SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.23La Escuela Nacional de la Magistratura Francesa y las Escuelas de Formación de Magistrados brasileñas: aspectos histórico-educativosJoseph Jacotot en Brasil: ecos pedagógicos de un ressoar político índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Revista Brasileira de História da Educação

versión impresa ISSN 1519-5902versión On-line ISSN 2238-0094

Rev. Bras. Hist. Educ vol.23  Maringá  2023  Epub 04-Jun-2023

https://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e280 

Artigo Original

História da Educação: formação do campo nos estados do Amazonas e Pará

History of Education: constitution of the field in the states of Amazonas and Pará

Historia de la Educación: formación del campo en los estados de Amazonas y Pará

Kelly Rocha de Matos Vasconcelos1 
http://orcid.org/0000-0002-1143-8388

Diego Pires de Souza1  * 
http://orcid.org/0000-0001-6115-0449

Pérsida da Silva Ribeiro Miki1 
http://orcid.org/0000-0003-3684-681X

1Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.


Resumo:

O artigo é uma revisão de literatura que tem por objetivo compreender a constituição do campo da história da educação nos estados do Amazonas e Pará, destacando algumas características de suas produções. As pesquisas realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGEs) de universidades públicas no Amazonas e no Pará apontam um predomínio da história social e cultural com o uso de fontes oficiais. Dentre os inúmeros desafios da constituição desse campo, está o aumento da produção científica diante do universo de fontes ainda não investigadas e que necessitam de uma política pública para preservação dos acervos. Tais desdobramentos instigam novas pesquisas e caminhos a serem percorridos pela história da educação nesses estados.

Palavras-chave: historiografia da educação; programas de pós-graduação em educação; desafios investigativos

Abstract:

The article is a literature review that aims to understand the constitution of the field of history of education in the states of Amazonas and Pará, highlighting some characteristics of its productions. The research carried out in the Graduate Programs in Education (PPGEs) of public universities in Amazonas and Pará points to a predominance of social and cultural history with the use of official sources. Among the innumerable challenges of the constitution of this field is the increase of scientific production in the face of the universe of sources that have not yet been investigated and that require a public policy for the preservation of collections. Such developments instigate new research and paths to be followed by the history of education in these states.

Keywords: historiography of education; graduate programs in education; investigative challenges

Resumen:

El artículo es una revisión de literatura que tiene como objetivo comprender la constitución del campo de la historia de la educación en los estados de Amazonas y Pará, destacando algunas características de sus producciones. Las investigaciones realizadas en los Programas de Posgrado en Educación (PPGE) de las universidades públicas de Amazonas y Pará apuntan para un predominio de la historia social y cultural con el uso de fuentes oficiales. Entre los innumerables desafíos de la constitución de este campo está el aumento de la producción científica frente al universo de fuentes que aún no han sido investigadas y que requieren de una política pública para la preservación de las colecciones. Tales desarrollos suscitan nuevas investigaciones y caminos a seguir por la historia de la educación en estos estados.

Palabras clave: historiografía de la educación; programas de posgrado en educación; desafíos investigativos

Introdução

Este estudo tem por objetivo compreender como o campo da história da educação se constituiu ao longo do tempo nos estados do Amazonas e do Pará. Em um primeiro momento, realizamos uma revisão de literatura sobre a formação do campo da história da educação brasileira. Em um segundo momento, apresentamos a evolução histórica dos trabalhos desenvolvidos nesses dois estados e seus meios de difusão.

Para uma compreensão geral sobre os primeiros intentos de se escrever sobre a história da educação no Brasil, destacamos como essenciais as pesquisas: As grandes festas didáticas: a educação brasileira e as exposições internacionais (1862-1922) e Raízes da historiografia educacional brasileira (1881-1922), de Moysés Kuhlmann Jr. (1999, 2001); História da educação (brasileira): formação do campo, tendências e vertentes investigativas, de Carlos Monarcha (2007); Anotações para uma história da educação brasileira e Contribuições da história para a educação, de Mirian Jorge Warde (1984, 1990); e História da educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970), de Diana Gonçalves Vidal e Luciano Mendes de Faria Filho (2003).

Salientamos, também, três obras que se destacam na historiografia educacional brasileira, por constituírem-se tanto como obras de referência para o estudo da disciplina de história da educação quanto como fonte de pesquisa para o campo, que são: História da educação no Brasil (1930-1973), de Otaíza de Oliveira Romanelli (2014); História da educação brasileira: leituras, de Maria Lucia Spedo Hilsdorf (2007) e História da educação brasileira: a organização escolar, de Maria Luisa Santos Ribeiro (2007).

Para tratar sobre a constituição do campo nos estados do Amazonas e Pará, a priori, apontamos os artigos de Paulo Sérgio de Almeida Corrêa (2011) e de Rafaela Paiva Costa e Felipe Tavares de Moraes (2018), que nos apresentam resultados de seus estudos acerca do espraiamento da historiografia educacional nortista, enfatizando algumas das principais características de suas produções e dos sujeitos que a produziram.

Trazemos, ainda, as contribuições de Marta Maria de Araújo (2005), que realizou um inventário das produções em história da educação nas regiões Nordeste e Norte.

Especificamente, em relação aos estudos relacionados ao estado do Amazonas, destacamos as pesquisas de Fábio Souza Lima (2020), que promove um levantamento histórico da Faculdade de Educação - FACED/UFAM; de Pérsida da Silva Ribeiro Miki, Maria de Fátima Guimarães e Marilene Corrêa Freitas (2016), que apresentam possibilidades metodológicas para a pesquisa em história da educação; de Pérsida Miki e Moysés Kuhlmann Jr. (2016), que analisam as políticas públicas para o ensino infantil no Amazonas durante a Primeira República; e de Pérsida Miki (2014) e Kelly Rocha de Matos Vasconcelos (2018), que apresentam produções em história da educação infantil no Amazonas.

Destacamos, neste momento, as obras publicadas no estado do Pará, de Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França, Sidney Lobato e Vitor Souza Cunha Nery (2018); Antonia Fladiana Nascimento dos Santos, Cristiane do Socorro dos Santos Nery e Vitor Souza Cunha Nery (2019); e Maria José Aviz do Rosário, Clarice Nascimento de Melo, Genylton Odilon Rego da Rocha e Maria de Fátima Matos de Souza (2017), bem como os estudos apresentados na Mesa 1: ‘História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira’1, no âmbito da 3ª Reunião Cientifica Regional Norte da ANPEd de 2021, realizada na Universidade Federal de Tocantins - UFT.

A motivação deste estudo deu-se pela necessidade de conhecer o conceito (ou os conceitos) da história da educação; de como ela se consolidou ao longo dos anos; quais objetos estuda; a partir de quais fontes é produzida; quais as relações que estabelece com outras áreas do saber, como a História e a Filosofia; quem é o pesquisador no campo da história da educação e quais as peculiaridades das produções em história da educação na Amazônia brasileira.

Dito isso, não pretendemos identificar nem mapear todos os trabalhos produzidos nesse campo no Amazonas e Pará, mas buscaremos tecer um panorama, com alguns elementos importantes de sua constituição, no intuito de subsidiar estudos futuros, a partir de uma compreensão geral.

A constituição do campo da história da educação

A história da educação surgiu como disciplina no final do século XIX, na Europa, nas universidades e Escolas Normais, em um contexto no qual se defendia a necessidade de um ensino sistemático da pedagogia, que se iniciaria, justamente, com a sua própria história e ‘arte’ de ensinar (Lopes, 1986). É possível que a universidade de Harvad tenha sido a primeira instituição a nomear, em 1891, um professor de History and Art of Teaching (Lopes, 1986; Nunes & Carvalho 2005).

Para a compreensão da constituição do campo da história da educação no Brasil, é fundamental entendermos sua gênese, apresentada por Kuhlmann Jr. (1999, 2001). Esse autor revela que, a partir da década de 1840, já havia uma preocupação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB em incluir a educação no processo de ‘constituição de uma memória nacional’, uma vez que a Instrução Pública era “[...] a primeira parte da classe de História Literária e das Artes” (Kuhlmann Jr., 1999, p. 162).

Os primeiros intentos da concepção de uma história da educação no Brasil datam de 1881, com a ‘Exposição de História do Brasil’, que aconteceu no Rio de Janeiro, capital brasileira, apresentando, em seu catálogo, documentos sobre a história da instrução pública, com o objetivo de fomentar a produção da história brasileira: “Cada um dos setores e das instituições que representariam os pilares da civilização ‘moderna’ estavam representados nos grandes grupos em que se subdividia a organização dessas mostras, entre elas a educação” (Kuhlmann Jr., 1999, p. 160, grifo do autor).

Em 1889, foram publicados dois trabalhos para a Exposição Universal de Paris: Le Brésil, de Santa-Anna Nery, e L’instruction publique au brésil: histoire et legislation (1500-1889), de José Ricardo Pires de Almeida, considerado o trabalho pioneiro sobre a história da educação no Brasil (Kuhlmann Jr., 1999, 2001).

Nesse contexto, em 1900, foi publicado o capítulo A instrução pública e a imprensa (1500-1900), preparado por José Veríssimo Dias de Matos, como parte do ‘Livro do Centenário’ para se comemorar o quarto centenário do descobrimento do Brasil (Kuhlmann Jr. 1999, 2001).

Para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, também ocorrida no Rio de Janeiro, foram preparadas as produções Histórico da proteção à infância no Brasil (1500-1922), de autoria de Arthur Moncorvo Filho; A instrução primária no Rio Grande do Sul (resenha histórica), por Décio Coimbra; Cem anos de instrução pública, elaborado por Sud Mennucci; e Instrução pública, notícia histórica de 1822 a 1922, Resenha da Evolução, de M.P. Oliveira Santos2 (Kuhlmann Jr., 1999, 2001).

Além disso, houve uma edição especial da História do Brasil, elaborada por Rocha Pombo, na qual o autor enaltece o aumento de instituições no Rio de Janeiro, principalmente as relacionadas à instrução pública (Kuhlmann Jr., 1999, 2001).

A inclusão da história da educação nos currículos das Escolas Normais no Brasil ocorreu a partir do ano de 1928. Contudo foi apenas em 1946 que a disciplina ‘História e Filosofia da Educação’ foi incorporada no currículo em todas as escolas normais brasileiras, por meio da Lei Orgânica do Ensino Normal. Tal fato aconteceu em virtude das reformas realizadas por Anísio Teixeira em 1932, na Escola Normal do Distrito Federal, e por Fernando de Azevedo em 1933, na reforma da Escola Normal de São Paulo (Jardilino, 2010; Monarcha, 2007; Saviani, 2005; Vidal & Faria Filho, 2003).

Em 1936, foi publicado o livro A instrução e o Império: subsídios para a história da educação no Brasil (1823-1853), de Primitivo Moacyr, e, em 1943, o livro A cultura brasileira, de autoria de Fernando de Azevedo. A obra de Azevedo dividia-se em três tomos (Os fatores da cultura, A cultura e A transmissão da cultura), e sua última parte foi tomada como referência ‘obrigatória’ dos estudos seguintes (Kuhlmann Jr., 1999; Monarcha, 2007; Saviani, 2005; Vidal & Faria Filho, 2003).

Vidal e Faria Filho (2003) destacam que, devido à sua importância para o campo educacional brasileiro, por versar sobre os processos educativos, o terceiro tomo (A transmissão da cultura) da obra de Fernando de Azevedo foi traduzido para o inglês e, a partir de 1976, ganhou status de livro independente, desmembrando-se dos demais tomos.

Anísio Teixeira, ao traçar o programa ideal a ser implantado nas Escolas Normais, concebe a filosofia e história da educação como parte dos cursos de integração profissional. Nesse programa, também foram incluídos cursos de técnica educativa ou de filosofia geral ou cultura geral, a exemplo dos cursos de psicologia educacional, de testes e medidas, da administração, de técnicas de ensino e de observação e práticas de ensino (Saviani, 2005). Essa associação entre história e filosofia era considerada por muitos pesquisadores um princípio do caráter doutrinário e não científico que se atribuía à docência de história da educação nos cursos de Pedagogia (Saviani, 2005; Warde, 1990).

Nesse período, a Divisão de Documentação Pedagógica do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais - CBPE possibilitou projetos editoriais para divulgar a bibliografia referente à pedagogia e às fontes históricas, a exemplo do volume Bibliografia sumária da história da educação no Brasil, de 1959 (Monarcha, 2007).

De acordo com Saviani (2005, p. 52), desse período até a década de 1960,

A formação do pedagogo era fortemente marcada pelos estudos históricos, ainda que tais estudos se centrassem mais na história das doutrinas pedagógicas, ficando em segundo plano a história da educação como fato social, assim como a história da educação brasileira propriamente dita. Essa situação veio a se alterar a partir da década de 70 em decorrência da entrada em vigor do Parecer 252 do então Conselho Federal de Educação, aprovado em 1969. Como se sabe, esse parecer introduziu as habilitações pedagógicas (Administração, Inspeção, Orientação e Supervisão educacionais) no currículo da Pedagogia, reduzindo, em consequência, o espaço antes reservado às disciplinas ligadas aos chamados fundamentos da educação. Com isso, os seis a oito semestres antes dedicados à História da Educação foram reduzidos para dois ou, no máximo, três. (Saviani, 2005, p. 52).

Assim, “[...] a história da educação foi se firmando como um campo de estudos próprio dos pedagogos” (Saviani, 2005, p. 52). Escolhia-se um professor com formação em Pedagogia, em vez de um com formação em História, para lecionar a disciplina de História da Educação. Isso era um diferencial em relação aos cursos como Filosofia da Educação, Psicologia da Educação e Sociologia da Educação, cujos docentes possuíam formação correspondente às disciplinas (Filosofia, Psicologia e Sociologia). Outra observação feita por Saviani (2005, p. 52) é que “[...] os historiadores, de modo geral, acabam por não incluir a educação entre os domínios de investigação histórica”. Ideia essa também levantada por Warde (1990, p. 8), quando afirma que “[...] a História da Educação não se configura uma especialização temática da História [...]”.

Saviani (2005) revela que os pesquisadores da área da educação têm se esforçado para alcançar conhecimentos no campo historiográfico, para que suas produções tenham qualidades equiparadas às produzidas pelos historiadores:

[...] a história da educação se desenvolveu como um domínio de caráter pedagógico paralelamente e, mesmo, à margem das investigações propriamente historiográficas. Ao longo principalmente da última década, os investigadores-educadores especializados na história da educação têm feito um grande esforço no sentido de adquirir competências no âmbito historiográfico de modo a estabelecer um diálogo de igual para igual com os historiadores. E esse diálogo tem se dado por iniciativa dos educadores, num movimento que vai dos historiadores da educação para os, digamos assim, ‘historiadores de ofício’, e não no sentido inverso (Saviani, 2005, p. 53, grifo do autor).

Carlos Monarcha (2007) ressalta a relevância dos trabalhos de Laerte Ramos de Carvalho, o qual, juntamente com outros intelectuais, nos anos 1960, se esforçaram na organização, realização e divulgação de pesquisas sobre a educação no Brasil.

O fim dos anos 60 e início dos anos 70 marcam a criação dos programas de pós-graduação em Educação, os quais, de acordo com Vidal e Faria Filho (2003), promoveram uma aproximação maior entre história e filosofia - essa proximidade deu-se a partir de um referencial teórico marxista. Logo, a produção historiográfica educacional desse período foi influenciada e passou a ter uma ênfase marxista, inicialmente, embasada nas ideias de Althusser (entre 1960 e 1970) e depois em Gramsci (entre 1970 e 1980), com a coexistência dos padrões historiográficos azevediano e marxista.

Saviani (2005) elucida, ainda, que a hegemonia nessas produções ocorreu pela perspectiva teórica estrutural-funcionalista, e não pelo marxismo, uma vez que a preponderância das ideias marxistas ficou circunscrita, principalmente, entre os pesquisadores progressistas e os estudiosos das ‘camadas populares’, dando a ideia de um ‘suposto triunfo’ do marxismo em detrimento do modelo azevediano. Assim, o controle ideológico de órgãos normatizadores e da organização de práticas escolares estava subordinado ao que Saviani denomina de ‘concepção produtivista de escola’.

Ao partir do entendimento de que a visão do historiador da educação não deve ser educêntrica (Kuhlmann Jr. & Leonardi, 2017), ou seja, limitada exclusivamente à dimensão da instituição escolar, concordamos com Mirian Jorge Warde (1990, p. 3), quando nos alerta para os riscos de se enfrentar a História, uma vez que “[...] os problemas brotam de todos os lados e ganham as mais diferentes formas. Mas, a tarefa em relação à História da Educação é arriscadíssima”. Em um contexto em que a precariedade na historiografia da educação ainda é uma realidade em regiões como o Norte e Nordeste, muitos são os desvios empíricos e formalistas que ocorrem nesse processo. Diante disso, emerge a necessidade de se trilhar um caminho para além de uma visão cristalizada no campo da história da educação.

História da educação no Brasil: contextos de um campo

Dentre as influências na produção historiográfica brasileira, destacam-se os principais acontecimentos educacionais da década de 30, envoltos no movimento renovador, como a criação do curso de Pedagogia, em 1939.

Carlos Monarcha (2007) identifica quatro marcos da trajetória dos estudos em história da educação: os vintênios de 1930 a 1950, nos quais a educação estava, principalmente, como uma ‘demanda do Estado’; de 1950 a 1970, em que estes estudos estavam, predominantemente, na ‘escola paulista’; a partir de 1970, com a criação e ampliação dos programas de pós-graduação em educação brasileiros; e a contemporaneidade.

Diana Vidal e Faria Filho (2003), ao traçarem a constituição histórica da história da educação no Brasil, a partir do estudo dos manuais educacionais, estabelecem três vertentes de pertencimentos: 1) Primeira vertente: a História da Educação e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - trata-se do momento inicial, no qual os manuais educacionais escritos estavam vinculados à tradição historiográfica do IGHB; 2) Segunda vertente: a História da Educação e as Escolas Normais - iniciada no momento quando a história da educação foi introduzida como disciplina no currículo da Escola Normal do Rio de Janeiro em 1928; e 3) Terceira vertente: a História da Educação e a escrita acadêmica - consideradas pertencentes a esta vertente as obras produzidas no interior das universidades que ganham mais força com a criação dos programas de pós-graduação em Educação.

Ao realizar um balanço dos estudos em história da educação no Brasil entre os anos de 1970 e 1984, Mirian Jorge Warde (1984) observa duas tendências: uma ocorrida com menos frequência, em que o objeto de estudo determina o período histórico a ser pesquisado, e outra, mais frequente, em que o período é delimitado de acordo com os marcos políticos conhecidos: Brasil Colônia, Império etc.

A institucionalização dos programas de pós-graduação a partir dos anos 70 proporcionou uma maior sistematização da área de história da educação, possibilitando investidas para produção de compêndios de história da educação brasileira para além do caráter geral presente nos manuais das décadas anteriores (Saviani, 2005).

A fundação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), em 1977, impulsionou o aumento do número de produções de pesquisas em história da educação no Brasil a partir da década de 80. Esse crescimento é decorrente da criação do (GT) História da Educação, criado em 1984 no interior da ANPEd, o qual “[...] rapidamente tornou-se o principal espaço nacional de aglutinação de pesquisadores, de crítica historiográfica e de difusão de novos horizontes de investigação na área [...]” (Vidal & Faria Filho, 2003, p. 58). Destaca-se, também, nesse período, a criação do Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil, o HISTEDBR.

A respeito da criação do grupo, seu idealizador, Dermeval Saviani, esclarece que:

[...] formulei, em 1986, a linha de pesquisa denominada ‘História, Sociedade e Educação no Brasil’, em torno da qual foram agrupados os projetos de pesquisa em desenvolvimento. Está aí a origem do Grupo de Estudos e Pesquisas ‘História, Sociedade e Educação no Brasil’ (HISTEDBR) formalizado em 1991 (Saviani, 2005, p. 66, grifo do autor).

Os anos 90 foram profícuos para a história da educação. Escudado pelo HISTEDBR, o campo apresentou avanços significativos, bem como influenciou a criação de vários outros grupos e associações espalhados pelo Brasil. Sobre isso, Vidal e Faria Filho afirmam que

Ao longo dos anos de 1990, a par de um incremento das ações do GT de História da Educação e do HISTEDBR, a área se viu enriquecida com a constituição de inúmeras outras instâncias de aglutinação de pesquisadores e condensação/difusão de perspectivas teórico-metodológicas. A primeira grande novidade foi, ao que nos parece, uma mudança substantiva na forma própria de organizar e realizar as pesquisas: além da continuidade da tradição das investigações efetuadas individualmente, emergiu na área, como em todo o campo da educação, uma multiplicidade de grupos de pesquisa que se impuseram o desafio de investigações de escopo alargado, de longo prazo e com grande preocupação com o mapeamento, organização e disponibilização de acervos documentais (Vidal & Faria Filho, 2003, p. 59).

Outra característica que marca a década de 1990 é uma maior regularidade na realização de congressos de história da educação, como os Congressos Ibero-Americanos de História da Educação Latino-Americana, ocorridos nos anos de 1992 na cidade de Bogotá - Colômbia; 1994 em Campinas - Brasil; 1996 em Caracas - Venezuela; 1998 em Santiago - Chile; 2001 em San José - Costa Rica; e 2003 em San Luis Potosí - México.

Em 1999, a Sociedade Brasileira de História da Educação - SBHE foi criada tendo Dermeval Saviani como primeiro presidente. A SBHE foi organizada devido à necessidade de articulação nacional e representação internacional na área. Assim, a “SBHE criou também a Revista Brasileira de História da Educação, de periodicidade semestral, que começou a circular no primeiro semestre de 2001” (Saviani, 2005, p. 81).

Para finalizar esta seção, apresentamos três obras que se destacam na historiografia educacional brasileira, por constituírem-se tanto como manuais de referência para o estudo da disciplina de história da educação quanto como fonte de pesquisa para o campo, que são: História da educação no Brasil (1930-1973), de Otaíza de Oliveira Romanelli (2014); História da educação brasileira: leituras, de Maria Lucia Spedo Hilsdorf (2003), e História da educação brasileira: a organização escolar, de Maria Luisa Santos Ribeiro (2007).

Ao apresentar sua obra, Hilsdorf é enfática:

Escrevi este livro como subsídio de leitura para as aulas de História da Educação Brasileira, importante disciplina dos cursos universitários de formação de professores e outros profissionais do campo educacional. Procurei levar em conta as expectativas múltiplas de professores e alunos que, transitando nessa área de conhecimento, seja em busca de uma visão geral da trajetória da escola brasileira, seja na condição mais específica de pesquisadores de uma dada questão do campo, solicitam uma obra de referência histórica atualizada, problematizada e crítica da instituição que é o objeto do seu trabalho. Por isso o livro cobre dos jesuítas aos nossos dias, percorrendo nos seus capítulos a tradicional divisão em Colônia, Império e República, mas com uma periodização própria, cujas subdivisões são autorizadas pelo diálogo entre a bibliografia mais clássica e a produção historiográfica mais recente (Hilsdorf, 2003, p. VII).

O livro de Romanelli (2014) está, até o momento, em sua 40ª edição e caracteriza-se como importante obra da historiografia educacional. A autora oferece uma análise da constituição da educação no Brasil entre os anos 1930 e 1973 para além de aspectos fatuais, destacando a influência política, social e econômica que marcam, historicamente, a educação brasileira.

Pode-se dizer que História da educação brasileira: a organização escolar, de Maria Luiza Santos Ribeiro (2007), trata de uma iniciativa pioneira de abordar, sistematicamente, a organização escolar brasileira. Escrito e, primeiramente, publicado (1978) em uma época em que a historiografia educacional carecia de bibliografia, tal obra caracteriza-se como importante fonte para a pesquisa e o ensino de história da educação, apresentando as implicações sociopolíticas na configuração histórica da educação brasileira.

O campo da história da educação nos estados do Amazonas e Pará

Em relação à história da educação, considerando o contexto Amazônico e as produções dos programas de pós-graduação em educação dos estados do Amazonas e Pará, iniciamos com as contribuições de Marta Maria de Araújo (2005), por meio do seu texto ‘A produção em história da educação das regiões nordeste e norte’; e dos artigos ‘História e historiografia educacional na Amazônia: uma radiografia da produção do conhecimento nos programas de pós-graduação em educação da região norte do Brasil’, de Paulo Sérgio de Almeida Corrêa (2011); e ‘História da educação na Amazônia brasileira: um balanço historiográfico recente’, de Rafaela Paiva Costa e Felipe Tavares de Moraes (2018).

O trabalho de Corrêa (2011) reflete sobre a história da educação no contexto amazônico, enfatizando os trabalhos científicos produzidos no âmbito dos três programas de pós-graduação (PPGEs) existentes na região até aquele momento (PPGED-UFAM, PPGED-UFPA e PPGED-UEPA), enfatizando a distribuição, as características dessas produções e o perfil dos pesquisadores. O trabalho revela a contribuição dos PPGEs para a historiografia amazônica e identifica a predominância de pesquisas que estudam os sujeitos institucionais.

Araújo (2005) revela que na região Norte a institucionalização do PPGE da UFAM ocorreu em 1986, e a do PPGE do Pará, em 1993. A autora demonstra, em seu estado da arte, que até 2003 foram publicadas 104 dissertações em história da educação no PPGE da UFAM e não apresenta dados quantitativos sobre produções da Universidade Federal do Pará nesse período. Em seu levantamento, é constatada a existência, até o ano de 2003, das linhas de pesquisa: História, Política e Sociedade na Região Amazônica, na UFAM; e Políticas Públicas, Currículo e Formação de Professores, na Universidade Federal do Pará (Araújo, 2005).

Em 2011, no PPGE da UFAM, a linha de pesquisa de número 3, “História da Educação na Região Amazônica”, coexistia com outras 3 linhas: 1. Educação, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional; 2. Formação e práxis do(a) educador(a) frente aos desafios amazônicos; e 4. Processos Educativos e Identidades Amazônicas. Nos PPGEs do Pará, havia duas linhas em cada um dos programas: Políticas Públicas Educacionais e Currículo e Formação de Professores, na Universidade Estadual do Pará; e Formação de Professores e Saberes Culturais e Educação na Amazônia, na Universidade Federal do Pará (Corrêa, 2011).

A linha de História da Educação na Região Amazônica foi extinta em 2013 por meio da reformulação da Estrutura Curricular dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Educação (Universidade Federal do Amazonas [UFAM], 2014). Nessa reformulação, a história da educação ainda constou no Núcleo Temático: Educação, Culturas e Desafios Amazônicos, porém ficou diluída nas 4 linhas do Mestrado e nas linhas 2 e 3 do Doutorado: Linha 1. Processos Educativos e Identidades Amazônicas; 2. Educação, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional; 3. Formação e Práxis do Educador Frente aos Desafios Amazônicos; e 4. Educação Especial e Inclusão no Contexto Amazônico. A ausência de uma linha de história da educação ainda permanece no Programa mesmo com a nova reformulação curricular em andamento desde 2021.

O norte do Brasil só obteve sua primeira nota 5 em 2013, quando o Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da UFPA foi considerado muito bom (Costa & Moraes, 2018). Foi observada, nas produções concentradas nos PPGED’s do Amazonas e Pará, uma combinação entre os elementos estruturais objetivos e subjetivos, inserindo-se os discursos de professores e de alunos para a compreensão das relações de poder que envolvem o saber.

Evidenciou-se o dinamismo existente em contraposição ao que é determinado ou revelado oficialmente em relação a como o indivíduo percebe os eventos na história da educação dentro de um contexto social. Outra característica é a existência de investigações sobre processos educativos escolares e não escolares, estudando o dia a dia e os aspectos culturais para além do espaço escolar (Corrêa, 2011).

Corrêa (2011) também revela que metade das produções historiográficas acerca da educação na Amazônia versam sobre os conflitos existentes ou sobre a descrição de eventos econômicos. Conclui que, mesmo diante de um cenário desigual, comparado a outras regiões do país, a região Norte “[...] desponta no campo da formação dos pesquisadores e da inserção científica, com efeitos na produção qualificada sedimentada nos estudos histórico-educativos [...]” (Corrêa, 2011, p. 172), utilizando diversas fontes, tecendo suas narrativas que resultam em produções publicadas. Isso significa uma diversidade nas produções científicas, pois, apesar da preponderância de base econômica e política, outros enfoques investigativos da história trazem contribuições para a história da educação na região Norte, resultantes dos problemas empíricos inerentes à região, a exemplo da história social e cultural e da história oral.

Costa e Moraes (2018) analisam as produções dos PPGED’s nortistas, o recorte temporal usado se estende até 2014, considerando-se temas, corpus documental, periodizações e fundamentos teórico-metodológicos desses estudos.

A maior parte das pesquisas está situada naquilo que é considerado periodização tradicional não restrita, que rompe com uma visão tradicional e positivista da historiografia, ou seja, 52% são estudos com recorte temporal específico, como o tempo de funcionamento de determinada escola, ou a temporalidade de uma política ou reforma educacional, por exemplo. Os outros 46% caminharam em sentido autônomo, desconsiderando os recortes temporais tradicionais, e não se limitaram aos períodos Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), Primeira República (1889-1930), Era Vargas (1930-1945), Experiência Democrática (1945- 1964), Ditadura Militar (1964-1985) e Nova República (1985...) (Costa & Moraes, 2018).

De acordo com Araújo (2005), essas produções do Norte e do Nordeste tiveram como fontes, principalmente, as originárias dos poderes e instituições públicas, as relativas ao trabalho do professor e da escola, as provenientes da Igreja Católica e as de natureza literária, pedagógica, jornalística e cultural. Costa e Moraes (2018, p. 224) revelam que os documentos oficiais foram as fontes prioritárias destas produções no Norte, “[...] no qual o Estado e suas instituições são os agentes históricos dos fenômenos educativos”.

Os autores consideram que o fato de essas tendências coexistirem não significa atraso em comparação ao que se é produzido na área em outras partes do país. O campo da história da educação na região Norte vem se constituindo de forma peculiar, desenvolvendo-se de maneira singular, mesmo diante das dificuldades enfrentadas:

No entanto talvez seja uma peculiaridade da produção da região a utilização de tipologias documentais oficiais analisados pelos aportes da História Cultural, em razão das dificuldades de acessibilidade/consulta/conservação dos arquivos e acervos públicos de documentação, a utilização das fontes oficiais (mais bem conservadas, em alguns casos, digitalizadas e disponíveis na internet) seja uma estratégia utilizada pelos pesquisadores da região para viabilizar suas pesquisas (Costa & Moraes, 2018, p. 227).

Quanto ao referencial bibliográfico dessas produções, considerando a quantidade de vezes de citação nas produções, Araújo (2005) verifica que esses trabalhos se fundamentam, preferencialmente, em Michel Foucault, Gilberto Freyre e Luiz Antônio Cunha, no grupo de autores das ciências humanas; e Jacques Le Goff, Peter Burke e Roger Chartier, no grupo de historiadores. No que concerne aos historiadores da educação, a autora destaca a predominância de citações nas obras de Clarice Nunes, Dermeval Saviani e Fernando de Azevedo3.

Numa conjuntura mais atual, destacamos as obras: História da educação na Amazônia: múltiplos sujeitos e práticas educativas, organizado por França et al. (2018); História, formação, currículo e práticas de ensino na Amazônia, organizado por Santos et al. (2019); e HISTEDBR-PA e GEPHE: uma década de História da Educação na Amazônia, organizado por Rosário et al. (2017).

O livro História da educação na Amazônia: múltiplos sujeitos e práticas educativas é uma obra coletiva, envolvendo professores e estudantes dos programas de pós-graduação da UEAP, UEPA e UFPA, o qual objetiva “[...] divulgar recentes e inovadoras pesquisas que focalizam as transformações ocorridas no campo educacional amazônico durante os últimos duzentos anos”. Para isso, a obra desvela, “[...] a partir de diferentes olhares, recortes e fontes, a História da Educação no contexto das Amazônias amapaense e paraense [...]”, abarcando “[...] uma diversidade de temas: instituições e políticas educacionais, intelectuais e projetos educativos, infância e educação, cultura material escolar, entre outros” (França et al., 2018, p. 11).

Apresentamos a seguir um panorama contendo os textos que compõem a obra organizada por França et al. (2018).

A obra divide-se em cinco partes: 1) História da educação e da infância nos Programas de Pós-Graduação em Educação da UEPA e da UFPA; 2) Instrução e educação no século XIX; 3) Instituições educativas e política educacional no século XX; 4) Intelectuais e história da educação; 5) História da infância; e 6) Cultura material escolar.

Por sua vez, o livro História, formação, currículo e práticas de ensino na Amazônia (Santos et al., 2019) também se apresenta como uma coletânea de textos acadêmicos com foco na educação na Amazônia. A primeira parte desta obra é composta de três textos dedicados, especificamente, à historiografia educacional amazônica: 1) ‘Inspeção escolar nas reformas da instrução pública primária na província do Pará’, de Vitor Souza Cunha Nery; 2) ‘O ensino secundário na legislação da província do Pará no século XIX’, de Benedito Gonçalves Costa e Damiana Valente Guimarães Gutierres; e 3) ‘Instrução primária: o surgimento dos grupos escolares na Amazônia amapaense no século XX’, de João de Deus Santos Sampaio.

Organizado em forma de memorial, o livro HISTEDBR-PA e GEPHE: uma década de História da Educação na Amazônia (Rosário et al., 2017) sintetiza a produção historiográfica da educação na Amazônia, produzida pelo HISTEDBR-PA e pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em História e Educação (GEPHE), capitaneados, respectivamente, pelas professoras Maria José Aviz do Rosário e Clarice Nascimento Melo.

As informações contidas na obra apresentam-se como riquíssima fonte de pesquisa acerca de uma parte da história da educação no Pará. Além das motivações para criação dos grupos e suas trajetórias, Rosário et al. (2017) disponibilizam, através de vários quadros informativos, um verdadeiro inventário das produções dos grupos que, de acordo com as autoras,

[n]esse tempo, mais de uma década, [produziram] ‘295 artigos’ científicos e destes ‘106’ foram publicados em revistas qualificadas; [orientaram] e [concluíram] ‘1.076’ trabalhos científicos, entre TCC, Iniciação Científica, monografia de Especialização, Dissertações e Teses; [participaram] de ‘1.219’ bancas examinadoras; [estiveram] em ‘35’ Comitês Científicos de Revistas Especializadas; [organizaram] ‘36’ eventos; [organizaram] e [publicaram] ‘27’ livros, ‘09’ dedicados à História da Educação; [publicaram] ‘89’ Capítulos de livros, destes ‘24’ foram em História da Educação; [executaram] ‘34’ projetos de pesquisa, sendo ‘20’ em História da Educação; [executaram] ‘33’ projetos de Extensão, afora as palestras, conferências, relatórios técnicos, consultorias, funções administrativas-UFPA etc. (Rosário, et al., 2017, p. 89-90, grifo do autor).

As produções desenvolvidas na Universidade Federal do Amazonas - UFAM, a partir de 2015, foram resultados de pesquisas realizadas e orientadas pela professora doutora Pérsida da Silva Ribeiro Miki, que defendeu sua tese em 2014, pela Universidade São Francisco, dentro da abordagem da história social e cultural, sob a orientação do professor doutor Moysés Kuhlmann Jr., intitulada Aspectos da educação infantil no Estado do Amazonas: o curso infantil Froebel no Instituto Benjamin Constant e outros jardins de infância (1897-1933). Na UFAM, o projeto institucionalizado ‘História da educação infantil no Amazonas’ de 2015 impulsionou as pesquisas de iniciação científica sob a sua orientação, no período de 2015 a 20184, os quais foram: As crianças negras e indígenas do Instituto Benjamin Constant, por Deborah de Souza Barboza (2016); Creche “Alice de Salles”: uma instituição para a primeira infância no Amazonas (1929-1940), por Beatriz de Souza Fidelis (2016); Infância e a Creche “Alice de Sales”: concepções e ideias na sociedade amazonense na década de 1920 a 1930, por Alana Yara Cristina Ribeiro Mafra (2016); Infância e a Creche “Alice de Sales”: concepções e ideias na sociedade amazonense - 1928 a 1930, por Alana Yara Cristina Ribeiro Mafra (2017); ‘História da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE), em Manaus’, por Beatriz de Souza Fidelis (2017).

As relações da iniciação científica com a pós-graduação foram apresentadas no Colóquio da Associação Francofone Internacional de Pesquisa Científica em Educação-AFIRSE de 2017, quando a Universidade sediou o evento e onde foram apresentados seis trabalhos sobre a história da educação no Amazonas orientados pela professora Pérsida Miki, situados no PPGE/FACED/UFAM na linha de pesquisa Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional: ‘A Associação de pais e amigos do Excepcional/APAE Manaus: 1970-1980’, de Fidelis e Miki (2017); ‘A Escola ao Ar Livre em Manaus/AM: Uma experiência para as crianças suburbanas em 1917’, de Miki (2017); ‘Creche Alice de Salles no Amazonas: 1912-1940’, de Miki e Fidelis (2017); ‘Os parques infantis no Amazonas’, de Vasconcelos e Miki (2017); ‘A visibilidade da mulher no ensino profissional em Manaus: espaços e dinâmicas (1962-1971)’, de Vannessa Silva e Miki (2017); e ‘História da infância: Philippe Ariés em debate’, de Elane Batista e Miki (2017); sendo este uma revisão de literatura e aqueles resultados de pesquisa. Todos os trabalhos foram publicados na obra Os desafios amazônicos: educação, currículo e política organizada, por Ana Teresa Silva Sousa, Gerson Bacury e Fabiane Maia Garcia (2019).

Há de se destacar também a pesquisa de Pérsida Miki e Moysés Kuhlmann Jr. (2016) intitulada ‘Políticas públicas para a educação infantil no Estado do Amazonas na Primeira República’, publicada na coletânea Políticas públicas, educação básica e desafios amazônicos (2016), vinculada à linha Educação, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional do PPGE/UFAM. Com uma abordagem da história social e cultural, o estudo apresenta uma análise da instrução pública para a educação infantil no Amazonas, no período da Primeira República. Ao investigarem os documentos oficiais do estado do Amazonas, Miki e Kuhlmann Jr. (2016) identificaram que os regulamentos da instrução pública apontavam os jardins de infância e os cursos preliminares como sinônimos e portadores de singularidades, que indicavam uma prática diferenciada em relação ao que era apregoado pela legislação.

Além disso, recentemente, foram publicados os textos: Os parques infantis no Amazonas, de Kelly Vasconcelos e Pérsida Miki (2020), como capítulo de livro organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação no Amazonas; ‘Raízes da Faculdade de Educação da UFAM: Uma Análise do Contexto em que a Instituição se Desenvolveu (1960 a 1980)’, de Fábio Souza Lima (2020); e o artigo ‘Primeira república, educação e organização da escolarização no Estado do Amazonas’, de Miki (2021), que traça elementos da constituição do ensino primário e das instituições educacionais no Amazonas durante a Primeira República.

Vale ressaltar as pesquisas em desenvolvimento no PPGE-UFAM. Orientado pela professora Pérsida Miki e coorientado pelo professor Moysés Kuhlmann Jr., o projeto de pesquisa ‘Políticas públicas educacionais na Amazônia: perspectivas de pesquisas pela história da educação’ abarca quatro pesquisa: ‘Creches no Amazonas: infância, história e educação (1979-1999)’, de Kelly Rocha de Matos Vasconcelos; ‘Política pública de contratação de professores para a educação básica no município de Marechal Thaumaturgo/Acre’, de Rair de Lima Nicácio; ‘Educação e desenvolvimento regional no interior do Amazonas: o papel da educação para formação do município de Itamarati-AM (1959-1983)’, de Rosimario de Aragão Quintino em nível de doutorado; e ‘Políticas públicas e o ensino de história regional e local nos anos finais da rede pública de educação municipal de Manaus (1991-2009)’, de Diego Pires de Souza, em nível de mestrado. Existem, ainda, as pesquisas: ‘Políticas públicas e a organização da educação primária na Província do Amazonas durante o Segundo Reinado (1870-1889’), do mestrando Fábio Rodrigo Severiano Guelber, sob orientação da professora Camila Ferreira da Silva; e ‘Ações afirmativas: um estudo sobre a Lei de cotas na Universidade Federal do Amazonas’, da mestranda Fernanda Cavalcante, sob orientação da professora Fabiane Garcia e coorientação do professor Fábio Souza Lima.

Ademais, os trabalhos apresentados na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira, no âmbito da 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPED, corroboram e complementam as informações apresentadas até então. As pesquisas apresentadas foram: ‘Trilhas da História da Educação no GHEDA’; ‘Rumo a História: educação do norte’; e ‘A História da Educação nos PPG’s em educação na Amazônia’.

Na pesquisa intitulada ‘Trilhas da História da Educação no GHEDA’, a professora Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França (UEPA) apresenta as produções relacionadas ao Grupo de História da Educação na Amazônia (GHEDA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará. O PPGED-UEPA foi criado em 2005, atendendo o nível de mestrado com as linhas de pesquisa ‘Formação de Professores’ e ‘Saberes Culturais e Educação na Amazônia’. Em 2018, foi criado no Programa o curso de Doutorado em Educação com a linha ‘Saberes Culturais e Educação na Amazônia’, de onde foi criado um eixo intitulado ‘História da Educação na Amazônia’, com intuito de demarcar um lugar para que, futuramente, este eixo se tornasse uma linha de pesquisa (França, 2021)5, o que ocorreu em 2022 com a denominação de ‘História da Educação Básica’.

No que tange às produções, o GHEDA norteia suas pesquisas em duas linhas: História dos Processos Educativos Não Escolares, coordenado pela professora Maria Betânia Albuquerque (França, 2021), que focaliza a educação como cultura, valorizando os saberes tradicionais daqueles que vivem nas florestas e nos rios da Amazônia, e História de Instituições Educativas, Intelectuais e Impressos, coordenado pela professora Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França (França, 2021), visando identificar os sentimentos e as subjetividades presentes nas fontes que auxiliam as pesquisas que buscam analisar as instituições, os intelectuais e os impressos educativos (França, 2021)6.

Apesar de ser, relativamente, novo, o GHEDA destaca-se na produção da escrita da história da educação, especificamente, no Pará. Em dez anos de existência do grupo, foram orientadas 26 dissertações que se caracterizam por apresentar uma multiplicidade de sujeitos e práticas, através da perspectiva da ‘história vista de baixo’, tendo como base teórica a história cultural. Essas pesquisas são de caráter documental, bibliográfica, de campo e etnográfica, construídas com base numa gama de testemunhos orais, audiovisuais e imagéticos (França, 2021)7.

Depois de dez anos, após o estudo feito por Corrêa (2011)8, o número de programas de pós-graduação na região Norte aumentou. Tal fato é exposto pelo professor Alberto Damasceno, na pesquisa ‘A História da Educação nos PPG’s em educação na Amazônia’, a qual apresenta um breve panorama da produção no campo da História da Educação nos Programas de Pós-Graduação em Educação na Amazônia Legal, através da identificação das linhas de pesquisa e das dissertações e teses produzidas em 11 (onze) PPGs de 9 (nove) instituições de educação superior da região: PPGED-UFPA, PPGEDUC-UFPA, PPEB-UFPA, PPGED-UEPA, PPGE-UFAM, PPGE-UFOPA, PPGED-UNIFAP, PPGE-UERR, PPGE-UFAC, PPGE-UNIR e PPGE-UFT (Damasceno, 2021)9.

Após analisar 26 linhas de pesquisa dos PPG’s, o estudo aglutinou essas linhas em quatro eixos temáticos: Políticas Públicas em Educação e Gestão Educacional; Currículo, Conhecimento, Cultura e Diversidade; Formação do Professor e Trabalho Pedagógico; e Educação e Desenvolvimento no Contexto Amazônico (Damasceno, 2021)10.

O estudo revelou que: menos de 10% das pesquisas realizadas nos PPG’s da região são referentes à história da educação; que, apesar de não ser o programa mais antigo, o PPGED-UFPA é o que apresenta maior quantidade de produções em história da educação. Os períodos mais abordados são Primeira República, Tempo Presente e o Império; os eixos temáticos mais utilizados seguindo os critérios da SBHE são: Políticas e Instituições Educativas, Formação e Profissão Docente, Intelectuais e Projetos Educacionais e Impressa e Impressos Educacionais; e que as pesquisas em história da educação na Amazônia possuem preponderância do gênero feminino, tanto na autoria quanto na orientação (Damasceno, 2021)11.

Diante deste estudo, fazemos nossas as palavras de Costa e Moraes (2018), que retratam aquilo que intentamos transmitir no sentido de que ainda temos um longo caminho a percorrer que se desdobra por meio de estudos temáticos sobre a vida escolar dos estudantes, dos instrumentos e controles de gestão e planejamento dos professores, dos objetos didáticos que, muitas vezes, compõem os arquivos escolares.

Na busca pela história da educação dos povos originários e da floresta, na qual se abre um campo investigativo para a história oral. Na luta pelo pertencimento e contra a visão exótica sobre a Amazônia e seus estudos, vislumbramos muitos horizontes de investigação e muitos igapós12 a descerrar, em nosso lugar de fala e de pesquisa, mas temos a esperança freireana de avançar na abertura de caminhos para promover visibilidade às nossas pesquisas e inspirar outros estudos, a fim de que este campo floresça e frutifique. Assim:

Acreditamos que a região Norte esteja construindo sua própria tradição, conforme seus processos histórico-educacionais específicos e os registros históricos possíveis para a produção do conhecimento histórico educacional. Reconhecidos as potencialidades e limites desta tradição, será muito mais profícuo o diálogo e os intercâmbios com a diferentes tradições - sendo necessário construirmos plataformas heterogêneas que abarquem a diversidade da produção, cuja unidade seja garantida pelos protocolos da pesquisa historiográfica - que constituem a pesquisa em História da Educação no Brasil (Costa & Moraes, 2018, p. 232).

Partimos do entendimento de que não basta ficarmos limitados ao educentrismo. Esta preocupação sustenta as pesquisas no estado do Amazonas de Pérsida Miki (2014) e de Kelly Vasconcelos (2018), que não se restringem a descrever a educação circunscrita ao espaço escolar e, sim, contextualizar o objeto, construindo nexos com os múltiplos fatores e acontecimentos sociais e culturais, que constituem os contextos educacionais pesquisados. Assim, perguntamos: qual o lugar da educação na sociedade como uma das relações sociais fundamentais que ocorre no processo histórico? Questões como essas nos conduzem ao desejo de buscar, cada vez mais, pesquisas sobre o desenvolvimento da educação, nas suas questões históricas, percebendo seus avanços na luta por garantias de mais cursos de pós-graduação nessa área.

Considerações finais

A história da educação está presente como disciplina na formação inicial nos cursos de Pedagogia brasileiros, e sua constituição, como campo de investigação, vem galgando mais espaço nos programas de pós-graduação, compondo um vasto arcabouço teórico, com circulação por meio de comunicações em eventos científicos e de publicações diversas.

Esses esforços são, ainda, maiores no Amazonas e no Pará, em virtude dos inúmeros desafios enfrentados na formação de pesquisadores na área, no universo de fontes que ainda não foram encontradas (aparentando uma carência), na ausência de uma política pública de guarda e preservação dos acervos, no descarte de objetos e documentos que poderiam se constituir em fontes de pesquisa e na compreensão histórica diante dos eventos e dos processos educacionais em espaços escolares e não escolares.

Referências

Araújo, M. M. (2005). A produção em história da educação das regiões nordeste e norte. In J. G. Gondra (Ed.),Pesquisa em história da educação no Brasil (p. 289-312). Rio de Janeiro, RJ: DP&A. [ Links ]

Barboza, D. S. (2016). As crianças negras e indígenas do Instituto Benjamin Constant (Relatório de pesquisa). Recuperado de: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/5404Links ]

Batista, E. S., & Miki, P. S. R. (2017). História da infância: Philippe Ariés em debate. In F. M. Garcia, I. M. L. M. Ibiapina, & M. V. C. Carvalho (Orgs), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 54-54). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni. Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0 Links ]

Corrêa, P. S. A. (2011). História e historiografia educacional na Amazônia: uma radiografia da produção do conhecimento nos programas de pós-graduação em educação da região norte do Brasil.Revista HISTEDBR On-line, 11(43), 149-174. doi: 10.20396/rho.v11i43e.8639958. [ Links ]

Costa, R. P., & Moraes, F. T. (2018). História da educação na Amazônia brasileira: um balanço historiográfico recente. Revista de História e Historiografia da Educação, 2(5), 211-233. Recuperado de: https://revistas.ufpr.br/rhhe/article/view/56897Links ]

Damasceno, A. (2021). A história da educação nos PPG’s em educação na Amazônia. In Anais da 3ª Reunião Científica Regional Norte da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPEd. Mesa 1: História e memória da educação na Amazônia brasileira. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039sLinks ]

Fidelis, B. S. (2016). Creche “Alice de Salles”: uma instituição para a primeira infância no Amazonas (1929- 1940) (Relatório de pesquisa). Recuperado de: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/5361Links ]

Fidelis, B. S. (2017). História da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE) em Manaus (Relatório de pesquisa). In Anais do 4º Encontro de Políticas Públicas para a Pan-Amazônia e Caribe. Recuperado de: https://epppac.com.br/wp-content/uploads/2021/07/GT11-002-HISTORIA-DA-ASSOCIACAO-DE-PAIS-E-AMIGOS-DOS-EXCEPCIONAIS-EM-MANAUS-APAE.pdf Links ]

Fidelis, B. S., & Miki, P. S. R. (2017). A Associação de pais e amigos do Excepcional/APAE Manaus: 1970-1980. In F. M. Garcia, I. M. L. M. Ibiapina, & M. V. C. Carvalho (Orgs.), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 30-30). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni . Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0 Links ]

França, M. P. S. G. S. A. (2021). Trilhas da história da educação no GHEDA. InAnais da 3ª Reunião Científica Regional Norte da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPEd. Mesa 1: História e memória da educação na Amazônia brasileira . Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039sLinks ]

França, M. P. S. G. S. A., Lobato, S., & Nery, V. S. C. (2018). História da educação na Amazônia: múltiplos sujeitos e práticas educativas. Curitiba, PR: CRV. [ Links ]

Hilsdorf, M. L. S. (2003). História da educação brasileira: leituras. São Paulo, SP: Cengage Learning. [ Links ]

Jardilino, J. R. L. (2010). Formação de professores na América: notas sobre história comparada da educação no século XX.Formação Docente - Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, 2 (2), 54-67. [ Links ]

Kuhlmann Jr., M. (2001). As grandes festas didáticas: a educação brasileira e as exposições internacionais (1862-1922). Bragança Paulista, SP: Editora da Universidade São Francisco. [ Links ]

Kuhlmann Jr., M. (1999). Raízes da historiografia educacional brasileira (1881-1922). Cadernos de Pesquisa, 106, 159-171. Recuperado de: http://dx.doi.org/10.1590/s0100-15741999000100008 [ Links ]

Kuhlmann Jr., M., & Leonardi, P. (2017). História da educação no quadro das relações sociais. História da Educação, 21(51), 207-227. Recuperado de: http://dx.doi.org/10.1590/2236-3459/66163 [ Links ]

Lima, F. S. (2020). As raízes da faculdade de educação da UFAM: uma análise do contexto em que a instituição se desenvolveu (1960 a 1980). Revista Amazônida, 1(1), 106-141. [ Links ]

Lopes, E. M. T. (1986) Perspectivas históricas da educação. São Paulo, SP: Ática. [ Links ]

Mafra, A. Y. C. R. (2016). Infância e a creche “Alice de Salles”: concepções e ideias na sociedade amazonense na década de 1920 a 1930 (Relatório de pesquisa). Recuperado de: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/5355 Links ]

Mafra, A. Y. C. R. (2017). Infância e a Creche “Alice de Sales”: concepções e ideias na sociedade amazonense - 1928 a 1930 (Relatório de pesquisa). [ Links ]

Miki, P. S. R. (2014) Aspectos da educação infantil no Estado do Amazonas: o curso infantil Froebel no Instituto Benjamin Constant e outros jardins de infância (Tese de Doutorado). Universidade São Francisco, Itatiba. [ Links ]

Miki, P. S. R. (2017). A escola ao ar livre em Manaus/AM: uma experiência para as crianças suburbanas em 1919. In F. M. Garcia., I. M. L. M. Ibiapina., & M. V. C. Carvalho. (Orgs.), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 31). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni . Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0Links ]

Miki, P. S. R. (2021) Primeira República, educação e organização da escolarização no estado do Amazonas.La Recherche En Education, 22 (22), 1-13. Recuperado de: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/larecherche/article/view/8631/6210Links ]

Miki, P. S. R., & Fidelis, B. S. (2017). Creche Alice de Salles no Amazonas: 1929-1940. In F. M. Garcia., I. M. L. M. Ibiapina., & M. V. C. Carvalho. (Orgs.), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 34-34). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni . Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0Links ]

Miki, P. S. R., Guimarães, M. F., & Freitas, M. C. S. (2016). Possibilidades metodológicas para a pesquisa em história da educação. In R. M. Brito (Org.), Caminhos metodológicos do processo de pesquisa e de construção de conhecimento (p. 143-176). Manaus, AM: EDUA. [ Links ]

Miki, P. S. R., & Kuhlmann Jr., M. (2016). Políticas públicas para a educação infantil no estado do Amazonas na Primeira República. In M. G. S. P. Pinheiro, & N. M. Falcão (Orgs.), Políticas públicas, educação básica e desafios amazônicos (p. 83-114). Manaus, AM: EDUA . [ Links ]

Monarcha, C. (2007) História da educação (brasileira): formação do campo, tendências e vertentes investigativas. História da Educação , 11(21), 51-77. [ Links ]

Nunes, C., & Carvalho, M. M. C. (2005). Historiografia da educação e fontes. In J. G. Gondra (Org.),Pesquisa em história da educação no Brasil (p. 17-62). Rio de Janeiro, RJ: DP&A . [ Links ]

Ribeiro, M. L. S. (2007). História da educação brasileira: a organização escolar (20a ed.). Campinas, SP: Autores Associados. [ Links ]

Romanelli, O. O. (2014). História da educação no Brasil (1930/1973) (40a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. [ Links ]

Rosário, M. J. A., Melo, C. N., Rocha, G. O. R., & Souza, M. F. M. (2017). HISTEDBER-PA e GEPHE: uma década de história da educação na Amazônia. Curitiba, PR: CRV . [ Links ]

Santos, A. F. N., Nery, C. S. S., & Nery, V. S. C. (2019). História, formação, currículo e práticas de ensino na Amazônia (1a ed.). Curitiba, PR: CRV . [ Links ]

Saviani, D. (2005). Ensino, pesquisa e organização na formação do campo da história da educação brasileira. In C. Monarcha (Ed.),História da educação brasileira: formação do campo (2a ed., p. 47-114). Ijuí, RS: Editora Unijuí. [ Links ]

Silva, V. R., & Miki, P. S. R. (2017). A visibilidade da mulher no ensino profissional em Manaus: espaços e dinâmicas (1962-1971). In F. M. Garcia, I. M. L. M. Ibiapina, & M. V. C. Carvalho (Orgs.), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 66-66). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni . Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0Links ]

Sousa, A. T. S., Bacury, G., & Garcia, F. M. (2019). Os desafios amazônicos: educação, currículo e política. São Paulo, SP: Garcia Edizioni. [ Links ]

Universidade Federal do Amazonas [UFAM]. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Proposta Curricular dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Educação do Amazonas. Manaus, AM, 2014. [ Links ]

Vasconcelos, K. R. M. (2018). Parques infantis no Amazonas: 1940 a 1996 (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Amazonas, Manaus. [ Links ]

Vasconcelos, K. R. M., & Miki, P. S. R. (2017). Os parques infantis no Amazonas. In F. M. Garcia, I. M. L. M. Ibiapina, & M. V. C. Carvalho. (Orgs.), AFIRSE- 20 anos de investigação em educação: desafios, avanços e perspectivas: caderno de resumos (p. 40-40). São Paulo, SP: Editora Garcia Edizioni . Recuperado de: https://www.dropbox.com/s/8upwhqo90bgmckx/Livro%20AFIRSE%20_20%20ANOS%20DE%20INVESTIGA%C3%87%C3%83O%20EM%20EDUCA%C3%87%C3%83O_IX%20COL%C3%93QUIO%20MANAUS.pdf?dl=0Links ]

Vasconcelos, K. R. M., & Miki, P. S. R. (2020). Os parques infantis no Amazonas. In F. M. Garcia, I. C. Uchôa, M. L. J. Costa, C. A. G. Almeida, N. M. Falcão, D. M. G. Tavares, & E. F. Costa (Orgs.), A Educação no Amazonas e outras realidades: um debate possível (p. 193-203). Curitiba, PR: CRV . [ Links ]

Vidal, D. G., & Faria Filho, L. M. (2003). História da educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970). Revista Brasileira de História, 23 (45), 37-70. [ Links ]

Warde, M. J. (1984). Anotações para uma historiografia da educação brasileira. Em Aberto, 3 (23), 1-6. [ Links ]

Warde, M. J. (1990). Contribuições da história para a educação. Em Aberto , 9 (47), 3-11. [ Links ]

1Realizada de forma on-line em 18 de março de 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

2Texto que compôs o capítulo 15 do Dicionário histórico, geográfico e etnográfico brasileiro, publicado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em comemoração ao centenário sob a coordenação do Reitor da Universidade do Rio de Janeiro e presidente do Conselho Superior de Ensino, Ramiz Galvão (Kuhlmann Jr., 2001; 1999).

3 Araújo (2005) apresenta uma relação maior de autores para as três categorias, mas para este trabalho nos detemos a elencar apenas os três autores mais citados de cada categoria.

4Os resultados de pesquisa estão em: https://riu.ufam.edu.br/e no portal https://propesp.ufam.edu.br/portal-lira.html.

5Fala da Professora Dra. Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França (UEPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira, 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPED, em 18 mar. 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s

6Fala e apresentação em PowerPoint da Professora Dra. Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França (UEPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira durante a 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPEd, realizada de forma on-line em 18 março de 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

7Fala e apresentação em PowerPoint da Professora Dra. Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França (UEPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira durante a 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPED, realizada de forma on-line em 18 março de 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

8Em sua pesquisa, o autor identificava a existência de apenas três Programas de Pós-Graduação: PPGED-UFAM, PPGED-UFPA e PPGED-EUPA (Corrêa, 2011).

9Apresentação em PowerPoint do Professor Dr. Alberto Damasceno (UFPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira durante a 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPEd, realizada de forma on-line em 18 de março de 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

10Apresentação em PowerPoint do Professor Dr. Alberto Damasceno (UFPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira durante a 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPEd, realizada de forma on--line em 18 de março de 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

11Apresentação em PowerPoint do Professor Dr. Alberto Damasceno (UFPA) na Mesa 1: História e Memória da Educação na Amazônia Brasileira durante a 3ª Reunião Científica Regional Norte da ANPEd, realizada de forma on-line em 18 de março de 2021. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=qTa6kQFBC5s&t=3039s.

12Vegetação característica da floresta amazônica.

17Rodadas de avaliação: R1: dois convites; duas avaliações recebidas. R2: três convites; uma avaliação recebida.

18Como citar este artigo: Vasconcelos, K. R. M., Souza, D. P., & Miki, P. S. R. História da Educação: formação do campo nos estados do Amazonas e Pará. Revista Brasileira de História da Educação, 23. DOI: https://doi.org/10.4025/rbhe.v23.2023.e280

19Financiamento: Esta pesquisa foi realizada com financiamento da Fundação de Apoio e Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e com o apoio da CAPES.

20A RBHE conta com apoio da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e do Programa Editorial (Chamada Nº 12/2022) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

21Licenciamento: Este artigo é publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 (CC-BY 4).

Recebido: 12 de Maio de 2022; Aceito: 24 de Janeiro de 2023; Publicado: 04 de Junho de 2023

*Autor para correspondência. E-mail: diegopiresdesouza@gmail.com.

Kelly Rocha de Matos Vasconcelos é doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Possui Mestrado em Educação pela UFAM (2018); Pós-graduação em Metodologia do Ensino da História pela UNIASELVI (2014) e Licenciatura Plena em Pedagogia pela UFAM (2012). É integrante do Grupo de Pesquisa Educação e Infância: políticas e práticas e do Núcleo de Estudos, Experiências e Pesquisas Educacionais, da UFAM. Atualmente é professora e pedagoga na Secretaria Municipal de Educação da cidade de Manaus - SEMED. E-mail: kellymattos_am@hotmail.com https://orcid.org/0000-0002-1143-8388

Diego Pires de Souza é mestrando em Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Possui Licenciatura Plena em História pela Universidade Nilton Lins (2010). Atualmente é professor de História na Secretaria Municipal de Educação da cidade de Manaus - SEMED. E-mail: diegopiresdesouza@gmail.com https://orcid.org/0000-0001-6115-0449

Pérsida da Silva Ribeiro Miki é doutora em Educação pela Universidade São Francisco (2014). Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia/UFAM (2000). Especialista em Metodologia do Ensino Superior/ UFAM (1996). Graduação em Direito/UFAM (1996). Graduação em Pedagogia/UFAM (1991). Atualmente é professora Associada IV, da Universidade Federal do Amazonas e professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação - UFAM. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: pesquisa educacional, história da educação, formação de professores, metodologias educacionais, planejamento, estágio e TCC. E-mail: persidamiki@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-3684-681X

Editor-associado responsável: José Gonçalves Gondra (UERJ) E-mail: gondra.uerj@gmail.com.br https://orcid.org/0000-0002-0669-1661

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons