A revista Série-Estudos publica, no seu segundo número de 2021 (v. 26, n. 57), quinze artigos, sendo dois de autores estrangeiros (Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria [ESECS.IPLeiria], e Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa [CICS.NOVA.IPLeiria]), e treze de diferentes instituições de educação superior de diferentes regiões do Brasil. Os artigos nacionais foram organizados em três grupos, conforme temática abordada.

O primeiro artigo internacional, intitulado Educação para a sustentabilidade: entre a vida na escola e a escola da vida, tem autoria de Ricardo Vieira, Ana Maria Vieira e José Carlos Marques. O artigo traz a análise da concepção de diferentes grupos etários sobre sustentabilidade, salientando o papel que a educação tem no processo de construção dessas concepções. O segundo artigo internacional, Educador social eu sou: quem eu era e no que me tornei, como e com quem..., é de Ana Maria Vieira, Ricardo Vieira e José Carlos Marques. O artigo traz o entendimento do que singifica ser um educador social na perspectiva dos próprios educadores sociais, destacando que ele é um mediador entre diferentes culturas, grupos, sujeitos e processos socioeducativos.

O primeiro grupo de artigos nacionais é formado por três artigos que trazem diferentes formas de pensar o processo educativo. O primeiro artigo, Estudo de caso: estratégia de ensinagem no contexto da educação profissional e tecnológica, de autoria de Ana Sara Castaman e Angélica Tommasini, destaca a importância do estudo de caso como estratégia de ensino, principalmente para estudantes jovens, permitindo, sobretudo, a imersão profissional de forma crítica, autônoma e participativa. O segundo artigo, Ensaio sobre os fundamentos pedagógicos do método educativo de João Melchior Bosco (Dom Bosco), de autoria de Jorge Mialhe, apresenta, com base em uma revisão de literatura, uma reflexão sobre a Pedagogia Salesiana, com destaque para a contribuição de Dom Bosco. Traz também pensadores que, com base nas práticas educativas de Dom Bosco, fortalecem a concepção salesiana de educação, além de demonstrar sua importância até os dias atuais. O terceiro e último artigo desse grupo, Conhecimentos pedagógicos na formação de professores: uma análise do manual “Pedagogia e Prática Docente” (2012), de autoria de Léia de Cassia Fernandes Hegeto e Tiago Cordeiro dos Reis, com base em análise documental e de conteúdo, traz uma abordagem qualitativa, para leitura e análise de um manual de pedagogia e prática docente. Os autores concluem que o manual traz uma contribuição importante para a formação docente. Além disso, o documento reitera a importância da docência no processo educativo, na intervenção em práticas sociais, devendo ser valorizado e reconhecido no âmbito da escola e da sociedade.

O segundo grupo de artigos nacionais também é formado por quatro artigos, os quais versam sobre diferentes interfaces entre pesquisa, avaliação e gestão. O primeiro artigo, Projeto social na área do esporte: acompanhamento de uma experiência extensionista, de autoria de Andréa Rosana Fetzner, Arlindo Fernando P. de Carvalho Júnior e Laís Conceição dos Santos, traz os resultados de uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando observação participante, entrevistas e questionários. Os autores analisam um projeto que trabalhou com esporte com pessoas de 6 a 14 anos e concluem que esse atendeu a proposta inicial, mas que também teve algumas limitações, sobretudo no que tange à disponibilização de materiais necessários ao desenvolvimento do projeto. O segundo artigo, Desafios ao bacharelado em Administração Pública do Instituto Federal da Paraíba para a melhoria do processo avaliativo no contexto do SINAES, de Marcos Vasconcelos Paiva e Maria das Graças Gonçalves Vieira Guerra, apresenta uma análise, por meio de estudo de caso, sobre o processo avaliativo de um curso de bacharelado na modalidade EAD. Os autores concluem que a avaliação passou a fazer parte da gestão e do planejamento dos cursos. O terceiro artigo, Gestão democrática e formação de professores, de Ana Lara Casagrande, problematiza e mostra, por meio de um estudo exploratório de abordagem qualitativa, a importância do processo formativo dos professores para a promoção e o fortalecimento da gestão democrática. O último artigo desse grupo, Construção e validação de uma tecnologia educativa para educação em saúde no planejamento familiar, de autoria de Ana Paula de Lima e Lourdes Missio, traz a elaboração e validação de um manual da área da saúde, que, com o uso das tecnologias educativas, objetiva contribuir para que as mulheres compreendam a importância do planejamento familiar.

O terceiro e último grupo de artigos é composto por seis artigos e traz discussões relacionadas ao currículo e gênero. O primeiro artigo, Cultura visual, gênero e embalagens de jogos de ciência: (como) meninas brincam de ciência?, de autoria de João Baliscei e Ana Carla Vagliati, apresenta uma discussão de gênero que destaca o lugar dos meninos e das meninas nos jogos infantis que envolvem ciências. Os autores percebem a ausência de figuras de meninas nas embalagens desses jogos, denotando que há uma fixação das identidades de gênero, segundo a qual os meninos são identificados com jogos científicos, e as meninas, raras vezes. O segundo artigo, Feminização do magistério na rede municipal de ensino de Sorocaba sob a perspectiva dos professores, de Rafaela de Souza Lima e João Henrique da Silva, destaca a presença majoritária de mulheres na educação infantil. Os autores concluem que homens e mulheres sofrem, diariamente, algum tipo de discriminação, por vivermos em uma sociedade com uma forte cultura patriarcal. O terceiro artigo, Trajetórias de profissionalização docente da mulher educadora: monitoras de creche em Naviraí, MS, de autoria de Larissa Wayhs Trein Montiel e Míria Izabel Campos, problematiza, recorrendo à História Oral, o percurso de profissionalização de mulheres que atuam nas creches. O artigo destaca as políticas públicas e as questões de gênero como elementos imprescindíveis para a análise da trajetória dessas mulheres educadoras. O quarto texto, Currículo e (de)colonialidade: a potência decolonial em escolas com baixo IDEB, de autoria de Ruth Pavan e Sirley Lizott Tedeschi, traz uma análise de uma escola que não está bem classificada na avaliação em larga escala, mas que apresenta, em diversos momentos, conforme as entrevistas realizadas com as professoras, possibilidades curriculares decoloniais. O quinto artigo, O conceito de Competências Socioemocionais nas reformas educacionais brasileiras, de Ademir Henrique Manfré, analisa, com base no referencial teórico frankfurtiano, a lógica empresarial do que foi denominado de Pedagogia das Competências Socioemocionais presentes nas políticas curriculares contemporâneas. O autor destaca os limites dessa proposta pedagógica, sobretudo para a educação ao pensamento crítico. O sexto e último artigo, Percurso de implantação do terceiro ciclo para aprendizagem na rede pública de ensino do Distrito Federal, de autoria de Valdivina Alves Ferreira, Alisson Moura Chagas e Thamara Maria de Souza, problematiza a implementação dos ciclos nas escolas, por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental. Os autores apresentam a preocupação de que a lei que ampara mudança de séries para ciclos precisa ser acompanhada da formação continuada dos professores, para que possa ser efetivamente vivenciada nas escolas.

Esperamos que a leitura dos diferentes artigos contribua para a compreensão de uma educação marcada pela pluralidade de perspectivas, processos de gestão e avaliação, bem como pela multiplicidade de currículos e sujeitos.