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Revista Brasileira de História da Educação

versão impressa ISSN 1519-5902versão On-line ISSN 2238-0094

Rev. Bras. Hist. Educ vol.23  Maringá  2023  Epub 26-Set-2023

https://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e294 

Editorial

Novos ventos, sustentabilidade e outros desafios

Carlos Eduardo Vieira1 
http://orcid.org/0000-0001-6168-271X

Eduardo Lautaro Galak2 
http://orcid.org/0000-0002-0684-121X

José Gonçalves Gondra3  * 
http://orcid.org/0000-0002-0669-1661

Olívia Morais de Medeiros Neta4 
http://orcid.org/0000-0002-4217-2914

Raquel Discini de Campos5 
http://orcid.org/0000-0001-5031-3054

Sergio Luiz de Godoy6 
http://orcid.org/0000-0002-1459-2786

1Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: cevieira9@gmail.com

2Universidad Nacional de La Plata, Buenos Aires, Argentina. E-mail: eduardo.galak@unipe.edu.ar

3Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: gondra.uerj@gmail.com

4Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail: olivianeta@gmail.com

5Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: raqueldiscini@uol.com.br

6Sociedade Brasileira de História da Educação, Maringá, PR, Brasil. E-mail: sl.godoy@hotmail.com


O número 23 da Revista Brasileira de História da Educação (RBHE) foi produzido nos marcos de uma conquista, visto que foi financiado pelo edital de Editoração do CNPq1, de modo a oferecer uma maior sustentabilidade à revista e custear, ainda que parcialmente, os serviços de terceiros (Pessoa jurídica), tais como Revisão textual/gramatical; normalização textual e de referências; projeto gráfico e diagramação, pagamento de DOI e Ithenticate, e incremento da publicação de textos em língua estrangeira, bem como os serviços de Pessoa física, considerando a necessidade de preparação do texto, marcação XML e validação (XPM e Style Checker), e ajuda de custo para os serviços técnicos necessários ao desenvolvimento das ações estratégicas da RBHE, correspondente aos 45 artigos do Volume 23 da RBHE, do ano de 2023.

Ainda que distante dos valores necessários para a plena manutenção da RBHE, o valor aportado pelo Programa Editorial do CNPq deve ser celebrado, na medida em que o Estado brasileiro também assume a função de reconhecer a imprensa especializada e a comunicação científica de alta qualidade como parte de suas atividades regulares. Comemoração que se alinha à cara pauta da sustentabilidade dos periódicos que, de acordo com recente levantamento do Scielo (2021), é uma questão que marca de modo assimétrico as grandes áreas do conhecimento. De acordo com esse estudo, apenas 36% dos periódicos são vistos com condições boas de sustentabilidade; e 71% com boas ou razoáveis. Os periódicos de Ciências Biológicas e da Saúde, de acordo com esse recenseamento, apresentam melhores condições de sustentabilidade com 90% e 84% de condições boas ou razoáveis, respectivamente. Os com menores condições de sustentabilidade são os periódicos de Ciências Humanas e de Linguística, Letras e Artes, com 40% avaliados como limitadas.

O ponto da sustentabilidade, por sua vez, se encontra bastante conectado com os desafios em se manter canais de comunicação qualificada, estáveis e com segurança, de modo a assegurar a existência de uma comunidade de diálogo, bem como avançar na pauta da chamada “Ciência Aberta” (Silva & Silveira, 2019; Scielo, 2022a, 2022b; SBHE, 2022), preservar no horizonte as preocupações a respeito da internacionalização, considerando as tradições, movimentos peculiares e agendas das diferentes áreas de saber. Ao lado disso, assegurar o periodismo especializado se constitui em condição para desfazer antigas e fortes exclusões em torno de segmentos historicamente mais vulneráveis, pensando em estratégias que considerem e valorizem os critérios de gênero, raça, etnia e de pessoas com deficiência; sem desconsiderar o imperativo da qualidade e as reflexões que levam a validar determinados recortes, períodos, fontes, abordagens, problemáticas e modos de escrever.

O número 22 contou com um dossiê que privilegiou a educação das populações negras, o segundo da RBHE em torno dessa temática, indicador consistente dos compromissos do periódico com segmentos periferizados, estigmatizados, excluídos.

Compromisso do periódico que tem outras dimensões, igualmente relevantes, como a de reconhecer e estimular a produção em torno de assuntos relativamente novos e/ou emergentes, como é o caso do dossiê publicado nesse número: História da educação e materialidades: recolhas e escolhas em pesquisas. Como assinalam as/o organizadoras/r do mais recente dossiê, os 12 artigos selecionados dão a ver um pouco do universo da cultura material e suas relações com a história da educação. Segundo Souza et al. (2023), o dossiê traz consigo “movimentos de pesquisadores e pesquisadoras do campo da história da educação e da cultura material escolar, que, nos últimos anos, têm se dedicado a mobilizar fontes” (consagradas e novas), bem como a propor outros olhares, de modo a destacar “as materialidades educativas e escolares para além das suas nuances e pormenores”; procurando inseri-las no “escopo das pesquisas e delas derivar análises que ajudem a compreender os fenômenos histórico-culturais”.

Ao lado desse material, o número 23 reúne 33 artigos de demanda contínua, com um total de 84 autoras/es, de 47 instituições de todas as macrorregiões do Brasil, recobrindo 16 estados da federação, bem como autores de estrangeiros da Argentina, França, Itália, Portugal e Uruguai. Esse número também conta com 4 resenhas, 1 tradução e 1 entrevista. Esses dois últimos gêneros de textos estiveram ausentes nos últimos números da RBHE, motivo adicional para celebrar os novos tempos do periódico. Um detalhamento da proveniência e da distribuição dos artigos pode ser conferido no quadro 1.

Fonte: os autores (2023).

Quadro 1 Proveniência e distribuição dos artigos do nº 23 da RBHE. 

Esse quadro mantém certa estabilidade no que se refere à proveniência das contribuições o que, em grande medida, pode ser compreendido pela estruturação do campo da história da educação no Brasil, cuja malha da pós-graduação se encontra concentrada nas regiões sudeste e sul do País. Há, no entanto, que se reconhecer a capilarização dos grupos de pesquisa na área, visto a presença de autores de 16 estados brasileiros. No que se refere aos estrangeiros, observa-se, igualmente, certa estabilidade decorrente das parcerias de brasileiros com os pesquisadores dos 5 países representados neste número da RBHE.

Aliás, o escopo desta publicação, ao considerar as temáticas, fontes e bibliografia contempladas, indica que a Revista de História da Educação, como parte da SBHE e da comunidade internacional, tem participado ativamente da construção de uma agenda que, não deixa de lado problemas consagrados no campo, mas também está atenta para vazios temáticos, de maneira a tornar áreas vacantes como possibilidades teóricas-empíricas. Em momentos em que transnacionalmente se questiona a importância da ciência, do saber e da educação, cada número da revista é um motivo de celebração e de afirmação de que pensar o histórico da educação e das diversas experiências sociais se encontra profundamente articulado ao pensar a dimensão política da vida.

Um outro ponto que merece ser sublinhado se refere ao continuado investimento em publicação de artigos em língua estrangeira. Do total de 45 artigos, esse número contém 28% de textos em outro idioma, sem considerar o material traduzido.

Por fim, mas não menos importante, com vistas a criar novas possibilidades de interação com o público, a RBHE abriu um perfil no Twitter em maio de 20232, @RbheSbhe - https://twitter.com/RbheSbhe, bem como tem realizado um investimento no recurso de produção de press release e pitches no Blog do Scielo. Nesse caso, foram publicados recentemente quatro textos impressos e quatro vídeos de divulgação que podem ser acessados nos links do referido Blog3.

A RBHE mantém, assim, seus compromissos com a informação qualificada, ao mesmo tempo em que tem procurado estar sintonizada com as “dores e delícias” do agora, considerando as operações complexas envolvidas nesse gesto de diagnosticar o presente, de modo a delinear linhas de ações que respondam aos anseios da comunidade acadêmica das historiadoras e historiadores da educação, rever rotas e indicar outras possibilidades que assegurem a sustentabilidade do periódico.

Com isso, convidamos leitoras/es a interagirem com mais esse número, comentando, compartilhando e dialogando com mais esse conjunto bastante expressivo da produção recente no campo da história e historiografia da educação.

Referências

Silva, F. C. C., & Silveira, L. (2019). O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, v.31, e190001. http://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001Links ]

SciELO. (2021). SciELO Brasil: sustentabilidade operacional e financeira e relevância. https://wp.scielo.org/wp-content/uploads/SciELO-Brasil-Sustentabilidade-Operacional-e-financeira-Relatorio-sobre-Consultas-semestrais-20210818.pdf, 2021. [ Links ]

SciELO. (2022a, 17 de maio). A Ciência Aberta nas Humanidades [Vídeo]. https://www.youtube.com/watch?v=pB7U2lzhNjU&t=4s. Youtube. [ Links ]

SciELO. (2022b, 18 de maio). A Ciência Aberta nas Humanidades [Vídeo]. https://www.youtube.com/watch?v=WIk-o_a53Aw&t=339s. Youtube. [ Links ]

Sociedade Brasileira de História da Educação. (2022, 15 de março). Os desafios da Ciência Aberta [Vídeo]. https://www.youtube.com/watch?v=JOr8fAzJZh4. Youtube. [ Links ]

Souza, G., Cordeiro, A. B., Bencostta, M. L., & Nery, A. C. B. (2023). História da educação e materialidades. Revista Brasileira de História da Educação, 23(1), e266. https://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e266Links ]

1O projeto foi encaminhado em 11 de setembro de 2022 e o termo de outorga foi assinado em 21 de dezembro de 2022, com a concessão de R$ 22.568,58. (Chamada CNPq Nº 12/2022 - Programa Editorial).

2Plataforma recentemente renomeada para X. O dono do Twitter anunciou na segunda-feira, 24 de julho de 2023, a implementação de mais uma atualização na plataforma. O Twitter passou a se chamar X. A ideia é transformar toda a identidade visual do Twitter, inclusive do logotipo do pássaro, que já foi substituído pelo “X” no endereço https://www.x.com/. O novo site redireciona o usuário para o Twitter. A rede deu adeus ao azul, passando a ser identificada pela cor preta.

3Disponível em https://humanas.blog.scielo.org/blog/category/press-releases/rbhe/.

7Este editorial é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).

*Autor para correspondência. E-mail: gondra.uerj@gmail.com.

Carlos Eduardo Vieira

é Professor Titular de História da Educação na UFPR, atuando no PPGE, Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação. Pesquisador Produtividade do CNPq (1C). Doutor em História e Filosofia da Educação (PUC-SP-1998). Atuou como Professor Visitante na Universidad Nacional de Quilmes (Arg.-2022); Stanford University (USA-2015); University of London, Institute of Education (UK - 2009); University of Cambridge, Faculty of History (UK - 2008). Foi Presidente da Sociedade Brasileira de História da Educação - SBHE (2015-2019). Coordenador do Grupo de Pesquisa História Intelectual e Educação (GPHIE). Editor-associado da RBHE. E-mail: cevieira9@gmail.com https://orcid.org/0000-0001-6168-271X

Eduardo Lautaro Galak

é Doutor em Ciências Sociais (2012) pela Universidad Nacional de La Plata. Pós-Doutor pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Brasil. Atualmente é pesquisador no Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET, Argentina) como Investigador Adjunto, vinculado institucionalmente com o Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (IdIHCS, UNLP/CONICET). Editor-associado da RBHE. E-mail: eduardo.galak@unipe.edu.ar https://orcid.org/0000-0002-0684-121X

José Gonçalves Gondra

é Professor Titular de História da Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador do CNPq e da FAPERJ, no Programa Cientista do Nosso Estado. Editor-chefe da Revista Brasileira de História da Educação. E-mail: gondra.uerj@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-0669-1661

Olívia Morais de Medeiros Neta

possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É professora do Centro de Educação da UFRN e atua como professora-orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação (UFRN) e no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). É defensora da escola pública e sócia da ANPUH, da SBHE e da ANPED. Editora-associada da RBHE. E-mail: olivianeta@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-4217-2914

Raquel Discini de Campos

é historiadora, professora Associada da Universidade Federal de Uberlândia, onde atua nos cursos de graduação em Pedagogia e Comunicação Social. Professora permanente dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Tecnologias, Comunicação e Educação, filia-se à Linha de Pesquisa História e Historiografia da Educação (PPGED) e Tecnologias e Interfaces da Comunicação (PPGCE). Editora-associada da RBHE. E-mail: raqueldiscini@uol.com.br https://orcid.org/0000-0001-5031-3054

Sergio Luiz de Godoy

é licenciado em História pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Atua com gestão e publicação de periódicos científicos desde 2013. Secretário da Revista Brasileira de História de Educação (SBHE). E-mail: sl.godoy@hotmail.com https://orcid.org/0000-0002-1459-2786

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