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Revista de Educação Pública

Print version ISSN 0104-5962On-line version ISSN 2238-2097

R. Educ. Públ. vol.28 no.67 Cuiabá Jan.-Apr 2019  Epub May 15, 2019

https://doi.org/10.29286/rep.v28i67.7781 

Carta da Editora

Carta

Filomena Maria de Arruda Monteiro1 

1Editora da Revista de Educação Pública Universidade Federal de Mato Grosso


Estimados leitores e leitoras,

É com imenso prazer que apresentamos à comunidade acadêmica a primeira edição da Revista de Educação Pública do ano de 2019, com artigos que envolvem temáticas amplas e com representatividade institucional de vários autores, todos nas respectivas áreas e com suas devidas peculiaridades. Na sequência deste editorial, será possível encontrar contribuições significativas que enriquecem o debate no campo da educação, por meio de pesquisas realizadas em âmbito nacional e internacional. Manteremos o trabalho que vem sendo realizado na revista nos últimos anos com o fluxo editorial aberto em demanda contínua, mesmo considerando o momento difícil pelo qual passamos no Brasil, com muitas incertezas quanto aos investimentos na produção do conhecimento nas universidades públicas.

Já estamos trabalhando na produção das próximas edições que compõem nosso número especial temático, articulado ao Seminário Educação - SEMIEDU, evento anual do Programa de Pós-Graduação em Educação, que este ano teve como temática os “30 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação: Diálogos entre Políticas Públicas, Formação de Professores e Educação Básica”. Esta temática possibilita prever o potencial das reflexões que integraram o referido evento, tanto na articulação dialógica entre as discussões quanto na diversidade de conhecimentos a serem problematizados.

Trazemos aqui na apresentação deste editorial, trecho da conferência de abertura proferida por José González-Monteagudo como uma das reflexões que teceu ao longo de seu texto, por considerar que este vem compor conosco, instigando nossa sensibilidade e entrelaçando-se às discussões dos demais artigos deste número a seguir,

[...] educación intercultural se construye con diálogo y encuentro compartido basado en el respeto y la valoración de alumnado, profesorado, familias, asociaciones y otros actores educativos, mediante una dinámica de participación y de diálogo.

É nesse contexto que o primeiro artigo Sentidos de qualidade: vozes de professores e estudantes egressos da EJA no Ensino Superior, trata os discursos sobre qualidade que veiculam nas escolas de Educação Básica da Modalidade de Educação de Jovens e Adultos e na Universidade presentes nos dizeres de professores e estudantes egressos da EJA. Evidencia nas vozes dos professores a qualidade na perspectiva neoliberal voltada ao ingresso no mercado de trabalho e nas vozes das acadêmicas egressas da EJA a predominância do discurso de qualidade social.

O artigo sobre A presença dos jogos de papéis na Educação Infantil investiga se os jogos protagonizados ocorrem na Educação Infantil, por meio de análise do Projeto Pedagógico e de observação e anotações em caderno de campo das atividades lúdicas de crianças de 5 a 6 anos. Ao identificar estes como uma oportunidade para realização dos desejos irrealizáveis que surgem na criança pré-escolar, reafirma-se que a escola necessita compreender e explorar as necessidades e criar incentivos, abrindo espaços e tempo na organização curricular para tais jogos.

Chamando a atenção para Pesquisa com crianças: entre a experiência no campo e a escrita do texto, o artigo propõe uma reflexão sobre o rico momento de estar com as crianças e ser desafiado a apreender os sentidos de suas ações e a teorização do vivido, de explicitar e evidenciar o que foi aprendido. Esses momentos se complementam em uma aprendizagem contínua que nos instiga a novas aventuras de pesquisa.

Em sintonia com preocupações sobre Diferenças, alteridade e construção de valores inclusivos, problematiza-se as relações estabelecidas com as diferenças nas interações sociais e as implicações do processo de desenvolvimento moral na construção de relações de alteridade. Reafirmam que as relações sociais constituem-se em um complexo processo de interação que propicia a modificação do sujeito em relação ao outro e a si mesmo.

As reflexões contidas em Aquarela brasileira: fantasmas melaninos, venenos melanômicos, abordam a identidade racial, apontando para a importância crucial da desracialização da práxis política emancipatória para que ela possa alcançar êxito. Acrescenta que uma práxis negra antirracista deve romper com fechados identitarismos, num movimento de reinventar-se, conectar-se com o vir-a-ser humano “em companhia do homem, de todos os homens” (FANON, 1968, p. 274)1.

O artigo Formação continuada em Educação Ambiental: uma proposta em movimento parte da experiência vivida nas formações continuadas de professores da Gerência de Educação de Itajaí-SC, para refletir sobre os elementos essenciais na formação continuada para ampliação da inserção da educação ambiental na escola. Assim, permitiu a construção de uma mandala de formação em EA, valorizando o Ser, o sentir e o agir, não como gavetas desconectadas, mas em um movimento contínuo de fazer-refazer caminhos, pensar-repensar outros modos de reencantar a Educação.

Em Cartas sororales entre de dos mujeres intelectuales: Palma Guillen y Gabriela Mistral, lança-se um olhar imerso no tecido epistolar como a figuração da irmandade entre duas grandes professorass latino-americanas: a escritora chilena e ganhadora do prêmio Nobel Gabriela Mistral e Palma Guillén, professora, diplomata e escritora mexicana, enfatizando as contribuições da comunicação entre as mulheres, como representação sororal, enfrentando, às suas maneiras, a distância, a desesperança, a dor pessoal e as percepções do mundo na guerra que viveram.

Focalizando documentos da década de 1990 à luz dos conceitos de estado, de Gramsci (1991), acumulação flexível do capital, de Harvey (1992), e trabalho, de Marx (1971) o artigo sob o título Reformas na educação profissional brasileira na década de 1990: consenso e hegemonia, reflete sobre as propostas e interesses do empresariado nacional e dos organismos internacionais na reforma da educação profissional brasileira.

Ciência escolar e ciência fora da escola: opiniões e interesses de jovens brasileiros, buscou-se as percepções de 2.404 estudantes matriculados no 1º ano do Ensino Médio de 78 escolas sobre a ciência escolar e o interesse pela ciência fora da escola. Concluem que os estudantes reconhecem a importância das aulas de ciências e o seu papel no cotidiano, mas a proporção de interessados em aprofundar sobre temas científicos em outros espaços de informação é menor.

Nessa mesma linha o artigo Aprendizagem da docência na formação inicial de professores: estudar para ensinar matemática, apresenta resultados de uma pesquisa com acadêmicos de Licenciatura em Matemática e Pedagogia em um projeto desenvolvido com alunos do Ensino Fundamental em uma escola de rede pública estadual do Rio Grande do Sul. A partir dos episódios analisados ficou evidenciada a necessidade dos futuros professores de estudar o conteúdo a ser ensinado e o sentido atribuído por eles a essa ação.

Esperamos que os textos ora publicizados sejam um convite a manter nosso diálogo vivo e o desejo de seguir ampliando nossas problematizações e formas outras de construir conhecimento juntos.

Filomena Maria de Arruda Monteiro Editora da Revista de Educação Pública Universidade Federal de Mato Grosso

REFERÊNCIAS

FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. [ Links ]

1FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

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