÇÃO ESCOLAR EM NÁPOLES (1806-1820)

* Università degli Studi del Molise, Molise, Itália.


Resumo

A contribuição concentra-se nos livros didáticos adotados nas escolas do Reino de Nápoles (1806-1815) e do Reino das Duas Sicílias (1816-1820) e nas gráficas atuantes no setor de manuais escolares. Os eventos do mercado tipográfico-editorial são cotejados no contexto da reforma educacional realizada durante a Década Francesa, que constituiu a condição histórica para o desenvolvimento do mercado de livros didáticos. O trabalho de pesquisa baseia-se principalmente em fontes indiretas devido à indisponibilidade de fontes primárias. A análise realizada, do lado institucional, permite identificar os textos e autores indicados pelo Estado para modernizar a atividade docente. O levantamento realizado nas gráficas/editoras retorna a geografia produtiva da edição escolar no período considerado. A atividade editorial manteve-se relegada para as capitais dos reinos e esteve quase totalmente ausente nas províncias, que careciam de tecido produtivo, mas não de mercado escolar.

Palavras-chave:  Livros didáticos; editoria escolar-educativa; Reino de Nápoles; Reino das Duas Sicílias

Riassunto

Il contributo si focalizza sui libri di testo adottati nelle scuole del Regno di Napoli (1806-1815) e del Regno delle Due Sicilie (1816-1820) e sulle imprese tipografiche attive nel settore della manualistica scolastica. Le vicende del mercato tipografico-editoriale sono collacote nel contesto della Riforma dell’istruzione realizzata durante il Decennio francese, che ha costituito la condizione storica per lo sviluppo del mercato del libro di testo. Il lavoro di ricerca è basato principalmente su fonti indirette per l’indisponibilità delle fonti primarie. L’analisi condotta sul versante istituzionale consente di individuare i testi e gli autori indicati dallo Stato allo scopo di modernizzare l’attività didattica. La ricognizione effettuata sui tipografi/editori restituisce la geografia produttiva dell’editoria scolastica nel periodo considerato. L’attività editoriale rimase relegata alle capitali dei regni e fu quasi del tutto assente nelle provincie, le quali erano prive di un tessuto produttivo ma non di un mercato scolastico.

Parole chiave: Libri di testo; Editoria scolastico-educativa; Regno di Napoli; Regno delle Due Sicilie

Resumen

La contribución se centra en los manuales escolares adoptados en las escuelas del Reino de Nápoles (1806-1815) y del Reino de las Dos Sicilias (1816-1820) y en las imprentas activas en el sector de los manuales escolares. Las vicisitudes del mercado de la imprenta-edición se sitúan en el contexto de la reforma educativa llevada a cabo durante la Década Francesa, que constituyó la condición histórica para el desarrollo del mercado del libro de texto. El trabajo de investigación se basa principalmente en fuentes indirectas debido a la no disponibilidad de fuentes primarias. El análisis realizado desde el punto de vista institucional permite identificar los textos y autores indicados por el Estado para modernizar las actividades de enseñanza. El estudio de las imprentas/editoriales nos devuelve la geografía productiva de la edición escolar en el periodo considerado. La actividad editorial quedó relegada a las capitales de los reinos y estuvo casi totalmente ausente en las provincias, que carecían de tejido productivo aunque no de mercado escolar.

Palabras clave: Libros de texto; Edición escolar-educativa; Reino de Nápoles; Reino de las Dos Sicilias

Abstract

The contribution focuses on the textbooks adopted in the schools of the Kingdom of Naples (1806-1815) and the Kingdom of the Two Sicilies (1816-1820) and the printing companies active in the school textbook sector. The events of the printing-publishing market are placed in the context of the educational reform carried out during the French Decade, which constituted the historical condition for the development of the textbook market. The research is mainly based on indirect sources due to the unavailability of primary sources. The analysis conducted on the institutional side makes it possible to identify the texts and authors indicated by the State in order to modernise teaching. The reconnaissance carried out on printers/publishers returns the productive geography of school publishing in the period considered. Publishing activity remained relegated to the capitals of the kingdoms and was almost completely absent in the provinces, which lacked a productive fabric but not a school market.

Keywords: Textbooks; School-educational publishing; Kingdom of Naples; Kingdom of the Two Sicilies

Résumé

L’article porte sur les manuels scolaires adoptés dans les écoles du Royaume de Naples (1806-1815) et du Royaume des Deux-Siciles (1816-1820) et sur les imprimeries actives dans le secteur des manuels scolaires. Les vicissitudes du marché de l'imprimerie et de l'édition sont placées dans le contexte de la réforme de l'enseignement menée pendant la Décennie française, qui a constitué la condition historique pour le développement du marché des manuels scolaires. Le travail de recherche est principalement basé sur des sources indirectes en raison de l'indisponibilité des sources primaires. L'analyse menée du côté institutionnel permet d'identifier les textes et les auteurs indiqués par l'Etat pour moderniser l'enseignement. L’analyse effectuée sur les imprimeurs/éditeurs restitue la géographie productive de l'édition scolaire dans la période considérée. L'activité éditoriale restait reléguée dans les capitales des royaumes et était presque totalement absente dans les provinces, qui manquaient d'un tissu productif bien qu'un marché scolaire soit présent.

Mots-clés: Manuels scolaires; Édition scolaire et éducative; Royaume de Naples; Royaume des Deux-Siciles

INTRODUÇÃO

Na Itália, os estudos e pesquisas sobre manuais e editoração educacional escolar tiveram um desenvolvimento concreto apenas nos últimos tempos. A maioria delas, aliás, data apenas dos últimos vinte anos, possibilitada por uma “verdadeira revolução historiográfica” no campo dos estudos histórico-educacionais, com a transição da história tradicional da escola, concebida essencialmente como a história de teorias e modelos escolares institucionais, à história da escola entendida como a história da cultura material da escola (SANI, 2020, p. 13).

Com a mudança de paradigma, o livro didático finalmente adquiriu a dignidade de estudo, consolidando-se entre as fontes necessárias para compreender, descrever e analisar os processos de formação (BIANCHINI, 2000). Seguindo a importância assumida pelos manuais escolares, inúmeras pesquisas têm sido lançadas no campo da edição escolar-educacional, aprofundadas em seus diversos aspectos e personagens, como demonstram as resenhas bibliográficas editadas por M. Galfré (2001), E. Marazzi (2012) e A. Ascenzi (2013).

Há, no entanto, uma indiscutível carência de investigações e pesquisas que versem sobre a história da edição escolar no sul da Itália no século XIX pré-unificação, como destaca R. Sani (2011) que fez uma primeira abordagem do tema a partir das condições da indústria gráfica e editorial e do mercado livreiro no sul da Itália. Por outro lado, V. Trombetta (2011) enfocou a dinâmica evolutiva peculiar e as características específicas da edição na década francesa (1806-1815), que contribuíram para reconstruir a estrutura produtiva e o complexo entrelaçamento entre a edição estatal e o setor privado empresarial, destacou-se também do lado da educação ao dar continuidade ao trabalho pioneiro de M. Viola (1998) sobre os manuais escolares circulados entre 1806 e 1825.

Por fim, cabe mencionar a pesquisa fundamental sobre editoras escolares coordenada por G. Chiosso, sintetizada nos repertórios denominados TESEO. Tipógrafos e editores escolares-educativos do século XIX (2004) e TESEO '900 (2008), que têm contribuído para preencher, pelo menos em parte, a carência de estudos e pesquisas acima referidas.

Embora a literatura tenha tratado e reconstruído os eventos editoriais e a produção de manuais escolar-educativos com contribuições de certo interesse, no variado corpus de estudos histórico-educacionais dedicados ao sul pré-unificação não há tentativas de destacar a construção do mercado editorial escolar desde sua fundação: a reforma da instrução.

No quadro e nos objetivos da nossa investigação, destinada a fazer um primeiro levantamento dos manuais escolares adotados e das gráficas ativas neste setor, será, portanto, prioritário retraçar os traços salientes do sistema de ensino público instituído no Reino de Nápoles durante a Década e consolidado nos anos da segunda Restauração, que constituiu a condição histórica para o desenvolvimento do mercado de livros didáticos, permitindo a osmose natural entre órgãos responsáveis ​​pela instrução e empresas gráficas.

Neste contexto, situar-se-ão os acontecimentos da evolução do mercado tipográfico-editorial, que retornará a geografia produtiva da edição escolar do Reino no período considerado.

Do ponto de vista metodológico, para dar seguimento a este trabalho de investigação, recorreu-se a fontes indiretas - principalmente os repertórios das fontes jurídico-administrativas e o referido repertório do TESEO - devido à perda irreparável do arquivo do Ministério da Polícia, cujas atribuições recaíam o trabalho dos impressores e livreiros, e à indisponibilidade dos catálogos das livrarias.

A REFORMA DA EDUCAÇÃO

As origens e os desenvolvimentos da editoria escolar-educativa no Reino de Nápoles e no das Duas Sicílias, no período entre o governo napoleônico e o restaurado governo Bourbon, estão ligados ao nascimento do “sistema de educação pública” que foi definido durante a década francesa (1806-1815) e que se consolidou nos anos da segunda Restauração (1815-1820), a partir de sua fundação: a reforma do sistema educacional pretendida por Napoleão.

A reforma, implementada com a Université impériale (1806-1808), garantiu à França imperial um sistema de ensino público gerido e controlado pelo Estado, administrativamente centralizado e verticalizado, com um sistema prospectivamente dividido em três ordens: primária, secundária e superior (GONTARD, 1984; BOUDON, 2004). Este sistema abrangia todas as instituições, públicas e privadas, leigas e eclesiásticas, destinadas à formação profissional ancorada na qualificação através do mecanismo dos três graus acadêmicos, baccalauréat, licence e doctorat15. A reforma educativa implementada na França constituiu o marco para criar a transição do regime feudal para o do Estado moderno e representou o modelo de referência para adaptar à realidade socioeconômica do Reino de Nápoles.

A primeira fase da modernização das instituições escolares na área napolitana ocorreu durante o biênio giuseppino (1806-1808), com a reforma administrativa do Estado e a entrega da educação ao recém-criado Ministério do Interior, o que permitiu a implantação de um sistema escolar distinto, administrativa e culturalmente, em três níveis: ensino primário, onerando os cofres dos municípios; ensino secundário, ministrado em colégios financeiramente autônomos e ensino superior, a cargo do Estado16.

Com a obrigatoriedade imposta a cada município de fundar uma escola primária (1806) “foi superada a velha e decadente lógica segundo a qual o ensino primário cabia aos mosteiros” e, consequentemente, o processo de alfabetização e secularização da formação (LUPO, 20O5, página 63, tradução nossa). A instituição dos colégios em cada Província do Reino, com a definição das disciplinas curriculares relativas (1807), visava transmitir os elementos culturais básicos aos quadros da futura classe dirigente. A estrutura da universidade, como sempre pública no Reino de Nápoles, não sofreu grandes mudanças: a instituição acadêmica foi incumbida, em particular, do cuidado da formação profissional dos alunos, mesmo antes da atividade de pesquisa (1806)17.

No campo da educação pública, o governo de Giuseppe Bonaparte não pôde ir mais longe: o novo sistema francês de educação pública foi lançado com os decretos de aplicação em 1808, mesmo ano de sua partida para Madrid, mas deixando uma reforma de estado para seu sucessor Gioacchino Murat e uma formulação do sistema escolar que constituía o pré-requisito para poder aplicar o modelo da Université impériale também na área napolitana.

Para facilitar a necessária adaptação ao modelo francês, seguindo os decretos de 1808, nos estados satélites do Império Francês, foram criadas as comissões de educação pública, a partir de 1809, encarregadas de formular os decretos de aplicação da reforma: Giuseppe Bonaparte o estabeleceu na Espanha, Luigi Bonaparte no Reino da Holanda, Gioacchino Murat no de Nápoles e medidas semelhantes também surgiram no Ducado de Varsóvia (BOUTON, 2004).

É notável o complexo processo que levou à assinatura, em 1811, do decreto orgânico de educação pública18 do Reino de Nápoles - fruto do compromisso entre a abordagem expressa por Vincenzo Cuoco e as posições reivindicadas pelo ministro do Interior Giuseppe Zurlo (ZAZO, 1924 ) - por meio do qual se estabeleceu, de forma explícita e inequívoca, colocar a educação pública “sob o controle e supervisão do governo”; essa deveria ser ensinada na Universidade de Nápoles, nas escolas secundárias e em “outros estabelecimentos de ensino” (art. 2). Por fim, o Decreto Orgânico, ao elencar a série de medidas, colocou diante de um conceito claro e categórico que não pode ser submetido ideologicamente, nem iludido em substância, que se configurou como um divisor de águas entre a escola pública do estado oitocentista e a escola aberta ao público - mas gerida por ordens e congregações religiosas, dioceses ou particulares - dos séculos anteriores.

No âmbito desta base do ensino público, o Decreto Orgânico introduziu expressamente dois graus de ensino secundário e previa a oferta do primeiro grau do ensino secundário: “1. naqueles colégios reais que não serão convertidos em liceus; 2. Em estabelecimentos semelhantes, que sejam realizados pelos municípios ou pelos particulares”. A restrição atribuída foi a de fornecer “pelo menos quatro professores, ou seja, dois de gramática, um de retórica e um de filosofia e matemática” (Título III, Colégios, art. 13). Neste grau incluía também os seminários, embora dependentes da autoridade diocesana (ibidem, art. 14). O segundo grau consistia no Liceu, dividido em quatro endereços universitários distintos: literário, matemático, médico, jurídico (Título IV, Liceu, art.18), ficando as disciplinas ministradas nos colégios comuns aos quatro endereços: Gramática, Humanidades, Retórica, Filosofia, Matemática e Física, adequadas para dotar os alunos dos elementos culturais da formação (ibidem , art. 16).

A última e fundamental disposição, pedra angular do sistema napoleônico, revogou todos os privilégios de conferir graus, concedidos aos antigos Colégios de Doutores e estabeleceu os três graus acadêmicos - approvazione, licenza e laurea19 - confiando-os exclusivamente à Universidade (Título VI, Graus de faculdades).

Organiza a gestão, o controle e a fiscalização da educação junto do Estado; criou o setor primário e secundário; reorganizou a universidade, à qual foi atribuído o controle dos graus acadêmicos para a obtenção do título de estudos, o sistema foi coroado, nos passos do regulamento francês, pelo Regulamento para a colocação dos graus das faculdades20, um ato que permitiu correlacionar o título de estudo a carreiras e profissões, pondo fim à era das corporações de arte e faculdades de profissões.

A restauração dos Bourbons, no final de 1815, representou, apesar de tudo, um momento de continuidade no que diz respeito às questões até então tratadas: reconfirmada a estrutura do sistema público de ensino instituída na Década, com os Estatutos dos liceus reais, colégios e escolas secundárias reais (1816) foi providenciada a estrutura definitiva e detalhada do setor secundário21. A única novidade significativa dizia respeito à criação de um organismo de inspeção. Abolidos os Júris de Revisão e os Júris de Exame, foi criado um órgão de inspeção ao nível central composto por doze funcionários, os Inspetores do Ensino Público, “destinado a fiscalizar a execução dos estatutos e regulamentos dos Liceus reais, dos Colégios e das Escolas secundárias do Reino, bem como para atender a disciplina, os ensinamentos dos pensionatos e escolas particulares” (tradução nossa)22. No nível periférico, eram nomeados inspetores distritais e circunscritos para o controle e a fiscalização das escolas primárias, e as funções de promoção, gestão e controle do ensino público no território eram atribuídas aos intendentes, coadjuvados pelos subordinados. Dessa forma, estabeleceu-se um canal administrativo direto entre o centro e a periferia, por meio de funcionários públicos, girando em torno do intendente como representante do Estado.

OS LIVROS PARA AS ESCOLAS DO REINO

Dentro dessas mudanças, os napoleões queriam perseguir prioritariamente o objetivo de normalizar e homogeneizar a formação cultural e científica dos jovens nas escolas primárias e secundárias. Os livros didáticos23 foram considerados o principal instrumento de modernização didática, para uniformizar métodos e conteúdos de ensino e, consequentemente, sua escolha foi feita para ser da competência do Estado: “Alcançar a uniformidade na educação é mais benéfico do que qualquer outra instituição, o cuidado de não permitir livros elementares nas escolas, caso não tenham sido aprovados pelo poder público” (tradução nossa), teria lembrado Vincenzo Cuoco no relatório e no projeto de lei apresentado em 181124.

Durante o biênio giuseppino (1806-1808) a necessidade de adotar os mesmos textos em todas as escolas do Reino resultou em “ordens governamentais pontuais para editores e impressores, sem um programa orgânico” (TROMBETTA, 2011, tradução nossa). Somente com a reforma orgânica iniciada em 1811, o governo murattiano pôde elaborar um programa editorial de maior alcance para garantir a homogeneidade do ensino, que se consubstanciava em um plano orgânico de publicações de textos escolares: as ‘coleções econômicas’, destinadas a todos os escolares do Reino, com base em curadoria científica e preços modestos.

Em 1811, o ministro Giuseppe Zurlo delegou a Joseph Bonnefond - anteriormente ‘visitante geral de Colégios Reais e outras instituições de educação pública’ - a criação de uma comissão para a escolha dos livros didáticos a serem adotados nas escolas do Reino. Bonnefond inicialmente contou com a colaboração do Júri de Revisão de Nápoles, e dos Júris de Exame das províncias do Reino, expandindo o círculo para renomados professores universitários e renomados teólogos (PALLADINO, 2015).

Na sessão do Júri de Revisão de 30 de janeiro de 1812, ao final de quase dois anos de trabalho, as escolhas feitas foram finalmente ratificadas:

Entre os Gregos: o Silloge contendo as peças selecionadas dos Clássicos Grecos prosadores e Poetas. Entre os Latinos: Cícero Cartas selecionadas, Diálogos de amizade, de senectude, de leis, o livro de ofícios e as orações escolhidas; Cornélio Nepote; Cesare Commentarj Sallustio, Livio e Tacito: narrativas e argumentos selecionados: Fedro; Catulo, Tibulo, Properzio purgati; Ovidio metamorforses escolhidas; Virgílio, éclogas, geórgicas, episódios da Eneida e outras peças selecionadas; Terêncio e Plauto peças selecionadas; Orazio Sátira, letras, ódio e arte poética. E para tratados elementares: O Catecismo para uso da Igreja da França reimpresso em Nápoles na íntegra; As Gramáticas Grega e Latina e a Lógica Porto real; Quintiliano e outros professores das belas letras; geometria sólida e plana de Euclides; Os teoremas de Arquimedes e a matemática analítica de Francoeur Confiando em todo o Júri à luz dos membros de cada uma das três seções, cada uma delas deixou a escolha dos melhores elementos de Mitologia e Cronologia; da geografia antiga e moderna; da História Grega e Romana; das antiguidades gregas: da Metafísica; do Direito da Natureza; de Física; bem como gramáticas, italianas e francesas; de Dicionários Latim, Grego e Francês […]. Também enviou a seção de belas letras para escolher os mais belos dos clássicos italianos e franceses, notando particularmente para este último o discurso da História Universal de Bousset, a pequena Quaresma de Massillon, o Telêmaco e as obras de Boilleau, il Molière e Racine. Ele também desejava que, além do catecismo do Império Francês, as partes mais interessantes do Catecismo de Fleury, o Tratado sobre os costumes dos israelitas do mesmo autor e a Bíblia de Royaumont fossem incluídas nas coleções econômicas. Vendo com pesar o Júri que não podem entrar nas coleções econômicas certos autores clássicos latinos, cujas obras não são tão perfeitas como as dos autores mencionados, ele expressou seu desejo de sempre, para que pelo menos, para dar aos jovens uma ideia mais completa da história antiga, se faça inserir nas coleções acima mencionadas o que a seção de belas letras julgará mais pertinente ao objeto tanto de Justino quanto Quintino Curzio (transcrita em TROMBETTA, 2011, p. 217, tradução nossa).

Indicações adicionais e mais detalhadas foram fornecidas por Matteo Galdi, Diretor da Comissão de Educação Pública, em seu Relatório sobre o estado atual da educação pública no Reino de Nápoles publicado em 1814.

Quanto às instituições colegiais, o relatório indicava os clássicos gregos a serem introduzidos e utilizados nas escolas: Homero, Demóstenes, Píndaro, Xenofonte, os diálogos de Luciano e os excertos de lírica e trágica. Para Retórica e Poética, foi disponibilizado o Curso de Belas Letras de Hugh Blair, traduzido por Soave, além das Obras de Cícero e Instituições de Quintiliano para a parte retórica e os textos de Aristóteles e Horácio para a Poética. Para a geografia moderna, os textos em circulação nos colégios eram representados pelas Instituições de Geografia Física e Política de Luigi Galanti e para a antiga pelas Geografias antigas de Jean batista Bourguignon d'Anville. Para a história grega e romana foram introduzidas as obras de Lívio, Tácito, Dionísio, Xenofonte, Tuicidides e Plutarco. Para a matemática, fez-se referência à geometria elementar, ao Tratado de Geodésia de Flautas e aos textos de Felice Giannattasio, enquanto se anunciava a compilação de um manual de física, editado por Gabriele Grimaldi.

No que diz respeito às instituições liceais, o Relatório prescreveu os textos a serem introduzidos, articulando-os conforme as diferentes faculdades. Assim, as Instituições de Giustiniano, as Antiguidades Romanas de Johanne Heinecke e as obras de Giovan Vincenzo Gravina. Para a cátedra de Medicina, Galdi pretendia estimular os professores da Real Universidade de Nápoles a fornecerem textos que apresentassem um “corpo doutrinário”, útil para preencher uma grave lacuna em sua visão como europeu.

Para as escolas primárias, o Relatório de Galdi especificava as características que as coleções econômicas deveriam assumir. A coleção era composta por três volumes: o primeiro contendo os elementos para aprender a ler e escrever, com breves notas anexas sobre moral e história, úteis também para a elaboração de exercícios de escrita e leitura; a segunda contendo o Catecismo de Moral e Religião adotado pelo governo, destinado a formar “o bom cidadão, o bom pai de família, o bom súdito”; finalmente, o terceiro volume dedicado aos elementos básicos da aritmética teórica e prática. Além dos três volumes da coleção econômica, foi prescrita a Etiqueta de Monsenhor da Casa, em edição reduzida. Para a segunda aula, Galdi anunciou a publicação, logo em seguida, de uma gramática italiana concisa e uma gramática latina correspondente enriquecida com passagens selecionadas de autores latinos do “melhor século”, com a tradução italiana oposta. A escolha justificou-se pela necessidade de elaborar instrumentos que permitissem a quem pretendia continuar os estudos receber os elementos básicos. Para completar o curso primário, previa-se a impressão de uma sucinta descrição histórica e geográfica do Reino, e um conciso Catecismo de artes e agricultura, necessários para que a “classe mais numerosa do povo” “tenha mais cuidado com seus próprios interesses, do que conhecer e cumprir os próprios deveres”. A publicação das obras para os colégios, liceus e escolas secundárias, através das coleções econômicas, afigurava-se, no entanto, bastante complexa: à exceção de algumas excelentes edições de clássicos latinos já em circulação, os restantes textos escolhidos pela comissão exigiriam mais tempo, necessário para completar os aparatos críticos de autores clássicos e fornecer séries no auge das melhores edições europeias: “não seremos tão lentos - comentou Galdi - mas não tão rápidos a ponto de querer sacrificar o decoro nacional à impaciência, louvável, mas pouco literária para aqueles que gostariam que tudo fosse feito instantaneamente” (tradução nossa).

Acontecimentos políticos não permitiram que o trabalho começasse a ser concluído, mas a perspectiva de garantir a produção no modelo de coleções econômicas não terminou com o fim do regime francês: uma vez que o termo foi alterado para “livros didáticos”, todo o projeto foi retomado, reproposto e completado pelos Bourbons, tornando-o orgânico com a estrutura do sistema secundário definida com os Estatutos dos liceus reais, colégios e escolas secundárias25 (1816). A organização foi dividida em cátedras. As primeiras seis cadeiras do currículo forneceram os elementos culturais da formação, centrados na tradição humanística estruturada nos três cursos progressivos de Gramática, Humanidade e Retórica. Somente depois desse aprendizado literário vieram os conteúdos mais “abstratos” da sétima e oitavas cátedras: Filosofia, Matemática e Física, com os quais terminou o curso colegial. As 8 cadeiras seguintes agruparam mais propriamente os cursos superiores universitários e profissionais, ministrados pelo curso de estudos jurídicos, médicos ou científicos; enquanto o quarto curso, o literário, já abundantemente absorvido na educação geral, não exigia uma cadeira adicional entre as universitárias.

Nesse quadro, foram indicados autores e textos a serem adotados nos colégios e liceus do Reino (Quadro 1):

Quadro 1: Autores e textos a serem adotados nos Liceus e Colégios do Reino. Fonte: Estatutos dos liceus, colégios e escolas secundárias reais (1816).  

Cadeiras Assuntos Autores e livros
Catecismo da religião e da moral Gramática italiana Aritmética prática Catecismo impresso para uso na escola primária Soave, gramática Aritmética prática para uso em escolas primárias
Aplicação das regras gramaticais da língua italiana aos clássicos, com análise gramatical História sagrada Geografia Boccaccio, Casa, Firenzuola História sagrada para o uso da educação pública Luigi Galanti, Geografia
Gramática latina Exercício de escrever corretamente em italiano História profana Mitologia Porto real, Compêndio [sem indicação, pois é um exercício] História profana [sem outra indicação] Tomeo, mitologia
Aplicação das regras gramaticais da língua latina aos clássicos com análise gramatical Porto real, gramática latina; Clássicos: Fedro; Neto; Cícero, Epístolas; Cesare, Comentários; Virgílio, Éclogas e Geórgicas
5 ª Humanidade com a explicação dos prosadores e poetas clássicos que têm mais elevação no estilo e nos sentimentos, notando as graças e precisão pelas quais se distinguem Gramática da língua grega Antiguidades romanas Antiguidades Gregas Porto real, gramática latina; Clássicos: Cícero, Oficios e Orações; Virgílio, Eneida Porto real, Gramática da língua grega; Novo Testamento; Siloge Salvatore Aula, [Antiquatum romanarum epítome] Oliver Goldsmith, [Compêndio de História Grega]
Retórica Poesia italiana e latina Aplicação de regras gramaticais a clássicos gregos, com análise gramatical Majelli, Instituições de Oratória; clássicos: Salústio, Lívio, Tácito Horácio Clássicos: Isócrates, Homero, Demóstenes
Filosofia Lei da natureza A verdade da religião católica Matemática sintética Soave, Instituições Eineccio, Elementos da lei da natureza e dos povos “[O professor] dará um tratado sobre a verdade da religião católica” Flautas e Giannattasio
Matemática analítica Física matemática Bossut; Fergola, Seções cônicas analíticas; “[O professor] acompanhará suas aulas com Lagrange, Euler, Monge e Hachette, e com Biot; para Mecânica, Fergola”
Química Farmacia “Realizando as demonstrações no laboratório de química” Sementini, Instituições; “[O professor] acompanhará suas aulas com Mojon; Adet, Brugnatelli; Thompson; Berthollet e Movillon-Lagrange”
10° História Natural “Milli; [o professor] acompanhará suas aulas de zoologia com o suplemento de Buffon e Lacepede, com Dumeril e Cuvier, e as de mineralogia com Brougnart, Hauy, Vernier, Breislak, Melograni”
11° Lei do reino Processo Civil “Leis Civis do Reino em Vigor”
12° Direito Processo criminal “Leis Criminais do Reino em vigor”
13° Notomia Fisiologia “Realizar as seções anatômicas no teatro destinado a isso” Francesco Cerio Grimaldi, Elementos de anatomia; “[O professor] acompanhará suas aulas com Goemmering, Bichat, Boyer, tendo em mente as descobertas de Gall sobre as estruturas do cérebro”
14° Cirurgia teórica Cirurgia prática Obstetrícia “Realizando a parte clínica no hospital” Richter, Instituições; “[O professor] acompanhará suas aulas com Monteggia, Richerand”
15° Medicina ante prática “Instituições que formará na antepatrica de Andria e na de Miglietti “
16° Medicina prática Andria, Instituições de Medicina Prática; “[O professor] acompanhará suas aulas com Odier, Burserio, Cirillo, Daruwin e Pinel”

Fonte: quadro elaborado pelo autor

Como pode ser visto na comparação entre os autores e as textos propostos na Década e aqueles propostos pelo governo Bourbon restaurado, autores e textos permaneceram quase os mesmos, sinal de que a estrutura cultural da reforma escolástica iniciada pelos franceses possuía um bom valor pedagógico fundado, que não pode ser evitado, em substância, modelado na tradição humanística estabelecida pelos jesuítas (PALLADINO, 2015).

A EDITORIA EDUCACIONAL-ESCOLAR

É nesse contexto mais amplo de mudanças no quadro institucional relativo à educação que se situam também os acontecimentos da evolução do mercado tipográfico editorial. A estrutura editorial herdada dos napoleões era surpreendentemente sólida e flexível em simultâneo. Como observa Trombetta (2011), as gráficas, que se desenvolveram e se consolidaram no contexto da cultura setecentista profundamente inervada pelas demandas reformistas, após a queda da República Napolitana, mostraram uma insuspeitada capacidade de adaptação ao cenário político restaurado26. A Reforma do sistema educativo permitiu a osmose natural entre os órgãos de ensino e as gráficas, com a criação de um mercado editorial escolar mais alargado, em parte ocupado por editoras estatais e em parte por editores e impressores particulares que souberam aproveitar a oportunidade criada com a maior abertura do mercado.

O nevrálgico setor da editoria escolar do Estado era representado pela Tipografia Real. Criada por Carlos de Bourbon para a produção de documentos de cunho burocrático e para a celebração de eventos da corte, a tipografia modernizada deveria ter constituído, nas intenções do governo francês, o centro estatal de edição cultural, destinado às necessidades das instituições culturais reformadas: escolas, conservatórios, bibliotecas, museus e academias. Na realidade, a Tipografia Real sofria com a concorrência do setor privado, muitas vezes favorecido pelo próprio governo, com concessões de patentes que retiravam recursos fundamentais da atividade do estabelecimento público, como denunciava o diretor Francesco Daniele em 1809:

Todas as impressões do Governo são feitas por impressores particulares com um pagamento imenso, que se fossem feitos aqui, o Rei não só não gastaria nada para a manutenção deste estabelecimento, como teria um fundo muito rico [e] pelo que escrevi, representou, gritou, quis obstinadamente apoiar impressores particulares em prejuízo da Tipografia Real (transcrita em TROMBETTA, 2011, p. 158, tradução nossa).

Em 1810, as descobertas de Danieli foram finalmente bem acolhidas pelo governo, e em particular por Giuseppe Zurlo, recém-nomeado Ministro do Interior, que com previsão tentou transformar a Tipografia Real em um estabelecimento de serviço comum, acreditando que esta mudança poderia constituir um benefício também para o progresso da editoria privada:

Nossos impressores particulares, abandonado o tráfico que têm feito até agora com o Governo, escolherão o melhor caminho, obter fama; e ganham de duas maneiras. O primeiro por cativar a alma de autores vivos, como fez o excelente impressor Paolo de Simone, cuja oficina foi uma verdadeira Academia e com as facilidades que concedeu aos Literários, trouxe muitas obras bonitas, que talvez os próprios escritores tivessem deixado escrito a mão. A segunda com a reprodução de muitas obras clássicas, das quais faltam cópias, ou é melhor obtê-las a um custo muito alto, apesar de que devem andar das mãos de todos. Prova clara de que o sistema atual prejudica a arte da tipografia, é aquele que nenhum de nossos impressores confiaria para imprimir um livro grego, e talvez ainda não confiasse para reproduzir corretamente um clássico latino ou toscano. Estão, portanto, fora do caminho, e se o Governo continuasse a favorecer suas especulações contra si mesmo, seriam irreparáveis e para sempre (transcrita em TROMBETTA, 2011, p. 169, tradução nossa).

No plano de Zurlo, a Tipografia Real deveria constituir o centro de publicação escolar-educacional, com a publicação em primeiro lugar dos livros didáticos para uso nas escolas do reino; o projeto, no entanto, esbarrou em fortes interesses privados, incentivados por vendas seguras e ganhos fáceis, realizados em torno da Tipografia do Ensino Público.

A Tipografia da Educação Pública foi fundada em 1812 com capitais privados angariados em empresas para apoiar o trabalho da Direção-Geral da Educação Pública visando dotar todos os alunos das escolas primárias e colégios do reino dos textos necessários à realização dos cursos. O ministro Zurlo se opôs a tal programa, que, para relançar a Tipografia Real pública, obteve em 1814 - já no fim da experiência francesa - o fechamento da Tipografia da Educação Pública. Embora de curta duração, nos dois anos em que a Tipografia esteve ativa publicou inúmeros títulos para o ensino primário e secundário, bem como títulos especificamente dirigidos ao setor superior dos liceus recém-fundados.

A presença privada no setor editorial escolar, afetada durante a década por “incertezas e inconsistências ditadas por uma ambígua sobreposição de competências entre os empresários públicos e privados” (TROMBETTA 2011, p. 140, tradução nossa), fortaleceu-se consideravelmente ao longo dos anos do governo Bourbon, até atingir seu auge na década de 30, com uma política editorial centrada na assistência econômica reservada a editores e impressores.

No período compreendido entre 1806 e 1820, registraram-se 32 tipografias e editores especializados na área escolar-educativa, operando no Reino de Nápoles (1806-1815), no Reino da Sicília (1806-1815) e no Reino das Duas Sicílias (1816-1820), com uma geografia produtiva desigual entre os diferentes territórios (Quadro 2).

Quadro 2: Distribuição geográfica tipógrafos/editores (1806-1820). Fonte: CHIOSSO (2004) e TROMBETTA (2011).  

Regiões Número de editores/tipógrafos
   
Abruzzo 2
Campanha 11
Calábria 1
Puglia 1
Sicília 17

Fonte: quadro elaborado pelo autor

Os dados mostram como a atividade editorial foi relegada às capitais dos reinos e quase totalmente ausente nas províncias, que careciam de tecido produtivo, mas não de mercado escolar.

Das 32 empresas pesquisadas, 14 foram fundadas antes de 1806, 10 entre 1806 e 1815 e as restantes 8 entre 1816-1820 (Quadro 3).

Quadro 3: Gráficas / Editoras / Livreiros. Fonte: CHIOSSO (2004) e TROMBETTA (2011).  

Região Tipografia / Editora / Livraria Período de actividade
Abruzzo Grossi Gian Francesco, tipografia 1772 - 1901
Rietelli (também Tipografia Rietelliana ), tipografia 1814-1841
Calábria Giuseppe Migliaccio, tipografia Cosenza, 1807-1888
Campânia Borel e Bompard , tipografia, livraria Nápoles, início do século XIX e meados do século XIX?
Chianese Domenico, tipografia Nápoles, 1774? - 1837?
Di Napoli Raffaele, tipografia Nápoles, 1810/1820-antes de 1884
Giordano Saverio, tipografia, livraria Nápoles, 1810/1817-antes de 1884
Nobile Gaetano, tipografia Nápoles, 1801/1804-pós 1915
Vincenzo Orsini Nápoles, segundo semestre de 700?
Porcelli Nicola, tipografia Nápoles, 1791-1859
Puzziello Vincenzo, tipografia Nápoles, 1820/1830 - antes de 1861?
Reale Gennaro, tipografia Nápoles, 1806? - 1850?
Trani Angelo, tipografia, editora Nápoles, 1808-?
Sangiacomo Domenico, tipografia, editora Nápoles, 1801? - antes de 1884
Puglia Cannone Nicola e filhos, tipografia Polignano a Mare, Trani, Bari, 1795 / 1799-1901
Sicília Abbate Francesco, tipografia Palermo, 1812? - 1839?
Barcelona Salvatore, tipografia Palermo, 1790-1895?
Barravecchia , tipografia Palermo, 1804? - 1906/1911
D'Amico Arena, Antonino, tipografia Messina, 1812-1862
Dato Lorenzo, tipografia, livraria Palermo, 1816? / 1818-1859?
Fiumara, tipografia Messina, 1799-1854
Gaipa Francesco, tipografia Palermo, 1735-1916
Gaudiano Michele e Gagliano Vincenzo, impressores, livreiros Palermo, 1818-1898
Lorsnaider Giambattista, tipografia Palermo, 1820/1824-1898/1899?
Pedreiros Antonio e Pedone Giovanni, impressores, livreiros Palermo, 1819-1849?
Nobolo Giovanni e Giuseppe, impressores, editores, livreiros Messina, 1784-1879?
Pappalardo Giuseppe, tipografia Messina, 1817-1885
Pastor Francesco, tipografia Catânia, 1781-1915?
Pedone Lauriel Giovanni, editor, livreiro Palermo, 1819? - 1888
Priulla Gaetano, tipografia Palermo, 1815? / 1859-continuação
Solli Filippo, tipógrafo, livreiro Palermo, 1786-1897?
Virzì Bernardo, tipografia Palermo, 1809? - 1915?

Fonte: quadro elaborado pelo autor

No que diz respeito à área continental, o levantamento restitui a fisionomia de uma profissão já detectada pelos estudos de Trombetta, que preserva traços do antigo regime tipográfico, como o caráter familiar da empresa e a figura ainda indistinta do impressor, agora editor e, às vezes, também livreiro: “A duplicidade de papéis resumida no número de sujeitos pesquisados... impressoras do século ainda presentes... subvertendo hierarquias consolidadas e conquistando rapidamente um papel de excelência no panorama editorial” (TROMBETTA, 2011, p. 55, tradução nossa). Entre eles, uma importante posição foi ocupada por Angelo Trani, que iniciou a atividade gráfica em 1808 e, em poucos anos, conseguiu conquistar grande parte do mercado editorial, com uma produção versátil capaz de corresponder às diferentes necessidades. No que diz respeito ao setor escolar, merecem ser relembrados a publicação de As Regras de Moral de Monsenhor da Casa (1808), reeditado em 1811 com um título diferente, e os Romances Morais para a Juventude do Padre Francesco Soave (1811) e o Catecismo Gramatical ou princípios da gramática italiana para uso de jovens aprendendo a ler e escrever (1810); mas também a experiência da “Biblioteca de Instrução”. Obras produzidas e divulgadas perante o governo francês confiaram à empresa os compromissos para a publicação das primeiras edições das “coleções econômicas”, encomendas que permitiram que ela se destacasse entre os empresários do setor, graças às grandes tiragens. No catálogo de Angelo Trani há livros didáticos para as escolas primárias e secundárias, com manuais que vão de gramáticas a clássicos, de manuais jurídicos a manuais técnico-científicos. Entre eles, certamente se destacaram o Catecismo da religião e os deveres sociais para o uso das escolas e os clássicos latinos27.

De igual importância, mas de diferente profundidade foi a atividade da editora Gráfica Gaetano Nobile (SIRIGNANO, 2004), fundada no início do século XIX. Gaetano Nobile era um amante apaixonado da arte da impressão, tanto que cuidava das edições exemplarmente graças às máquinas de ponta para a época. Destacou-se também por contribuir significativamente para a divulgação de livros ilustrados. Na intensa e variada produção da Tipografia Nobre, não faltaram textos escolares, com um catálogo entre os mais ricos do período, com obras destinadas ao ensino fundamental, médio e universitário. Na intensa produção da tipografia napolitana, o espaço reservado às edições escolares e à educação popular foi registrado desde o início com publicações como o Compêndio de higiene, ou preceitos gerais para preservar a santidade e prolongar a vida útil de todas as classes de pessoas, de Audin Rouvière (1804); a gramática Arte de escrever para os jovens de Vincenzo De Muro (1805); numerosas publicações de matemática para escolas de todos os níveis, como, por exemplo, Elementos de geometria plana de A. Di Ciò (1811); as Instituições de Aritmética Prática, ou seja, nova contabilidade do sistema decimal francês por L. Gessari (1812); mas também escritos sobre história e geografia como, por exemplo, Pensamentos sobre a história e sobre a incerteza e inutilidade da mesma de Melchiorre Delfico (1814) e a Introdução à geografia de S. Della Piaggina (1817).

Entre as empresas que conquistaram posição de destaque no cenário editorial napolitano, deve-se citar também a gráfica de Sangiacomo (SIRIGNANO, 2004), que atesta uma vocação não provincial da atividade editorial, ocupando o lucrativo setor da tradução de obras estrangeiras, especialmente da área francesa. Iniciado entre 1800 e 1801, destacou-se pela impressão de material didático destinado ao setor secundário e universitário, contando no catálogo mais de uma centena de obras de filosofia, literatura e medicina. As publicações educacionais eram, em geral, um gênero minoritário principalmente limitado aos primeiros anos de experiência. Destacam-se, pela importância dos autores, a Lógica para os jovens de Antonio Genovesi e uma edição francesa do Télémaque del Fénelon (1802). As principais disciplinas envolvidas foram aritmética, para a qual se editou Elementos de aritmética para meninos e As principais operações de aritmética para meninas de Vito Buonsanto, (1810), ao lado de textos que expressam o mundo vital das escolas particulares, como Os elementos de geometria plana composta por Vito Caravelli. Mas, também editou outras obras do padre dominicano Buonsanto, que durante os anos da década francesa deu um maior e mais direto empenho na vertente educativa, por iniciativas dirigidas sobretudo ao ensino primário, graças também à máxima consideração do governo. Entre eles aquela iconologia ética para formar o coração dos jovens, (1808) considerada a obra mais representativa do pensamento pedagógico de Buonsanto e que teria encontrado circulação e difusão por muitas décadas (BARAUSSE, 2014).

Entre os impressores setecentistas que conseguiram aproveitar a oportunidade política e cultural oferecida pela Década, destaca-se Vincenzo Orsini (SIRIGNANO, 2004), que conseguiu modernizar seu negócio com investimentos vultosos que lhe permitiram alcançar uma posição de destaque no campo editorial, sem deixar de cruzar o mercado de livros didáticos com a publicação de obras para o ensino primário e secundário, de cunho humanístico e científico. Mas entre os editores e impressores que abriram as suas portas no rescaldo da ascensão francesa, Gennaro Reale foi certamente o mais importante, firmando-se com um catálogo escolar robusto e diversificado que atesta uma atividade muitas vezes caracterizada pelo compromisso editorial e não tipográfico. Como foi documentado, os títulos destinados a enriquecer o catálogo “escolástico” eram numerosos, tocando os campos disciplinares da geografia, gramática, latim, matemática, história e história sagrada28. Entre eles destaca-se o Compêndio do novo método de aprendizagem da língua latina de Claude Lancelot (1806), a Gramática fundamentada da língua italiana de Soave (1807), os textos de geografia como os Elementos de cosmografia, cronologia, história e geografia antiga e moderna de Giovanni Perrotti (1812) e o Compêndio de geografia moderna para o uso da juventude de Giuseppe Stefano Reitmeir (1816); os textos de matemática, entre os quais lembramos os Elementos de matemática de Lodovico Marrano (1808) e a Aritmética de Giuseppe Rosati (1808).

As cinco empresas citadas até agora representavam o carro-chefe da editora napolitana, contada entre as sete empresas que produziram, ao todo, quarenta por cento do total de livros impressos na década: sucesso garantido por uma gestão empresarial da cadeia produtiva. Entre as empresas de menor porte, mas certamente entre as mais atuantes no campo da edição escolar, estava a Tipografia Di Napoli (SEPE, 2004), fundada em 1810, que se distinguiu por seu compromisso predominantemente com o setor escolar, principalmente secundário e universitário, com a publicação de manuais, alguns dos quais traduzidos do francês, e clássicos da literatura italiana e estrangeira, além de escritos religiosos e devocionais. As restantes tipografias, levantadas para a área continental (Quadro 3), caracterizavam-se por uma gestão familiar e uma produção eclética limitada à área local, disposta a imprimir, para sobreviver, obras de fácil consumo, incluindo algum texto de uso escolar. A dimensão da tipografia de Domenico Chianese (SIRIGNANO, 2004), fundada em 1774, foi exceção, mas cuja contribuição no campo educacional, entre 1806 e 1820, foi bastante modesta. Finalmente, entre as várias experiências, merece destaque a empresa de Baldassarre Borel (SEPE, 2004), cuja importância, para o período considerado, não deve ser buscada tanto na atividade editorial e tipográfica ou no campo escolar que se desenvolveu apenas a partir dos anos 30, mas na de livreiro: podendo contar com cerca de 160 correspondentes de Paris e em negócios com gráficas e livreiros milaneses, Borel representou o ponto de referência para as escolas da área continental.

Entre as editoras mais envolvidas na produção de livros didáticos, seguindo as novas medidas introduzidas em 1816, um espaço significativo foi ocupado também pelo tipógrafo e livreiro Gabriele Porcelli, que publicou várias edições dos manuais para escolas primárias, entre as quais o Catecismo da doutrina cristã dos deveres sociais, os deveres sociais para o uso das escolas normais nos domínios da S.M. Siciliana ou ainda os Princípios de aritmética para o uso das escolas primárias do reino dirigidos com o método normal e as Instruções Agrícolas para as escolas primárias do Reino (1816), com os manuais para os colégios e liceus entre os quais recordamos o Novo método dos senhores de Porto Real para aprender a língua grega com facilidade e pouco tempo, traduzido do francês, e da Lógica ou os primeiros rudimentos de filosofia composta para a juventude do padre dominicano Gorgonio Gorgnoni (1820).

A análise realizada até agora assume diferentes conotações quando se trata da área siciliana, que se caracterizou pela presença da tipografia real sediada em Palermo, que exerceu uma posição dominante, influenciando fortemente, e ao contrário de Nápoles, o desenvolvimento da publicação.

Fundada em 1799 por Francesco IV de Borbone, para apoiar as atividades da Deputação de Estudos e da Administração do Governo, a tipografia foi desde o início cautelada por uma proteção legislativa que atingiu sua máxima expressão em 1820, quando foi concedida, por decreto, o direito de imprimir e vender todos os livros educacionais para as escolas. Sob a direção de Gregorio Speciale - ex-reitor do colégio de nobres ‘Real Ferdiando’ em Palermo - optou-se por textos clássicos, tanto gregos e latinos, como italianos e franceses, e, simultaneamente, obras resumidas foram criadas com extensas edições editadas para uso das escolas públicas que, na totalidade, teriam identificado o conjunto de livros didáticos destinados à consagração oficial das escolas sicilianas em boa parte do início do século XIX (TODARO, 2004).

Neste contexto, o interesse pela edição escolar foi mínimo no período por nós considerado: os impressores-editores (Quadro 3) tiveram sobretudo de recorrer ao comércio e importação de livros do resto dos estados italianos e de Nápoles, em vez da atividade de impressão e publicação.

Emblemática, nesse sentido, é a experiência de Giovanni Pedone Lauriel (TUMINO, 2004), lembrado pelo filósofo Giovanni Gentile como o meritório editor de todos os escritores de Palermo na segunda metade do século XIX, atividade editorial que só poderia exercer a partir de 1832, até então dedicando-se exclusivamente à atividade de livreiro, e como ele os tipógrafos Dato, Gaudiano e Gagliano, Muratori e Pedone, Solli (TUMINO, 2004) e Abbate (TODARO, 2004); este último, soube lucrar com a atividade de livreiro, reimprimindo suas próprias edições da sorte expressamente voltadas para o consumo escolar, enquanto Nobolo (TUMINO, 2004), ainda que livreiro, soube fazer um nicho na impressão de textos médicos e de higiene destinados ao consumo em massa.

Entre os impressores que também não exerciam a atividade de livreiro, destaca-se Giuseppe Pastore, da Catania, que encontrava sua principal fonte de renda em publicações para o clero e para as instituições escolares a ele vinculadas (TUMINO, 2004). A restante produção dos tipógrafos e/ou editores pesquisados para a área siciliana caracteriza-se por um caráter eclético, limitado sobretudo ao contexto local em temas e circulação.

Conclusões

Os estudos relativos à edição escolar-educativa e aos manuais escolares, nos últimos anos, têm registrado considerável interesse por parte dos historiadores, especialmente daqueles envolvidos com a história da educação. A este respeito, tem sido devidamente assinalado que os manuais escolares e a edição escolar-educacional são a área em que se registou o maior crescimento nos últimos vinte anos (SANI, 2011).

No quadro mais abrangente da investigação sobre a realidade, produção editorial e circulação, quisemos oferecer um primeiro levantamento relativo ao contexto do Reino de Nápoles e do Reino das Duas Sicílias, através da identificação de algumas pistas de leitura e de algumas hipóteses interpretativas que juntas dão conta da reforma educacional implementada durante a Década Francesa e consolidada nos anos da segunda Restauração.

As análises realizadas do lado institucional permitiram, por um lado, identificar os textos e autores indicados pelo Estado para padronizar métodos e conteúdos de ensino; por outro, elucidar a política escolar quanto à produção de manuais destinados às escolas.

Nesse contexto, situam-se os acontecimentos da evolução do mercado tipográfico-editorial, ocupado em parte pelas editoras estatais e em parte por editoras e impressores privados. As análises, feitas neste lado com fontes indiretas devido à indisponibilidade de fontes arquivísticas, retornam a geografia produtiva da edição escolar no Reino no período considerado.

Espera-se que, no futuro, a disponibilização de novas e inexploradas fontes primárias, como as preservadas em arquivos escolares, e de estudos voltados para a dimensão local (BARAUSSE, GHIZZONI, MEDA, 2018), possam restaurar o quadro da efetiva circulação dos livros didáticos nas escolas.

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Recebido: 19 de Setembro de 2022; Aceito: 24 de Janeiro de 2023

E-mail: florindo.palladino@unimol.it

Editora Responsável:

Terciane Ângela Luchese

FLORINDO PALLADINO é PhD em “Theory and History of Education” na Universidade de Macerata (2012), membro do “Centro di documentazione e ricerca sulla storia delle istituzioni scolastiche, del libro scolastico e della letteratura per l'infanzia” e do “Museo della scuola e dell’educazione popolare” da Universidade do Molise.

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