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Revista de Educação Pública

versão impressa ISSN 0104-5962versão On-line ISSN 2238-2097

R. Educ. Públ. vol.31  Cuiabá jan./dez 2022  Epub 13-Out-2022

https://doi.org/10.29286/rep.v31ijan/dez.12800 

Artigos

Sujeitos, subjetividades, formas de vida: problemas em devir

Subjects, subjectivities, ways of life: problems in becoming

Cintya Regina RIBEIRO1 
http://orcid.org/0000-0002-7924-4539

1Pós doutora em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade de Buenos Aires – UBA e doutora em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - USP, instituição na qual atual como docente e pesquisadora


Resumo

O estudo investiga os modos como as questões do sujeito, da subjetividade e temáticas afins são discutidas nas pesquisas educacionais que acionam os campos das artes e o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Metodologicamente, volta-se a um conjunto de pesquisas produzidas por um extrato dos programas de pós-graduação em educação no Brasil nos últimos dez anos. Apresenta cinco modulações no tratamento da discussão e conclui apontando as mutações nas maneiras de formular problemas investigativos bem como os deslocamentos das discussões de sujeito e subjetividade para uma dimensão mais ampliada que remete à própria condição de multiplicidade da existência.

Palavras-chave Sujeito; Subjetividade; Artes; Formas de Vida

Abstract

The study investigates the ways in which the issues of the subject, subjectivity and related themes are discussed in educational research based on the fields of the arts and the thought of Gilles Deleuze and Félix Guattari. Methodologically, it turns to a set of researches produced by an extract of postgraduate programs in education in Brazil in the last ten years. It presents five modulations in the treatment of the discussion and concludes by pointing out the mutations in the ways of formulating investigative problems, as well as the displacements of the subject and subjectivity discussions towards a broader dimension that refers to the condition of multiplicity of existence.

Keywords Subject; Subjectivity; Arts; Ways of Life

“Eu sinto uma dificuldade de ser”. É o que responde o centenário Fontenelle quando ele vai morrer e o médico lhe pergunta: “Senhor Fontenelle o que o senhor sente?”

(COCTEAU, 2015, p.149)

As chamadas vertentes pós-modernas, pós-estruturalistas, pós-metafísicas, pós-nietzschianas, pós-críticas, desconstrucionistas, entre outras, engendradas ao longo dos séculos XX e XXI, colocam em curso uma presença tácita que diz respeito, pelo menos, a três marcadores fulcrais que se articulam e fazem proliferar seus efeitos: a problematização das concepções de linguagem como operação de representação do pensamento, a crítica à concepção de verdade construída pela modernidade ocidental e a problematização da figura do sujeito ontológico ou das chamadas filosofias da consciência (PETERS, 2000; WILLIAMS, 2012; DELACAMPAGNE, 1997).

Quando a pesquisa educacional aciona essas frentes, adentra-se a certa frequência de pensamento e de sensibilidade, fazendo vibrar as problematizações acima em diferentes pulsos.

Este estudo se propõe a discutir de que modo as pesquisas educacionais afiançadas em maior ou menor grau à ambiência deleuzo-guattariana lidam com problemáticas que remetem a sujeitos, subjetividades, grupos sociais etc., ou seja, que se endereçam a questões relativas às vidas de pessoas.

Ainda que a problematização do sujeito ontológico esteja consolidada filosoficamente na linha de horizonte das pesquisas educacionais produzidas nessa ambiência, é singular atentarmos para o modo como a presença do sujeito e/ou da subjetividade se afirma e persiste, quando se trata de enfrentar temáticas em educação.

Isto posto, é crucial alertar que este trabalho não visa apresentar uma discussão da ordem dos choques ou contradições epistemológicas e teórico-conceituais entre abordagens. Trata-se de acompanhar as modulações desse conjunto de pesquisas a partir da condição fática que as institui: em resposta a quais demandas essa presença da questão do sujeito persiste, ainda, no século XXI, ecoando fundamentos da modernidade que já padeceram de críticas consistentes desde meados do século XX? Quais cenários contemporâneos se nos apresentam, os quais parecem impor à educação certa necessidade de ancoragem de um sujeito da consciência, de uma subjetividade, ainda que em meio às suas desconstruções? Que giros essas pesquisas tendem a produzir em termos de deslocamentos em relação às originárias questões do sujeito, da subjetividade, da identidade?

Por meio dos modos como essas investigações se constroem, trata-se, portanto, de trazer à cena os campos dilemáticos da vida cultural atual e suas implicações e demandas para a educação contemporânea e seu porvir.

Para empreendermos tais modulações, este estudo se volta a um rol de pesquisas educacionais produzidas por um extrato dos Programas de Pós-Graduação no Brasil, no período recente de dez anos.1 Em especial, focalizamos pesquisas educacionais que acionam os campos das artes e em alguma medida evocam os autores Gilles Deleuze e Félix Guattari, a fim de tematizarem questões relativas às vidas de pessoas, mobilizando, portanto, discussões acerca de sujeito, subjetividade e instâncias afins.

Um percurso que se inventa

A imersão no material possibilita-nos percorrer modulações a partir das maneiras como essas pesquisas se constroem. Trata-se de acompanhar como os estudos colocam em curso questões vinculadas a sujeitos e subjetividades, como conectam elementos artísticos e/ou estéticos para lidar com essas questões e como convocam o pensamento deleuzo-guattariano para esse empreendimento.

Nossa investigação permite delinear cinco modulações nesses modos de construção. Crucial enfatizar que esses acentos não se confundem com uma estruturação de natureza classificatória, com categorias estanques e mutuamente excludentes entre si. Ao contrário, o percurso aberto vai apontando os modos como esses relevos se encontram, se combinam, se compõem, expressando importantes linhas de forças que marcam presença capilarizada, difusa no conjunto extenso dos materiais.

Com isso, nosso objetivo ao traçar e nomear tais modulações busca tão somente privilegiar a natureza de seus movimentos, trazendo à atenção as ondulações mais intensas, a pregnância desses arranjos investigativos, de modo a nos contagiarmos da confluência de forças que neles pulsam bem como dos efeitos dessas singulares produções que se movem, incansavelmente.

Primeira modulação: questões identitárias abrem passagem

Um primeiro traçado desses estudos denota as preocupações das pesquisas frente a questões culturais atuais, implicando discussões identitárias. Uma dessas linhas explora pesquisas sobre juventude e/ou culturas juvenis (AMARAL, 2011, 2013; COELHO, 2018a, 2018b). Nos dois primeiros casos, a evocação de Deleuze se faz a partir de seu trabalho sobre Nietzsche, pois a pesquisa dialoga com uma dimensão trágica e dionisíaca do pensador alemão para pensar a arte; no segundo caso, a evocação de Deleuze se faz em razão da questão da linguagem e sua potência de indeterminação, conduzindo assim a uma lógica do acontecimento, a uma filosofia do devir para, daí, se pensar o poder de resistência presente nas linguagens das práticas culturais em análise. Nesses estudos, questões de subjetividade e de identidades se entrelaçam a partir das discussões de práticas culturais específicas, criadas por determinados grupos.

Outra linha investigativa explora questões de gênero e sexualidade a partir da arte-performance como linguagem do corpo. Objetiva-se abordar uma condição de hibridismo desse corpo a fim de transladar essa discussão para construir possibilidades heterotópicas na educação (MACIEL, MIRANDA, 2020). A questão da subjetividade é tratada em triangulação com as discussões acerca de corpo e de gênero. A evocação de Deleuze e Guattari se faz em razão da necessidade de se pensar a condição de gênero a partir de uma abordagem rizomática que privilegia a composição – A e B – em detrimento da lógica de exclusão – A ou B.

Nessa trilha, outro estudo problematiza a patologização das identidades transexuais, acionando o pensamento de Deleuze para se pensar a partir de signos trans que possam circular em favor do aprendizado de uma “experimentação transetopoiética” capaz de tensionar a heteronormatividade da cultura (ROCON, BARROS, RODRIGUES, 2020).

Outra pesquisa também busca transladar uma discussão inicialmente de gênero para se construírem outras possibilidades em educação, mas aqui focalizando a condição da mulher (COSTA, IGRAJA, 2020). Mobilizando um pensamento pós-feminista e um pensamento rizomático, o estudo realiza um giro para a ideia de devir-mulher, com vistas a pensar um devir-mulher na educação, ou seja, uma ideia de educação múltipla. Note-se que a discussão da condição da mulher se coloca para abrir-se a uma abordagem do devir.

Segunda modulação: a primazia do corpo

Esses casos dão a ver um movimento que vai ampliando sua força tanto em intensidade quanto em variação: o privilégio da temática do corpo. Podemos assim, demarcar um segundo traçado nessas investigações, cujo acento se faz no elemento do corpo.

Em outro desses trabalhos, realiza-se uma cartografia de artistas que produzem poéticas dissidentes em defesa de um corpo múltiplo, em favor de uma sociedade contrassexual (GONÇALVES, STUBS, MAIO, 2019). Evocam-se os conceitos deleuzo-guattarianos de transversalidade, desterritorialização, cartografia e devir tendo em vista outra abordagem da questão da subjetividade.

Lançando mão de performances, escritas e fotografias, outro trabalho a partir do corpo evoca o conceito de dobra – mobilizado por Deleuze, via Foucault – tendo em vista tratar de questões de subjetivação da mulher artista (SBARDELOTTO, ZORDAN, 2017).

Ainda com foco na figura da mulher/do feminino, outro trabalho, debruçando-se sobre imagens sacras da Virgem Maria, discute as misturas entre signos sacros e sexuais que paradoxalmente atravessam tal figura sagrada, tendo em vista explorar outros modos de pensar a condição do feminino (ZORDAN, 2017). O estudo focaliza a questão da figuração evocando, entre outros autores, Deleuze, em particular seus estudos sobre o sentido e a sensação.

Por outra via, o corpo da mulher, agora tematizado em outra pesquisa, é tomado a partir da injunção entre ciência e arte, numa espécie de “arte-vida-bio” que possa resistir à organização tanto dos corpos quanto do pensamento (ANDRADE, CARVALHO, 2019). Nesse trabalho, em companhia de Deleuze, os signos da cor, da arte, são acionados em favor de re-existências. Aqui as evocações de sujeito e subjetividade cedem lugar para outra: a singularidade de viver mulher.

Em outro trabalho, articula-se uma discussão entre corpo e moda para se problematizar a produção de identidades e pensar a criação de novas subjetivações (ZORDAN, HOFFMANN, 2014). Evoca-se Deleuze e Guattari a partir das ideias de “fora” e de singularização, tendo em vista a possibilidade de pensar outras estilísticas de si, outros modos de vida.

O trabalho anterior dá a ver outro movimento que também marca forte presença nas investigações: trata-se de estudos que se constroem de modo mais universalista – ou seja, que não focalizam questões de gênero em específico – a fim de estabelecer vinculações entre corpo e subjetividade.

Um desses casos lança mão de elementos da arte contemporânea para pensar o lugar do corpo na educação atual e as implicações na produção de nós mesmos (RODRIGUES, HENNING, 2012). O estudo busca partir dessa problematização corpo/subjetividade para transladar rumo a uma problematização do próprio campo da educação na atualidade, por meio da mobilização do conceito de corpo sem órgãos, via Deleuze e Guattari.

Dois outros trabalhos buscam focalizar, a partir de elementos da prática de Biodanza, a articulação entre educação e corporeidades. Tomam como indissociáveis as relações entre corpo, pensamento, afetos e emoções, propondo, assim, uma escrita de si corporalmente inscrita (BOCCHETTI, 2019; SILVA, GOMES, BOCCHETTI, ARENHART, 2017). As ideias de Deleuze e Guattari de acontecimento e de agenciamento coletivo de enunciação, bem como as discussões deleuzianas acerca de Spinoza e a questão do corpo, são mobilizadas em favor de um tratamento da subjetividade e dos processos de subjetivação que refrata abordagens ontológicas ou perspectivas de transcendência.

Ainda com alvo no corpo, destacam-se dois outros trabalhos, mas que agora focalizam um corpo marcado por certa ordem discursiva como corpo deficiente (CUNHA, RODRIGUES, 2019; BARREIRO, CARVALHO, FURLAN, 2018). No primeiro caso, as autoras conduzem uma discussão a partir da articulação entre o corpo feminino deficiente e a dança. Valendo-se das ideias de Deleuze e Guattari de cartografia, rizoma e corpos sem órgãos, buscam pensar uma subjetividade sem sujeito, posicionando a discussão a partir da prerrogativa de outros modos de ser. No segundo caso, os autores se propõem a pensar a condição de deficiência a partir de uma articulação entre arte, experiência estética e afeto, tendo em vista defender uma ética da inclusão escolar, acionando a ideia de devir deficiente (CARVALHO, 2014) na escola. Evocam o pensamento de Deleuze e Guattari, privilegiando as discussões de corpo e afeto, na esteira de Espinosa.

As pesquisas acima denotam a prevalência contemporânea da questão do corpo na discussão de subjetividade e subjetivação e, ao mesmo tempo, a variação nos modos de posicionar e armar uma investigação, quando ativam esse elemento conceitual.

Terceira modulação: obras estéticas como intercessoras

Isso posto, nos afastamos agora das investigações do corpo e deflagramos um terceiro traçado nas pesquisas acerca da subjetividade, marcado pela evocação de um intercessor de ordem estética, seja via imagens e sons – como no audiovisual, na arte cinematográfica – seja via arte da palavra – como na literatura. O primeiro desses casos, lança mão de um documentário para se pensar as imagens como representação de identidades, explorando como essas imagens nos subjetivam, produzindo sujeitos, produzindo quem somos, enfim. Evoca-se Deleuze em razão de sua discussão sobre imagem (ALVES, MESQUITA, ANTUNES, 2020). No segundo dos casos, os autores se valem da linguagem cinematográfica, imagética, para pensar histórias de vida numa perspectiva biografemática, a fim de explorar suas possibilidades de reinvenção no jogo entre real e ficcional (GURGEL, MAKNAMARA, 2017). O pensamento de Deleuze e Guattari é mobilizado em razão de sua problematização do sujeito universal bem como de sua aposta na ideia de multiplicidade do eu ou da subjetividade. Além disso, evoca-se a discussão dos autores franceses sobre potências do falso, com foco na questão da memória. No terceiro desses casos, o estudo se volta a uma obra literária específica, tomando-a como possibilidade de resistência à linguagem do cotidiano, particularmente para se pensar o lugar ativo do sujeito na produção de sentidos de modo geral (MEZZARI, GUIMARÃES, 2016).

Quarta modulação: meio ambiente, sujeitos, vidas sustentáveis

Uma frente de pesquisas busca focalizar questões ambientais e de sustentabilidade, dialogando de algum modo com questões de sujeitos e subjetividades.

Uma dessas linhas de trabalho discute questões de meio ambiente e sustentabilidade a partir de uma abordagem pós-colonial, problematizando as dimensões epistemológicas e culturais que circulam discursivamente como pensamento colonial bem como seus efeitos no campo da educação ambiental (TRISTÃO, 2013, 2016). A pesquisadora referenciada defende a necessidade de descolonização do pensamento em favor de uma educação que possa voltar-se à sustentabilidade. A companhia de Deleuze e Guattari é mobilizada a partir da ideia-conceito de “menor” tendo em vista focalizar formas de resistências que se manifestam a partir de experiências e culturas menores que vivem num horizonte sustentável. O alvo é pensar modos de vida e sustentabilidade, a partir de uma triangulação entre sujeitos, comunidades e escolas (TRISTÃO, 2016). Em outro estudo, a pesquisa propõe uma abordagem filosófica da questão, sustentando a ideia de educação ambiental como filosofia de vida, na perspectiva de uma ecofilosofia cujo horizonte encontra-se no campo ampliado da própria vida (TRISTÃO, 2013). Em outro trabalho, a discussão de educação ambiental é articulada à ideia foucaultiana de constituição de si, em favor de novas subjetividades, numa outra perspectiva de valores cujo norte ético-político é a vida mesma (VIEIRAS, TRISTÃO, 2019). Aqui Deleuze e Guattari são mobilizados a partir da própria perspectiva filosófica que os autores constroem acerca de vida e de política.

Nesses estudos acima, as práticas culturais ou o trabalho de constituição de si operam como práticas de criação de sujeitos, de modos de vida. É nesse sentido que consideramos esses estudos como mobilizadores de uma força-arte, uma vez que postulam, de modo direto ou indireto, um trabalho de criação, de estilização da vida, gesto que se coloca em situação de resistência frente ao movimento prevalecente da cultura.

Colocar em vizinhança práticas culturais festivas de duas comunidades, uma no Brasil outra no Japão, é a proposta de outro estudo, cujo objetivo é explorar modos diferentes de viver, aproximando essas culturas, a fim de ensaiar outras condições curriculares para uma educação ambiental (KAWAHARA, SATO, 2017). O estudo ancora-se na fenomenologia, porém se vale muito brevemente da ideia de Deleuze e Guattari de rizoma para pensar a partir de uma abordagem dos fluxos e dos emaranhados das práticas, operando como conectores entre sujeitos e coletivos. Novamente aqui destacamos as práticas culturais como fazeres estéticos, isto é, remetem às artes de fazer. Tais fazeres nesse caso, são colocados em vizinhança para a discussão dessas duas comunidades.

Por fim, outro estudo sobre questão ambiental, numa outra direção, refere-se a uma quase-educação-ambiental, pois propõe um deslocamento da problemática. Por meio de fotografias e narrativas, a pesquisa não investe numa condição estanque e identitária do sujeito da outra cultura – no caso, a figura do/a caiçara – mas se propõe a tomar essa condição como movimento, como devir, referindo-se assim a um devir-caiçara (PEREIRA, SAMPAIO, 2019), valendo-se da companhia de Deleuze e Guattari exatamente acerca da temática do devir. Esse giro reposiciona a discussão ambiental bem como a questão do sujeito (PEREIRA, SAMPAIO, 2019, p.871). Por meio dessa articulação do devir-caiçara, a problemática é lançada agora para pensar a própria amplitude da vida, ou seja, dos modos de criação de vida.

Esse rol de pesquisas faz aparecer outra linha de relevo deflagrada nos estudos: a tomada das práticas de outras culturas como linhas de forças para a discussão de sujeitos e subjetividades, explorando-se várias possibilidades de armar uma investigação centrada na distinção entre o próximo e o distante.

Quinta modulação: o mesmo, o (seu) outro e uma dobra

As atmosferas antropológicas, em todas as suas variações – inclusive em seus movimentos disruptivos que colocam em xeque essa suposta ciência do ánthropos – perpassam um conjunto de trabalhos em educação que de alguma maneira tocam nas problemáticas do sujeito e da subjetividade, ainda que para reposicioná-las. Acompanhemos os casos.

Um primeiro trabalho se posiciona a partir dos estudos culturais para pesquisar a criança indígena, tomando-a conceitualmente como “criança-sujeito-indígena” (ALVES, NASCIMENTO, 2018, p.106). O trabalho transita por uma abordagem compreensiva da antropologia e da etnografia. Evoca brevemente Deleuze e Guattari a partir da ideia de devir, então mobilizada pelas autoras para pensar esse movimento do devir diante do próprio fazer metodológico.

Num outro estudo, três práticas artísticas oriundas de grupos culturais marcadamente distintos são colocadas em conexão a partir das seguintes linhas de forças: as relações com a natureza, as relações etnicorraciais e as relações vinculadas às religiosidades afro-brasileiras (SALES, CARVALHO, 2019). Os pesquisadores buscam ativar relações de afetação entre essas práticas artísticas, tendo vista explorar conexões que possam contribuir para a reflexão de questões atuais acerca das diferenças culturais e das relações com o outro, sobretudo no que tange aos atuais desafios da educação formal. Deleuze e Guattari são evocados a partir de sua ideia de rizoma, operador conceitual que permite aos pesquisadores pensar essas conexões entre práticas a partir de fluxos que se atravessam nos cotidianos, afetando as vidas que aí transitam.

Há outro trabalho que discute a cultura afro-brasileira, mas se move em outra direção: focalizando as práticas de candomblé, busca-se explorar os modos como estas colocam questões acerca de nossa cultura brasileira (KOHAN, SALES, 2019). Mais do que pensar o candomblé em si mesmo, trata-se de tomá-lo como um outro modo de pensar que pode nos fazer pensar, nos provocar questões acerca de quem somos. Deleuze é convocado a partir de sua discussão de Espinosa a propósito da ideia de indissociabilidade entre corpo e pensamento, refratando quaisquer hierarquias entre estas supostas instâncias apartadas. Esse aspecto é fundamental para se discutir o modo de pensar do candomblé, uma vez que tal modo não prescinde da dimensão do corpo para se efetuar. O estudo busca verter essa discussão para a educação, a fim de nos provocar o pensamento frente a outras possibilidades de ensino de filosofia.

Esse estudo sinaliza outro modo de endereçamento às práticas culturais e aos seus sujeitos. A questão não se coloca em termos de um eu, um sujeito apartado do outro, mas busca abordar a conectividade díspar dessas forças – o mesmo e o outro, enfatizando-se a conjunção “e”.

Destacamos dois trabalhos nos quais esse dispositivo de conexão entre forças distintas mira outros efeitos que não passam por uma perspectiva de interação entre culturas mantidas distintas em suas ontologias. Em um desses estudos, mobilizam-se narrativas, desenhos e fotografias, colocando-se em zonas de vizinhança um grupo indígena e pesquisadores acadêmicos (WUNDER, 2019). Busca-se produzir experimentações imagéticas entre os grupos, aproximando conhecimentos e universos culturais distintos no intuito de ensaiar devires a partir do contato entre os mundos das plantas e o da filosofia. É por meio do conceito deleuzo-guattariano de devir que o operador devir-planta se faz presente como um modo de abordar a condição singular desses encontros entre culturas. Nessa mesma direção dos devires, mas agora focalizando temáticas indígenas nos currículos escolares e formação de professores, outro trabalho busca problematizar a condição identitária do então chamado índio brasileiro (WUNDER, VILLELA, 2017). A proposta fomenta encontros com experiências estéticas desses grupos indígenas, tomando-as como modos de pensamento e mobilizando-as não como marcas identitárias mas a partir de uma filosofia dos devires. Esses estudos operam uma dobra da discussão identitária de sujeitos culturais para a de um devir-outro; não no sentido de um outro identitário, mas de um devir-outro do próprio pensar.

Diários de viagem, notas de pesquisa

Percorrer esses modos como as questões do sujeito e da subjetividade vão se construindo, se desconstruindo e se transmutando em novas perplexidades, novos problemas e novas perguntas de pesquisa nos incita a algumas considerações essenciais como pesquisadores.

A primeira delas diz respeito ao ato de instauração de uma pesquisa. Para isso, é instigante convidarmos o pensador Étienne Souriau (2017) quando trata do gesto de instauração. Para ele, um ato de instauração instaura um modo de existência, ou, em outras palavras, a instauração confere condição de existência a um modo. Portanto, para Souriau, a condição de existir não é tomada como prerrogativa de natureza ontológica, no sentido de salvaguardar a transcendência de um ser essencial. Existir é sempre existir de algum modo e se trata de uma condição imanente, decorrente de um ato de instauração.

Nesse sentido, podemos dizer que há um modo de existência da pesquisa, modo este que foi instaurado pelas suas próprias contingências e necessidades de produção (RIBEIRO, 2020). Isso nos permite uma abordagem não judicativa, não afeita a uma atitude crítica de matriz transcendental. Diferentemente, aqui, faz-se necessário afirmar a condição fática de uma pesquisa, de considerar sua existência na plenitude de tal modo e não de outros, como resultado de uma necessidade e/ou de uma contingência de instaurá-la assim, daquela maneira específica. Como enfatiza Souriau, “la palavra existencia representa menos um hecho que um valor” (SOURIAU, 2017, p.108).

É nessa atmosfera que construímos as modulações pregressas. Com isso, o modo de construção de uma pesquisa – no caso, os modos de formular problemas acerca de sujeitos e de subjetividades e de colocar em conexão forças artísticas e teórico-conceituais – é antes, efeito inescapável das condições de emergência e de urgência das pautas vividas por pessoas e grupos na convulsão de suas inquietudes contemporâneas. Considerar tal circunstância é fundamental. Este é o horizonte ético-político de valoração que nos cabe perseguir. Cada modo de existência de uma pesquisa afirma-se a partir das condições fáticas que os engendraram. É ainda Souriau quem nos chama a atenção de que “es a propósito de cada modo del existir que tendremos que considerar sus factores específicos de realidad” (SOURIAU, 2017, p.128), condição esta que nos alerta de que a potência de uma pesquisa encontra-se em sua força de contágio ético-político no que tange ao enfrentamento das complexidades do viver.

Esses apontamentos nos remetem a uma segunda consideração: a de que os modos de existência de uma pesquisa podem ser tomados como seus modos mesmos de pensamento e de sensibilidade. Necessário demarcar que esses atos de pensar e sentir estão sendo aqui abordados a partir da perspectiva nietzschiana e deleuzo-guattariana, ou seja, ambos os movimentos – o pensar, o sentir – são tratados como indissociáveis; trata-se de verbos intransitivos, atos assubjetivos, impessoais, produzidos pelos agenciamentos das matérias expressivas que se encontram contingenciadas numa dada condição (DELEUZE, 2001, 2010; DELEUZE-GUATTARI, 1992).

Assim, a pesquisa é pensante; uma pesquisa não é a representação materializada de uma ideia, de um pensamento: ela é performativa, ou seja, constitui-se corporalmente como um modo de pensar, como uma forma de expressão sensível, sensivelmente criada. É nesse sentido que consideramos uma pesquisa como um modo perceptivo, um modo de pensar-sentir que se faz imanente em razão da maneira mesma como tal investigação se constrói, como instaura sua existência, afirmando-se e inscrevendo-se no mundo.

Tais incursões nos conduzem a uma terceira e final consideração, a qual remete à maneira como um problema se faz existir na contemporaneidade de certo tempo, instaurando-se como pergunta investigativa incansável, tão vital quanto urgente. Em nosso caso, trata-se de pensar a persistência das questões de sujeito e subjetividade nas pautas educacionais – uma necessidade que se atualiza incessantemente, denotando, antes, as contingências de natureza ética, política e estética que as mantém na ordem do dia.

Para essa incursão convidamos Deleuze (2016), a partir de seu breve e potente ensaio no qual aborda especificamente a questão do sujeito. Deleuze conduz essa discussão por meio de um recuo estratégico, reverberando o espírito genealógico de Nietzsche: o sagaz pensador francês não trata do sujeito como um ente no mundo, mas antes se interroga sobre a necessidade desse conceito de sujeito em nosso mundo. Seu argumento é o de que o conceito de sujeito, como qualquer outro conceito, responde a uma função, a uma necessidade.

Ora, com isso, a vida de um conceito está vinculada aos problemas que o instauraram, que lhe conferiram condição de existência. Essa discussão trazida por Deleuze é extremamente oportuna no acompanhamento das modulações de nossa pesquisa. Nos estudos que apresentamos delineiam-se matizes, variações, diversos gradientes de presença dessa força conceitual sujeito e/ou subjetividade, independentemente de sua explicitação.

Assim, não se trataria exatamente de julgar tais conceitos como inadequados, impotentes ou ainda, anacrônicos. Deleuze nos chama a atenção em relação à necessidade de um procedimento sutil, porém que faz toda a diferença. Ele diz:

[...] precisamente, não basta opor conceitos uns aos outros para saber qual é o melhor, é preciso confrontar os campos de problemas aos quais eles respondem, para descobrir sob quais forças os próprios problemas se transformam e exigem, eles mesmos, a constituição de novos conceitos. (DELEUZE, 2016, p.372).

Ponto salutar. É exatamente a atenção a esse procedimento de pensamento sensível que nos possibilita acompanhar as modulações pregressas, atentando às variações dos modos de colocar ou formular os problemas. Os relevos apresentados dão a ver não uma taxonomia das discussões acerca de sujeito, mas os próprios modos como os problemas relativos às pessoas e às vidas foram variando, isto é, como as perguntas foram demandando torções, dobraduras, giros, saltos, desprendimentos, sendo no limite transtornadas, suscitando assim mutações em relação aos próprios problemas.

Por essa razão os estudos investigados desenham movimentos muitas vezes ambivalentes, mas que se afirmam na arena do pensamento sensível, talvez, exatamente em razão dessa ambivalência.

Presentificam-se esforços que transitam em várias atmosferas: em alguns casos, uma necessidade de salvaguardar ontologias identitárias, atualizando a condição do sujeito e da subjetividade mas num contexto de pluralidade das culturas; outras vezes, uma necessidade de assegurar as categorias de sujeito e subjetividade, mas preservando-lhes o caráter de multiplicidade que lhe seria constitutivo como modo singular de ser e existir; em outra linha, busca-se articular a condição indissociável do sujeito e da subjetividade à ambiência inescapável do mundo, tanto no plano de relações corpóreas, numa ordem física, o chamado mundo da natureza, quanto no plano de relações incorpóreas, então chamadas de culturais; em outras vezes as tópicas do sujeito e da subjetividade são ocasiões para se tratar de suas transformações, explorando possibilidades outras de criação de si, de um subjetivar-se outro, de um tornar-se sujeito-outro – em suma, apostar em sujeitos e subjetividades em devir; por fim, noutras vezes, as questões do sujeito e da subjetividade são plataformas de lançamento para algo outro ou simplesmente se metamorfoseiam na pesquisa, tornando-se outras forças. Aqui, o esforço de discussão já não incide especificamente sobre a problematização da forma-sujeito ou da forma-subjetividade. Numa dobra radical, os problemas se transmutam e o que está em jogo nessa nova arena é pensar formas de vida, ou seja, a vida em sua multiplicidade de formas de existir. Desembaraçando-se das figuras do sujeito e da subjetividade como marcadores originários, aqui, o esforço é o de afirmar a condição imanente, impessoal e assubjetiva da vida mesma, em suas formas de existência tão múltiplas em seus modos quanto intensas nas particularidades de seu inacabamento infinito, condição que lhes faculta a abertura aos devires.

Nosso percurso possibilita o encontro com esse caleidoscópio de modos perceptivos de pesquisas que fazem reverberar as demandas atuais acerca de sujeitos e subjetividades e, ao mesmo tempo, se valem dessas discussões para transcriar os problemas e as perguntas investigativas. Perscrutar essas modulações nos coloca numa condição tão irreversível quanto vitalista: a perplexidade diante das metamorfoses dos problemas, as quais colocam a vida em sua potência impessoal como pauta a ser enfrentada nessa nova agenda que força a passagem na ordem do dia do século.

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1Trata-se de uma pesquisa realizada com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sob processo número 2018/14.902-0, instituição a qual manifestamos nosso reconhecimento e agradecimento. A investigação abarcou a produção intelectual de um conjunto de Programas de Pós-Graduação em Educação no Brasil, os quais obtiveram notas entre 5,0 e 7,0 nas avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no período de 2010-2019, constituindo um universo de 48 programas (CAPES, 2019).

Recebido: 28 de Julho de 2021; Aceito: 22 de Abril de 2022

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