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Série-Estudos

versão impressa ISSN 1414-5138versão On-line ISSN 2318-1982

Sér.-Estud. vol.27 no.59 Campo Grande jan./abr 2022  Epub 30-Maio-2022

https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v27i59.1546 

Artigos

Quando os avós administram os deveres escolares: práticas educativas de avós cuidadores dos netos

When grandparents manage school duties: educational practices of grandparents who take care of grandchildren

Cuando los abuelos administran los deberes escolares: prácticas educativas de los abuelos que cuidan a sus nietos

Denise Costa Rosa1 
http://orcid.org/0000-0002-6234-9502

Tatiane Kelly Pinto de Carvalho2 
http://orcid.org/0000-0003-0933-6734

Rosa Coutrim2 
http://orcid.org/0000-0002-9510-1263

1Prefeitura Municipal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

2Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.


Resumo

Atualmente, os avós desempenham importante papel na família, principalmente no cuidado dos netos. Inserido na discussão sobre a relação entre avós e netos, este artigo tem como objetivo discutir o papel dos avós cuidadores dos netos no processo de escolarização das crianças. A investigação foi realizada na cidade de Viçosa, MG, e a abordagem metodológica escolhida foi a de cunho qualitativo. A pesquisa empírica se baseou em entrevistas reflexivas com quatro avós de camadas populares, que, por diversas circunstâncias, tornaram-se as principais responsáveis por seus netos. Os resultados demonstraram que a relação entre avós e netos é permeada de afeto, cuidado e cumplicidade, porém também há preocupações, cansaço, tensões e desapontamentos, principalmente em relação aos filhos, que, em muitos casos, afastaram-se das crianças desde muito pequenas. Concluiu-se que as avós entrevistadas mantêm uma relação estreita com as escolas dos netos e contam com a solidariedade de amigos e familiares para as práticas educativas no processo de escolarização deles.

Palavras-chave: relações intergeracionais; relação família-escola; avós; práticas educativas

Abstract

Today, grandparents have played an important role in the family, especially concerning the care of grandchildren. In order to reveal a little bit of this universe, this article aims to discuss the role of grandparents who take care of grandchildren in the children’s schooling process. The investigation occurred in the city of Viçosa (Minas Gerais - Brazil), and we choose the qualitative methodological approach. The empirical research was based on conducting reflective interviews with four grandparents from popular backgrounds, who, due to many different circumstances, became the main ones responsible for their grandchildren. The results showed that the relationship between grandparents and grandchildren is permeated by affection, care, and complicity; however, there are also concerns, tiredness, tensions, and disappointments, especially concerning their children, who, in many cases, moved away from children from an early age. We concluded that the interviewed grandmothers maintain a close relationship with their grandchildren’s schools and, for educative practices in their schooling process, they count on friends and family solidarity.

Keywords: intergenerational relationships; family-school relationship; grandparents; educative practices

Resumen

Actualmente, los abuelos han jugado un papel importante en la familia, especialmente con respecto al cuidado de los nietos. Para revelar un poco de este universo, este artículo tiene como objetivo discutir el papel de los abuelos que cuidan a los nietos en el proceso de escolarización de los niños. La investigación se llevó a cabo en la ciudad de Viçosa (Minas Gerais - Brasil), y el enfoque metodológico elegido fue cualitativo. La investigación empírica se basó en entrevistas reflexivas con cuatro abuelas de clases populares, que, debido a diferentes circunstancias, se convirtieron en las principales responsables por sus nietos. Los resultados mostraron que la relación entre abuelos y nietos está impregnada de afecto, cuidado y complicidad, sin embargo, también hay preocupaciones, cansancio, tensiones y decepciones, especialmente con los hijos, que, en muchos casos, se han alejado de los niños desde que eran muy pequeños. Las abuelas entrevistadas también revelaron que mantienen una relación cercana con las escuelas de sus nietos y que, para las prácticas educativas en el proceso de escolarización de los niños, cuentan con la solidaridad de amigos y familiares.

Palabras clave: relaciones intergeneracionales; relación familia-escuela; abuelos(as); prácticas educativas

1 INTRODUÇÃO

A família é um espaço de convivência humana e, neste convívio, acontecem as primeiras experiências socializadoras, desafio enfrentado pelas gerações para transmitir seus legados, sejam eles materiais, simbólicos, das relações sociais ou sistemas regulados pelo Estado. Há também a transmissão de ideias, valores e conceitos, que têm lugar, tempo e história (TOMIZAKI, 2010; BIROLI, 2014).

Nas últimas décadas, os rápidos processos de urbanização e industrialização nos países ocidentais contribuíram para mudanças significativas na sociedade e, consequentemente, nas famílias. Além destes, outros fatores também foram responsáveis para que houvesse modificações profundas na organização das famílias e no papel das mulheres na sociedade.

Com as transformações ocorridas tanto no âmbito social quanto privado, como a maior inserção da mulher no mercado formal de trabalho e nos espaços públicos e o aumento do número de divórcios e separações a partir da década de 1970, outras pessoas pertencentes ou não ao núcleo familiar tornaram-se essenciais para auxiliar no cuidado das crianças. Os avós estão entre essas pessoas.

Os estudos de Coutrim, Boroto, Vieira e Maia. (2007), Cunha e Dias (2019) e de Azambuja e Rabinovich (2018) demonstram que nem sempre o cuidado com as crianças pelos avós se restringe ao apoio esporádico. Em muitos casos, esses indivíduos substituem os pais no acompanhamento do percurso escolar dos netos.

Assim, diante da necessidade de se conhecer melhor a relação entre essas duas gerações, surgiu a proposta de investigar como os avós que coabitam com os netos e são os principais responsáveis por eles atuam na educação dessas crianças, sobretudo em relação ao seu acompanhamento escolar. A partir de tal proposta, foi formulado o objetivo geral da pesquisa: investigar como é construído o processo educativo na relação entre avós cuidadores e os netos, principalmente no que se refere à relação com a escola.

Buscando compreender como as trocas ocorrem nas relações entre as duas gerações na organização do cotidiano familiar, julgamos mais adequada a abordagem qualitativa, pois nos possibilita valorizar o papel ativo do sujeito e enxergar a realidade como uma construção social. Dessa forma, na “busca dos significados” (MINAYO, 2002) presentes na construção cotidiana das relações intergeracionais, optamos por ouvir as avós de camadas populares por meio de entrevistas semiestruturadas. Foram entrevistadas quatro mulheres com idades entre 59 e 62 anos, sendo três casadas e uma viúva, as quais cuidam de seus netos de seis a 11 anos, na cidade de Viçosa, Minas Gerais.

As avós entrevistadas têm, no máximo, cinco anos de estudo. Três delas são principais cuidadoras de um neto e uma cuida de três. Apenas um domicílio tem a presença da mãe da criança; nos demais, os pais estão ausentes porque foram presos, constituíram novos casamentos, têm problemas mentais e vivem em outro estado etc.

Assim, neste artigo, são apresentadas as experiências dessas mulheres que, por motivos distintos, vivenciam uma rotina semelhante: são as principais cuidadoras de seus netos.

2 COEDUCAÇÃO INTERGERACIONAL NA CONVIVÊNCIA ENTRE AVÓS E NETOS

A história nos mostra que as mulheres de diversas partes do mundo sempre trabalharam, seja nas lavouras, seja em outros serviços externos a casa. Porém, no século XX, o movimento feminista intensificou a reivindicação por maior atuação da mulher na vida política e social, passando a exigir igualdade de direitos na profissionalização e na educação. Tais exigências contribuíram de forma significativa para as transformações sociais e, consequentemente, para a organização familiar. Hoje, é crescente o número de mulheres que assumem a corresponsabilidade pelo orçamento doméstico ou são as únicas provedoras de seus lares (SINGLY, 2007).

Mesmo com a diminuição do número de filhos (IBGE, 2018), os núcleos familiares precisaram de suportes internos e externos, e, com a participação mais efetiva da mulher no mercado de trabalho e nos espaços públicos, surgiu a necessidade de se buscar outras pessoas para auxiliar no cuidado com os filhos. Entre esses agentes de cuidados, estão os avós.

Assim, no caso em que os avós são cuidadores dos netos em parte do dia ou integralmente, as duas gerações passam a ter uma convivência mais próxima, o que permite uma troca maior de conhecimentos entre elas, independentemente da condição socioeconômica dessas famílias. Certamente, o papel desempenhado pelos avós também tem sofrido modificações nas últimas décadas, e um dos fatores que contribuíram para essas mudanças é o aumento da longevidade, principalmente, das mulheres (SAITO; LOUREIRO, 2013).

De acordo com Rodrigues (2013), embora a convivência entre avós e netos seja considerada uma relação de grande importância para muitos pais, há uma forte tendência das gerações mais novas em matricular os filhos em creches e em escolas de educação infantil. Contudo o autor ressalta que as famílias se preocupam com os custos dessas instituições, com a qualidade do ensino e também com a pouca flexibilidade de horários, pois muitas não funcionam no período integral do trabalho dos pais. Diante disso, a colaboração dos avós para o cuidado das crianças depois do horário de funcionamento escolar é essencial. Importante ressaltar também que o Brasil vive uma grande crise de oferta de creches e escolas públicas de educação infantil, o que dificulta enormemente a vida das famílias de camadas populares.3

Apesar das profundas desigualdades sociais e econômicas da população brasileira, tais mudanças etárias contribuem para que haja mais tempo para a convivência e colaboração dos mais velhos na organização doméstica de seus filhos, principalmente no cuidado dos netos. Assim, em alguns domicílios, os avós são pessoas centrais na organização familiar; ensinam e aprendem com as gerações mais novas, atuando como suporte social para as crianças. Em outros casos, assumem as responsabilidades sobre os netos na ausência dos pais e, mesmo quando estes se fazem presentes, são os mais velhos quem os auxiliam em muitas atividades. Sem esses avós coeducadores, para alguns pais, seria praticamente impossível o cuidado de seus filhos, em função da necessidade premente de trabalhar. Segundo Coutrim e Silva (2019), o apoio dos avós é solicitado devido a diversos fatores, entre eles, as mudanças nos arranjos familiares e nos valores sociais. Existem ainda aqueles que assumem a guarda total de seus netos, quando os pais não têm condições de cuidar, são negligentes ou maltratam as crianças (RODRIGUES, 2013).

A relação próxima entre as gerações traz benefícios aos avós. Quando já são idosos, sentem-se úteis na vida dos pequenos, pois se trata de uma via de mão dupla, uma convivência que beneficia tanto um como outro: os avós educam os netos e, de forma diferente, são reeducados por eles. Nesse sentido,

[o]s avós constituem uma base de equilíbrio necessário entre o imaginário familiar e os laços de filiação, participando de uma forma consciente e inconsciente na construção psíquica dos netos e na transmissão, constituindo igualmente um apoio emocional, educativo e instrumental importante para os netos e para os pais. (RAMOS; MARUJO; BAPTISTA, 2012, p. 42).

Ainda segundo Ramos, Marujo e Baptista (2012), além de proporcionar afeto e criatividade às crianças, a relação entre avós e netos ajuda os mais velhos a superarem as perdas, as limitações e as fragilidades do envelhecimento. Também promovem a educação, o respeito e a solidariedade entre as várias gerações, valores considerados indispensáveis pela escola.

Na mesma direção, Coutrim e Silva (2019) demonstram em suas pesquisas que os avós têm a preocupação de transmitir para os seus descendentes as lições morais que são extraídas, em grande parte dos casos, das próprias histórias vividas por eles. Já os netos, com sua curiosidade natural de criança, podem fazer com que os mais velhos revivam memórias e saberes para lhes ensinar ou esclarecer. Assim, essa convivência, quando ocorre de forma saudável, é positiva tanto para os netos quanto para os avós.

O tempo de convivência entre as gerações corresponde à maior ou menor intensidade nas trocas intergeracionais. Quando os avôs e as avós se tornam os principais responsáveis pelos netos, é necessário o envolvimento dos mais velhos com a educação formal das crianças. Tal tarefa traz novos desafios a esses indivíduos, que já estão fora dos bancos escolares há décadas e que passaram pelo acompanhamento escolar dos filhos, vivenciando as tensões e os desafios do processo de escolarização.

Este foi o caso das avós cuidadoras dos netos ouvidas nesta pesquisa. Pertencentes às camadas populares, elas valorizam fortemente a educação escolar, mas demonstraram dificuldades inerentes à sua realidade, uma vez que o processo educativo das crianças com menos recursos econômicos e sociais não é o mesmo daquelas que dispõem de plenas condições materiais. Para compreender melhor tal realidade, julgamos necessário trazer alguns pontos para a reflexão sobre as desigualdades sociais nas práticas educativas familiares.

3 FAMÍLIAS DE CAMADAS POPULARES E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS

As famílias de todos os segmentos sociais valorizam a escolarização de seus filhos e agregam valores a essa educação (LAHIRE, 1997; THIN, 2006). Entretanto, as variações relacionadas às condições socioculturais dessas famílias ao meio socioeconômico em que vivem, bem como à escolaridade que têm, interferem de modo crucial no desempenho escolar das crianças e dos jovens. Ou seja, as condições materiais e culturais das famílias se refletem nos diferentes modos como cada núcleo familiar se apropria de informações acerca do sistema de ensino e em como utilizam tais conhecimentos para o benefício escolar da criança. Aqueles com menos recursos culturais e econômicos encontram mais obstáculos no seu percurso escolar (BOURDIEU; PASSERON, 1975; NOGUEIRA, 2021).

Contudo, apesar da grande desvantagem social e cultural vivenciada pelas crianças das camadas populares em relação às das camadas médias, há inúmeros casos de longevidade escolar entre os mais pobres. Ou seja, os casos de sucessos improváveis podem ser compreendidos por meio da relação dos pais (ou responsáveis) com suas próprias experiências escolares e da forma como eles aderem ao que é valorizado pela escola (LAHIRE, 1997). Um dos fatores que atuam positivamente no processo é a expectativa familiar em torno do sucesso escolar da criança. Assim, é possível afirmar que quanto mais expectativas positivas são criadas em torno dos filhos, maiores são suas chances de obterem um bom desempenho nos estudos. Outro comportamento familiar que contribui para o desempenho escolar da criança de camadas populares é a valorização das normas escolares. Ou seja, mesmo que essas famílias não possam ajudar seus filhos com as obrigações escolares, elas atribuem grande importância e respeito às normas e à autoridade escolar, transmitindo esses valores à prole (LAHIRE, 1997).

O dever de casa, enquanto uma das obrigações escolares, é um importante ponto de comunicação entre a escola e a família. Resende (2018) investigou o dever de casa como prática familiar em diversos meios sociais e identificou importantes diferenças no pensamento das famílias a respeito de tal atividade. Constatou também que o dever de casa é responsável por proporcionar a pais e filhos momentos de vínculo e interação, porém isso nem sempre ocorre.

Nas famílias de camadas populares, a autora observou que, além dos pais, outras pessoas ajudam na realização dos deveres de casa, como os irmãos, avós, tios etc. A explicação que essas famílias deram para tal fato foi a falta de tempo dos pais para a colaboração nas tarefas, consequência das longas jornadas de trabalho. Nesse aspecto, as atividades de casa podem ser vistas como uma forma de estratégia de mobilização familiar das camadas populares em prol da escolarização dos filhos4.

Entre as práticas educativas parentais, a leitura no ambiente doméstico merece ser destacada como uma das estratégias mais importantes usadas pelos pais para favorecer a escolarização dos filhos. Segundo Lahire (1997), os filhos que observam os pais lendo estão aptos para compreenderem esse hábito como algo natural.

Ainda sobre as práticas familiares que favorecem o bom desempenho escolar das crianças, Portes (2006), Lahire (1997), Zago (2013), Dubet (2008) e Thin (2006) acrescentam que as formas de autoridade familiar também são relevantes, uma vez que a escola é regida por regras disciplinares. No que se refere às formas de esforço familiar5, os autores afirmam que o empenho é maior quando os pais supervalorizam a vida escolar do filho. Muitas famílias fazem concessões em seu restrito orçamento doméstico (passeios, compras etc.) para oferecer bens e conhecimentos gerais valorizados pela escola. Além disso, recorrem às atividades extraescolares e reforçam a ideia de que o estudo é a única forma de saírem da condição sociocultural em que vivem.

Os esforços familiares das camadas populares pela escolarização das crianças não são exclusivos dos pais. Diferentes agentes, como irmãos, tios, primos, avós e pessoas externas ao núcleo familiar, como os vizinhos, atuam em prol do desenvolvimento e da proteção às crianças.

Na pesquisa com as avós na cidade de Viçosa, foi possível observar diversos comportamentos e valores familiares ressaltados pelos autores aqui discutidos, como as formas de autoridade familiar, a valorização do estudo e das regras de convivência escolar, o esforço familiar em prol dos estudos, entre outros, como será apresentado a seguir.

4 O COTIDIANO DAS AVÓS CUIDADORAS DE NETOS: O QUE NOS REVELA A PESQUISA

Buscando compreender como as avós cuidadoras auxiliam na escolarização dos netos que coabitam com elas, optamos pela entrevista semidiretiva. A partir de um roteiro previamente preparado com base nas categorias-chave de construção e análise dos dados, realizamos as entrevistas nas residências das avós, mediante agendamento prévio.

Não foi critério de seleção para a entrevista o gênero; embora alguns avôs estivessem presentes no momento da entrevista, apenas as avós se prontificaram a dar o depoimento. Também não foi pré-requisito o número de netos cuidados por elas, entretanto, levamos em consideração os seguintes elementos: a) avós que são cuidadoras dos netos que estudam no Ensino Fundamental I, com idades entre seis e onze anos, considerando que nesta fase a criança ainda é dependente dos adultos na gestão do cotidiano e exigem maior cuidado com deveres, uniforme, horários de aula, material escolar etc.; b) avós de camadas populares, pois, como demonstrado pela literatura, para sujeitos com baixo nível socioeconômico, os desafios no processo de escolarização são ainda mais evidentes. Todas as entrevistadas são moradoras de Viçosa.

As avós6 Marilda, Cristina, Marta e Graça compartilharam suas experiências de vida diante do desafio diário de serem as principais responsáveis pela educação formal e informal dos netos que moram com elas. Duas delas moram em bairros afastados do centro da cidade e as outras duas vivem na comunidade rural em torno da cidade.

Marilda (62 anos) concluiu apenas as séries iniciais do Ensino Fundamental. Viúva há vinte anos, é pensionista do marido. Sua renda mensal é de dois salários mínimos e mora em casa própria. Tem um casal de filhos que vive no estado de São Paulo. Tem dois netos, filhos do seu filho: uma moça de dezoito anos e o Jeremias, de nove anos. Hoje ela mora somente com o neto, de quem começou a cuidar quando este tinha seis meses de vida, pois a mãe da criança estava cumprindo pena em regime fechado.

[...] Ah! A mãe presa, o pai preso, os dois não têm juízo, ué! Vive mais preso que solto, tá solto, mas... A mãe dele ficou presa cinco anos, ele nasceu lá na prisão, ele ficou lá seis meses com ela, aí, ela ficou presa e meu filho pegou ele e levou pra cuidar dele, ele não quis ficar lá e trouxe ele pra cá. (Marilda, avó de Jeremias).

Segundo o relato da entrevistada, dentro das possibilidades, ela tem criado o menino com muito carinho, amor e, principalmente, muitos conselhos e cuidados para que ele, no decorrer dos anos, não se envolva com atividades ilícitas. Seus cuidados soam como se o alertasse para o futuro, pois enfatiza que não quer que o neto siga os mesmos caminhos dos pais. Para isso, a avó conta com a ajuda de sua irmã e outros parentes para auxiliá-la quando surge alguma situação que ela não consegue resolver em relação ao neto.

Cristina (59 anos) estudou até o 4º ano primário (atualmente 5º ano do Ensino Fundamental I). É casada há mais de 30 anos com Jair (60 anos), que cursou até a 6ª série (atualmente 7º ano do Ensino Fundamental II). O casal tem três filhos: duas mulheres (uma adotiva) e um homem. Na casa deles, residem cinco pessoas. Quando uma das filhas do casal se divorciou, voltou para a residência dos pais e trouxe junto sua filha, Carolina. Desde então, os avós se tornaram os corresponsáveis pela educação da menina, pois a mãe trabalha o dia todo. A avó relata que existe diferença nos cuidados que eles têm com a Carolina em relação aos que tiveram com os filhos no passado, quando eles eram crianças.

Ah, diferença tem! Porque a gente fala assim que neto é totalmente diferente. Porque quando é filho a gente tá ali, cheio de tarefas, quase que não sobra tempo nem pra olhar aquela criança e tem que tá cuidando, agora ela já é diferente, porque a gente já está com os filhos da gente criados, então é só ela, todo tempo só pra ela. É dedicação maior! A atenção já é dobrada. (Cristina, avó de Carolina).

Em seu depoimento, Cristina relata que, na família, tudo gira em torno do bem-estar da neta. Os avós se sentem responsáveis por oferecer estabilidade, suprindo todas as necessidades da menina, pois é ela quem “dá vida” ao lar; é a “alegria da casa”.

Marta (59 anos) concluiu a 5ª série (que corresponde hoje ao 6º ano do Ensino Fundamental II). É casada com Bartolomeu (62 anos), que estudou até a 4ª série (hoje correspondente ao 5º ano do Ensino Fundamental I), e eles têm três filhos. Na casa de Marta, moram seis pessoas: ela, três netos, além de seu filho e seu marido. As três crianças pertencem à filha de Marta, que, de acordo com a avó dos meninos, tem pouca responsabilidade e toda vez que engravida deixa as crianças com os avós. A entrevistada apresenta sinais de cansaço nos cuidados com os netos e desabafa: “A gente vai ficando velha, vai ficando cansada, vai começando a não dar conta [de educar]”.

Graça (59 anos) frequentou a escola até a 5ª série (atualmente corresponde ao 6º ano do Ensino Fundamental II) e é casada com Joaquim (62 anos), não alfabetizado. Do primeiro casamento, ela tem uma filha, mãe do neto que ela cria desde pequeno. Em sua casa, moram ela, o marido e a criança. A situação dessa avó não é diferente das outras: observarmos que ela não mede esforços para que o neto estude e seja um “bom menino”, estando sempre atenta ao que acontece em relação a ele, principalmente na escola. Ela o ensina o dever de casa e pede ajuda, quando necessário, a parentes e amigos.

Ficou evidente nas entrevistas que as avós tentam substituir os pais da melhor maneira possível. A mesma situação também foi observada nos estudos de Cardoso e Brito (2014), no qual as autoras relatam que as avós por elas investigadas não se “autorizam” a serem avós, mas se sentem mães substitutas dos netos.

Os depoimentos das avós por nós entrevistadas também vão ao encontro de outros estudos (RAMOS, MARUJO; BAPTISTA, 2012; CARDOSO, 2011; COUTRIM; SILVA, 2019) ao demonstrarem que, para além das aparências e das palavras, a vida das avós cuidadoras é repleta de desafios, apesar do amor e do carinho que permeiam a relação entre as duas gerações. Muitas vezes, o não dito revela também o cansaço, a escassez de dinheiro, a renúncia por parte das avós, que deixam de viver sua vida pessoal em prol do(s) neto(s) que precisa(m) de seus cuidados.

Os estudos de Coutrim, Boroto, Vieira e Maia. (2007) e Azambuja e Rabinovich (2018) ressaltaram que o apoio dos avós cuidadores não se restringe somente à educação moral dos netos: ele está presente na escolarização das crianças, seja por meio do suporte nos deveres, seja por meio da segurança financeira para a compra de materiais e atividades extraescolares, ou mesmo pelo contato direto com a instituição escolar frequentada pelos netos. Por isso, as pesquisas nos mostram que, apesar da pouca escolaridade, os avós têm desempenhado um papel essencial nas trajetórias escolares dos netos, buscando proporcionar às crianças um futuro diferente do qual eles e seus filhos tiveram.

As dificuldades encontradas pelas avós participantes da pesquisa em Viçosa, no acompanhamento da escolarização dos netos, fazem com que elas procurem auxílio tanto dos familiares como da instituição de ensino que os netos frequentam. O suporte no dever de casa não é tarefa fácil para essas avós. Mesmo entre os pesquisadores, há divergências quanto à real necessidade dos deveres escolares para o aprendizado dos alunos (RESENDE, 2018). Ainda segundo a autora, principalmente nos casos em que os alunos apresentam dificuldade na aprendizagem ou não gostam de realizar a tarefa extraclasse, essa atividade se torna um martírio na vida familiar, gerando conflitos e demandando um maior esforço para que o estudante conclua seu trabalho e a família não seja considerada negligente pelos professores. Há, ainda, situações em que a baixa escolaridade dos familiares dificulta o suporte na realização dos deveres, e este é o caso dos avós cuidadores.

Graça relata que é muito atenta ao dever de casa do neto. Caso ela não consiga auxiliar o menino, recorre a parentes e amigos para que a tarefa seja realizada e afirma que, várias vezes, não compreende o está sendo pedido pela escola, porque nunca estudou tal conteúdo. Nesse sentido, ela atua na organização do horário e oferece condições para que os deveres sejam feitos.

Olho o caderno dele, eu ensino ele o dever, quando eu não sei eu peço os meninos pra ensinar, meu sobrinho também ensina ele, tem coisas que eu não entendo, não, aí eu, meu sobrinho lá ensina. Minha sobrinha aqui também ensina ele, ela ajudou ele fazer trabalho, ele levou um trabalho lindo pro colégio que ela ajudou fazer. (Graça, avó de Gustavo).

A avó ainda afirmou que é rígida quanto ao horário para a realização da atividade extraclasse: “O menino deve ter responsabilidade de fazer o dever de casa antes de ir brincar”. Graça disse que, quando o neto chega da escola, a ordem é almoçar, descansar e fazer o “para casa”7. O neto segue essa rotina diariamente, não contrariando a avó.

Com Marta, não é diferente: ela olha os cadernos dos netos todos os dias e, quando tem dever de casa, é ela quem ajuda as crianças. Porém afirmou que, quando tem algo que ela não sabe ensinar, manda recado para professora relatando o problema: “Aí eu escrevo no caderno pra professora assim, ó: ‘Não soube ensinar’”. Esta é a forma que ela encontrou para justificar a lição que as crianças levam sem fazer. Ao contrário de Graça, Marta não estipula horário fixo para que os netos façam os deveres de casa, mas relata que eles costumam realizar a tarefa à noite e que, de vez em quando, a tia dos meninos também vistoria o caderno deles.

Já Marilda relata dificuldade em fixar horário para que o neto faça o dever de casa:

Não, não tem, não [horário]! Faz qualquer hora, a tia dele já cansou de conversar com ele, levanta da cama e vai fazer a lição para ficar livre, mas tem dia que tá quase na hora de ir pra escola e ainda tem que pôr as coisas que eu não sei, né? E a tia dele que mora aqui perto estava dando aula, parou de dar aula que diz que estava começando com depressão, aí ela fica dormindo até tarde. Tem dia que tá quase na hora dele ir pra aula e vai lá fazer a lição com ela. Se for pra ela ensinar também, não adianta ir de manhã, é a partir das dez e meia. (Marilda, avó de Jeremias).

Nesse contexto, podemos perceber que o dever de casa gera estresse tanto para avó quanto para o neto, uma vez que Marilda insiste para que a atividade seja realizada. Mesmo sem saber ajudar diretamente, a avó relatou que verifica diariamente os cadernos do neto, deixando o dever de casa sobre a mesa. Assim como Graça, Marilda também recorre às pessoas próximas da família para auxiliarem nas situações em que o neto tem dificuldade nos deveres; a irmã e a cunhada sempre cooperam com a tarefa.

Já na casa de Cristina é o avô quem sempre auxilia no dever de casa:

Geralmente é o vô, mas se tem alguém disponível, se ela não sabe alguma coisa me pergunta, ela ensina [aponta para a filha adotiva] e ele que ensina mais, quando tem que ser trabalho que tem que estar mais ajudando [...] tem uns trabalhinhos bem apertadinhos que nem a gente entende, né? Porque, pela escolaridade que a gente tem, a gente não entende. (Cristina, avó de Carolina).

O avô, também participante da entrevista, ressalta que, às vezes, o dever de casa não traz muita dificuldade para sua execução; além disso, completa: “Nós vamos aprendendo um com ou outro, né, Carol?”, diz olhando para a neta, também presente na entrevista. Nessa família, apesar de o avô ser a principal pessoa de referência nos deveres na criança no domicílio, se necessário, a tia e a avó colaboram também nos estudos.

Ficou nítido nos depoimentos das avós que, apesar da dificuldade em ensinar as tarefas e os trabalhos escolares aos netos, os avós se esforçam para que os netos não deixem de cumprir com as obrigações escolares. A literatura demonstra que isso ocorre também em outras famílias. De acordo com Coutrim, Boroto, Vieira e Maia. (2007, p. 12):

[...] quando surgem dúvidas nos deveres e trabalhos escolares as famílias lançam mão de diversas estratégias. Nesta hora entra em cena amigos e parentes com tempo e conhecimento disponíveis como vizinhos, primos, tios, madrinha, amigos da avó e irmãos, formando, assim uma rede de solidariedade em prol do bom desempenho escolar da criança. Quando a mãe está presente no domicílio, mesmo trabalhando fora, ela se constitui a principal orientadora dos trabalhos escolares.

Essa rede formada por parentes e amigos se torna essencial para que as crianças possam adquirir conhecimento, uma vez que o baixo capital cultural dos avós e os longos anos longe da escola não permitem que eles se apropriem do conteúdo escolar aprendido pelos netos.

O comportamento dos avós entrevistados está presente nas famílias de camadas populares, como demonstra Sarti (2004, p. 202), ao ressaltar que a “configuração em rede” contraria a ideia de que a família pobre é formada por núcleo. Ou seja, os indivíduos e grupos se movem nessas redes, que asseguram recursos materiais e afetivos às famílias.

No entanto, apesar da baixa escolaridade das entrevistadas, notamos esforços e mobilizações para que haja auxílio aos netos nas trajetórias escolares. Ainda é importante dizer que “os avós podem contribuir para o desempenho escolar e para a formação e desenvolvimento pessoal da criança e adolescente, através de histórias, casos e de ensino de tarefas e valores” (SILVA, 2012, p. 73-74).

Também apareceu em todos os depoimentos das avós o hábito de perguntar às crianças como foi o dia na escola, olhar o caderno de recado e vistoriar a mochila para verificar se os pertences que os netos levaram para casa são deles mesmos. Sobre a interação das avós com a escola, observamos que isso acontece quando surge algum problema com os netos ou nos momentos de reuniões de pais e/ou responsáveis. Porém os avós enfrentam obstáculos para participar das reuniões de pais. Marta, por exemplo, afirmou que as reuniões escolares sempre são realizadas no turno da noite e que, por isso, fica inviável que ela ou o marido participem, pois moram na zona rural e não contam com transporte público nesse horário. O mesmo ocorre com Graça. No entanto, diz que comparece à escola durante o dia para conversar com as professoras dos netos e pegar o boletim das crianças. Essa foi a maneira que a escola e a avó encontraram para que houvesse interação entre eles, o que Lahire (1997) compreende como umas das formas de mobilização escolar familiar.

Já sobre os boletins, foram unânimes os relatos das avós no que diz respeito às notas/conceitos baixos. Segundo elas, quando isso acontece, chamam a atenção dos netos e aconselham para que se esforcem mais e melhorem as notas. Por outro lado, boas notas/conceitos são incentivados por toda a família, de modo que a criança se sinta valorizada e possa manter o interesse nos estudos.

É importante ainda mencionar os conselhos das avós cuidadoras sobre a disciplina escolar. Elas nos informaram que, para além das notas, constantemente ensinam e reforçam a seus netos para que se comportem adequadamente no ambiente escolar. Essas avós, ao zelarem pela disciplina dos netos na escola, conscientemente ou não, estão colaborando para reforçar o conjunto de regras e obrigações escolares.

Embora nunca tenham chegado à universidade e nem tenham um conhecimento claro a respeito de até qual nível de estudos esperam que seus netos alcancem, as entrevistadas dão muita importância ao diploma, visando à colocação futura dos netos no mercado de trabalho. Assim, observamos que as expectativas estão no futuro possível, como nos traz Portela (2004, p. 97): “as estratégias familiares refletem, portanto, um cálculo (que não é puramente racional) a partir das chances de ascensão que cada grupo é capaz de antever e de atrair para si”. Consequentemente, o sentido da escolarização e suas possibilidades de ascensão social permitem compreender as estratégias e mobilizações escolares empreendidas pelos avós cuidadores no que tange à educação formal das crianças.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura consultada para esta pesquisa revela que os avós têm ocupado um lugar de destaque nas famílias, principalmente no que tange à escolarização dos netos, mas não somente nesse âmbito. São eles que oferecem a segurança econômica e emocional necessária ao bom desenvolvimento das crianças.

No caso desta pesquisa na cidade de Viçosa, as avós tornaram-se as principais cuidadoras de seus netos em casos críticos, como abandono, divórcio, prisão dos pais etc. Algumas delas carregam sofrimento pela situação de seus filhos e atuam de forma a evitar que os netos sob sua responsabilidade tenham o mesmo destino dos pais.

Com baixa escolaridade, as avós entrevistadas recorrem aos familiares, a fim de que as crianças consigam concluir cada etapa escolar da melhor maneira possível, e se preocupam muito com a aprendizagem e o comportamento dos netos no ambiente escolar. Elas reconhecem suas limitações para ensinar os netos nos deveres e, por isso, mobilizam outras pessoas da família, ou de fora dela, para auxiliar no processo e constroem uma rede de solidariedade que chamou a nossa atenção. Tal comportamento vai ao encontro dos resultados de outras pesquisas que embasaram este estudo, ao demonstrar que, como parte de seu esforço pela escolarização das crianças, as famílias das camadas populares articulam agentes que atuam em ajuda mútua para promover o bem-estar do grupo, maximizando as chances de sucesso escolar.

Notamos também outros tipos de preocupações das avós entrevistadas, para além daquelas com a boa conduta e as notas na escola, como o medo constante do envolvimento dos netos com atividades consideradas criminosas ou delinquentes. Para isso, as avós vigiam as companhias das crianças fora do convívio familiar. Tal preocupação com a conduta dos pequenos é compreensível, pelo fato de a maioria dos pais das crianças terem se envolvido em situações ilícitas.

Em relação à educação formal, as avós ouvidas interagem com a escola dos netos e estão sempre dispostas a dialogar com a instituição de ensino, assim como estão atentas a todo tipo de problemas relacionados às crianças e ao comportamento delas. Dessa maneira, elas abdicam diariamente do seu tempo e da sua vida pessoal para darem suporte, tanto material quanto afetivo, a seus netos, garantindo-lhes a matrícula e a permanência na escola. Há uma ordem moral doméstica clara nas famílias participantes da pesquisa.

Também é importante destacar que as avós entrevistadas se sentem orgulhosas pelo bom desempenho dos netos. Fazem questão de ressaltar que eles são boas crianças e reconhecem a importância dos estudos, inclusive considerando o diploma como necessário para o ingresso no mercado de trabalho.

Concluindo, embora esta pesquisa tenha caráter qualitativo e o número de casos investigados não nos permita generalizar os resultados, certamente reconhecemos a existências de muitas Marias, Cristinas, Martas e Graças em grandes e pequenas cidades brasileiras que, com baixa escolaridade e poucos recursos financeiros, abrem mão de parte de suas vidas em prol da educação de netos.

3Segundo dados do Censo Escolar de 2018 sobre as matrículas na educação infantil, o Plano Nacional de Educação (PNE) previa universalizar a educação infantil na pré-escola em 2016. Contudo o atendimento escolar em 2018 era de apenas 32,7% das crianças na faixa de três a quatro anos (INEP, 2019).

4Outros estudos também revelaram semelhança no que diz respeito aos deveres de casa. Na pesquisa realizada por Coutrim; Boroto; Vieira e Maya (2007), sobre avós cuidadores dos netos, foi revelada a atuação dos avós na organização de uma rede de pessoas formada por tios, vizinhos, primos, conhecidos etc., para auxiliar nos deveres de casa das crianças.

5Optamos por utilizar o termo “esforço familiar” (PORTES, 2006) ou “mobilização familiar”, uma vez que tratamos exclusivamente de famílias de camadas populares.

6Os nomes são fictícios para salvaguardar as identidades dos participantes da pesquisa.

7O “dever de casa” também é conhecido em diferentes regiões do Brasil como “para casa”, “tarefa”, “deveres” etc.

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Recebido: 21 de Maio de 2021; Aceito: 12 de Janeiro de 2022

Denise Costa Rosa: Mestre em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Professora da rede pública de educação de Viçosa, MG. E-mail:deniseros@gmail.com, Orcid:https://orcid.org/0000-0002-6234-9502

Tatiane Kelly Pinto de Carvalho: Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre em Educação pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da UEMG - Campus Divinópolis. Membro do Núcleo de Estudos Sociedade, Família e Escola (NESFE-UFOP). E-mail:tkpcarvalho@yahoo.com.br, Orcid:https://orcid.org/0000-0003-0933-6734

Rosa Coutrim: Doutorado em Ciências Humanas, Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Graduação em Ciências Sociais também pela UNESP. Professora associada do Departamento de Educação e da Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Pesquisadora do Núcleo de Estudos Sociedade, Família e Escola (NESFE-UFOP) e do Observatório Sociológico Família e Escola (OSFE-FAE - UFMG). E-mail:rosacoutrim@ichs.ufop.br, Orcid:https://orcid.org/0000-0002-9510-1263

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