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Revista Exitus

versión On-line ISSN 2237-9460

Rev. Exitus vol.8 no.2 Santarém mayo/agosto 2018  Epub 28-Mayo-2019

https://doi.org/10.24065/2237-9460.2018v8n2id526 

Editorial

Editorial - v8n2

Anselmo Alencar Colares, Membro do Conselho Editorial da Revista Exitus1 

Maria Lília Imbiriba Sousa Colares, Coordenadora e Editora da Revista Exitus2 

1Professor Titular da Universidade Federal do Oeste do Pará. Lotado no Instituto de Ciências da Educação. E-mail: anselmo.colares@hotmail.com

2Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará. Editora da Revista Exitus. Coordenadora Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil"- HISTEDBR/UFOPA. E-mail: liliaimbiribacolares@gmail.com


Nesta edição da Revista Exitus, as contribuições nacionais são oriundas de pesquisas desenvolvidas nos Estados do Pará, São Paulo, Tocantins, Rondônia, Maranhão, Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Alagoas. A experiência internacional está contemplada no artigo PERCEÇÃO, EXPRESSÃO E VALORIZAÇÃO DAS EMOÇÕES DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR de uma pesquisadora da Universidade de Cádis, Espanha.

O número inicia com uma conferência sobre o Projeto Escola Sem Partido. Um assunto polêmico e muito pertinente na atual conjuntura. Os dois textos seguintes tratam sobre a temática na área de políticas educacionais. Sete artigos focalizam as concepções e práticas docentes, e os últimos cinco artigos estão relacionados a outros temas em educação. A edição finaliza com uma resenha apresentando a discussão sobre a Exclusão ou inclusão, problematizando essas terminologias. Na sequência, o leitor terá acesso a uma visão panorâmica do conteúdo integrante deste número, cujo objetivo é o de apresentar algumas possibilidades de trilhas a serem percorridas por todos os que desejam desfrutar de reflexões atuais e significativas para a compreensão do fenômeno educacional. Percurso este acompanhado de estudiosos que estão imersos nos temas e objetos selecionados para suas pesquisas no campo educacional.

Para a seção Conferência selecionamos a fala proferida por Ana Elisa Spaolonzi Queiroz Assis, durante a Semana da Ação Mundial (SAM), no Ato-Debate na Câmara dos Vereadores de Campinas e no Centro Acadêmico dos Estudantes da Química (CAEQ) da Unicamp, onde discutiu a temática ESCOLA SEM PARTIDO: projeto sem sustância, na qual enfatiza que a lei proposta pelo projeto Escola Sem Partido, inviabiliza a democracia e impede a discussão de temas coletivos essenciais, como por exemplo, o do desenvolvimento na perspectiva crítica da sustentabilidade socioambiental. O mais grave, porém, e que inviabiliza outras discussões e representa uma ameaça para a formação crítica, cidadã e socialmente referenciada.

Na sequência, dois artigos abordam o tema política educacional. No primeiro, PROCESSOS E POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO NO CEARÁ: cooperação e responsabilização, Erineuda do Amaral Soares e Flávia Obino Corrêa Werle analisam a avaliação da educação nas últimas décadas no Brasil. Explicitam o uso de premiação e incentivos financeiros propostos pelos estados a partir dos resultados dos alunos nessas avaliações, e para isto apresentam o prêmio escola nota dez no Ceará. Afirmam que os resultados das avaliações em larga escala dos estados brasileiros influenciam as políticas públicas educacionais, principalmente nos repasses financeiros às escolas e municípios com maiores e menores índices obtidos nas avaliações. Nesse contexto, as avaliações, seguem a lógica da educação contábil e replicação das experiências exitosas por meio de uma cooperação técnico-pedagógica de transferência das práticas que ‘deram certo’ numa tentativa de qualificar, porém, também uniformizando o ensino.

ESTUDANTES COTISTAS NEGROS E AÇÕES AFIRMATIVAS NO ENSINO SUPERIOR, tem como autores Benedito Gonçalves Eugenio e Julia Algarra, os quais analisam o percurso de escolarização de estudantes negros dos meios populares que ingressaram no ensino superior por meio da política de ações afirmativas. O artigo permite compreender como se constituiu o processo de educação de estudantes negros até a chegada ao Ensino Superior, bem como suas percepções acerca da escolarização e da vivência do racismo.

A seção Concepções e práticas docentes, inicia com o artigo intitulado MARX E A POLITECNIA, OU: do princípio educativo ao princípio pedagógico. Resultou de uma pesquisa desenvolvida por Antônio Carlos Maciel, e objetivou apresentar a trajetória epistemológica da definição do conceito de politecnia como princípio pedagógico e explicar porque é o fundamento determinante da educação integral politécnica. Analisa a concepção marxiana de educação para demonstrar a importância, mas, ao mesmo tempo, os limites do conceito de trabalho como princípio educativo. Conclui que há necessidade de atualizar a concepção marxiana de educação; complementar o trabalho como princípio educativo com a politecnia como princípio pedagógico; operacionalizar a prática pedagógica pela formulação da politecnia como princípio pedagógico; e demonstrar a educação integral politécnica, da educação infantil à universidade, como alternativa às propostas pedagógicas de educação escolar estatal.

O próximo artigo, escrito por Helen Maciel da Silva, Ednéia Maria Azevedo Machado e Juracy Machado Pacífico, intitula-se O PROTAGONISMO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO DOCENTE: experiência na Educação Infantil em Ji-Paraná-RO, apresenta uma reflexão sobre o processo e o impacto dos resultados da formação continuada realizada com coordenadores pedagógicos e professores que atuam na Educação Infantil no Município de Ji-Paraná-RO. Destaca a importância da implementação de um projeto de formação para os profissionais da Educação Infantil, bem como discute os caminhos percorridos neste processo. Como resultados especificam que a formação continuada para o coordenador pedagógico é de extrema importância, uma vez que é um profissional responsável pela formação continuada dos professores no espaço escolar, bem como aquele que possibilita a qualidade das atividades pedagógicas.

No artigo intitulado PERCEÇÃO, EXPRESSÃO E VALORIZAÇÃO DAS EMOÇÕES DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR, Maria Regina Teixeira Ferreira Capelo, John Miguel Costa Varela e Noemí Serrano-Díaz, discutem a educação emocional como condição para que possa ocorrer a adaptação pessoal e social do indivíduo. Apresentam um estudo no qual a prova é apresentada para avaliar a capacidade de perceber, expressar e valorizar emoções das crianças portuguesas na educação pré-escolar. As autoras concluem no estudo que a prova, embora em fase desenvolvimental, contribui para medir a adaptação pessoal e social das crianças portuguesas na etapa pré-escolar.

O texto que segue, escrito por Ana Cely de Sousa Coelho e Messias Furtado da Silva, intitulado EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES KARAYWA NA ALDEIA INDÍGENA MAPUERA, ORIXIMINÁ-PA, evidencia a Educação escolar indígena impregnada do diálogo intercultural. Apresenta os resultados de pesquisa sobre a experiência pedagógica de professores não-indígenas na educação escolar indígena, analisando as relações, os diálogos e as dificuldades enfrentadas na efetivação da educação intercultural. Mostram, ainda, desafios e potencialidades em efetivar a educação intercultural como instrumento de luta pela preservação da cultura e tradições indígenas.

PERCEPÇÕES DE ESTAGIÁRIOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL, escrito por Jéssica Almeida Isbarrola e Jaqueline Copetti, focaliza o fato da educação física ser obrigatória em todas as etapas da educação básica, exceto na educação infantil. Analisam as percepções de estagiários de educação física referentes às suas experiências no transcurso daquela atividade formativa. A pesquisa conclui que a interação entre universidade e escola abrange benefícios além da contribuição na formação acadêmica dos discentes, englobam novos conhecimentos e o desenvolvimento de todos os participantes das experiências dos estágios.

UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS GRATUITOS PARA ATIVIDADE DE CAMPO NO ENSINO DE TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO, é um texto instigante no qual Thiago Beirigo Lopes e Edna Lopes Hardoim, abordam de maneira provocativa e elucidativa as atividades de campo como uma estratégia para o ensino das ciências naturais. O estudo descrito nesse artigo demonstrou que as atividades de campo podem favorecer o ensino de matemática realizado em sala de aula, uma vez que os estudantes sentiram-se integrantes do processo e motivados por terem transpassado o ambiente da própria sala de aula.

PRODUÇÃO DE VÍDEOS AMADORES DE EXPERIMENTOS: algumas contribuições para se pensar o processo educativo, texto de autoria de Wilmo Ernesto Francisco Junior e Ana Paula Aquino Benigno. Destaca a produção de vídeos de experimentos por estudantes, focando especialmente as questões técnicas e estéticas da produção e como estas podem se interrelacionar com o processo educativo. A análise dos vídeos revelou a presença espontânea da música, dramatização, humor (entre outros elementos) que muitas vezes não se fazem presentes nas aulas de ciências, tendo a diversão, a liberdade, a criatividade e a responsabilidade como características ligadas ao caráter lúdico e ao engajamento pela atividade. Demonstram ainda que a interação e o envolvimento dos sujeitos na produção dos vídeos possibilitam ao professor promover a discussão do conhecimento científico de maneira ampliada.

A Revista traz ainda cinco artigos que tratam de outros temas em educação. No primeiro, Elizabeth Antônia Leonel de Moraes Martines e Juliana Negrello Rossarolla tratam sobre a temática SEXO E SEXUALIDADE: tabu, polêmica ou conceitos polissêmicos? reflexões sobre/para a formação de educadores. O texto centra-se sobre a reflexão relacionada a formação de educadores sexuais para atuarem na educação básica. Resulta de pesquisa no curso de licenciatura em ciências biológicas. O estudo demonstrou que a temática não aparece no projeto pedagógico do curso, mas os alunos vivenciaram várias atividades na prática formativa, especialmente no PIBID, por iniciativa de alguns professores-formadores. Concluem convictas de que os professores necessitam de formação permanente e de trabalho coletivo na escola para exercerem com responsabilidade e compromisso social a tarefa de educadores sexuais.

Lauro Roberto do Carmo Figueira em A EDUCAÇÃO LITERÁRIA SOB DUAS PERSPECTIVAS - objetivo comum, analisa o ensino da Literatura no Ensino Médio, no Brasil, e no Ensino Secundário, em Portugal. Utiliza documentos legais que regem as diretrizes curriculares de ambos os países. Destaca que as orientações nacionais, no Brasil, não são efetivamente implementadas, ao contrário dos programas portugueses. Esclarece que enquanto a orientação portuguesa escolhe o texto literário como o principal exemplo, no Brasil o texto literário subordina-se à perspectiva da Semiótica e da Linguística textual. Por fim, o texto esclarece que o ensino do Português lusitano prioriza a centralidade do texto literário, o brasileiro destina a Literatura a compor uma subunidade dos conteúdos de Língua Portuguesa.

O próximo artigo, escrito por Margarida do Espírito Santo Cunha Gordo, Lívia Maria Neves Bentes e Raiana de Oliveira Almeida intitula-se SIGNIFICAÇÕES DO CORPO NA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UFPA, trata sobre as significações construídas sobre e pelo corpo junto aos alunos da escola básica e reflexão sobre a forma como as práticas escolares vem incidindo nas atribuições de sentido que os alunos fazem do corpo. Apresenta como resultados que as significações atribuídas pelos sujeitos pesquisados ainda permanecem fortemente ligadas a uma visão utilitarista, instrumental e fragmentada do corpo. Defendem no texto a corporeidade como o elo fundamental a ser trabalhado na escola com o intuito de restituir a concepção de unidade corpórea e a noção de corpo como a manifestação de nossa própria existência.

O artigo intitulado A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: concepções e práticas pedagógicas, escrito por Maria Eduarda dos Santos Chaibe e Ediene Pena Ferreira, apresenta o resultado de pesquisa em educação e linguagem tratando da variação linguística no ensino de Língua Portuguesa. Trabalharam com pesquisas de doutores e especialistas da área, autores de textos publicados em livros, teses, dissertações e artigos publicados em meios acadêmicos/ educacionais oficiais. As autoras concluem que, apesar de ainda observarmos contradições, dificuldades de compreensão quanto à concepção de língua e falta de consenso terminológico entre os linguistas, os pesquisadores orientam que o ensino deve partir da reflexão e do acesso dos alunos às variedades da língua como legítimas, de forma a combater o preconceito linguístico, e lhes oferecer possibilidades de escolhas, por meio do reconhecimento das normas efetivamente praticadas pelos falantes da língua portuguesa.

Encerrando esta seção apresentamos o artigo escrito por Thalita Melo de Souza Medeiros, Jocyléia Santana dos Santos e Maria José de Pinho intitulado MEMORIAS DE EGRESSOS: mestrado em educação/UFT. O estudo objetivou analisar as contribuições da formação oferecida pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Tocantins (PPGE-UFT) na trajetória pessoal e profissional dos egressos que atuam na Educação Básica no município de Palmas - TO. Os resultados mostram que nos discursos dos participantes da pesquisa foi evidenciado que a contribuição da formação no PPGE-UFT, se consolida a partir do conjunto de disciplinas e atividades oferecidas pelo Programa, da participação em grupos de pesquisa e eventos científicos, do estímulo à produção discente, do processo de orientação e defesa da dissertação e dos recursos oferecidos pela instituição na qual se situa o programa. Traz importantes elementos de análise para aprimoramento daquele e de outros programas formativos similares.

Na seção Resenha, ao final da Revista, Ronaldo Marcos de Lima Araújo e Sandy Caroline Seabra Coelho apresentam suas contribuições analíticas em EXCLUSÃO OU INCLUSÃO MARGINAL?, oriunda da leitura do texto de José de Souza Martins, Exclusão social e a nova desigualdade. Os resenhistas apontam que Martins escreve sobre o tema da exclusão, e destaca o novo crescimento da concentração de rendas no Brasil e, consequentemente, o aumento das desigualdades. Ao longo da obra, ficam evidenciados que a noção de exclusão tem sido tratada de forma fantasiosa e, a rigor, equivocada para referir-se as segregações sociais contemporâneas.

Feitas as apresentações sintéticas do conjunto de textos que compõem esta edição, incluindo conferência, artigos e resenha, agradecemos e ressaltamos a dedicação de todos os que se dispuseram a compartilhar suas reflexões e a expectativa de que seus esforços possam contribuir para melhorias no processo educacional.

Desejamos a todos uma boa leitura.

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