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Revista Brasileira de História da Educação

versión impresa ISSN 1519-5902versión On-line ISSN 2238-0094

Rev. Bras. Hist. Educ vol.23  Maringá  2023  Epub 24-Mar-2023

https://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e263 

Artigo Original

Os conceitos Escola Nova católica e Escolanovismo Católico na historiografia da educação brasileira (1992-2021)

The concepts new catholic school and catholic scholanovism in the historiography of Brazilian education (1992-2021)

Los conceptos nueva escuela católica y escolanovismo católico en la historiografía de la educación brasileña (1992-2021)

Antonio Donizetti Sgarbi1  * 
http://orcid.org/0000-0003-2955-3939

Sabrine Lino Pinto1 
http://orcid.org/0000-0002-8363-0328

Mauro Castilho Gonçalves2 
http://orcid.org/0000-0003-1074-8314

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Vila Velha, ES, Brasil

2Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.


Resumo:

O artigo debate a utilização, pela historiografia educacional brasileira, dos conceitos ‘Escola Nova Católica’ e’ Escolanovismo Católico’, referenciados por um estudo das produções acadêmicas das últimas três décadas. A partir de uma metodologia exploratório-descritiva, foram identificados níveis de emprego dos dois conceitos, desdobrados em expressões conexas. A investigação desenvolveu-se em uma das perspectivas histórico-filológicas que, de certo modo, têm incidido sobre as mais recentes investigações relativas à História Intelectual: a História Conceitual, de origem alemã, na esteira do historiador Reinhart Koselleck (2006). A pesquisa identificou diferentes usos e apropriações das expressões e reafirmou a relevância de novos estudos histórico-conceituais similares.

Palavras-chave: educação católica; intelectuais da educação; história intelectual; história conceitual

Abstract:

The article discusses the use, by Brazilian educational historiography, of the concepts Escola Nova Católica and Escolanovismo Católico, referenced by a study of the academic productions of the last three decades. Based on an exploratory-descriptive methodology, levels of use of the two concepts were identified, unfolded in related expressions. The investigation developed in one of the historical-phylological perspectives that, in a way, have focused on the most recent investigations related to Intellectual History: the Conceptual History of German origin in the wake of historian Reinhart Koselleck (2006). The research identified different uses and appropriations of expressions and reaffirmed the relevance of new similar historical-conceptual studies.

Keywords: catholic education; education intellectuals; intellectual history; conceptual history

Resumen:

El artículo discute el uso, por la historiografía educativa brasileña, de los conceptos Escola Nova Católica y Escolanovismo Católico, referenciados por un estudio de las producciones académicas de las últimas tres décadas. A partir de una metodología exploratorio-descriptiva, se identificaron los niveles de uso de los dos conceptos, desplegados en expresiones relacionadas. La investigación se desarrolló en una de las perspectivas histórico-filológicas que, en cierto modo, se han centrado en las investigaciones más recientes relacionadas con la Historia Intelectual: la Historia Conceptual de origen alemán en la estela del historiador Reinhart Koselleck (2006). La investigación identificó diferentes usos y apropiaciones de expresiones y reafirmó la relevancia de nuevos estudios histórico-conceptuales similares.

Palabras clave: educación católica; intelectuales de la educación; historia intelectual; historia conceptual

Introdução

O objetivo desta investigação é discutir a apropriação das expressões ‘Escolanovismo Católico’ (EC) e ‘Escola Nova Católica’ (ENC), nos últimos 30 anos, a partir de um levantamento bibliométrico e de uma análise dos dados recolhidos, respaldados por alguns princípios da História Conceitual.

Nossa hipótese é que a discussão da construção e da apropriação dos conceitos ‘EC’ e ‘ENC’, nos últimos 30 anos da historiografia da educação no Brasil, à luz de princípios da História Conceitual, proporciona a revelação de fatos desconhecidos e novos pontos de ‘decifração da história’.

Nesse sentido, o presente artigo apresenta, inicialmente, o contexto em que ocorreu a investigação. Na sequência, expõe os procedimentos metodológicos e as bases conceituais adotadas na realização da pesquisa, cujos resultados do levantamento bibliográfico e sua discussão estão apresentados nas seções posteriores, sob a perspectiva de alguns princípios da História Conceitual, sobretudo de Koselleck (1992, 2006), concluindo com as considerações finais.

Contexto da investigação

A expressão ‘EC’ foi utilizada pela primeira vez, segundo dados obtidos até o momento, pela historiadora Marta Carvalho, em comunicação feita na 6ª Conferência Brasileira de Educação, realizada de 3 a 6 de setembro de 1991, em São Paulo, intitulada “Escolanovismo católico e escolanovismo liberal: limites de um confronto” (Carvalho, 1992)1. Embora sem encontrar o termo de forma explícita, como no resumo acima, no mesmo ano a pesquisadora discute “[...] as estratégias católicas de conformação do campo pedagógico” (Carvalho, 1992).

Em setembro de 1993, Carvalho apresentou, em palestra na 16ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped), em Caxambú-MG, uma versão mais sistematizada sobre a temática. No texto publicado nos Cadernos da Anped de 1994, a pesquisadora afirmou que os católicos dispunham de múltiplas estratégias de conformação das práticas pedagógicas e completa:

Tais estratégias orientaram-se em duas direções complementares. Na primeira delas, eram constituídos e aplicados critérios de ajuizamento das proposições pedagógicas escolanovistas [...]. Numa segunda estratégia, não se tratava, prioritariamente, de firmar princípios ou de discutir questões doutrinárias, mas importava, sobretudo, articular um discurso escolanovista católico (Carvalho, 1994, p. 53).

Carvalho, ao comentar tal passagem, considera que pode ser que os católicos tenham falhado no propósito de barrar as edições condenadas e ocupar os espaços com publicações ‘equivalentes do gênero’, porém “Mais eficaz talvez tenha sido a estratégia de constituição de um discurso escolanovista católico” (Carvalho, 1994, p. 57).

Em 2005, ao discorrer sobre as estratégias discursivas dos católicos, Carvalho reafirma que os católicos tinham dois alvos: “Por um lado, construir um ‘discurso escolanovista católico’ que ganhasse a adesão do professorado. Por outro, instanciar-se como autoridade tecnicamente competente para ajuizar as palavras e as obras dos adversários” (Carvalho, 2005, p. 92, grifo nosso).

Posteriormente encontramos de forma explícita o termo ‘EC’ em Sgarbi (1997, 2001) que, em sua dissertação de mestrado, discutiu a seguinte hipótese:

Houve um escolanovismo católico nos anos 30, que passou por um processo de gestação nas Associações de Professores Católicos, sistematizado sobretudo nos anos 33-34, amadurecido na CCBE e disseminado através dos órgãos oficiais daquelas entidades de divulgação: o Boletim, da APC do Distrito Federal e a Revista Brasileira de Pedagogia (Sgarbi, 1997, p. 7).

Tal hipótese foi levantada a partir dos textos retirados das próprias pesquisas de Carvalho e de fontes primárias, como: Revista Brasileira de Educação (1934-1938); Boletim da Associação dos Professores Católicos do Distrito Federal (1932-1933); Boletim da Associação dos Professores Católicos do Distrito Federal - APC Summo Magistro (1940-1942); Anais do Congresso de Educação do Centro D. Vital (1931) e Anais do Congresso Católico de Educação da CCBE (1935).

Tendo em vista os numerosos trabalhos que foram desenvolvidos em decorrência dessas primeiras pesquisas, desenvolvemos esta investigação para conhecer quais foram as produções que de uma forma ou de outra se apropriaram das expressões ‘EC’ ou ‘ENC’. Dessa forma, estudamos os textos que utilizaram as pesquisas de Carvalho (1994, 1998) e de Sgarbi (1997, 2001) como pelo menos uma das suas fontes, ou que se apropriaram de pelo menos um dos conceitos (‘EC’ ou ‘ENC’) nesses últimos trinta anos.

Procedimentos da pesquisa

Em um primeiro momento, para mapear o uso das expressões ‘EC’ e ‘ENC’, principalmente, em teses, dissertações e artigos, utilizamos o método bibliométrico de caráter exploratório e descritivo (Ferreira, 2002; Silva, Hayashi, & Hayashi, 2011; Vermelho & Areu, 2005), cuja natureza possibilita construir indicadores sobre produção científica de indivíduos, áreas do conhecimento, países etc. Em um segundo momento, analisamos como as expressões foram apropriadas, ao longo do tempo, pelas pessoas que desenvolveram pesquisas sobre a temática. Foi realizado o levantamento nas bases de dados do Google, do Google Acadêmico, do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Os critérios de inclusão e exclusão foram assim definidos: a busca em qualquer idioma, sem delimitações de data ou período de publicação, e a busca pelas palavras-chave ‘EC’ e ‘ENC’. Também foi realizada a busca associando-se esses termos com o uso do operador booleano ‘exato’. Dessa forma, foi possível refinar a busca dos trabalhos que tivessem relação com a temática da pesquisa, visto que, na ausência do operador, apareciam títulos que remetiam a documentos e trabalhos de outras áreas do conhecimento que não educação e/ou história os quais não contribuiriam com a pesquisa. Similarmente, por esse mesmo motivo, foi necessário, durante as buscas, o uso das palavras-chave delimitadas entre aspas, para também tornar os resultados mais direcionados.

Os dados coletados dos trabalhos recuperados foram: título, autor(es), ano de publicação, natureza, instituição do(s) autor(es) ou periódico, palavras-chave e resumo. Desse levantamento inicial, obtivemos 308 resultados, cuja distribuição por palavra-chave e fonte de pesquisa consta das Tabela 1 e Tabela 2.

Tabela 1: Distribuição dos artigos segundo a palavra-chave de pesquisa 

Palavra-chave pesquisa Freq. %
EC 164 53,25
ENC 144 46,75
Total 308 100

Fonte: Os autores (2021).

Tabela 2: Distribuição dos artigos segundo a fonte de pesquisa 

Fonte Freq. %
Google 162 52,6
Google Acadêmico 137 44,5
Capes 8 2,6
BDTD 1 0,3
Total 308 100

Fonte: Os autores (2021).

Desse total, para se obter um resultado mais apurado, foram eliminadas repetições e descartados títulos que não expressassem características acadêmicas e de pesquisa, ou seja: preservando aqueles tipificados como teses, dissertações e artigos, chegando a 152 títulos. Partimos para uma terceira seleção no intuito de refinar ainda mais o levantamento com os objetivos da pesquisa. Nessa fase, foi realizado um cotejamento mais detalhado, considerando os temas abordados por tais trabalhos e suas palavras-chave, aproximando-as dos conceitos preliminares anteriormente citados: escola nova cristã; apropriações católicas da Escola Nova; leigos e católicos em disputa pela Escola Nova, o que resultou em 32 documentos, sendo 12 artigos, 2 livros e/ou capítulos de livros, 5 trabalhos completos e resumos apresentados em Anais de eventos, 1 revista temática (Dossiê), 1 projeto de pesquisa, 7 dissertações de mestrado e 4 teses de doutorado, os quais constituíram o universo preferencial desta pesquisa2. Dizemos preferencial, pois tais textos remetem a publicações semelhantes, algumas delas igualmente contempladas na pesquisa.

Uma vez realizado o levantamento dos dados, procedemos à análise do conteúdo, à luz de determinados pressupostos da História Conceitual.

Bases conceituais

Segundo o pesquisador espanhol Conrad Villanou Torrano, a História Conceitual ocupa-se, em linhas gerais, de compreender a relação entre o registro linguístico e a experiência histórica vivenciada. Não se trata de uma história das palavras ou dos termos, mas sim de uma história dos conceitos. Segundo Torrano (2006, p. 49, tradução nossa), “[...] uma palavra torna-se um conceito quando adquire conotações particulares. Na medida em que uma experiência histórica é condensada, um conceito articula redes semânticas que lhe dá um caráter inevitavelmente plurívoco [...]”3. Assim, um conceito é capaz de nos revelar múltiplas experiências históricas. Dessa forma, o primeiro passo para se fazer História Conceitual é distinguir as palavras dos conceitos, embora dependamos da palavra para expressarmos o conceito; no entanto, sabemos que nem toda palavra expressa um conceito. Mesmo uma palavra que expresse um conceito pode não ser capaz de guardar as experiências acumuladas depois de algum tempo, ou seja, ela pode, ao longo do tempo, perder a sua força como conceito fundamental e pouco a pouco cair em desuso (Torrano, 2006).

Assim, ampliando essa discussão, escolhemos criteriosamente para a pesquisa, na esteira do historiador alemão Reinhart Koselleck, palavras, expressões cujo sentido interessa, isto é, “[...] conceitos para cuja formulação seria necessário um certo nível de teorização e cujo entendimento é também reflexivo” (Koselleck, 1992, p. 135). Ao trazer para a discussão os conceitos de ‘EC’ e ‘ENC’, investigamos a disputa pela definição de Escola Nova na década de 1930, pois, por exemplo, pensamos que não é sem razão que o educador católico Everardo Adolfo Backheuser, em seu Manual de pedagogia (1934), utilizou mais de 100 páginas (209 a 317) para discutir as diferentes definições de escola nova, antes de pontuar o que denominou Princípios cardeais da Escola Nova.

Em relação às expressões ‘ENC’ ou ‘EC’ que não aparecem nas fontes pesquisadas antes da década de 1990, optamos por fazer um exercício hipotético, também respaldados em Koselleck (2006), a fim de captar o elemento metodológico mais apropriado e que lançasse luz ao exame proposto. Afirma o pesquisador:

Ao transformar esses vestígios em fontes que dão testemunho da história que deseja apreender, o historiador sempre se movimenta em dois planos. Ou ele analisa fatos que já foram anteriormente articulados na linguagem ou então, com a ajuda de hipóteses e métodos, reconstrói fatos que ainda não chegaram a ser articulados, mas ele revela a partir destes vestígios. No primeiro caso, os conceitos tradicionais da linguagem das fontes servem-lhe de acesso heurístico para compreender a realidade passada. No segundo, o historiador serve-se de conceitos formados e definidos posteriormente, isto é, de categorias científicas que são empregadas sem que sua existência nas fontes possa ser provada (Koselleck, 2006, p. 306).

Enfim, sobre o ‘EC’ ou a ‘ENC’ não encontramos fatos articulados explicitamente em fontes anteriores a 1992. Assim, com a ajuda dos métodos da história conceitual, nos aproximamos dessas expressões tomando-as como conceitos, ou seja, categorias científicas formadas e definidas posteriormente.

Levantamento bibliográfico

Iniciamos o relatório dos dados levantados listando e comentando as teses defendidas nos últimos trinta anos que, de alguma forma, se apropriaram dos conceitos em tela. No Quadro 1, encontramos as teses que apareceram no levantamento inicial e, no Quadro 2, as que foram referenciadas nas investigações listadas no primeiro quadro.

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 1 Teses 

A primeira tese que aparece tem como tema principal as Bibliotecas pedagógicas católicas (Sgarbi, 2001). Ao investigar o uso da expressão ‘EC’, percebemos que a tese é um desdobramento da pesquisa elaborada pelo autor de 1995 a 19974, a qual se preocupou com a centralidade da atuação dos educadores católicos em prol da Escola Nova na década de 1930. A tese retoma quase que integralmente a dissertação antes de discutir o seu objeto central, pois, em sua pesquisa de doutorado, o pesquisador alargou o leque de seus estudos, buscando compreender, conforme sugere o subtítulo da sua tese, as “Estratégias [da Igreja Católica] para construir uma ‘civilização cristã’ e conformar o campo pedagógico através do impresso (1929-1938)” (Sgarbi, 2001, grifo do autor). Devemos registrar que quem o orientou em seu doutorado foi a professora Marta Maria Chagas de Carvalho.

Conforme esse primeiro levantamento, doze anos depois de Sgarbi (2001), foi publicada a tese de Orlando (2013). O escolanovismo católico é um dos eixos de sua pesquisa, na qual fica claro que o conceito já aparece com certa historicidade, haja vista a própria revisão bibliográfica da autora, que foi assim resumida:

[...] merecem relevo as contribuições de Marta Carvalho (1993), (1998), (2002), (2003) e (2006) [...], a pesquisa de Ana Magaldi, ‘Pensamento católico, modernidade e relações família-educação na sociedade brasileira (anos 1930-1950)’ e seus desdobramentos, sobretudo, os trabalhos de Rodrigo Narcizo (2005) e (2008) também merecem relevo. Ainda nesta temática, são de grande importância as investigações de Donizetti Sgarbi (1997) e (2001), Bernadete Strang (2008), Claudio Errerias (1999), (2000), Claudio Errerias & Marcus Vinícius Cunha (2003) e o trabalho de História da Educação comparada de Maria João Mogarro (2006) (Orlando, 2013, p. 22, grifo do autor).

Orlando (2013, p. 22), na nota de rodapé nº 2 dessa tese, afirma: “[...] a renovação do pensamento católico é compreendida neste trabalho na perspectiva de Carvalho (1998) e Sgarbi (1997), como um esforço da Igreja em dialogar com os enunciados do movimento da Escola Nova no Brasil”.

Em 2017, em Florianópolis, no Programa de Pós-graduação em Educação do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina, a pesquisadora Maristela da Rosa, em sua tese, buscou demonstrar como o educador Everardo Backheuser “[...] foi expoente de uma pedagogia singular [...]”, a qual a autora denominou “[...] escolanovismo católico backheusiano” (Rosa, 2017, p. 11). Para chegar a essa conclusão, Rosa assumiu o conceito de ‘EC’, na perspectiva de Sgarbi, como sendo algo já sedimentado. Referenciou em sua pesquisa seis textos de Carvalho (1994, 1998, 2000, 2003, 2005), mas, sobre a temática ‘EC’, explorou sobretudo o texto de 2003. Ao tratar deste conceito, Rosa (2017, p. 58) afirma que “Estudos de Carvalho (2003), Sgarbi (1997), Errerias (2000) e Narcizo (2008) entre outros [...]” evidenciam uma intensa querela entre católicos e escolanovistas. E, respaldando-se em Carvalho (2003), conclui:

[...]. No entanto, os discursos de alguns pensadores católicos da época demonstram que a ideologia escolanovista repercutiu nos seus círculos, fomentou reflexões e debates e a elaboração de estratégias para adequar a metodologia da Escola Nova aos interesses e objetivos da doutrina católica. É possível falar então, em uma forma de Escolanovismo Católico [...]. (Rosa, 2017, p. 58).

No Quadro 1, notamos, ainda, a presença da tese de Leon (2015), sob a orientação do professor Luciano Mendes de Faria Filho no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Leon não utiliza a expressão ‘EC’, no entanto destaca “[...] a presença das ideias defendidas pela Igreja Católica em impressos não católicos” (Leon, 2015, p. 71). Este era o caso da Revista do Ensino de Minas Gerais, a qual, mesmo sendo uma produção da Diretoria de Instrução Pública do Estado, demonstra que, “[...] no início da década de 30, o acordo com algumas das ideias defendidas pelo catolicismo [era algo que acontecia devido] ao crescimento de um laicato católico intelectual que apresentava influência junto a espaços significativos da sociedade, como, por exemplo, a imprensa” (Leon, 2015, p. 71-72).

Leon (2015) indica Carvalho às pessoas que desejam informações referentes ao Manifesto dos pioneiros e Sgarbi para conhecer as ‘Associações dos educadores católicos’ e a Revista Brasileira de Educação. Ao tratar dos debates educacionais das décadas de 1920 e 1930, o autor usa a expressão ‘escolanovistas’, afirmando: “De acordo com Schueler e Magaldi (2008), [...] emergiram como atores privilegiados os educadores comumente identificados pela historiografia como ‘escolanovistas’, ‘renovadores’ ou ‘reformadores’ e os chamados ‘educadores católicos’” (Leon, 2015, p. 62, grifo do autor).

A partir desses primeiros trabalhos, foi possível encontrar outras teses em que a expressão aparece. Optamos por não discorrer sobre estas neste momento, apenas listá-las pelas suas autorias, como segue: Strang (2008), Almeida Filho (2008), Skalinski Jr. (2014), Oliveira (2017) e Fabricio (2019).

No que se refere às dissertações, foram encontradas sete no primeiro levantamento, conforme Quadro 2.

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 2 Dissertações 

Ao tomar as dissertações em ordem cronológica, mais uma vez, Sgarbi (1997) abre a listagem. Nove anos depois, Melo (2006), mesmo sem citar a expressão ‘EC’, utilizou o texto de Sgarbi. Em 2013, Martins, ao tratar da ‘Escola Nova em Minas Gerais’, reserva um subitem para discorrer sobre o tema ‘O escolanovismo católico em Minas Gerais’ (Martins, 2013). O autor vai utilizar a expressão que foi retirada, não de Carvalho ou Sgarbi, mas de Ana Maria Casassanta Peixoto, a qual, ao abordar a relação dos católicos com a ‘Escola Nova em Minas Gerais’, afirma que a Igreja reestruturou a pedagogia renovada “[...] de forma a conciliar os princípios da fé com os avanços da moderna ciência pedagógica” (Martins, 2013, p. 57) e conclui com o pensamento de Peixoto (2004, p. 285): “[...] nesse processo o clero mineiro desenvolve um discurso em defesa de um escolanovismo católico, capaz a seu ver, de aliar a tradição à modernidade”.

Ao trabalhar com um período posterior ao que os autores anteriores estudaram, Bueno (2015) buscou, dentro do recorte temporal a que se propôs (de 1946 a 1961), a “[...] compreensão do movimento de circulação das ideias da Escola Nova, no Estado de São Paulo” (Bueno, 2015, p. 7). O período estudado é tido pela historiografia como aquele em que houve a “[...] consolidação das diretrizes escolanovistas no âmbito normativo de leis e decretos” (Bueno, 2015, p. 7). Dentre as diferentes apropriações por meio das quais a renovação pedagógica foi posta em circulação, Bueno (2015) ressaltou aquela que foi feita pelos católicos embasando suas discussões em Carvalho (2003). Destacou a importância de Theobaldo Miranda Santos e Luiz Alves de Mattos, autores dos manuais de formação de professores, os quais evidenciavam os ideais católicos. Bueno (2015, p. 82) salienta “[...] a filiação com os ideais católicos de educação, explicitada, principalmente, nos manuais de ciências e fundamentos da educação”. Em outra passagem, afirma que, nesses manuais, “[...] o viés católico não aparece explicitamente, a não ser pelas referências católicas elencadas pelos autores, ou quando Theobaldo Miranda Santos (1951) afirma que se deve adotar os métodos renovados sem, no entanto, se filiar aos seus princípios metafísicos” (Bueno, 2015, p. 82). Em suas reflexões, a autora se alicerça em Almeida para afirmar que:

[...] nos anos de 1950 e 1960 a ação dos católicos frente ao movimento de ideias da Escola Nova não era de combate, e sim de construir ‘uma arquitetura de saber e de poder, que envolvia um grande projeto eclesial de adequação do mundo católico aos tempos modernos’. Sendo assim tais manuais se fundamentaram num projeto político e pedagógico que ‘prescrevia um modelo de educação calcado na apropriação da concepção da Escola Nova em um processo de adequação à pedagogia católica’ (Almeida, 2009 apud Bueno, 2015, p. 82).

Diante dos textos seguintes, percebemos que pesquisadores que haviam trabalhado com a temática em seus doutoramentos começaram a orientar trabalhos aprofundando suas pesquisas. Esse é o caso de Oriomar Skalinski Junior, cuja tese de doutorado foi defendida em 2014 na Universidade Estadual de Maringá. O autor orientou duas dissertações na Universidade Estadual de Ponta Grossa, sendo a primeira defendida em 2019 por Bianca Neves Prachum. A autora analisou “[...] os manuais pedagógicos escritos por Everardo Backheuser (1879-1951), a fim de identificar o modelo desejável de professor católico neles expressos” (Prachum, 2019, p. 4). A partir principalmente de Sgarbi (1997), Errerias (2000), Narcizo (2008) e Rosa (2017), a autora investigou as apropriações que os intelectuais católicos fizeram da Escola Nova: a posição de que existiam ‘escolanovismos’, ou seja, diferentes apropriações da Escola Nova; relacionou dados biográficos de Backheuser; discutiu as divergências e convergências que existem entre os intelectuais católicos e destes com os pioneiros e, sobretudo, mencionou o destaque da “CCBE como o berço do escolanovismo católico” (Prachum, 2019, p. 76).

A outra dissertação orientada por Skalinski foi defendida em 2020 por Marieli de Oliveira Ávila, que analisou 26 (vinte e seis) artigos assinados por Hélder Câmara e 34 (trinta e quatro) resenhas críticas assinadas com seu pseudônimo Alceu da Silveira na Revista Brasileira de Pedagogia de 1934 a 1938. Seu objetivo foi “[...] verificar o modelo de educação e de ação pedagógica por ele defendidos no período” (Ávila, 2020, p. 6). Ávila (2020) trabalhou com os textos de Carvalho (1998, 2005) e Sgarbi (1997). Em sua tese, utiliza citações que demonstraram o desenvolvimento de um escolanovismo próprio por parte dos católicos, como:

[...] é neste diálogo, no interior da CCBE, com outros educadores, os chamados profissionais da educação, que se vai construindo progressivamente um escolanovismo próprio, um parto, sem dúvida cheio de dificuldades, mas que fez nascer o que chamamos de ‘Escolanovismo Católico’ (Sgarbi, 1997 apud Ávila, 2020, p. 42, grifo do autor).

Por fim, em sua dissertação, a autora concluiu que, mesmo estando ligado ao integralismo na maior parte do tempo em que escreveu, Câmara aderiu às propostas modernas da Escola Nova.

Em 2021, a pesquisadora Monalisa Lopes dos Santos Coelho defendeu sua dissertação no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Em sua pesquisa, a autora demonstra a presença dos intelectuais católicos mineiros em espaços não eclesiais. Coelho não utilizou a expressão escolanovismo católico, porém trabalhou com as categorias de análise Pedagogia de Jesus Cristo, Escola Nova Cristã e Magistério como sinônimos de missão, vocação, destino e sacerdócio e lugar da mulher (Coelho, 2021). A dissertação discutiu a relação entre Igreja e Estado no Brasil, a cooperação mútua das instituições em Minas Gerais e a orientação católica da educação em terras mineiras. Aprofundou o estudo da incursão do ideário católico na Revista do Ensino de Minas Gerais nos seus 175 números entre os anos de 1925 e 1940. São perguntas de sua pesquisa: “[...] como a Igreja Católica conseguiu conquistar espaço na Revista do Ensino? Quais e como eram os conteúdos de fundo religioso católico que esse periódico veiculou? Tais conteúdos contribuíam ou ajudaram a compor um magistério e uma pedagogia católico-cristã?” (Coelho, 2021, p. 6). Ao utilizar o procedimento teórico-metodológico do materialismo histórico-dialético, discutiu os conflitos e as contradições que aparecem nos textos e na conjuntura histórico-político-educacional-religiosa na época estudada, bem como dedicou-se ao estudo dos princípios da “Pedagogia de Jesus Cristo, e como os conteúdos pedagógicos recomendavam o magistério para a figura feminina” (Coelho, 2021, p. 6). Ao concluir seu estudo, afirma:

Os resultados apontaram que a Igreja Católica reuniu forças e estabeleceu um movimento de reação à escola laica, e em Minas Gerais, o clero encontrou não apenas uma sociedade de tradição católica conservadora, como também sucessivos governos estaduais dispostos a aceitarem a colaboração da Igreja nos rumos da educação. Com essa abertura, a Igreja pôde contar com a Revista do Ensino para veicular o seu ideário pedagógico inclusive seus postulados da Escola Nova Cristã (Coelho, 2021, resumo).

Da mesma forma como aconteceu com as teses, na leitura das dissertações, descobrimos vários outros trabalhos desenvolvidos sobre a mesma temática. As dissertações encontradas foram: Errerias (2000), Trevisan (2007), Narcizo (2008), Barros (2009), Costa (2014), Lemos (2015), Calixto (2016) e Martins (2018).

De volta à pesquisa inicial, o Quadro 3 lista os 12 artigos catalogados, dentre os quais sete estão ligados às pesquisas já mencionadas; e os cinco restantes, a outras pesquisas.

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 3 Artigos 

Dentre os artigos que não estão ligados a alguma tese ou dissertação aqui citada, está o de Celeste Filho (2019, p. 276), que teve por objetivo: “[...] propiciar a compreensão do contexto histórico quando das divergências intelectuais e institucionais sobre a conceituação de Escola Nova no Brasil na década de 30”. Quanto à relação entre Escola Nova e católicos, o autor trabalhou com Carvalho (2003) e Carvalho e Toledo (2007). Para trabalhar a temática, o autor escolheu duas obras divergentes de 1932 sobre formação pedagógica: os livros Escola moderna, de Maria dos Reis Campos, e A escola nova, de Jonathas Serrano. Ao realizar uma análise documental dos dois livros em seus contextos, o autor destacou em suas conclusões finais:

Poucas vezes a concepção de educação e a construção da nacionalidade estiveram tão intrinsecamente conectadas. Com o estudo de tais relações é possível vislumbrar as interfaces entre educação, religião e política. Ilumina-se a atuação dos intelectuais brasileiros na edificação de distintos projetos de país. A partir de 1937, com o Estado Novo, tais propostas conflitantes foram autoritariamente equacionadas (Celeste, 2019, p. 290).

Ao iniciar essas conclusões, lembrou que esses embates ficaram ainda mais claros na Assembleia Nacional Constituinte de 1934. Tal fato resulta em se ponderar que toda essa movimentação tem muito a dizer sobre o Brasil que foi construído nestes quase cem anos que nos separam desses acontecimentos. Conhecer essa história fará com que se conheça um pouco mais a cultura do povo brasileiro.

São classificados, ainda, dois textos, em separado, por apresentarem características diferentes das listadas até o momento: um editorial de uma revista temática e um texto que descreve um projeto de pesquisa, conforme apresentado no Quadro 4.

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 4 Editorial de revista temática e Projeto de pesquisa  

O Dossiê foi organizado pelos professores Norberto Dallabrida (Universidade do Estado de Santa Catarina) e José Eduardo Franco (Universidade Aberta de Lisboa) e publicado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Logo na apresentação, os organizadores afirmaram que “[...] esse dossiê contempla ideias pedagógicas e/ou experiências educativas sobre as interrelações entre Escola Nova e Pedagogia Católica da Europa Latina” (Dallabrida & Franco, 2018, apresentação). Segundo os organizadores, esse trabalho pode se caracterizar como “[...] singular na medida em que lança novos olhares sobre as conexões entre Escola Nova e a Pedagogia Católica em países Europeus e no Brasil em perspectivas históricas [...]” e se trata de uma temática “[...] inédita na historiografia da educação brasileira” (Dallabrida & Franco, 2018, apresentação). Uma primeira análise dos oito artigos do Dossiê indica que na Europa existiu mais resistência dos católicos em aderir ao movimento escolanovista. Em circunstâncias diferentes, de certa forma, a mesma constatação foi feita por Leonardo Van Acker (1931). Diante do exposto, podemos concluir que seria necessário aprofundar os estudos para saber se houve em outros países movimento semelhante ao que houve no Brasil.

No levantamento inicial, apareceram cinco trabalhos completos e resumos que foram apresentados em eventos e que, de forma geral, foram assinados por pesquisadores que já apareceram anteriormente. Ressaltamos que, dentre esses trabalhos, foi encontrado o texto de Marta Carvalho (1992), no qual a autora destaca o ‘EC’ no título de um resumo, comentado anteriormente. Segue no Quadro 5 a lista dos textos.

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 5 Trabalhos completos e resumos apresentados em Anais de eventos  

Finalmente, no Quadro 6, aparece um livro de Evelyn Orlando, texto que, segundo a autora, “[...] é uma revisita à [sua] pesquisa de Mestrado em Educação” (Orlando, 2008, p. 3), e um capítulo de livro escrito por Demerval Saviani (2005).

Fonte: Os autores (2021)

Quadro 6 Livro e capítulo de livro  

Percebemos, ao concluir o levantamento bibliográfico em tela, que este suscita uma série de questões que merecem ser discutidas. Para exemplificar, registramos duas delas. Primeira: por que, na grande maioria dos trabalhos encontrados em nosso levantamento, as discussões sobre Escola Nova ficam centradas da década de 1930, pouco ou nada se discutindo os conceitos nas décadas seguintes? Consideramos pertinente tal questão, já que Saviani observa que existe um equilíbrio de forças entre católicos e pioneiros na luta pela hegemonia do campo educacional até 1947 (Saviani, 2011), quando é constituída a comissão para elaborar o projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Reconhece, porém, que há uma renovação católica nos anos seguintes, criando uma “[...] espécie de Escola Nova Católica” (Saviani, 2011, p. 300). Nossa hipótese (que merece ser investigada) é que tal espécie de ‘escolanovismo católico’ das décadas de 1940, 1950 e 1960 tem como base um conceito muito próximo de escola nova católica (não explícito) da década de 1930, se considerarmos, por exemplo, que o “Manual da Pedagogia Moderna”, de Backheuser, publicado em 1934 e 1936 como Técnicas da pedagogia moderna, foi reeditado em 1942, 1945 e 1954. Já o Tratado de pedagogia do Monsenhor Pedro Anísio, editado pela primeira vez em 1933, alcançou em 1955 sua quarta edição. Vale relembrar que os manuais defendiam a apropriação da escola nova adequada à pedagogia católica.

Segunda questão: o levantamento aqui apresentado deixa claro que as expressões ‘EC’ e ‘ENC’ só apareceram tardiamente na historiografia da educação brasileira? Existe algum indício nos textos inventariados que possibilite iniciar uma discussão sobre tal questão? Consideramos que uma pista nos é dada por Backheuser, o qual, ao traçar um verdadeiro estado da arte, investigando a ‘variedade de escolas novas’ espalhadas por todo mundo, conclui que a educação integral para a vida é o denominador comum de todos os autores. Diante dessa constatação, o educador afirma: “Se tivéssemos forçadamente de adotar um novo termo, preferiríamos apelidá-la de ‘escola integral’, porque o escopo principal da escola nova é dar ao aluno uma educação totalitária [...] e não apenas uma educação científica como até agora” (Backheuser, 1934, p. 215, grifo nosso).

Assim, Backheuser confessa que não é do seu agrado o uso da expressão ‘escola nova’. Porém, segundo o educador, trata-se de uma expressão consagrada pelo uso e “[...] rejeitar a expressão escolhendo outra seria irmos ao revés de uma corrente de força mundial. Está vulgarizada em toda parte. É moda universal. Como fugir a ela?” (Backheuser, 1934, p. 214).

No mesmo estudo Backheuser conclui, fundamentado em De Hôvre (1930, 1947), que existem extremismos, ou unilateralismo, que deturpam o sentido da escola nova. A filosofia católica, porém, poderia ser o ponto de equilíbrio, pois, “[...] no meio dos vários unilateralismos que a moderna filosofia pedagógica enseja, só dentro da filosofia católica se atinge a estabilidade de equilíbrio” (Backheuser, 1933, p. 231). Mas, se este é o ponto de equilíbrio, por que não o explicitar? De Hôvre pode nos dar uma pista para responder a tal questionamento; ao discutir a filosofia que fundamenta a pedagogia católica, diz que

[...] esta ‘Filosofia Pedagógica’ pode muito bem não se manifestar nos manuais e tratados de pedagogia católica. Nem por isto serve menos de base na prática educativa [...] Em matéria de educação, o espírito é muito mais vivo que a letra, a prática muito mais ampla que a teoria, o não escrito muito mais importante que o escrito, o coração muito mais profundo que a cabeça. [...] Com respeito à educação católica, a filosofia pedagógica pode ser comparada ao cimento de um edifício: oculta-se da visão, é certo, mas seu poder de resistência manifesta-se quando se desencadeia a tempestade das paixões (De Hôvre, 1947, p. 23, grifo do autor)5.

Diante dessa passagem, somos levados a reforçar a ideia de que, para os intelectuais católicos, importava mesmo ‘articular um discurso escolanovista católico’, este era o ‘cimento do edifício’. Nossa hipótese é que tanto o uso do termo ‘escola nova’ como o não uso do termo ‘católica’ é uma forma estratégica para terem um maior alcance, um modo mais eficiente de penetração da filosofia católica na sociedade.

Considerações finais

Nesta investigação lançamos mão das expressões ‘EC’ e ‘ENC’ como uma hipótese de trabalho para reconstruir os “[...] fatos que ainda não chegaram a ser articulados” (Koselleck, 2006, p. 306), mas que se revelam por meio dos vestígios. Existe, em nosso entendimento, a possibilidade de elaborar os conceitos a partir de numerosos indícios, como foi demonstrado. Também, a exemplo de vários pesquisadores, servimo-nos das expressões ‘ENC’ e ‘EC’ como categorias heurísticas, ou como conceitos “[...] sem que sua existência nas fontes possa ser provada [...]”, como afirma Koselleck (2006, p. 306).

Koselleck ainda nos abre outro caminho para discutir a questão desses conceitos. Segundo o historiador, “[...] todo conceito articula-se a um certo contexto sobre o qual também pode atuar, tomando-o compreensível [...]. O que significa dizer que todo conceito está imbricado em um emaranhado de perguntas e respostas, textos/contextos” (Koselleck, 1992, p. 136).

Ressaltamos que o grande embate pelo conceito acontece na década de 1930, período em que tanto os intelectuais que defendiam o Estado laico como os intelectuais católicos disputavam, dentre outras coisas, “[...] uma definição conceitual do que era Escola Nova [...]”, pois, nesse período, definir o que era Escola Nova transformou-se em disputa privilegiada entre a intelectualidade brasileira e, “[...] dependendo do que se concebia como Escola Nova, constatava-se o que deveria ser o país [...]”, como afirmou Celeste (2019, p. 278).

Um outro ponto a observar é que, depois deste levantamento, mesmo que exploratório, podemos constatar (numa visão conjunta) que existe uma tendência das expressões ‘ENC’ e ‘EC’ se firmarem pouco a pouco como conceitos distintos. ENC está mais relacionado às práticas das diversas escolas que desenvolveram suas atividades a partir dos princípios da Escola Nova, o que se reflete, por exemplo, no texto de Costa (2014), que estudou o Instituto Cruzeiro e a experiência da Escola Nova no Vale do Paraíba Paulista (1932-1944). O termo ‘EC’, por sua vez, tem uma extensão maior, pois se trata de toda uma articulação dos intelectuais católicos em defesa não só do ensino religioso nas escolas públicas, mas também de uma civilização cristã (Sgarbi, 2001), ou seja, de uma cultura com ethos católico. Um exemplo pode ser visto nas conclusões da pesquisa de Carvalho (1994, p. 57) quando afirma que “[...] mais eficaz talvez tenha sido a estratégia de constituição de um discurso escolanovista católico”.

Enfim, lembramos ainda que, diante da especificidade do presente objeto de investigação, consideramos ser promissor para a continuidade da pesquisa trilhar o caminho da História Intelectual ou da História Conceitual, já que tal perspectiva “[...] privilegia certa classe de fatos - em primeiro lugar, os fatos do discurso - porque eles dão acesso a uma decifração da história que não pode ser obtida por outros meios e porque proporcionam pontos de observação únicos sobre o passado” (Altamirano, 2007, p. 11). Assim, reafirmamos a relevância do estudo em tela, para continuar a reconstruir fatos ainda não demarcados e avançar na investigação sobre a construção e a apropriação dos conceitos de ‘EC’ e ‘ENC’.

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1Nota dos autores: não conseguimos acessar o texto original. Enviamos pedido à Biblioteca da USP em 14 de setembro de 2021 e obtivemos a seguinte resposta: “Infelizmente o exemplar que contém o resumo que você precisa está desaparecido e não temos cópia deste documento”. Att., [D. P.]. Serviço de Atendimento ao Usuário; Biblioteca Celso de Rui Beisiegel; Faculdade de Educação da USP - FEUSP; www.fe.usp.br/biblioteca; www.facebook.com/biblioteca feusp.

2Esses dados foram organizados numa planilha do Excel, conforme os Quadros 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

3“[...] una palavra se convierte en concepto cuando se carga de connotaciones particulares. En la medida que se condensa una experiencia histórica, un concepto articula redes semánticas lo que le confiere un carácter inevitablemente plurívoco [...]”.

4Dissertação de Mestrado sob a orientação do prof. Luiz Carlos Barreira.

5“Esta ‘filosofía pedagógica’ puede muy bien no manifestarse en los manuales y tratados de pedagogía católica. No por ello sirve menos de base em la práctica educativa [...] En materia de educación, el espíritu es mucho más vivo que la letra, la práctica mucho más amplia que la teoría, lo no escrito mucho más importante que lo escrito, el corazón mucho más profundo que la cabeza. [...] Con respecto a la educación católica, la filosofía pedagógica pudiera compararse a los cimientos de um edificio: se ocultan a la vista, es cierto, mas su poder de resistencia se manifiesta cuando se desencadena la tempestad de la pasiones”.

10Rodadas de avaliação: R1: dois convites; uma avaliação recebida. R2: dois convites; uma avaliação recebida.

11Como citar este artigo: Sgarbi, A. D., Pinto, S. L., & Gonçalves, M. C. Os conceitos Escola Nova católica e Escolanovismo Católico na historiografia da educação brasileira (1992-2021). Revista Brasileira de História da Educação, 23. DOI: http://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e263

12Financiamento: Os autores agradecem à FAPES - Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do ES pelo financiamento da pesquisa que deu origem a este artigo.

13A RBHE conta com apoio da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e do Programa Editorial (Chamada Nº 12/2022) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

14Licenciamento: Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).

Recebido: 12 de Abril de 2021; Aceito: 19 de Dezembro de 2022; Publicado: 24 de Março de 2023

*Autor para correspondência. E-mail: sgarbi.ad@gmail.com.

Antonio Donizetti Sgarbi é Doutor em Educação (História e Filosofia da Educação) pela PUC/SP, professor EBTT do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), com lotação no Curso de Pedagogia - Ifes Campus Vila Velha. Leciona em cursos do EMI, Licenciaturas e nos Programas de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (EDUCIMAT) e no Programa de Pós Graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH) do Ifes. É membro do Grupo de Estudo e Pesquisa História das Instituições e dos Intelectuais da Educação Brasileira (EHPS-PUC/SP). E-mail: sgarbi.ad@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-2955-3939

Sabrine Lino Pinto é bibliotecária-Documentalista no Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Professora permanente no Programa de Pós-graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH) do Ifes. Doutora em Educação em Ciências e Saúde do Programa de Pós-graduação do INUTES da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (2019). Mestra em Educação em Ciências e Matemática do Programa EDUCIMAT do Ifes (2014). Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) (2005) e pós-graduada com especialização em Biblioteca Escolar pelo CESAT (2008). Vice-líder do Grupo de Estudo e Pesquisas em História e Filosofia da Ciência (Histofic). E-mail: sabrine@ifes.edu.br https://orcid.org/0000-0002-8363-0328

Mauro Castilho Gonçalves é mestre em Educação: História e Filosofia da Educação (PUC-SP/1997). Doutor em Educação: História, Política, Sociedade (PUC-SP/2003). Concluiu o pós-doutoramento na Universidade de Lisboa, Portugal (2015). Professor Assistente III da Universidade de Taubaté. Atua como docente e pesquisador no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade da PUC-SP. Integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté. É líder dos Grupos de Pesquisa História das Instituições e dos Intelectuais da Educação Brasileira (PUC-SP) e História e Patrimônio Ambiental (UNITAU-Ciências Ambientais). Membro da Sociedade Brasileira de História da Educação e da Associação Nacional de História. E-mail: mauro_castilho@uol.com.br https://orcid.org/0000-0003-1074-8314

Editor-associado responsável: Evelyn de Almeida Orlando (PUC-PR) E-mail: evelynorlando@gmail.com https://orcid.org/0000-0001-5795-943X

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