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Revista Exitus

versión On-line ISSN 2237-9460

Rev. Exitus vol.9 no.1 Santarém ene./marzo 2019  Epub 16-Jul-2019

https://doi.org/10.24065/2237-9460.2019v9n1id722 

Artigos

A IMPORTÂNCIA DO USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DA 3ª ETAPA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL JOANIRA DEL CASTILLO

THE IMPORTANCE OF COMPUTER USE IN THE TEACHING AND LEARNING PROCESS OF STUDENTS OF THE 3rd STAGE OF EDUCATION OF YOUNG AND ADULTS OF STATE SCHOOL JOANIRA DEL CASTILLO

A IMPORTÂNCIA DO USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DA 3ª ETAPA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL JOANIRA DEL CASTILLO

Regina Ribeiro Pessoa1 

Socorro Balieiro Machado2 

1Licenciada em Filosofia pela Faculdade Pan Americana - FPA, Especialista em Psicopedagogia Institucional Faculdade de Tecnologia do Amapá - META, Extensão Universitária em Educação Profissional - Faculdade de Teologia e Ciências Humana - FATCH. Curso de aperfeiçoamento – Proeja – Instituto Federal do Amapá – IFAP. Macapá/AP. E-mail: repessoa.santana@hormail.com

2Licenciada em Economia Doméstica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro –UFRRJ, Especialista em Metodologia do Ensino Superior – Faculdades Integradas Severino Sombra do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ. E-mail: socorrobalieiromachado@yahoo.com.br


RESUMO:

O artigo em destaque tem como objetivo analisar o uso de recursos computacionais aplicados ao ensino de sala de aula pelos professores da EJA, pois nessa modalidade de ensino, o uso de tecnologias é de suma importância, devido estar distante da realidade de muitos desses educandos. Diante da realidade atual, o uso do computador e a inclusão digital é uma necessidade sociopolítica e cultural, pois cada vez mais a sociedade está informatizada e a escola como instituição social precisa acompanhar as transformações por qual passa a sociedade. A pesquisa quantitativa e qualitativa, tendo como base o método dialético. O desenvolvimento da pesquisa utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, tendo como embasamento teórico obras de autores renomados como Kenski, Grinspun, Rojo, entre outros reconhecidos no meio educacional. Foram entrevistados dezesseis alunos e uma professora da 3ª etapa da EJA, da Escola Estadual Joanira Del Castillo.

Palavras-chave:  Educação; Educação de Jovens e Adultos; Tecnologia

ABSTRACT:

The main objective of this article is to analyze the use of computational resources applied to classroom teaching by the teachers of the EJA, (Education of young and adults) because in this modality of teaching, the use of technologies is of the utmost importance, due to the fact of it is out of reach for many of these students. Faced with current reality, computer use and digital inclusion is a sociopolitical and cultural need, as society is increasingly computerized and school as a social institution needs to follow the transformations that society is going through. Quantitative and qualitative researches based on the dialectical method were held. The development of the research was used as methodology for the bibliographic research, having as a theoretical basis, works by eminent authors such as Kenski, Grinspun, Rojo, among others, recognized in the educational environment. For the realization of the study, sixteen students and a teacher from the 3rd stage of the EJA, School State Joanira Del Castillo were interviewed.

Keywords:  Education; Youth and adult education; Technology

RESUMEN:

El artículo que se presenta tiene como objetivo analizar el uso de recursos computacionales aplicados a la enseñanza por los profesores de la EJA, pues en esa modalidad de ensenãnza, el uso de tecnologías es de suma importancia, debido a estar distante de la realidad de muchos de esos educandos. Ante la realidad actual, el uso del ordenador y la inclusión digital es una necesidad sociopolitica y cultural, pues cada vez más la sociedad está informatizada y la escuela como instituición social necesita acompañar las transformaciones por las que pasa la sociedad. La investigación posee um caracter cuantitativo y cualitativoa, teniendo como base el método dialéctico. El desarrollo de la investigación se utilizó como metodologia la investigación bibliografica, teniendo como base teórica obras de autores renombrados como Kenski, Grinspun, Rojo, entre otros reconocidos en el medio educativo. Fueron entrevistados dieciséis alumnos y una profesora de la 3ª etapa de la EJA, de la escuela estatal Joanira del Castillo.

Palabras-clave: Palabra clave: Educación; Educación de Jóvenes y Adultos; Tecnología

INTRODUÇÃO

Na sociedade atual, o uso do computador ocupa todos os ambientes da sociedade, sendo inegável que seu uso exerce relevante importância no contexto social de todas as pessoas. A inserção desta tecnologia em diferentes contextos modifica as ações dos sujeitos e ressignifica práticas tradicionais, uma vez que possibilita comunicação, interação virtual, pesquisa, dentre outras formas de uso.

Assim, o computador é uma das tecnologias que se utiliza como parâmetro das mudanças tecnológicas vivenciadas pela sociedade nas últimas décadas. Atualmente, as formas de pensar e de se expressar dos sujeitos estão ligadas também ao uso do computador e de todas as ferramentas que ele possibilita e que estabelecem novos modos de interação social.

Dentre as instâncias socializadoras do uso do computador está a educação, na qual, esta tecnologia é utilizada como ferramenta de ensino e facilitadora da aprendizagem. O uso do computador como recurso pedagógico implica repensar o modelo educacional fundamentado em teorias tradicionais, uma vez que com essa tecnologia é possível dinamizar o ensino.

Acredita-se que com a inclusão das novas tecnologias de informação e comunicação como suporte pedagógico, os educadores provocam mais o interesse dos alunos pelo conteúdo abordado em sala de aula e possibilita que eles possam se sentir em sintonia com o contexto da modernidade. Além disso, os professores podem ter seus trabalhos desenvolvidos em sala de aula reconhecidos por outras pessoas, através de publicações em mídias e de alcance em massa.

Diante dessa problemática, surgiu a necessidade de realizar um estudo sobre a contribuição da mídia, através das tecnologias de informação, em especial, a mídia computadorizada. Dessa forma, privilegiou-se o uso dos laboratórios de informática na escola como recurso pedagógico na comunicação.

Portanto, a partir de análise sobre a importância do computador para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, pensou-se no tema, que tem como objetivo, analisar o uso de recursos computacionais aplicados ao ensino de sala de aula pelos professores da EJA.

O PAPEL DA ESCOLA FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

Se a realidade atual mostra grandes transformações em todas as áreas da vida humana, os movimentos e as práticas educacionais não estão e nem poderiam estar alheios a esses fatos. Dessa forma, o uso dos computadores na educação não pode mais ser questionado, mas devem ser adotados como uma ferramenta como importante recurso pedagógico de ensino aprendizagem para ajudar solucionar os problemas educacionais.

A educação faz parte desse tecido social e sua participação no contexto da sociedade é de grande relevância, não só pela formação dos cidadãos que atuam nesta sociedade, mas e principalmente, pelo potencial criativo que ao homem está destinado no seu próprio processo de desenvolvimento (GRINSPUN, 1999, p. 31).

Trabalhar com a educação é uma experiência que proporciona o aprendizado sobre a transformação de informações em conhecimento e este conhecimento em sabedoria. É isso que dá ao ser humano o poder de saber optar, refletindo e até gerenciando autonomamente suas opções, para isso, a inteligência possibilita condições de transferir os conhecimentos de uma área para outra, fazendo assim a inter-relação dos conhecimentos já estruturados.

Para Kenski (2013), a rápida evolução e difusão das novas tecnologias, em particular as associadas ao uso de computadores, alteraram significativamente, não apenas os processos de produção de bens materiais, mas também, os processos de difusão das experiências e, como consequência, os modos de vida em sociedade. Este ritmo evolutivo em termos tecnológicos é acompanhado por um volume crescente do conhecimento humano nas mais diversas áreas do saber.

Mas quando se fala em tecnologia, se faz necessário entender o seu conceito, como sendo “um conjunto de conhecimento e princípios científicos que se aplica ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade” (KENSKI, 2013, p.24).

Em consonância com este conceito, a escola deve inserir-se, procurando melhorar a qualidade do ensino. Dado apresentado no livro verde do Programa sociedade da Informação no Brasil demonstrou que, o rádio levou 38 anos para atingir um público de 50 milhões de telespectadores nos Estados Unidos, enquanto o computador levou 16 anos, a televisão 13 anos e a internet, em apenas quatro anos atingiu a marca de 50 milhões de internautas.

Contudo, não se pode afirmar que mídia e educação já se encontram interligados. Na verdade, a relação da mídia com a educação teve início no passado, porém, os dominantes do poder faziam uma dicotomia entre essas duas áreas e separavam-as de acordo com sua fragmentação do saber, embora estas já apresentassem relativa dependência uma da outra.

Segundo Schmidt (2006), a mídia representa uma das instâncias mais importantes da sociedade. Ela é responsável por favorecer mudanças no comportamento das pessoas, nas relações humanas e na construção do conhecimento. Ainda de acordo com este autor, a mídia interfere de forma decisiva em praticamente todos os campos: sociais, político, econômico e cultural. Com relação à educação, conceituada por alguns estudiosos como processo de aprendizagem que fornece o conhecimento necessário ao indivíduo, para que ele possa conviver em sociedade com mais participação nas decisões, esse campo social também vem sofrendo já há alguns anos, a interferência midiática.

Atualmente, observa-se uma crise de paradigma na área educacional, no qual, criticam a escola como uma instituição decadente, no entanto, a maioria ainda vê nela a saída para um futuro melhor. Nesse contexto, Schmidt (2006) explica que estudiosos, educadores, cientistas, gestores e demais, têm a tarefa de repensar coletivamente a função escolar para que a mídia seja uma ferramenta que consolide o fazer pedagógico.

Para esse autor, a mídia está cada vez mais assumindo um status pedagógico, interpelando crianças, jovens e adultos. Schmidt (2006) considera que a mídia e a educação têm se afirmado como um campo de intervenção social que procura incluir a informação no processo da mediação educacional. Segundo ela, este campo caracteriza-se por atividades de intervenção política e social fundamentadas no desejo de análise crítica do papel dos meios de comunicação que atuam no âmbito do ensino formal e informal.

Pinto (2006) considera relevante o trabalho que disponibiliza outras tecnologias para a produção intelectual, sobretudo, de alunos jovens e adultos. Além de desmistificar aparelhos e ofícios, as tecnologias podem contribuir como circunstâncias desencadeadoras de outras possibilidades de se pensar o que ocorre na escola.

Prensky (2011) ressalta que a escola é parte fundamental na construção dessa nova sociedade do conhecimento, pois o espaço escolar vai além das paredes da sala de aula, ora é o aluno que traz a informação de fora, ora é ele quem recebe as novas informações. Dentro dessa interação, o mundo digital vem permitindo que cada usuário seja o construtor de seu caminho que é único e personalizado.

Ramal (2002, p.14) acrescenta que “os suportes digitais, as redes, os hipertextos são as tecnologias intelectuais que a humanidade passará a utilizar para aprender, gerar informação, ler, interpretar a realidade e transformá-la”. O computador, sendo utilizado como ferramenta de aprendizagem, alarga a noção de sala de aula e a construção pessoal de conhecimento.

Trabalhar com a tecnologia computacional em sala de aula é experienciar as diferentes formas de aprendizagem e buscar nelas o próprio conhecimento. Nessa forma de ensinar e aprender, o aluno se torna um ator nesse processo de aquisição. Esta inserção é justificável pela sua forte presença no cotidiano dos alunos e dos professores, tornando-se necessária a sua utilização pelas mudanças significativas que trazem ao ambiente escolar. “Elas interferem no aprendizado, processos cognitivos, apreensões e percepções do mundo, vindo dessa forma a dinamizar o ensino e a promover a aprendizagem tanto de alunos como de professores” (PRENSKY, 2011, p. 11).

Valente (1999, p. 2), enriquecendo essas ideias afirma que:

A informática na educação enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o computador.

Nesse contexto de inclusão de informação, estão os alunos da EJA, que têm uma característica própria que o configura como alunos, sendo aqueles que não tiveram oportunidades de seguir os estudos formais na época escolar. Ainda pode-se apontar como ponto característico desta classe de alunos, como sendo a maioria daqueles provenientes de camadas mais carentes da população e já inseridos de alguma forma no contexto laboral. A maioria desses educandos não tem acesso às mídias, não possui o computador, por esse motivo, não possuem domínio das tecnologias e quando tem o aparelho em casa, utilizam de forma precária e básica.

Com respeito a esta necessidade de ensinar, que as novas tecnologias estão a serviços da informação, numa relação colaborativa e dinâmica, a qual deve ser aplicada na prática. Neste sentido, Rocha (2002) afirma que o jovem e o adulto querem ver aplicação imediata ao que estão aprendendo e, ao mesmo tempo precisam ser desafiados para resgatarem a sua autoestima, pois sua “ignorância” proporciona-lhes ansiedade, angústia, e “complexos de inferioridade”.

Acredita-se que apresentar teorias e ideias, propor discussões dentro do tema das novas tecnologias na educação de jovens e adultos é uma forma de iniciar mudança da ação de educar de formar e (re) construir as bases para uma vida profissional. Guareschi e Biz (2005) ressalta que é necessário um olhar crítico sobre a mídia e seu desempenho na sociedade e que a formação do cidadão deve ser para a autonomia e criticidade.

O Guareschi e Biz (2005) explicita a mídia como o “quarto poder” e que o quinto poder, capaz de superar a mídia, seria os cidadãos capacitados de conhecimentos.

O resultado de pesquisa neste campo tende a contribuir para a elaboração, a partir dos professores, de uma proposta metodológica eficiente, de informática aplicada à EJA, de forma que possa evitar a exclusão social e estimule a inserção, em rede social, destes jovens no mundo globalizado e informatizado, bem como, despertar a consciência dos professores a necessidade de proporcionar um ensino de qualidade com o uso desta ferramenta tecnológica.

Kenski (2013) explica que a escola precisa problematizar essas ideias junto aos seus professores, alunos, e demais profissionais e especialistas, para que não fiquem somente no papel, pois é de extrema importância que o gestor direcione junto ao seu corpo docente, uma prática acerca das grandes contribuições que a tecnologia pode proporcionar aos alunos.

Percebe-se que em muitas escolas ainda existem laboratórios fechados, pois há o receio de que algo seja danificado pela sua utilização. Essa postura deve ser mudada, o laboratório precisa estar disponível para os alunos pesquisarem, usarem ambientes colaborativos, elaborarem seus trabalhos e ressignificarem a sua forma de aprender.

Para Valente (1999), o grande desafio e compromisso pedagógico é de tornar realidade para os educandos uma escola prazerosa, democrática e competente, buscando construir a unidade na multiplicidade ao educar alunos distantes entre si, prevendo acesso aos mesmos conhecimentos e valores por meio da integração das múltiplas linguagens que educam e sintonizam todos com seu tempo, buscando a sua transformação.

Complementando esse pensamento, Alonso (1988, p. 35) enfatiza que: “Trata-se de repensar a escola como um espaço democrático de troca e produção de conhecimento”. Esse é o grande desafio que os profissionais da educação, especificamente o Gestor Escolar, deverão enfrentar neste novo contexto educacional, por possuir um papel fundamental na organização do processo de democratização escolar.

O PROFESSOR E ALUNO NO USO DE COMPUTADORES PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO EDUCATIVO EM SALA DE AULA

A educação e o sistema educativo sofreram grandes mudanças nos últimos tempos. Os avanços tecnológicos popularizaram o acesso à informação, modificando a maneira como se vive e, consequentemente, a maneira como se aprende. A sociedade, atualmente, está conectada em rede e isso provocou mudanças marcantes. A aprendizagem não é mais individual, mas sim coletiva. O conhecimento é construído em grupo e incontestavelmente está mais acessível. Logo, qual é o papel do professor hoje? Qual é o impacto do professor numa sociedade em rede, com tantas oportunidades de aprendizagem?

Para compreender o impacto das tecnologias na sociedade e nas instituições, o grande desafio do professor é o de estabelecer um diálogo contínuo e permanente. Nesse sentido, o diálogo é um instrumento fundamental para a definição de estratégias e para a implementação de políticas educacionais. Para Kenski (2013, p.41).

A era digital é a possibilidade de superar a fragilidade da instituição escola por meio da revitalização do professor, que tem uma missão especial de complementar a formação do aluno da educação de jovens e adultos para o mundo, pensante, livre, ético e criativo.

A tecnologia faz parte da educação, a partir do uso de livros impressos e de outros materiais podem-se verificar importantes avanços na área educacional. A introdução do computador e da informática na educação são propostas de mudanças pedagógicas. O computador é um recurso que pode possibilitar aprendizagem, contudo, requer um novo olhar sobre a escola e suas necessidades, sua organização e, sobretudo, sobre a formação dos docentes, a fim de que sejam capazes de redefinir seu planejamento e desenvolver atividades diversificadas para o conhecimento dos alunos.

Na sociedade atual, “a educação exige uma abordagem diferente, em que o componente tecnológico não pode ser ignorado” Stahl (2008, p. 307). O uso de tecnologias em todos os espaços sociais é uma realidade da qual a escola não pode se distanciar, uma vez que traz benefícios à aprendizagem, a partir da organização curricular e do planejamento de ensino.

Para Gesser (2012), o computador e outras tecnologias vêm contribuindo com avanços na área da educação, uma vez que pode-se utilizá-las em “diferentes formas de materialização do currículo”, com metodologias inovadoras empregadas no processo ensino, para que se efetive a aprendizagem. Nesse sentido, Moran (2007) afirma que as aulas convencionais são um modelo ultrapassado, que continua mantendo o professor como o detentor do conhecimento.

De acordo com Valente (1999, p. 24), o uso do computador na educação fez surgir “o questionamento dos métodos e da prática educacional [...] insegurança em alguns professores menos informados que receiam e refutam o uso do computador na sala de aula”. As mudanças na educação, provocadas pela presença do computador e outras tecnologias exigem cada vez mais novos paradigmas de formação docente, que possam priorizar as tendências de uso das tecnologias nas salas de aula. Para Sacristán (2000, p. 238) é preciso:

Propor inovações pedagógicas aos professores é remover a estrutura do trabalho e conscientizar-se de certas interdependências, já que, em geral, não se trata de simples substituições metodológicas, mas de importantes alterações que devem ser vistas dentro da complexidade dos encargos da função do professor e de acordo com suas possibilidades e obrigações de trabalho.

Antigamente, o professor era o único participante ativo da sala de aula, aquele que detinha o conhecimento e que transmitia para os alunos todo o seu estudo e sabedoria de forma linear, passando apenas do professor para os alunos, sem grandes reflexões ou visão crítica dos conteúdos. A educação tradicional era centrada no professor, fundamentalmente baseada em texto e excessivamente expositiva. Porém, a nova geração está acostumada a agir em vez de passivamente assistir. Com a evolução das tecnologias e da sociedade, além das oportunidades de aprendizagem, os alunos também mudaram.

Os alunos de hoje agem de formas diferentes, e por isso, a era tecnológica necessita de um sistema educacional reformulado, voltado para esses novos alunos, os “nativos digitais”:

Eles passaram a vida inteira cercados por e utilizando computadores, videogames, reprodutores de música digital, câmeras de vídeo, celulares, e todos os outros brinquedos e ferramentas da era digital. [...] Jogos de computador, e-mail, internet, celulares e mensagens instantâneas são partes integrais de suas vidas (PRENSKY, 2011, p.1).

Observa-se que esta geração esta acostumada a dividir a sua atenção entre diferentes tarefas ao mesmo tempo, utilizando diferentes tipos de tecnologias e inseridos em diferentes tipos de contexto. O conteúdo acessado e produzido por eles não se limita apenas a textos, mas abrange imagens, sons, vídeos e multimídias.

Segundo Prensky (2011), os alunos atuais não são mais as pessoas para as quais o nosso sistema educacional foi projetado para ensinar. Portanto, é necessário que métodos e metologias utilizadas por alguns professores sejam modificadas para que atenda as necessidades dos educandos. De acordo com Valente (1999), muitos educadores ainda aspiram àqueles modelos, os quais o professor era o único detentor do conhecimento e o único identificador do que é (ou não) importante, determinando os conteúdos, os procedimentos, a natureza de suas aulas, geralmente com pouca, ou nenhuma, contribuição exterior.

A suposição de que os métodos que funcionaram para os professores na sua época irão funcionar hoje não é mais válida; A nova geração necessita que os educadores adotem uma nova postura frente às mudanças que vêm transformando a sociedade. Segundo Harasim (apud Revista Veja Educação, 2009).

A tecnologia faz parte do cotidiano de todos os jovens e adultos. Os alunos esperam que o professor se utilize disso em sala de aula. Seu papel mudou completamente, mas continua essencial. Ele guia o processo de aprendizagem, sendo o elo entre o aluno e a comunidade científica.

Na verdade, as realidades são outras e os sistemas de relações que elas presidem são nitidamente novos.

“A globalização ou a internacionalização deixa de ser palavra para se tornar paradigma do conhecimento sistemático da economia, política, ciências, tecnologia, informação e espaço” (KENSKI, 2013, p.2).

Assim, a educação, em todos os níveis, tem que considerar esse novo paradigma emergente e passar a encarar os desafios que surgem, com a integração de uma tecnologia que antes lhe parecia inimiga.

Assim, para corresponder a este novo contexto, “a escola”, qualquer que seja sua modalidade, terá que ser menos formal e mais flexível, para não apenas transmitir conhecimentos técnicos e livres, mas para gerar conhecimentos a partir das reflexões sobre as práticas inseridas num mundo que age e se organiza diferentemente dos esquemas tradicionais (ROJO, 2013, p.2).

Logo, confirma-se que as mudanças sofridas pela sociedade exigem uma nova postura por parte do professor em sala de aula. É absolutamente necessária, uma mudança de um ambiente centrado no professor para um ambiente centrado no aluno. Em um mundo conectado em rede, com inúmeras trocas de informação e rapidez de interação, o papel do professor, em suma, é auxiliar o aluno na busca pelo conhecimento, ser um mediador entre o aluno e a aprendizagem.

O professor pós-moderno deve estar em sintonia com a contemporaneidade, saber utilizar as tecnologias em prol de um ensino mais eficiente e eficaz, trabalhar em parceria com o aluno e, ser consciente de que não é o detentor de todo o conhecimento. Hoje, é necessário ensinar a refletir, questionar, raciocinar e compreender a realidade, para que possam contribuir com a sociedade e construir opiniões próprias.

Contudo, os professores precisam desenvolver conhecimento e habilidades continuamente durante as suas carreiras. O investimento na formação dos professores é de fundamental importância para aumentar a eficácia e a melhora na escola. É essencial refletir em como ensinar, tanto quanto o que ensinar. Dessa forma, é necessário pensar em novas metodologias de ensino e apoiar-se nas ferramentas que surgem, a fim de melhorar a qualidade de ensino, ao invés de refutar as qualidades que estas oferecem.

Nesse contexto, é importante que o educador se veja como aluno. No entanto, quando se pensa em educação, costuma-se pensar no outro, no aluno, no aprendiz e se esquece de como é importante olharem que são profissionais do ensino e, como sujeitos e objetos também de aprendizagem. Ao se focarem como aprendizes, mudam a forma de ensinar. Segundo Morran (2009, p. 41):

“[...] se me vejo como aprendiz, antes do que professor me coloca numa atitude mais atenta, receptiva, e tenho mais facilidade em estar no lugar do outro, de aproximar-me do aluno e vê como ele vê, e, assim, a modificar meus pontos de vista”.

Estar em formação contínua traz vantagens, não apenas para a escola e alunos, mas para o professor. Moran (2009, p. 52) afirma que, como professores:

“Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento”. Ainda, é de suma importância refletir criticamente e levantar questionamentos sobre as práticas pedagógicas no contexto de atuação.

É importante que os professores aproximem-se dos alunos, compartilhando os seus interesses e sua realidade, interagir e trocar ideias, objetivando construir um significado para a aprendizagem. Nesse contexto, também é preciso procurar compreender as novas tecnologias. Essas visam ajudar o professor, fornecendo novas ferramentas e novos métodos que se adaptam a novos contextos, resistir a estas mudanças, acaba tornando-se uma forma de exclusão. Dessa forma, pode-se afirmar que mudanças são sempre necessárias, pois estimulam a refletir sobre nossas ações. Logo, o professor deve exercer o papel de um ser evolutivo, que pensa, reflete, analisa e busca sempre o aperfeiçoamento, a fim de facilitar a aprendizagem e adaptar-se ao meio.

A RELAÇÃO ENTRE MÍDIA ESCOLA NO PROCESSO EDUCATIVO

O uso pedagógico do computador e da internet na escola como ferramenta no desenvolvimento da aprendizagem é uma temática que suscita uma série de reflexões e, consequentemente, ações que envolvem as pessoas com a tarefa educativa, na tentativa de buscar caminhos que ampliem a qualidade do ensino e da aprendizagem, no qual o papel da escola é de fundamental importância, visto que, é na escola que se prepara para a vida, isso envolve mais do que ministrar conteúdos ou habilidades pré-estabelecidas nos currículos, o educar para a vida é envolver, preparar o aluno a lidar com seus problemas pessoais e sociais, com seus direitos, deveres, ter um bom convívio com os outros em diversos ambientes seja em casa, trabalho, igreja ou escola e acima de tudo, ter autonomia, que por sinal, é um dos maiores desafios que a escola tem hoje. E é sobre essa autonomia que os alunos da Educação de Jovens e Adultos necessitam aprender dentro da escola, e a inclusão digital, com certeza, vem favorecer este aprendizado.

O ambiente escolar tem sofrido algumas alterações nos últimos anos, à medida que se expande para utilização das tecnologias digitais. Segundo Kenski (2013), no início isso era visto com certa desconfiança e como modismo, porém, aos pouco o computador passou a ser usado como ferramenta pedagógica nos projetos experimentais e em atividades isoladas de ensino.

Segundo Kenski (2013), a pressão social levou muita escola a instalar os laboratórios de informática como um apêndice ou como um diferencial a mais para atrair o aluno. No entanto, as propostas curriculares dos cursos continuaram fora dessa inserção.

Essa temática faz uma reflexão na transformação do espaço-tempo educativo, num campo de onde emergem atividades curriculares que articulem os conteúdos às ações pedagógicas. Isso implica superar a fragmentação do currículo escolar organizado em disciplinas, o planejamento fragmentado (VALENTE, 1999).

Os recursos multimídias, da internet e da realidade virtual criam superações dos limites, utilizando o pensamento como capacidade de criar e como fonte da mensagem que dá sentido à mídia. Nesse sentido, a prática docente deve ser orientada hoje, a partir de uma nova cultura.

Para Valente (1999) modificando as questões da escola, modifica-se também o papel do professor, que deixa de ser repassador de informação para facilitador no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, o computador é instrumento de motivação para alunos e professores desde que sua inserção não seja de forma autoritária, mas definida e compreendida pelo professor, a partir do seu planejamento.

Segundo Valente (1999, p. 12): “o computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve uma tarefa por intermédio do computador”. Na perspectiva de ferramenta pedagógica, esse recurso deve ser utilizado de modo a auxiliar o professor a compreender que a educação não é somente transferência de conhecimento, mas processo de construção do conhecimento.

Nesse sentido, a escola como instituição social e educacional não pode mais ficar preocupada somente em preparar pessoas para exercer suas funções sociais e adaptar-se às oportunidades ligadas à empregabilidade, tampouco, para exclusiva aprendizagem instrumental de normas e competências, ligadas ao domínio e à influência no emprego de equipamentos e serviços. Mas, deve antes de tudo, pautar-se pela intensificação das oportunidades de aprendizagem e autonomia dos alunos em relação à busca de conhecimentos, da definição de seus caminhos, da liberdade para que possam criar oportunidades e serem os sujeitos da própria existência (KENSKI, 2013).

Portanto, a ciência e a tecnologia podem ser instrumentos poderosos, tanto para possibilitar uma ação cidadã efetiva, quanto para minimizar problemas sociais. Estas concepções desafiadoras não dependem somente da vontade dos docentes e discentes, mas sim, que as instituições de ensino estejam empenhadas em um ambiente inovador, transformador e participativo.

METODOLOGIA

Para Minayo (2003), a metodologia da pesquisa constitui o intinerário do pensamento a ser buscado, ocupando um lugar de destaque na teoria, ao englobar o conjunto de técnicas adotadas para construir uma realidade. Assim, este trabalho utilizará a pesquisa quantitativa e qualitativa, por meio da revisão bibliográfica.

As pesquisas bibliográficas, segundo Gil (2007, p. 85):

“apresentam como principal vantagem o fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.

Para isso, foi necessário o levantamento bibliográfico de obras sobre o uso das novas tecnologias pelos profissionais da educação de jovens e adultos, como leitura e seletiva de livros, dissertações, artigos científicos, a fim de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, conferir significado mais amplo ao resultado, relacionando o que os autores afirmam com relação à problematica.

Para Godoy (1995, p. 62), os estudos denominados qualitativos e quantitativos tiveram como preocupação fundamental o estudo e a análise do mundo empírico em seu ambiente natural. Nesta abordagem, valorizou-se o contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo estudada.

Assim, no trabalho de campo, os dados foram coletados através de entrevista, utilizando-se roteiro de perguntas pré-estabelidas e transcritas totalmente. Além de questionários com perguntas objetivas e subjetivas. Para melhor aproveitamento dos dados, utilizou-se além do questionário e o roteiro de entrevista, a observação, a seleção, análise e interpretação dos dados coletados.

O método utilizado foi o Dialético, que para Gil (2007), fundamenta-se na dialética, na qual as contradições se transcendem, dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, considerando que os fatos fazem parte de um contexto sociocultural, político e econômico.

RESULTADOS DA PESQUISA

Entrevista com os alunos

Tabela 1 A importância do uso de computador em sala de aula 

Sim 8 50%
Ás vezes 6 37%
N.R 2 12,5%
Total 16 100%

Fonte: E.E.Joanira/2014

Tabela 2 As chances de aprendizagem pelos alunos com a presença do computador em sala ou no LIED 

Sim 8 50%
Ás vezes 5 31,25%
N.R 3 18,75%
Total 16 100%

Fonte: E.E.Joanira/2014

Tabela 3 Utilização da tecnologia no dia a dia 

Sim 8 50%
Ás vezes 5 37%
N.R 3 12,5%
Total 16 100%

Fonte: E.E.Joanira/2014

Tabela 4 Manuseo do computador pelos educandos 

Sim 8 50%
Ás vezes 5 37%
N.R 3 12,5%
Total 16 100%

Fonte: E.E.Joanira/2014

Tabela 5 A utilização do computador pelos educadores como um recurso pedagógico 

Sim 8 50%
Ás vezes 5 37%
N.R 3 12,5%
Total 16 100%

Fonte: E.E.Joanira/2014

O estudo sobre o uso do computador no processo de ensino e aprendizagem dos alunos da 3ª etapa, da educação de jovens e adultos, da Escola Estadual Joanira, foi realizado a partir da entrevista uma professora e dezesseis alunos.

Sobre a importância do uso de computador em sala de aula, 50% dos alunos responderam que é importante o uso do computador na escola, porque além das pesquisas, eles teriam acesso a outros conhecimentos. E se tivesse acesso à internet seria muito melhor, pois poderiam trocar ideias com outros alunos da educação de jovens e adultos de outras escolas e até de outros estados; 31,25%, disseram que é importante apenas porque facilita as pesquisas que são solicitadas pelos professores de todas as matérias; 6,25% respondeu que seria importante pra pessoas carentes; e 12,5% não souberam responder.

Quando se perguntados sobre a presença do computador em sala de aula, se facilitaria o aprendizado, 50% dos entrevistados concluíram respondendo que, com certeza, aprenderiam muito mais, porém, o uso dessa ferramenta é cada vez mais distante do aluno; 18,25% comentaram que tanto faz usar ou não mudaria em nada; e 31,75% não souberam responder.

Quando foi perguntado se os alunos costumam utilizar a tecnologia no dia a dia, as respostas foram as seguintes: embora quase todos estivessem com celular na mão, 31,25% responderam que não a usavam, pois celular não é a mesma coisa que computador; 68,75% esclareceram que utilizam a tecnologia quando vai ao banco, em casa por diversos objetos, como celular, computadores, microondas, tv, entre outros.

Procurou-se saber se eles sabiam manusear um computador e se gostariam de aprender caso a resposta fosse não. Dos alunos pesquisados 56,25% falaram que já tiveram contato e sabem muito pouco, mas gostariam de aprender por achar interessante; 18,75% comentaram que não, mas que também se tivesse oportunidades faria curso para poder ter conhecimento referente ao uso das tecnologias que hoje o mundo oferece aos seres humanos; 31,25% responderam que sabem mais ou menos e demonstraram interesses em ter acesso por que segundo eles o computador oferece muitas oportunidades.

Ao perguntar sobre a utilização de computador, por parte dos professores, como recurso pedagógico, 50% alunos foram enfáticos em responder que não; 25% responderam que sim; 18,75% disseram que às vezes e 6,25% falaram que alguns professores utilizam os seus notebooks, mas os alunos não tinham acesso e 6,25% não souberam responder.

ENTREVISTA COM A PROFESSORA

De acordo com o projeto deste estudo, seriam entrevistados três (03) professores, mas por ser período de provas na escola, os demais professores não puderam participar da entrevista, somente uma professora se prontificou a colaborar. Dessa forma, foi perguntado à professora, se ela utiliza o LIED para o desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos, a resposta foi não. Segundo essa profissional, o recurso tecnológico está disponível na escola, porém, não fazem uso por falta de domínio, tanto dos alunos, quanto dos professores. Inclusive a professora reconhece a necessidade e importância desses recursos, mas a falta de tempo não lhe permite utilizá-lo.

Sobre a formação continuada para o uso das mídias e das tecnologias na escola, a professora explicou que nunca participou de palestras ou orientações, porque não tem tempo para fazer esses cursos. Sobre o que ela pensa a repeito da importância do computador, como um recurso pedagógico, para auxiliar os alunos na leitura e escrita, além de estimular nos estudos, esclareceu que pode ser muito importante, devido ser algo novo e chamar a atenção dos educandos.

Procurou-se saber, se na escola existe um trabalho para estimular os professores a utilizarem o LIED, a professora falou que sim, o trabalho existe, mas desconhece os detalhes da informação. Quanto ao seu conhecimento ou domínio sobre manuseio do computador, respondeu que sabe manusear somente o básico.

Por último, falou-se que em muitas escolas existem os LIED’s, porém, poucos funcionam de acordo com os objetivos com que foram criados. A professora enfatizou dizendo que o que falta, para funcionarem de forma eficiente nas escolas é uma pessoa verdadeiramente qualificado para o trabalho e que tenha disponibilidade de tempo para atender os alunos. O que se observa nas escolas, é que nessas salas, aonde deveria ter um professor específico para esse fim, é lotado por pessoas com problemas de saúde, indisponibilidade de tempo, por ter outro vínculo ou mesmo, sem experiência com as TIC’s. Além disso, é muito difícil ter alguém à noite, portanto, sempre está fechado.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Conforme o resultado do questionário com os educandos, verificou-se que, definitivamente o Laboratório de informática não funciona para os alunos e professores. De acordo com as resposta, está claro que não há um empenho da escola em estimular o uso das tecnologias pelos agentes de sala de aula. Observou-se durante o trabalho de entrevistas e preenchimentos de questionários que tanto alunos quanto professores se mostram desistimulados. As aulas continuam sendo somente expositivas e cansativas. Isso é comprovado pelo alto índice de evasão que acontece todos os anos, realidade que não é somente desta escola, mas de todo o Brasil.

De acordo com um artigo publicado pela Revista Nova Escola, pelo autor César Coll em maio de 2014, revela o resultado de uma pesquisa em 2000, realizada pelo professor Larry Cuban, nos Estados Unidos, o qual descreveu o resultado dos esforços realizado por aquele país para incorporar as tecnologias da informação e comunicação (TIC) à Educação. Segundo Cuban (2000 apud Coll 2014), apesar de duas décadas de investimentos para colocar o computador em sala de aula, escolas conectadas à rede e bilhões de dólares gastos, em grupo de dez professores, apenas dois são usuários frequentes em sala de aula. Três são eventuais (utilizando uma vez por mês). De quatro a cinco de dez, nunca utilizaram o equipamento como recurso.

Ainda sobre a utilização desses equipamentos tecnológicos, acabam sendo empregados mais em processamento de textos e em atividades banais, que não transformam as práticas de ensino. No caso das escolas brasileiras, parece não ser diferente. Apesar de alguns avanços, ainda está longe de poder afirmar que essas tecnologias tenham revolucionado a forma de ensinar e aprender na escola.

Para Rojo (2013, p. 67), “o desafio é o inventar e descobrir usos criativos da tecnologia educacional que inspirem professores e alunos a gostar de aprender, para sempre”. Isso pode acontecer a partir de construção de novos projetos e oportunidades, que ofereçam condições de ir além da formação para o consumo e da produção.

Coll (2014) menciona a revolução das TIC’s nos últimos anos, como o crescimento do número de usuários da internet, o surgimento à difusão da web social e das ferramentas e aplicações informáticas que caracterizam (blogs, wikis, redes sociais, ambientes de compartilhamentos de recursos etc..), o crescente aumento das tecnologias móveis e sem fio, bem como, dos dispositivos eletrônicos associados (smartphones e tablets) e o avanço da computação em nuvem. Todos esses recursos já são utilizados pela maioria dos alunos e professores, o que também, pode ser utilizado como ferramenta para aprendizagem na escola.

É importante lembrar que, na contemporaneidade, aconteceram grandes mudanças no papel da aprendizagem na vida das pessoas e em quase todos os parâmetros que interfere nela. Essas mudanças, associadas ao novo cenário econômico, social, político e cultural da sociedade da informação foram qualificadas de várias maneiras e abordadas em diversas perspectivas. Portanto, é necessário que a escola procure se atualizar mais urgente possível, visto que seus agentes são antes de tudo cidadãos sociais, fruto de uma sociedade que a cada dia exige conhecimentos cada vez mais complexos (KENSKI, 2013).

Na verdade, as tecnologias fornecem um potencial importante na arte de ensinar e aprender. Só os investimentos para acesso a essas ferramentas, podem não surtir efeito na repercussão da melhoria da aprendizagem e do ensino. Mas, a utilização e as estratégias em educação dependem de fatores, tais como: a formação técnico-pedagógica dos educadores, apoio tecnológico de que dispõem às ideias e expectativas sobre o valor educativo das TIC’s e, especialmente, o planejamento pedagógico com a visão do que significa ensinar e aprender. Outro aspecto a ser analisado, reside no papel mediador das relações entre alunos, professores e conteúdos.

Assim, o emprego das TIC’s, segundo Coll (2014) não deve ser visto como um fim em si mesmo, tão pouco como um fator necessário que irá desencadear um processo de inovação e melhorias das práticas educativas. Elas são vistas como mais um recurso a serviço da dinâmica que as transcende, engloba e determina a concretização e o alcance das possibilidades oferecidas aos educadores e educandos, para aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. Pois tudo depende do interesse de seus agentes escolares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a importância do uso do computador no processo de ensino e aprendizagem dos alunos da 3ª etapa da EJA, realizado na Escola Estadual Joanira, em Santana, verificou que apesar das dificuldades para utilização do computador em sala de aula, existe um interesse pelos alunos em querer aprender de forma inovadora.

Contudo, a escola precisa se organizar melhor, a fim de oferecer um serviço de qualidade aos educandos e educadores. Detectou-se certo desinteresse por parte dos professores e da equipe técnica em discutir a temática. Apesar de ter o LIED, este não funciona como deveria. Não existe formação continuada para este fim e, quando tem curso os professores não tem disponibilidade para participar.

Na verdade, o computador veio pra ficar. Não se pode mais fechar os olhos para essa imensa possibilidade de informação disponível no cotidiano das pessoas. Através dele, os alunos têm uma oportunidade muito diferente da leitura e da escrita convencional, pois as informações estão diante de seus olhos, tornando-os mais autonômo no saber fazer, especialmente, os alunos da EJA, que já possuem certa determinação e já utilizam a tecnologia no dia a dia.

Serve também como um incentivo à pesquisa científica, pois adquirem a capacidade de elaborar as informações e transformá-las em novos conhecimentos que os levarão a outras buscas. O despertar pela curiosidade de aprender é uma conquista que poderá se dar de diversas maneiras, através dos recursos midiáticos e dos mais simples e convencionais já existentes na maioria das escolas brasileiras.

Portanto, utilizar as TIC’s na sala de aula significa desenvolver um trabalho pedagógico dinâmico, envolvente e democrático, no qual todos tenham possibilidade de aprender e ensinar. Quanto à EJA, seria uma grande oportunidade de valorizar as competências e as habilidades desses educandos, que por muito tempo estão à margem da sociedade.

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Recebido: 02 de Janeiro de 2018; Aceito: 10 de Setembro de 2018

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