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Revista Brasileira de História da Educação

versión impresa ISSN 1519-5902versión On-line ISSN 2238-0094

Rev. Bras. Hist. Educ vol.22  Maringá  2022  Epub 15-Dic-2021

https://doi.org/10.4025/rbhe.v22.2022.e198 

Artigo Original

A educação pré-escolar e a produção acadêmica: (re) construindo trajetórias de suas intelectuais (1970-1998)

Early childhood education and academic production: (re) constructing trajectories of its intellectuals (1970-1998)

Educación infantil y producción académica: (re) construyendo trayectorias de sus intelectuales (1970-1998)

Alessandra Elizabeth Ferreira Gonçalves Prado1  * 
http://orcid.org/0000-0002-1679-6715

Alessandra Arce Hai1 
http://orcid.org/0000-0002-9275-1201

1Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.


Resumo:

O presente artigo se insere no contexto da história intelectual e objetiva analisar e apresentar, ainda que de forma ensaística, no período aqui delimitado (1970-1998), a construção das redes de sociabilidade do campo intelectual da educação de crianças pequenas. Partimos de 78 artigos publicados na área em três periódicos reconhecidos no cenário brasileiro. Baseamo-nos nas proposições do historiador Jean-François Sirinelli e seus categoriais, a saber: gerações, itinerários e redes de sociabilidade. Este trabalho divide-se em três partes: os grupos de pesquisa, suas líderes e suas publicações. A seguir desenhamos itinerários, gerações e redes de sociabilidade de cinco ‘grandes’ intelectuais. Ao fim, entendemos que tal rede deteve o protagonismo na circulação de ideias educativas, produzindo e assessorando materiais de visibilidade nacional. Além disso, formaram-se novas gerações que atuaram e ainda atuam em destaque nesse cenário.

Palavras-chave: história intelectual; redes de sociabilidade; itinerários; educação infantil

Abstract:

This article is inserted in the intellectual history context and aims to analyze and present, albeit in an essayistic way, in the period delimited here (1970-1998), the construction of sociability networks in the intellectual early childhood educational field. We started from 78 articles published in the area in three periodicals recognized in the Brazilian scenario. We are based on the propositions of the historian Jean-François Sirinelli and his categories, namely: generations, itineraries, and networks of sociability. This work is divided into three parts: the research groups, their leaders, and their publications. Next, we design itineraries, generations, and networks of sociability of five ‘great’ intellectuals. In the end, we understand that such a network held the leadership in the educational ideas’ circulation, producing and advising materials of national visibility. In addition, they formed new generations that acted and still do in prominence in this scenario.

Keywords: intellectual history; sociability networks; itineraries; early childhood education

Resumen:

Este artículo se inserta en el contexto de la historia intelectual y tiene como objetivo analizar y presentar, aunque de manera ensayística, en el período aquí definido (1970-1998), la construcción de redes de sociabilidad en el campo intelectual de la educación infantil. Partimos de 78 artículos publicados en el área entres revistas reconocidas en el escenario brasileño. Nos basamos en las propuestas del historiador Jean-François Sirinelli y sus categorías, a saber: generaciones, itinerarios y redes de sociabilidad. Este trabajo se divide en tres partes: los grupos de investigación, sus líderes y sus publicaciones. A continuación, diseñamos itinerarios, generaciones y redes de sociabilidad de cinco ‘grandes’ intelectuales. Al final, entendemos que dicha red tuvo un papel protagónico en la circulación de ideas educativas, produciendo y asesorando materiales de visibilidad nacional. Además, formaron nuevas generaciones que actuaron y siguen actuando con protagonismo en este escenario.

Palabras clave: historia intelectual; redes de sociabilidad; itinerarios; educación infantil

Introdução

Quando os e as intelectuais e sua produção acadêmica dentro de uma determinada área são estudados/as não se pode deixar de lado o fato de que eles elas são produtores/as e construtores/as de discursos e imagens. Estes desenham apontamentos, valorizam certas correntes de pensamento em detrimento de outras, ressignificam palavras e ideias para a prática pedagógica.

Tomamos o conceito de intelectual que, a partir de Sirinelli 1 (1986), 2003, 2008), de caráter polimórfico e polifônico, aponta duas definições de intelectual: sociológica-cultural e política. A primeira é mais abrangente e articula-se em torno da produção, difusão e recepção da cultura, engloba os criadores, escritores, acadêmicos. A segunda é mais restrita, e se baseia na noção de ‘engajamento na vida da cité2, com formas diretas e indiretas de ação e, agente ou testemunha, como consciência de seu tempo. Essas duas abordagens são indissociáveis na complexa conceituação dos ‘clérigos’: vincula o intelectual à atividade política, sendo-lhe outorgada uma dimensão inerentemente cultural (Sirinelli, 1998).

Ao adotar a ótica da história cultural, Sirinelli (1998) defendeu a ampliação do estudo dos intelectuais como objeto de estudo. O autor afasta-se da usual história dos ‘grandes’ papas da intelectualidade, a saber da forma positivista de narrar os acontecimentos ‘meteóricos’, extensamente combatidos pela Escola dos Annales. Em outra direção, portanto o autor incorpora à releitura de intelectuais as seguintes categorizações (camadas de intelectuais): os grandes intelectuais, os intermediários e os despertadores (Sirinelli, 1986, 2003). Os grandes são aqueles de maior notoriedade, os intermediários de menor e os despertadores, como fermento ou influência cultural e política das gerações e das redes de sociabilidade.

Partindo desses pressupostos, elaboramos três categoriais, de análise (instrumentos indissociáveis): itinerários intelectuais, as redes de sociabilidade e geração. Itinerários integram uma recomposição de trajetórias que se cruzam e se interconectam (Sirinelli, 1986), podem e devem ser observadas a partir dos três níveis de intelectuais.

Assim, espaços de circulação intelectual, que ultrapassam as escrivaninhas ou os ‘púlpitos’ nas universidades, tais como periódicos, manifestos, associações, currículos. Ir além da observação sendo, pois, necessário desenhar e interpretar esse conjunto de lugares, ou seja, a arqueologia das ‘redes de sociabilidade’ (Sirinelli, 1986, 2003). No processo desse trabalho de reconstituir os itinerários, desvela-se como os vínculos nos seus componentes afetivos foram forjados, quer dizer, aqui se vê o gesto da escolha e voluntariedade e, como qualquer microssociedade, suas estruturas de sociabilidade secretam as adesões e dissensões, o microclima (Sirinelli, 1986).

Nesse contínuo, as gerações intelectuais vão sendo reconhecidas, no desafio de apreender o que Sirinelli (2003) denomina de ‘bagagem genética ‘que é gestada e permanece na memória coletiva dos mais novos por um dado período, ou por toda a vida. O “[...] patrimônio dos mais velhos é, portanto, elemento de referência explícita ou implícita” (Sirinelli, 2003, p. 255), presentes nos múltiplos espaços e conectividades nos itinerários ao longo do tempo.

Trabalhar com os intelectuais, como objeto de estudo, envolve esse passo de identificação que é cartográfico, de fundo prosopográfico, em suma:

A história dos intelectuais, contudo, deve ser meticulosa em seus métodos e ambiciosa em seus objetivos: sustentada, em particular, por um projeto de geodésia que pretende permitir o desenvolvimento de mapas das principais rotas do século, quer ser, ao mesmo tempo, geografia e genealogia: arqueologia, ao expor solidariedades de origem e fenômenos de estratificação geracional, iluminando a geografia da intelectualidade em uma determinada data; genealogia com a busca de influências e, portanto, fenômenos de filiação (Sirinelli, 1986, p. 107-108, tradução nossa)3.

Portanto, pautada na história intelectual e nos aportes conceituais e teóricos tais como definidos por Sirinelli (1986, 1998, 2003), o objetivo do presente texto é analisar e apresentar, ainda que de forma ensaística, no período aqui delimitado (1970-1998), as grandes intelectuais em destaque no período. Procurando-se apreender a construção das redes de sociabilidade realizadas por essas intelectuais, apontando seus itinerários e as gerações.

Dentro dessa perspectiva, optamos por determinado grupo de pesquisadoras/intelectuais que se formaram a partir do final da década de 1970 e início de 1980, permanecendo longo período em posição de protagonismo (evidência) na área.

É necessário explicar que, a identificação das redes de sociabilidade, levaram em conta as conceituações e as nomeações estabelecidas pelo historiador Jean-François Sirinelli, e, portanto, é necessário ater-nos em sua proposta de iniciar pela análise geodésica, na identificação das ‘redes de sociabilidade, seus itinerários e gerações de intelectuais’.

Esclarecemos que o termo ‘grandes’ intelectuais, aqui delineado pela maior notoriedade no território brasileiro, na área da educação de crianças pequenas. Foge, portanto, aos objetivos do trabalho, levantar, nesse primeiro momento, uma análise crítica, que se pretende dedicar na segunda parte desse projeto, ao analisar a circulação de ideias e influências das redes de intelectuais identificadas.

Justificamos o marco temporal da seguinte forma: o período inicial escolhido está na formação dessas pesquisadoras e seus grupos, mas também para sua crítica ao início de produção específica da área no Ministério da Educação (MEC), em 1975. O período final da análise acompanha a participação ativa desse grupo de pesquisadoras junto ao pacote de publicações do MEC, na década de 1990.

Para iniciar o traçado, optamos por três periódicos em educação reconhecidos no Brasil, a saber, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), Cadernos de Pesquisa (CP) e Educação & Sociedade (E & S).

São duas etapas de seleção: na primeira, como critério de inclusão, os primeiros artigos a publicarem nesses periódicos sobre a educação de crianças de zero a seis anos desde meados de 1960 até o ano de 1998. Integraram, nesse momento um total de 78 artigos. Desses, totalizaram 11 na RBEP, 57 em CP e dez em E&S. Para a segunda seleção, obtivemos o total de 56 artigos, total esse obtido a partir de sua leitura, análise e extração de dados, ajudando-nos a compreender a formação de grupos de pesquisa, itinerários. Assim, desenhando as filiações, dando destaque a cinco ‘grandes’ intelectuais e suas gerações, na área de educação de crianças pequenas, nas publicações entre 1979 e 1998.

Complementando essas etapas, agregamos ao nosso corpus analítico os currículos lattes dessas intelectuais, assim como publicações do MEC, dos quais fizeram parte, entre os anos de 1993 e 1998, em assessoria, participação de eventos oficiais e na própria escrita desses documentos.

Para tanto, o presente artigo subdivide-se em três partes: na primeira apresentamos a partir dos dados encontrados nas revistas e nos currículos lattes, por entre as três décadas, os grupos de pesquisa, suas líderes, suas publicações e, destacamos as cinco grandes intelectuais ou protagonistas. Na segunda parte dedicamo-nos a desenhar os itinerários e traçar as redes de sociabilidade dessas intelectuais, bem como suas relações com o MEC e suas publicações. Na terceira e última parte apresentamos nossas conclusões.

Identificação de protagonismo na educação para a primeira infância por meio das revistas científicas

Para nos aproximar das redes de sociabilidade, itinerários e gerações que construíram discursos e procuraram influenciar/implementar práticas e políticas para a primeira infância no Brasil, olhamos para o nosso corpus de análise procurando traçar, a partir das publicações, o protagonismo de autoras circunscritas à geração de intelectuais que entram no cenário entre a década de 1970 até o final da década de 19804. Como complemento buscamos nos currículos lattes as informações pertinentes para essa construção.

Na década anterior a1970, o único dos três periódicos que já existia (desde 1944) era Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP). Encontramos, respectivamente, dois artigos, de Heloisa Marinho (1966) e Lourenço Filho (1968). Ambos os autores produzem seus artigos a partir da defesa e divulgação das ideias do movimento das Escolas Novas no Brasil e, reconhecemos a importância que essas ideias têm para a geração que investigamos. As gerações que os precederam perpetuaram pilares desse movimento e concepções sobre infância e educação, em um movimento frutífero de continuidades ao invés de rupturas. Mas, ao mesmo tempo entremeado de ressignificações, releituras em um processo de apropriação complexo e multifacetado. Entretanto, para os fins desse artigo não abarcaremos essa análise.

Seguindo à próxima década, entre 1970 e 1980, os periódicos nos mostram o surgimento de grupos (em instituições) que protagonizaram, através de seus intelectuais, embates e debates em torno da educação de crianças menores de seis anos. Suas bases geracionais, com respectivas lideranças, surgiram nesse período.

Durante a década de 1970 olhamos para o grupo que se formou na Fundação Carlos Chagas (FCC), fundado em 1971. Na coordenação desse grupo, encontramos Ana Maria Poppovic e suas assistentes de pesquisa, Yara Lúcia Espósito e Maria M. Malta Campos. Esse mesmo grupo mantinha ligações estreitas com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), já que sua líder havia atuado nessa instituição até o ano de 1971, quando passou a ser pesquisadora sênior da FCC.

Ana Maria Poppovic5 graduou-se em pedagogia, pela Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae (1949), depois fez especialização em psicologia clínica na mesma instituição (1957). Defendeu doutorado na Pontifícia Universidade de São Paulo (1967).

Yara Lúcia Espósito graduou-se em psicologia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1970), fez mestrado em educação, área de concentração em psicologia da educação nessa mesma Universidade (1986) e doutorado também na mesma instituição mesma área de concentração (1995).

Maria Machado Malta Campos, graduou-se em pedagogia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1961) e doutorado em ciências sociais, pela Universidade de São Paulo (1982), com estágios de pós-doutorado na Universidade de Stanford (1987) e Universidade de Londres (1990).

Além desse grupo temos outro em formação, coordenado por Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, na Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto/SP (USP-RP). O grupo constituído em 1976 pela autora é o Centro de Investigações sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (CINDEDI), adquirindo essa nomeação apenas em 1988, conforme informado no CNPq.

Rossetti-Ferreira, filósofa, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1958), especializou-se em psicologia clínica na mesma instituição (1962). Fez doutorado em psicologia, na Universidade de Londres (1967), com dois estágios pós-doutorais: Universidade de Londres (1975) e Laboratoire de PsychoBiologie de L'enfant, LBPB, França (1985).

Uma das integrantes do Cindedi foi Zilma de Oliveira, a segunda orientanda de mestrado de Rossetti-Ferreira, trabalhou ativamente no campo das proposições para educação de crianças pequenas.

Zilma de Moraes Ramos de Oliveira graduou-se em pedagogia, pela Universidade de São Paulo (1969). Fez o mestrado e o doutorado com Rossetti-Ferreira. Mestrado em educação e área de concentração em psicologia educacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1978). Doutorou-se em psicologia, área de concentração em psicologia experimental, pela Universidade de São Paulo (1988).

Temos no contexto de Cadernos de Pesquisa, fora desses grupos, mas com interfaces, Jovelina Brazil Dantas, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba. Seu artigo (Dantas, 1979) é proveniente de pesquisa de mestrado em psicologia educacional, defendida na PUC-SP em 1976 e orientação de Marília Graciano; registra os agradecimentos à leitora de seu texto, M. Clotilde Rossetti-Ferreira. Além disso, cabe mencionar que Poppovic é amplamente citada nesse artigo.

Essas pesquisadoras, em destaque o grupo de Poppovic, protagonizam publicações e pesquisas durante esse período, especialmente considerando que o maior número de artigos na área foi publicado nos Cadernos de Pesquisa.

Léo Kessel publicou o único artigo da década de 1970 na revista Educação e Sociedade (E&S), em 1978, no primeiro número da revista. A respeito desse autor, no período em questão era presidente e fundador do Centro de Pesquisas e Avaliações Educacionais (Cepaed). Formado em física, pela Universidade Federal do Paraná, sendo vinculado à educação infantil na escola Oca, para crianças de três a seis anos em Curitiba /PR. No seu currículo lattes, registra que essa entidade foi “[...] objeto de repressão policial durante a ditadura militar”. O autor realizava o seu mestrado na área de educação matemática na Unicamp, iniciado em 1975 e interrompido em 1978. Não notamos vínculos aos grupos de pesquisa em destaque.

Com relação às publicações da década, temos na RBEP autores ligados, em sua maioria a órgãos oficiais6. São eles: Ana Bernardes da Silveira Rocha, a qual, no período era diretora do Departamento de Ensino Fundamental (DEF). Aidyl Macedo de Queiroz e Juan Péres Ramos, falam sobre ação preventiva na educação pré-escolar, ambos psicólogos e ligados ao governo federal. Queiróz, no período lecionava na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Ramos, fazia parte do Ministério do Planejamento da Presidência da República e do Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp/MEC). Coriolano Caldas Silveira da Mota e Denise Grein, ligados ao setor de medicina preventiva do Departamento de Bem-Estar Social de Curitiba-PR.

Portanto, durante a década de 1970, considerando o panorama dos grupos em evidência, de um total de 13 publicações na área da primeira infância, selecionamos 11 artigos, conforme se vê:

Cadernos de Pesquisa de oito artigos, selecionamos sete: Poppovic (1974); Poppovic, Espósito e Campos (1975); Espósito (1975); Campos e Espósito (1975); Dantas (1979); Poppovic (1979); Campos (1979);

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), do total de quatro, selecionamos três artigos: Rocha (1976); Queirós e Ramos (1976); Mota e Santos (1976);

Em Educação e Sociedade, somente um artigo que entrou para a seleção final, Kessel (1978).

A partir desse ‘esteio’ em visibilidade, podemos observar, na década de 1980 uma mudança de liderança no grupo da FCC. Com a chegada da pesquisadora Fúlvia Rosemberg, uma parceria entre ela e Maria Machado Malta Campos ganha corpo, ambas iniciando protagonismo nas publicações. Destaca-se que essa alteração dentro do grupo de pesquisa da FCC ocorre também após o falecimento de Ana Maria Poppovic em junho de 1983. Deste mesmo grupo, Campos e Rosemberg já transitavam, desde essa década, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Agregaram pesquisadores como Gisela Wajskop e Moysés Kuhlmann Jr., ambos orientandos de mestrado de Campos, mas que também lecionaram na PUC-SP. Wajskop entre 1986 e 1996 e Kuhlmann Jr. Entre 1987 e 1988.

Fúlvia Rosemberg graduou-se em psicologia, pela Universidade de São Paulo (1965), com doutorado em psicologia da infância na Universidade de Paris (1969). A autora foi convidada por Ana Maria Poppovic, em 1975, a integrar o corpo docente da Fundação Carlos Chagas (Rosemberg, 1998), e inicia coordenando um grupo que se dedica ao tema ‘Relações de gênero, Raça e idade’. Pode-se citar, nesse último, a participação de Regina Pahim Pinto, Esmeralda Negrão e Edith Piza.

Elvira Souza Lima e Regina Pahim Pinto são autoras de uma publicação de nosso corpus analítico junto a Rosemberg e Campos, em CP, 1984. A primeira não integrava o grupo e atualmente escreve livros sobre neurologia e infância; já a segunda, foi colega institucional (FCC) e parceira de longa data de Rosemberg e Campos, no âmbito da infância.

Campos e Rosemberg obtiveram sólida influência no cenário nacional, com variedade de textos (creches, pré-escolas, políticas públicas etc.), participando da formação de professores na área, produção e tradução de vídeos, conferências, palestras, assessorias (inclusive a órgãos municipais, estaduais e federais), orientação de teses e dissertações e traduções de materiais produzidos no exterior.

Outro grupo de pesquisa ganha corpo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde a pesquisadora Sônia Kramer começa a elevar-se a categoria de protagonista nos estudos voltados à educação de crianças menores de seis anos. Graduou-se em pedagogia, pela Faculdade de Educação Jacobina (1975) com mestrado e doutorado em educação, pela PUC-RJ, em 1981 e 1992. A sua principal parceira de pesquisa na área, Solange Jobim e Souza, psicóloga, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1974), mestrado e doutorado em psicologia clínica, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1978 e 1992.

O grupo de pesquisa ao qual pertencem, foi pensado por Kramer e Souza, durante o doutorado como colegas, entre 1988 e 1992. Nomeado Infoc (infância, formação e cultura), pesquisa, conforme site do grupo7, desde 1993, sobre alfabetização, leitura e escrita, políticas públicas de educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, formação de seus profissionais, interações de crianças e adultos na cultura contemporânea e gestão pública. Ambas haviam trabalhado em instituição pública, vinculadas ao Ministério da Educação. Souza atuou entre 1981 e 1996, sendo até 1986 como técnica do Mobral. Sônia Kramer também atuou no MEC entre 1981-1986, sendo entre 1983 e 1985 também no Mobral. Elaboraram juntas, já em 1982, algumas produções oficiais em periódicos, impressos e revisas do MEC, como o caso da Revista Criança, destinada ao ‘monitor’8 do pré-escolar.

Nesse contexto, cabe mencionar Maria Fernanda Nunes. Psicóloga pela PUC-RJ em 1981. Não publicou artigos em nosso corpus, mas é parte dessa rede, pois, desde 1978 integrou um projeto de formação de profissionais de creches com Míriam Abramovay e Sônia Kramer. Trabalhou no Mobral entre 1982 e 1985, mesmo período em que atuaram Kramer e Souza. Trabalhou com essas pesquisadoras e com Aristeu Leite Filho em projetos diagnósticos no estado de Minas Gerais para o Ministério da Educação entre 1983 e 1984. Foi orientanda de mestrado de Kramer, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), finalizado em 1995. Trabalhou para o MEC entre 1993 e 2000, promovendo assessoria a municípios. Atualmente é coordenadora do Infoc com Sônia Kramer.

A respeito de interconexões nas trajetórias profissionais, observamos, na construção do grupo Cindedi, coordenado por Rossetti-Ferreira, acima apresentado, diversos vínculos entre si. Temos na trajetória de Zilma de Oliveira a publicação de livros, capítulo de livros, artigos e eventos com membros do grupo, tais como, Marcia Regina Bonagamba Rubiano, Telma Vitória, Kátia Amorim, Mara Ignez Campos-Carvalho.

Oliveira formou, por exemplo, Ana Maria de Araújo Mello, em nível de mestrado, em 1998. Mello é um dos membros fundadores do Cindedi e possui várias publicações com Rossetti-Ferreira. Maria Lucia de A. Machado também foi orientanda de Oliveira no doutorado, finalizado em 1998 e, assim como sua orientadora, participou da elaboração de documentos oficiais na década de 1990.Fúlvia Rosemberg, que havia sido banca de Oliveira em 1988, foi também banca de mestrado de Machado, em 1993, além disso, foram colegas (com Campos, Kuhlmann Jr. e Morsoleto) em um projeto de formação na área em Belo Horizonte, na década de 1990.

Na USP-RP, vale mencionar ainda Ana Maria Almeida Carvalho e sua orientanda no período, Katharina Arnold Beraldo (Carvalho & Beraldo, 1989). Carvalho publicou com Rossetti-Ferreira e seu grupo, sendo banca de orientandas de Rossetti-Ferreira desde 1979. Destacamos participação na banca de doutorado de Zilma de Oliveira, 1988.

Atentamos, em adição, para Leonor Mortari Faria e Vera Regina Perrone Delphino, as quais publicaram na RBEP em 1987, com Rossetti-Ferreira e dois membros do grupo e suas orientandas de mestrado, Picolo em 1983 e Silveira, em 1985. Essas orientandas tiveram inúmeras publicações sobre creche e interação social com Rossetti-Ferreira e outros membros do Cindedi. Não encontramos informações formativas de Faria e Delphino, apenas que publicaram em outros dois artigos com o grupo na década de 1980.

Cabe falar de Lenira Haddad, com publicações nos periódicos desde a década de 1980; possui diversas interfaces com nossas protagonistas. Na sua formação como psicóloga foi orientanda de Trabalho de Conclusão de Curso de Rossetti-Ferreira em 1978 e doutorado pela USP-SP com orientação de Kishimoto, em 1997. Participou de projetos com Rosemberg e Campos, sobre creche no município de SP, entre 1986 e 1988. Na década de 1990, torna-se especialista na abordagem educativa curricular norte-americana para pré-escola, High/Scope.

Enfim, o Cindedi demonstra produtividade e interconexão entre os seus membros, tendo Rossetti-Ferreira como pesquisadora principal nesse contexto, indo além, convergindo seus projetos a outros grupos.

Por outro lado, seguindo a pista dos periódicos, a década de 1980 traz também a presença de pesquisadores sem a formação de grupos de pesquisa relativos à primeira infância, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Alceu Ravanello Ferrari9. Graduou-se em filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (1971) e teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana (1960). Mestrado e doutorado em sociologia, pela Universidade Gregoriana em Roma/Itália, em 1963 e 1969. O autor participou de dois projetos referentes à criança pequena, a ‘Evolução da educação pré-escolar no Brasil no período de 1968-1986’ e ‘Pré-escola e classe trabalhadora’, os quais renderam artigos que são bastante conhecidos desde aquele período.

Na PUC do Rio de Janeiro, mencionamos nessa conectividade de trajetórias e artigos publicados nos periódicos, pesquisadoras como Regina Alcântara de Assis e Míriam Abramovay.

Assis, graduada em serviço social, pela Faculdade de Serviço Social de Juiz de Fora, em 1961, com mestrado e doutorado nos Estados Unidos na década de 1970, foi professora assistente na Faculdade de Educação da Unicamp entre 1982 e 1986. Entre 1978 e 2009 atuou na PUC-RJ, sendo banca de doutorado de Tizuko Kishimoto e orientadora de Solange Jobim e Souza, em 1992. Na década de 1990 atuou como secretária da Educação do município do Rio de Janeiro. Colaborou no periódico cedes, número 9 de 1984, organizado por Sonia Kramer e Miriam Abramovay. Neste mesmo número, publicou também o grupo da FCC, especificamente, Maria Malta M. Campos, Marta Grobsbaum, Regina Pahim Pinto e Fúlvia Rosemberg.

Miriam Abramovay graduou-se em sociologia e ciências da educação, pela Université de Paris VIII em 1975. Obteve em 1989 seu título de mestre em educação: história, política e sociedade, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, em 2012 obteve o título de doutora em educação, psicologia e comunicação, pela Université Lumieée Lyon 2 na França. Abramovay, assim como Kramer e Souza, trabalhou no Mobral e na PUC do Rio de Janeiro.

Na Universidade Federal de Minas Gerais, mencionamos Lívia Maria Fraga Vieira, traz para os artigos de nosso corpus de análise uma tendência historiográfica à área. A autora possui parcerias com o grupo da FCC no final dos anos 1980, assim como, nos anos 1990, participou com esse grupo de projetos formativos na prefeitura de Belo Horizonte e junto a publicações do Ministério da Educação. Graduou-se em pedagogia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1978, mestrado em educação, pela mesma instituição, em 1987 e doutorado em sociologia da educação, pela Université René Descartes, na França (2007).

Essa tendência historiográfica, que aparece nos artigos ao final dos anos 1980, nos leva também a nomes como Tizuko Morchida Kishimoto, da Universidade de São Paulo. Graduou-se em pedagogia em 1967, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestre e doutora em educação, pela USP, 1976 e 1986, respectivamente.

O grupo coordenado por Kishimoto Grupo Interinstitucional sobre jogo e educação [GIJE] fortaleceu-se em torno do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos [Labrimp], criado em 1984. Esse, desde o início, constituído laboratório de pesquisa, de extensão universitária e formação didática dos alunos da USP. O projeto inicial denominava-se Centro de Estudos de Brinquedos e Materiais Pedagógicos [CEBRIMP] que mobilizou um grupo de professores dentre os quais: Edda Bontempo, Elza Pacheco, Maria José Andersen, Manoel Oriosvaldo de Moura, Paulo Vasconcelos, Cyrce de Andrade, Mônica Pinazza, Maria Cecília Aflalo e Paulo Salles de Oliveira. Por esse grupo passaram também pesquisadores como Ana Lucia Goulart de Faria, Gisela Wajskop e Lenira Haddad, que foi sua orientanda de doutorado entre 1992 e 1997. Haddad participou, então dos grupos Cindedi e Labrimp.

Nesse panorama de grupos de pesquisa em evidência nos artigos publicados na década de 1980, obtivemos o total de 39 artigos, desse número, tem-se a seleção final de 30 artigos, conforme se vê:

Cadernos de Pesquisa, de 31 artigos selecionamos 25: Campos, Patto e Mucci (1981); Brandão, Abramovay e Kramer (1981); Kramer (1982); Rossetti-Ferreira (1984); Souza (1984a); Lima, Rosemberg, Campos e Pinto (1984); Poppovic (1984); Souza (1984b); Rosemberg (1984); Kramer e Abramovay (1985); Campos (1985); Oliveira e Rossetti-Ferreira (1986); Rosemberg (1986); Kramer (1986); Campos (1986); Assis (1986); Haddad (1987); Mello (1987); Vieira e Melo (1987); Kishimoto (1988); Vieira (1988); Campos (1988); Rossetti-Ferreira (1988); Rosemberg (1989); Carvalho e Beraldo (1989).

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, de quatro artigos selecionamos dois: Silveira, Picolo, Delphino, Faria e Rossetti-Ferreira (1987); Ferrari (1988);

Na Revista Educação e Sociedade do total quatro artigos, selecionamos três: Ferrari e Gaspary (1980); Ferrari (1982); Kramer e Souza (1987).

Já na década de 1990, aqui trabalhamos com publicações até 1998, esses grupos e intelectuais que protagonizaram pesquisas e publicações na década de 1980 continuaram em evidência, exceto Ferrari (UFRGS) que deixou de publicar na área.

Em relação ao grupo da FCC, temos somente a partir de 1991 a nomeação ‘Educação Infantil ‘sob coordenação de Fúlvia Rosemberg e Maria M. Malta Campos, contando com pesquisadores como Moysés Kuhlmann Jr. e Maria Lúcia de Alcântara Machado e o ‘Negri’ (Núcleo de Estudos de gênero, raça e idade), nomeado em 1997, sob liderança de Rosemberg. Cabe destacar também a participação desse grupo em cursos de formação de um projeto piloto, denominado ‘Formação profissional do educador infantil de Belo Horizonte’ realizado em Belo Horizonte (1994-1997) em parceria com a Prefeitura do Município, Ameppe (organização não governamental), Instituto de Recursos Humanos João Pinheiro. Integraram esse projeto: Maria M. M. Campos (Coordenadora), Fúlvia Rosemberg, Maria Lúcia A. Machado, Moysés Kuhlmann Jr., Isabel Morsoleto Ferreira.

Continuando no trajeto dos artigos, no campo das pesquisas historiográficas já mencionamos Vieira, sendo que também, após o trabalho de Kishimoto, ganha destaque aquelas realizadas por Kuhlmann Jr., que integra o grupo FCC.

Moysés Kuhlmann Júnior graduou-se em pedagogia, pela Universidade de São Paulo (1980), mestrado em história, política e sociedade, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990), sob orientação de Maria M. Malta Campos. Já o doutoradofoi emhistória social,pela Universidade de São Paulo (1996). Seu vínculo com a pós-graduação é circunscrito, principalmente, à Universidade de São Francisco, no estado de São Paulo. Atualmente coordena, na FCC o grupo ‘Educação e Infância: políticas e práticas’.

Na PUC/RJ, o Infoc, com liderança de Kramer, não publicou na década de 1990nos três periódicos, assim como Vieira, da UFMG. Porém, diferentemente de Ferrari, continuaram atuantes na área, como veremos adiante nesse texto.

O grupo da USP-RP, o Cindedi, mantém o ritmo de publicações. Nesse grupo, mencionamos os nomes de Telma Vitória, Kátia Amorim e Mara Ignez Campos-Carvalho, dessas, somente Vitória publicou no período e periódicos do nosso corpus analítico. Essas autoras integram um novo ciclo de formandas da década de 1990, com histórico de longa data em pesquisas e publicações em coautoria com Rossetti-Ferreira e Zilma de Oliveira, por exemplo. Vitória terminou o mestrado em 1997 com Rossetti-Ferreira. Já Amorim, médica pela USP-RP, em 1983, encerrou o mestrado em 1997 e doutorado em 2002 com Rossetti-Ferreira, atualmente é coordenadora do Cindedi. Campos-Carvalho foi orientanda de Rossetti-Ferreira, no Trabalho de Conclusão de Curso, em psicologia, em 1970, também com ela o doutorado, encerrado em 1990 pela USP-RP, é um dos membros fundadores do Cindedi.

Ainda em conexão a esse grupo, Débora Cristina Piotto publicou nos CP, em 1998, em coautoria com Rossetti-Ferreira, Ana Maria Mello, dentre outros, num projeto sobre qualidade e avaliação na educação infantil. Formada em 1996 pela USP-SP em psicologia, foi orientanda de mestrado e de doutorado de Maria Helena de Souza Patto, nos anos 2000. Antes, participou de projetos desde 1994 com o grupo de Rossetti-Ferreira, sobre análise de interação, entre 1994 e 1996 com Rubiano e Rossetti-Ferreira, sobre qualidade na educação infantil e análise do desenvolvimento humano entre 1997 e 1998 com Rossetti-Ferreira. Trabalhou, inclusive, com o Cindedi, entre 1994 e 1996, produzindo material didático para formação na creche Carochinha, pertencente à USP-RP.

Dos autores que publicaram na década de 1990 e os que cabe mencionar, pela presença nos grupos, Silvia Helena Vieira Cruz, Gisela Wajskop, Ana Lúcia Goulart de Faria e Eloisa Acires Candal Rocha.

Cruz, atualmente professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), é psicóloga e autora de um dos artigos de nossa análise (Cruz, 1996), participou como parecerista do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998. Circulou pela FCC no ano de 1995, fazendo especialização em educação infantil. Também participou de eventos importantes concernentes às publicações do MEC entre 1993-1995.

Wajskop foi orientanda de Campos, no mestrado pela PUC-SP em 1990, terminou seu doutorado em 1995, foi colega de Faria que se doutorou em 1994, ambas orientandas de Kishimoto pela USP-SP. Importante sinalizar que foi coordenadora da Coordenação de Educação Infantil (Coedi) em 1998, esteve à frente da publicação do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI).

Interessante notar que justamente Faria era a coordenadora da ANPEd, em 1998, do Grupo de Trabalho de número 7, ‘Educação de Crianças de 0 a 6 anos ‘e tomou frente em um parecer coletivo desse GT, em um levante crítico à publicação do RCNEI, como veremos em outro momento desse artigo.

Nessas conexões e encontros nas trajetórias e pelos grupos, Eloisa Acires Candal Rocha, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi orientanda de Kramer no mestrado em 1991 pela PUC-RJ e de Faria, pela Universidade de Campinas (Unicamp), em 1999.

Após todas essas considerações, para o nosso corpus de análise das publicações da década de 1990, de um total de 26 publicações na área da primeira infância 15são ligadas aos grupos, que são

Cadernos de Pesquisa, de um total de 18, selecionamos 12 artigos: Kuhlmann Jr. (1991), Campos e Haddad (1992); Campos (1992); Rosemberg (1992); Vitoria e Rossetti-Ferreira (1993); Oliveira e Rossetti-Ferreira (1993); Wajskop (1995); Campos, (1995); Rosemberg (1996); Cruz (1996); Campos (1997); Piotto et al. (1998);

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, de um total de três, temos um artigo: Campos (1990);

Revista Educação e Sociedade, de cinco, temos dois artigos selecionados: Kishimoto (1996) e Kishimoto (1997).

Podemos dizer que pela análise dos artigos publicados e acesso aos currículos desses autores, já conseguimos vislumbrar a amplitude dessas conexões e de sua influência na educação da criança pequena no espaço nacional.

Isto posto, para desenhar melhor os contornos das ‘grandes’ intelectuais, as nossas protagonistas, buscamos também, no total geral dos 78 artigos os autores mais referenciados e mais citados, sendo que, contabilizamos um autor por artigo, mesmo que citado mais vezes no mesmo texto. Foram considerados os autores entre três, dez ou mais citações, a saber:

Entre três-quatro vezes, Ana Maria Poppovic da FCC, Euza Maria Bonamigo da UFRGS e Solange Jobim e Souza da PUC-RJ;

Entre cinco-nove vezes Paulo Roberto Abrantes do ISAE-FGV/RJ, Terezinha Nunes Carraher da UFPE, Alceu Ravanello Ferrari da UFRGS, Maria Helena de Souza Patto e Lívia Maria Fraga Vieira da UFMG;

Citados dez ou mais vezes, Maria Clotilde Rossetti-Ferreira da USP-RP, Maria Machado Malta Campos e Fúlvia Rosemberg da FCC, Tizuko Morchida Kishimoto da USP-SP e Sônia Kramer da PUC-RJ.

Observamos que, nos três periódicos entre 1970 e 1998, 11 artigos foram publicados na RBEP, dez na E&S e 57 nos CP. São números expressivos, quando o maior número de publicações em CP e entre os grupos que viemos destacando. Podemos dizer que o periódico Cadernos de Pesquisa possuiu o protagonismo do período dentre os periódicos aqui em análise, promovendo tanto a circulação de ideias, como a divulgação dos autores, suas instituições e referências. Essa foi uma época em que, mesmo diante da efervescência científica e programas de pós-graduação, pouco se publicava, pesquisava ou reconhecia a necessidade da educação para a primeira infância no Brasil (Campos, 1999).

Por isso, para além do protagonismo até aqui evidenciado em relação ao pré-escolar, essas autoras foram corajosas nesse âmbito, ao assumir e acreditar na importância do atendimento educacional específico a crianças menores de seis anos em instituição especializada.

Assim, por meio dos três periódicos (RBEP, CP e E&S), demonstramos as autoras em maior projeção, as instituições e os grupos aos quais pertencem e lideram. Notamos, em resumo, que os grupos em destaque nas publicações estão nas seguintes instituições: FCC, USP-RP, PUC-RJ, USP-SP, UFRGS e UFMG. Já em quantidade de artigos, a partir dos líderes dos grupos, considerando também textos em coautoria, temos em ordem decrescente: Campos (13 artigos); Rossetti-Ferreira (6 artigos); Rosemberg (6 artigos); Poppovic (5 artigos); Kramer (5 artigos); Kishimoto (3 artigos).

As autoras Maria M. Malta Campos, Sônia Kramer, Tizuko Kishimoto, M. C. Rossetti-Ferreira e Fúlvia Rosemberg são as mais citadas nos artigos do corpus analítico geral, assim como, lideraram a formação dos grupos. Isto posto, sobrelevamos na sequência, as referências dessas autoras, continuando o traçar de seus itinerários, no sentido de ampliar nosso conhecimento acerca de suas redes de sociabilidade. Consideramos as referidas intelectuais como protagonistas no traçado desses agrupamentos.

As ‘grandes intelectuais ‘ou protagonistas: seus itinerários e redes de sociabilidade para além das publicações em revistas científicas

Tendo como base as cinco autoras em destaque, Maria Machado Malta Campos, Sônia Kramer, Tizuko Morchida Kishimoto, Maria Clotilde Rossetti-Ferreira e Fúlvia Maria de Barros Mott Rosemberg, traçaremos agora alguns de seus itinerários e começaremos o desenho de suas redes de sociabilidade, a partir de informações que já viemos adicionando acima, dos artigos e informações dos currículos lattes, trouxemos as nomeações de seus grupos de pesquisa, instituições, círculo de pesquisadores que publicaram em conjunto ou aqueles que tiveram seus artigos nos periódicos, o que possibilitou olhar para um conjunto mais amplo, em um período de variada conexão entre as protagonistas, seus respectivos grupos e além deles.

Nesse sentido, o âmbito formativo conecta o grupo e possibilita de avultar-se em conexão com outros grupos e espaços, trazendo visibilidade e consolidação. Por isso nos perguntamos se essas grandes intelectuais participaram ou tiveram influência em outros espaços?

Já mencionamos os grupos que surgiram (especialmente FCC e PUC-RJ) porque despontaram no cenário de pesquisa na área do pré-escolar. Ao mesmo tempo esses mesmos grupos protagonizaram a intensa crítica às primeiras publicações do MEC, via Coordenação de Educação Pré-Escolar (Coepre). Esse é um ponto importante de retermos (a crítica às primeiras publicações oficiais), pois traz ao debate o ponto de apoio para uma nova geração que surge. Por isso, será retomado adiante a fim de pensarmos no ‘início’ de uma geração e a formação de uma rede de sociabilidade, junto aos intelectuais da época.

Temos como principais críticas àquelas provenientes de Kramer em Brandão, Abramovay e Kramer (1981), Kramer (1982, 1986), Souza (1984a; 1984b), Campos (1979, 1985, 1992, 1995) e Rosemberg (1984, 1989, 1992). Sobre a temática ‘creche’, sua discussão auxilia na sustentação das críticas às propostas oficiais, Campos et al. (1981), Lima et al. (1984), Rosemberg (1984, 1986). Em meados de 1984, juntam-se às fundamentações para a crítica, as constatações de atendimento precário, pela via dos estudos interativos nas Creches, a USP-RP, em Rossetti-Ferreira, consta em Oliveira e Rossetti (1986), Silveira et al. (1987) e Vitoria e Rossetti-Ferreira (1993). Já pelo caminho do desvelamento historiográfico, temos na UFMG, Vieira e Melo (1987) e Vieira (1988) e da FCC, Kuhlmann Jr. (1991).

Os questionamentos aos primeiros documentos do MEC e em sua continuidade, pelo Programa Nacional de Educação Pré-Escolar (Brasil, 1981) permanecem em toda a década de 1980 e 1990, sendo que, na maior parte deste período, esteve à frente da Coepre como coordenador, Vital Didonet.

Entre 1993 e 1997 outro coordenador assumiu a gestão da Coepre, Ângela Maria Rabelo Ferreira Barreto. A coordenação foi renomeada ela ‘Coordenação de Educação Infantil’ [Coedi], acompanhando a modificação do que se denominava ‘pré-escola’ para se falar ‘educação infantil’, assim como uma proposta em se consultar outros espaços da sociedade, sendo que dentre esses espaços aqueles em que estavam pesquisadores reconhecidos nacionalmente na área. Nesse contorno é organizada a ‘Comissão Nacional de Educação Infantil’, que contou com consultoria e colaboração especial de pesquisadores especialistas na área da educação de crianças pequenas em nível nacional.

Foram ações próprias da agenda do Plano decenal de educação para todos (Brasil, 1993a, p. 07), quando oferece “[...] prosseguimento e amplia a estratégia, adotada pelo MEC, de coordenar esforços para que consolidem as alianças entre o Governo e a Sociedade Civil”. Destarte, a participação do “[...] governo, em suas diversas instâncias, e da sociedade, por intermédio de seus organismos representativos, constitui a base pela qual o País poderá alcançar o almejado padrão de qualidade e a equidade na educação” (Brasil, 1993b, p. 07).

Nesse período foram produzidas sete edições oficiais do que ficou conhecido como ‘cadernos’ (Kramer, 2015). Todas as publicações, exceto os dois volumes, Brasil (1998b e 1998c), contém um desenho específico, com diferentes cores e rostos de crianças. Essa última edição foi organizada ainda sob a gestão de Rabelo, por isso o seu nome aparece como coordenadora10, porém as capas são modificadas.

Esse conjunto foi apresentado pelo então ministro da Educação, Murílio de Avellar Hingel, desde o Caderno 1a, ‘Política de Educação Infantil: proposta’, como seguindo “[...] os preceitos de descentralização político-administrativa e de participação da sociedade na formulação de políticas públicas” (Brasil, 1993b, p. 07).

Acresce à nossa organização e entendimento, o quadro abaixo, onde destacamos, nos Cadernos, os consultores, os especialistas/intelectuais, a participação de técnicos das ‘Delegacias do Ministério da Educação’ [Demec], e de técnicos do MEC/Coedi.

Tabela 1 Documentos oficiais Coedi (1993-1998) 

Cad. Título Coordenação/Colaboração/Assessoria Ano
1a Política de Educação Infantil: proposta Ângela Barreto (Coedi) e técnicos Consult.: Fúlvia Rosemberg (FCC), Euclides Redin (MEC) e Vital Didonet (Câm. Deput) 1993
1b Política Nacional de Educação Infantil Ângela Barreto (Coedi) e técnicos Fúlvia Rosemberg (FCC), Euclides Redin (MEC) e Vital Didonet (Câm. Deputados) 1994
2 Por uma Política de formação do Profissional de Educação Infantil Ângela Barreto (Coedi) e técnicos M. Aglaê de Medeiros (SEF), Ângela Barreto (Coedi), Sônia Kramer (PUC-RJ), Maria M. Campos (FCC), Fúlvia Rosemberg (FCC), Zilma M. Oliveira (USP-RP), Selma Garrido Pimenta (USP-SP), Eloisa C. Rocha (UFSC) 1994
3 Educação Infantil no Brasil: situação atual Ângela Barreto (Coedi) 1994
4 Educação Infantil: bibliografia anotada Fúlvia Rosemberg (coord./FCC), Lívia Fraga Vieira (MG), M. Lúcia Machado (PUC-SP) Maria Thereza Montenegro (PUC-SP) Moysés Kuhlmann Jr. (FCC), Regina P. Pinto (FCC) 1995
5 Critérios para um atendimento em creches e pré-escolas que respeite os direitos fundamentais das crianças Maria M. Malta Campos (FCC) Fúlvia Rosemberg (FCC) Equipe de pesquisas sobre creche (FCC) 1995
6 Proposta pedagógica e currículo para Educação Infantil: um diagnóstico e a construção de uma metodologia de análise Ângela Barreto (Coedi) e técnicos Coedi, Demec-MG: Fátima R. Dias, Rosana M. A. Soares, Vitória Líbia B. de Faria Demec-RJ: M. Fernanda R. Nunes, Miguel Farah Neto, Solange Jobim e Souza, Consultoras: M. Lúcia de A. Machado, Sônia Kramer (PUC-RJ), Tizuko Kishimoto (USP-SP) e Zilma Oliveira (USP-RP) 1996
7a Subsídios para elaboração de diretrizes e normas para Educação Infantil (versão preliminar) Ângela Barreto (Coedi) e técnicos Coedi Representantes dos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação Consultores: Marilena Malvezzi (Consedi), Rita de Cássia Coelho (Socióloga11), Fúlvia Rosemberg (FCC), Isabel Morsoletto Ferreira (Equipe Creches FCC e Secretaria do Menor de SP) Colaboração especial: Consultores MEC- Ana Amélia Inoue, Gisela Wajskop, Maria L. Thiessen, Silvia Maria P. Carvalho Universidades- Ana L. G. Faria (Unicamp), Fúlvia Rosemberg (FCC), Maria Malta M. Campos (FCC e PUC-SP) Prefeitura de BH - Lívia M. Fraga Vieira CNE - Carlos R. J. Cury e Regina de Assis 1998
7b Subsídios para credenciamento e funcionamento de instituições de Educação Infantil - vol. 1 Mesmos consultores e colaboradores Autores dos artigos: Carlos R. J. Cury (CNE e UFMG), Marilena Malvezzi (Consedi.), Ângela Barreto(Coedi), Maria M. Campos (FCC/ PUC-SP),Regina de Assis (CNE/PUC-RJ), Marina Valadão (MEC), Zilma M. Oliveira (USP-RP) e Ana Lúcia G. Faria (Unicamp) 1998
7c Documento: Subsídios para elaboração de diretrizes e normas para Educação Infantil. Capa: Subsídios para credenciamento e funcionamento de instituições de Educação Infantil - vol. 2 Mesmos consultores e colaboradores da versão preliminar. Autores dos artigos: Carlos R. J. Cury (CNE e UFMG), Marilena Malvezzi (Consedi.), Ângela Barreto (Coedi), Maria M. Campos (FCC/PUC-SP), Regina de Assis (CNE/PUC-RJ), Marina Valadão (MEC), Zilma M. Oliveira (USP-RP) e Ana Lúcia G. Faria (Unicamp) 1998

Fonte: As autoras.

Alguns destaques precisam ser efetuados. Temos no Caderno 1b (Brasil, 1994a) uma ampliação do Caderno 1a (Brasil, 1993b), o que contou com o mesmo trabalho de consultoria, tendo a inclusão da parte nomeada ‘Anexos’, constando um ‘Relatório Síntese’com as recomendações provenientes do 1º Simpósio Nacional de Educação Infantil, realizado entre 08 e 12 de agosto de 1994. Além da ‘Comissão Nacional de Educação Infantil’, participaram do Simpósio, conforme Brasil (1994b), representantes da Associação Nacional de Pesquisa em Educação [ANPEd], Fundação Carlos Chagas [FCC], Associação Movimento de Educação Popular Integral Paulo Englert [Ameppe], além de professores de universidades como PUC/RJ, PUC/SP, UFES, UERJ, UFBA, UFCE, UFJF, UFMA, UFMG, UFMS, UFPB, UFRGS, UFSC, UFU, UFV, UnB, Unicamp, Unisinos e USP.

Dentre os principais expositores consta o ministro da Educação Hingel, a coordenadora da Coedi, Ângela Rabelo, Lívia M. Fraga Vieira (UFMG), Luciano Mendes Faria Filho (Ameppe), Maria Malta M. Campos (FCC), Fúlvia Rosemberg (FCC), Zilma M. R. Oliveira. Na equipe da relatoria temos Ângela Rabelo Barreto, Carmem Craidy, Fúlvia Rosemberg, Maria Fernanda Rezende Nunes, Rita de Cássia Coelho, Solange Jobim e Souza e Vicente Faleiros.

O Caderno 2 (Brasil, 1994d) resulta do Encontro Técnico sobre Política de Formação do Profissional de Educação Infantil (Brasil, 1994c), realizado em abril de 1994, anterior ao I Seminário já descrito. Nos agradecimentos, referem-se às palestrantes conforme se vê no Tabela 1, Kramer, Campos, Pimenta, Rosemberg e Oliveira e aos relatos de experiências de suas instituições, especialmente à Maria Evelyna Pompeu do Nascimento e Eloísa A. Candal Rocha.

O Caderno 3 (Brasil, 1994e) é uma espécie de diagnóstico da educação infantil brasileira, cuja autora é a coordenadora da Coedi, no período, Ângela M. Barreto.

O Caderno 4 (Brasil, 1995a) e o Caderno 5 (Brasil, 1995b) foram inteiramente coordenados pela equipe da FCC, sendo que o primeiro contou com a participação de pesquisadores da PUC-SP e do estado de MG (Lívia F. Vieira), já o segundo somente com pesquisadores da FCC.

No Caderno 6 (Brasil, 1996a), destacamos Solange Jobim e Souza, descrita como analista da Demec/RJ, sendo consultoras as intelectuais Maria Lúcia de A. Machado, Sônia Kramer, Tizuko Morchida Kishimoto e Zilma de M. R. Oliveira (eixo RJ-SP: PUC-RJ, PUC-SP, USP-SP, USP-RP).

Reuniu boa parte desses pesquisadores o 2º Simpósio Nacional de Educação Infantil ao 4º Simpósio Latino-Americano de Atenção à Criança de 0 a 6 Anos (Brasil,1996b), entre 25 e 29 de novembro de 1996, em Brasília/DF.

Por fim, o Caderno 7 contou com uma versão preliminar (Brasil, 1998a) antes dos dois volumes (Brasil, 1998b, 1998c) nesse interim, a mudança de coordenação na Coedi em 1997. A nova equipe finalizou os dois volumes e foi responsável pela publicação do Referencial curricular nacional para a educação infantil/RCNEI (Brasil, 1998d). Ressurge a manifestação da área acadêmica, especialmente a partir da ANPEd, que em 1998, emite um parecer coletivo, com críticas contundentes ao Referencial.

É importante destacar que boa parte dos intelectuais identificados desde a década de 1970 e 1980 nas revistas esteve presente nas publicações do MEC/Coedi, desde 1993 até 1998. Somando os sete Cadernos e os três eventos em destaque, Encontro Técnico sobre Política de Formação do Profissional de Educação Infantil/1994,1º Simpósio Nacional de Educação Infantil/1994 e o 2º Simpósio Nacional de Educação Infantil junto ao 4º Simpósio Latino-Americano de Atenção à Criança de 0 a 6 Anos/1996, podemos afirmar a participação ativa dos intelectuais em vários espaços (debates, pesquisa, produção de documentos oficiais), portanto interfaces entre pesquisa e política nacional para a educação de crianças pequenas.

Porém, como dito, essa relação foi interrompida em 1997, com a exoneração de Ângela Maria R. F. Barreto da coordenadoria da Coedi/MEC. Assume em seu lugar, Gisela Wajskop, que participou da elaboração dos Cadernos, inclusive, nos seminários. Wajskop também possui um artigo analisado em nosso corpus analítico (Wajskop, 1995) e foi orientanda de mestrado de Maria M. Campos, finalizado em 1990 pela PUC-SP e doutorado com Tizuko Kishimoto, pela USP-SP, finalizado em 1995.

Os volumes dos Cadernos 7, já publicados sob sua coordenadoria retiraram o que se tornou símbolo dos seis primeiros Cadernos, explicam Palhares e Martinez (1999, p. 5), “[...] suas cores e pela capa com rostinhos de crianças”. Assim, “Buscar um novo símbolo para este novo momento da educação infantil no Brasil parece indicar uma descontinuidade na história da construção do conhecimento pelo próprio MEC” (Palhares & Martinez, 1999, p. 6).

Ana Lúcia G. Faria complementa, descrevendo que Ângela Barreto vinha optando por uma política plural, contando com a participação de vários segmentos da sociedade, desde seminários, produção de documentos. E acresce dizendo que “De repente fomos atropelados com os Referenciais [...] e com a troca da coordenação do COEDI” (Faria, 1999, p. 2). Aqui vemos certos embates entre as gerações formadas a partir das grandes intelectuais. Entretanto, foge aos objetivos desse artigo detalhar essa resistência acadêmica ao novo documento.

Assim como vimos, por meio dos artigos acadêmicos, a intensa troca de referências ocorreu, também a presença daqueles que tiveram maior visibilidade nos artigos (mais citados), estiveram todos, em participação conjunta e relevante no período de publicação dos Cadernos do MEC.

Na Figura 1, abaixo, constam todas essas relações aqui apontadas:

Fonte: As autoras

Figura 1 Grandes intelectuais e início do traçado de suas redes de sociabilidade 

Importante considerar que muitos são outros pesquisadores formados por nossas protagonistas, porém, a seleção dos pós-graduandos, seguiu os itinerários traçados por contextos entrelaçados e em evidência, como os artigos científicos e participações no MEC. Assim, o gráfico esquematiza um quadro formativo e autores que se destacaram e interagiram entre si e através desses âmbitos.

Considerações finais

Traçamos os itinerários de intelectuais a partir de 78 artigos selecionados em RBEP, CP e E&S (1966-1998), observando os que mais se destacaram em publicações e número de citações. Após análise inicial, a prioridade foi dada à geração que se forma a partir da década de 1970. Nesse trajeto consideramos como ‘grandes intelectuais’ as protagonistas Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, Fúlvia Rosemberg, Maria Malta M. Campos, Tizuko M. Kishimoto e Sônia Kramer. Pelo período em que iniciaram suas pesquisas na área, por serem as mais citadas e que foram capazes de estabelecer uma rede de relações com seus orientandos, projetos e espaços em confluência entre si e seus grupos. Vimos, portanto, que tiveram visibilidade e respeitabilidade conquistadas desde essas várias instâncias e pelo trabalho realizado na área. Mas, não há como negar que a Rede de Sociabilidade, a Instituição (mais fortemente o eixo SP, RJ) de pertencimento profissional (pesquisa e docência) e os espaços que puderam transitar, tiveram papel relevante e confirmador das posições estabelecidas nesse trajeto.

Destaque à área, para o gênero feminino. Essas mulheres decidiram pesquisar na área mesmo em tempos de escassas verbas e pesquisas na área da primeira infância, trazendo voz ativa e crítica em meio às primeiras propostas oficiais em nível de MEC, de atendimento barateado e que era estabelecido na prática de forma precarizada para crianças menores de seis anos. As análises não deixam dúvida de que, nas ‘redes de sociabilidade’ identificadas, assumiram a liderança, participando de vários eventos, publicando artigos, liderando em associações, participando de documentos oficiais e de protestos coletivos, enfim, protagonizando e defendendo a construção de um atendimento específico para a educação infantil brasileira.

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1Jean-François Sirinelli é um historiador francês, estudioso que se dedica há décadas na temática da História Intelectual, fazendo parte da geração francesa conhecida como baby-boomers. Apesar de ser bastante conhecido e reconhecido na Europa, ainda são poucos os seus trabalhos traduzidos para o Brasil.

2Participação na cidade, é um termo que os franceses entendem como participação na comunidade de forma engajada (Sirinelli, 1986).

3“L'histoire des intellectuels, somme toute, doit être tout à la fois scrupuleuse dansses méthodes et ambitieuse dansses fins : sous-tendue notamment par um projet de géodésie devant permettre la mise au point de cartes des grands parcours du siècle, elle se veut tout à la fois archéologie, géographie et généalogie : archéologie, par la mise à nu de solidarités d'origine et de phénomènes de stratification générationnelle, éclairantla géographie de l'intelligentsia à une date donnée ; généalogie avec la recherche des influences et, donc, des phénomènes de filiation”.

4Tal seleção se deve aos desdobramentos e análises já efetuadas em pesquisas anteriores.

5Para mais informações sobre vida e obra de Ana Maria Poppovic ver Chiari (2018).

6Cabe explicar que somente autores ligados a órgãos oficiais e às conectividades identificadas na trajetória dos protagonistas serão de alguma forma incluídos, o que não exclui a presença de outros grupos de pesquisa na área. Leo Kessel foi incluído por ser o único artigo publicado em E&S na década de 1970.

7Site do grupo: https://grupoinfoc.com.br

8Nomeado assim nas edições da revista no período.

9Ferraro é o sobrenome correto. Porém, em todas as publicações registraram Ferrari, por isso adotaremos aquele utilizado na década em questão, conforme maioria dos artigos publicados.

10Entre 1998 e 1999 a coordenadora da Coedi/MEC foi Gisela Wajskop.

11Nota relevante: Rita de Cássia Coelho foi coordenadora geral da Coedi até recentemente entre 2007 e 2016.

15Rodadas de avaliação: R1: seis convites; duas avaliações recebidas.

16Como citar este artigo: Prado, A. E. F. G., & Hai, A. A. A educação pré-escolar e a produção acadêmica: (re) construindo trajetórias de suas intelectuais (1970-1998). (2022). Revista Brasileira de História da Educação, 22. DOI: http://dx.doi.org/10.4025/rbhe.v22.2022.e198 Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).

Recebido: 20 de Outubro de 2020; Aceito: 09 de Junho de 2021; Publicado: 15 de Dezembro de 2021

*Autora para correspondência. E-mail:aefgprado@gmail.com

Alessandra Elizabeth Ferreira Gonçalves Prado é doutora e pós-doutora em História da Educação, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Participa do grupo de pesquisas em História da Educação e Educação Infantil, pela mesma instituição. Suas pesquisas são norteadas, principalmente pelos seguintes temas: História da Educação, Políticas Educativas, Psicologia da Educação e Educação Infantil. E-mail: aefgprado@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-1679-6715

Alessandra Arce Hai é doutora em Educação pela Unesp/Araraquara e Pós-Doutora em História e Filosofia da Educação pela Unicamp. Professora Associada do departamento de Educação da UFSCar. Coordenadora do grupo de pesquisas em História da Educação e Educação Infantil. Autora de diversas obras dentre elas: Educação infantil: neurociências, alimentação e tecnologia pela editora Átomo e Alínea e juntamente com Lary Prochner, Helen May, Kristen Nawrotizk e Yordanka Valkanova Reimagining teaching in early 20th century experimental schools (global histories of education) pela Palgrave Macmillan. E-mail: alessandra.hai@ufscar.br https://orcid.org/0000-0002-9275-1201

Editor-associado responsável: Ana Clara Bortoleto Nery (UNESP - Marília) E-mail: ana-clara.nery@unesp.br https://orcid.org/0000-0001-6316-3243

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