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Revista Internacional de Educação Superior

versão On-line ISSN 2446-9424

Rev. Int. Educ. Super. vol.8  Campinas  2022  Epub 12-Ago-2022

https://doi.org/10.20396/riesup.v8i0.8664826 

Artigos

A Prática como Componente Curricular: Panorama das Publicações e Contextos da Produção Científica

La Práctica como Componente Curricular: Panorama de Publicaciones y Contextos de Producción Científica

Gabriela Schmitz1 
lattes: 0566759862829960; http://orcid.org/0000-0003-2354-496X

Luiz Caldeira Brant Tolentino Neto2 
http://orcid.org/0000-0001-6170-1722

1,2Universidade Federal de Santa Maria


RESUMO

A Prática como Componente Curricular (PCC) foi instituída em 2002, como uma forma de articular as dimensões teóricas e práticas na formação de professores. Neste estudo bibliográfico, do estado do conhecimento, tivemos como objetivo investigar os contextos das publicações em periódicos, indexados no Portal de Periódicos da Capes, que tratam da PCC, traçando um panorama das mesmas. Os trabalhos foram analisados segundo a Análise de Conteúdo. Observamos, que a maior parte dos estudos publicados ocorreu em contextos de instituições públicas, concentrados, principalmente, nos últimos 5 anos, e buscaram analisar como a PCC está descrita e como se realiza nas instituições. A partir dos resultados encontrados, pudemos observar que os formadores de professores pouco conhecem sobre a PCC ou sentem dificuldades em realizá-la, confusões sobre o sentido da prática e, ainda, desvalorização desse componente por parte de licenciados, o que demonstra a necessidade de diálogos e esclarecimentos sobre a prática como componente curricular dentro das instituições.

PALAVRAS-CHAVE: Prática como componente curricular; Dimensão Prática; Formação de professores

RESUMEN

La práctica como componente curricular (PCC) se instituyó en 2002 como una forma de articular las dimensiones teóricas y prácticas en la formación docente. En este estudio bibliográfico del estado del conocimiento, buscamos indagar en los contextos de las publicaciones en revistas, indexadas en el Portal de Periódicos da Capes (en español Portal de Revistas Capes), que se ocupan del PCC, proporcionando una visión general de las mismas. Los trabajos fueron analizados según el Análisis de Contenido. Observamos que la mayoría de los estudios publicados ocurrieron en contextos de instituciones públicas, concentrados principalmente en los últimos 5 años, y buscaron analizar cómo se describe el PCC y cómo se lleva a cabo en las instituciones. A partir de los resultados encontrados, se pudo observar que los formadores del profesorado saben poco sobre el PCC o sienten dificultades para llevarlo a cabo, confusión sobre el sentido de la práctica e incluso devaluación de este componente por parte de los egresados, lo que demuestra la necesidad de diálogos y aclaraciones sobre el tema. la práctica como componente curricular dentro de las instituciones.

PALABRAS CLAVE: Práctica como componente curricular; Dimensión práctica; Formación de profesores

ABSTRACT

Practice as a Curricular Component (PCC) was instituted in 2002 as a way to articulate the theoretical and practical dimensions in teachers education/training. In our bibliographic study of the state of knowledge, we aimed to investigate the contexts of publications in journals, indexed on the Portal de Periódicos da Capes (in english Capes Journal Portal), which deal with the PCC, providing an overview of them. Publications were analyzed via Content Analysis. We observed that most of the published studies took place in contexts of public institutions, concentrated mainly on the last 5 years, and sought to analyze how the PCC is described and how it is carried out in the institutions. From the results obtained, we could observe that teacher educators know little about the PCC or feel difficulties in carrying it out, confusion about the meaning of the practice and even devaluation of this component by students, which demonstrates the need for dialogues and clarifications on practice as a curricular component within institutions.

KEYWORDS: Practice as a curricular component; Practical dimension; Trachers education

Introdução

O curso de licenciatura é o primeiro passo formal e sistematizado na formação de professores e por isso é um dos pilares no processo de desenvolvimento docente. Durante esse período, busca-se a (re)construção e consolidação de práticas em torno do trabalho do professor. E é por isso que a formação inicial de professores merece atenção e reflexões sobre as formas como é desenvolvida.

Ao longo da história do Brasil, muitas foram as concepções de formação docente, como a ensinada nas escolas normais e o modelo 3+1, baseado na racionalidade técnica, que se constitui de 3 anos de uma espécie de bacharelado, seguidos de 1 ano dedicado à didática e à prática de ensino (DINIZ-PEREIRA, 1999). Esse último modelo sofreu várias críticas pelos estudiosos, no campo da educação, principalmente por evidenciar uma dicotomia entre as dimensões teóricas e práticas e a relação entre ambas, a fragmentação do conhecimento, a centralidade no saber científico, a desvinculação com a realidade das escolas e o não reconhecimento do professor como produtor de saberes (DINIZ-PEREIRA, 1999; 2011; GATTI, 2013).

Em contraponto a esse modelo de formação, que ainda se encontra bastante difundido nas instituições brasileiras, o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou, em 2001, o Parecer CNE/CP N. 28/2001 (BRASIL, 2001), que fundamenta a Resolução CNE/CP N. 1/2002 que “Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. ” (BRASIL, 2002a, p. 1). Essas DCN propõem a formação docente fundamentada na racionalidade prática, na qual a articulação das dimensões teóricas e práticas são vistas como um princípio metodológico, nomeado no Parecer CNE/CP N. 28/2001 como Prática como Componente Curricular e definida como:

[...] uma prática que produz algo no âmbito do ensino. Sendo a prática um trabalho consciente cujas diretrizes se nutrem do Parecer 9/2001 ela terá que ser uma atividade tão flexível quanto outros pontos de apoio do processo formativo, a fim de dar conta dos múltiplos modos de ser da atividade acadêmico-científica. Assim, ela deve ser planejada quando da elaboração do projeto pedagógico e seu acontecer deve se dar desde o início da duração do processo formativo e se estender ao longo de todo o seu processo. Em articulação intrínseca com o estágio supervisionado e com as atividades de trabalho acadêmico, ela concorre conjuntamente para a formação da identidade do professor como educador.

Esta correlação teoria e prática é um movimento contínuo entre saber e fazer na busca de significados na gestão, administração e resolução de situações próprias do ambiente da educação escolar. (BRASIL, 2001, p. 9).

Além disso, com o conjunto de documentos das DCN, completado com a publicação da Resolução CNE/CP N. 2/2002, à PCC, à sua carga horária e às formas de desenvolvimento são instituídos: 400 horas percorrendo todo o curso de formação, desde o seu início, distribuídas em núcleos ou como parte de disciplinas ou, ainda, sob forma de outras ações formativas (BRASIL, 2002b).

Em 2015, na ocasião da publicação do Parecer CNE/CP N. 2/2015 (BRASIL, 2015a) que fundamenta a Resolução CNE/CP N. 2/2015 (BRASIL, 2015b), após muitas discussões de diversas instituições e associações, como a ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação) e a ANPED (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), as novas DCN são publicadas. Nessas novas DCN, que utilizam a caracterização da PCC, assim como era nas DCN revogadas, mantendo a carga horária dedicada a esse eixo articulador, a unidade e indissociabilidade entre as dimensões teóricas e práticas, uma vez que “ambas fornecendo elementos básicos para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessárias à docência” (BRASIL, 2015a, p. 11).

Em 2019, apenas um mês após o término do prazo de implementação das DCN de 2015, o CNE publicou, de forma aligeirada, o Parecer CNE/CP 22/2019 (BRASIL, 2019a) que fundamenta a Resolução CNE/CP N. 2/2019, que revoga a Resolução CNE/CP N. 2/2015, e “Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação).” (BRASIL, 2019b, p.1). Apesar de diversas críticas (LOPES, AMESTOY, SCHMITZ e BOTON, 2021), os novos documentos, baseados no desenvolvimento de competências e habilidades, foram divididas em três dimensões, dentre as quais destacamos, no contexto deste estudo, o da dimensão da Prática Profissional. Segundo os relatores, a prática é a associação entre o objeto de conhecimento e o objeto de ensino e, por isso, a aprendizagem dos objetos de ensino e dos procedimentos e objetivos devem ser concomitantes, pois visam a seleção, a organização e a avaliação dos objetos de ensino, fundamentais na formação e na relação entre conhecimento e prática (BRASIL, 2019a).

Assim, a PCC se configura como um importante componente para a formação da identidade docente e da aproximação do licenciando a sua prática como educador, no desenvolver da articulação entre as dimensões teóricas e práticas de sua formação inicial. No entanto, apesar de 18 anos já terem se passado, desde a instituição da PCC, ainda existem dificuldades na sua compreensão e em seu desenvolvimento. Alguns autores, como Mohr e Cassiani (2017) reiteram que ainda que haja documentação a respeito das concepções de PCC, as mesmas não são suficientes para a sua efetiva realização. Isso devido às confusões acerca do significado da palavra prática no termo PCC, principalmente nos cursos que possuem componentes curriculares de práticas em laboratórios, ainda que o Parecer CNE/CES 15/2005 tenha explicitado que a PCC não deve ser confundida com as práticas do componente curricular específico (BRASIL, 2005).

Dessa forma, considerando a relevância da PCC, as diferentes formas com que pode ser desenvolvida e as dificuldades apontadas à sua realização, este estudo busca investigar os contextos das publicações em periódicos que tratam da PCC, traçando um panorama das produções científicas, considerando que as concepções acadêmicas e profissionais são refletidas nas produções científicas destinadas ao estudo da própria prática ou da análise de estudos por terceiros.

Percursos Metodológicos

Metodologia de Pesquisa

O estudo se caracteriza por ser do tipo bibliográfico, definido por Gil (2012) como sendo a pesquisa que é desenvolvida sobre materiais já elaborados, como os livros e os artigos científicos. Para o autor, “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.” (GIL, 2012, p. 50).

Além disso, nosso estudo se trata de uma pesquisa sobre o Estado do Conhecimento, que envolve um considerável número de trabalhos publicados, visando descrever os aspectos gerais de determinado campo do conhecimento, como os principais resultados e conclusões.

Coleta de Dados

Em outubro de 2020, tivemos acesso à base de dados do Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e buscamos por publicações que continham em seu conteúdo o termo “Prática como Componente Curricular”, publicadas entre 2002 e 2020. Esse intervalo foi escolhido porque em 2002 foi publicada a DCN que estabelece a PCC.

Inicialmente, a busca resultou em 48 documentos, cujos resumos foram lidos e catalogados. A partir dessa primeira leitura, 28 documentos foram descartados, por não tratarem do assunto PCC, propriamente dito, resultando em 20 trabalhos selecionados para análise, descritos no Quadro 1.

Análise de Dados

As publicações foram analisadas de acordo com a metodologia da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2011). Na análise do conteúdo busca-se descrever o conteúdo de mensagens, permitindo que se realizem inferências sobre as mesmas (BARDIN, 2011).

Na nossa análise, os seguintes itens foram observados: Periódico, ano de publicação, objetivo, fonte de dados utilizada, curso e disciplina sobre os quais foi realizada a pesquisa e resultados obtidos. Ressaltamos, que em nosso estudo não foram investigados os contextos em que ocorreram a PCC, mas, sim, apresentamos um quadro geral das pesquisas publicadas sobre o tema PCC.

Resultados e Discussões

Considerando os objetivos estabelecidos neste estudo, a busca por publicações em periódicos, de trabalhos publicados entre 2002 e 2020, cuja temática é a PCC, resultou em 20 publicações, apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 Panorama dos estudos direcionados à Prática como Componente Curricular, publicados no Brasil entre 2002 e 2020. 

N. (código) TÍTULO AUTORES PERIÓDICO ANO
1. A Prática como Componente Curricular na licenciatura em Matemática: múltiplos contextos, sujeitos e saberes Mary Angela Teixeira Brandalise e José Trobia Educação Matemática Pesquisa 2011
2. Prática como Componente Curricular e sua implementação em sala de aula na visão de formadores de um curso de Letras Luciana Cabrini Simões Calvo e Maria Adelaide de Freitas Acta Scientiarum 2011
3. Conteúdos das disciplinas de interface atribuídos à Prática como Componente Curricular em cursos de Licenciatura em Química Ana Cláudia Kasseboehmer e Sidilene Aquino de Farias Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia 2012
4. Relações entre teoria e prática na formação de professores: investigando práticas sociais em disciplina acadêmica de um curso nas Ciências Biológicas Gabriel Menezes Viana, Danusa Munford, Márcia Serra Ferreira e Luciana Moro Educação em Revista 2012
5. A Prática como Componente Curricular na formação do professor de Biologia: avanços e desafios na UFRPE Alessandra Maria Pereira Martins da Silva, Zélia Maria Soares Jófili e Ana Maria dos Anjos Carneiro-Leão Amazônia: Revista de educação em Ciências e Matemática 2014
6. Prática como Componente Curricular e Estágio Supervisionado na formação de professores de Educação Física Willer Soares Maffei Motrivivência 2014
7. Prática como Componente Curricular: questões e reflexões Samuel de Souza Neto e Vandeí Pinto da Silva Revista Diálogo Internacional 2014
8. Práticas de ensino e formação docente: notas sobre a experiência da Licenciatura em Filosofia da UFABC Marinê de Souza Pereira e Patricia Del Nero Velasco Educação 2015
9. Relações teoria-prática na formação de professores de Ciências: um estudo das interações discursivas no interior de uma disciplina acadêmica Gabriel Menezes Viana, Danusa Munford, Marcia Serra Ferreira e Priscila Correia Fernandes Archivos Analíticos de Políticas Educativas 2015
10 A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e o projeto Universidade Nova: como ficam as licenciaturas? Eliana Povoas Pereira Estrela Brito Revista Internacional de Educação Superior 2017
11. Circulação de sentidos da Prática como Componente Curricular na licenciatura em Ciências Biológicas Alessandro Tomaz Barbosa e Suzani Cassiani Educação & Formação 2017
12. Uma visão sobre a Prática como Componente Curricular utilizando oficinas pedagógicas e recursos midiáticos no Ensino de Química Taysa da Silveira Chrysostomo e Jorge Cardoso Messeder Revista Internacional de Formação de Professores 2017
13. Prática como Componente Curricular: entendimentos, possibilidades e perspectivas Marília Zabel e Ana Paula dos Santos Malheiros Educação Matemática Pesquisa 2018
14. A Prática como Componente Curricular e sua implementação em um curso de formação superior de tradutores e intérpretes de língua de sinais Neiva de Aquino Albres e José Ednilson Gomes de Souza Júnior Belas Infiéis 2019
15. A Prática como Componente Curricular na disciplina Pesquisa e Processos Educativos do curso de Pedagogia: um diferencial na relação entre pesquisa, teoria e prática Andressa Graziele Brandt e Márcia de Souza Hobold Educação & Formação 2019
16. Caracterização da Prática como Componente Curricular em cursos de Biologia Jaiane de Moraes Boton e Luiz Caldeira Brant de Tolentino-Neto Actio: Docência em Ciências 2019
17. Concepções da Prática como Componente Curricular nos cursos de Licenciatura em Química dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia Priscila Juliana da Silva Brasil e Orliney Maciel Guimarães Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências 2019
18. O que falam os trabalhos sobre Prática como Componente Curricular? Jaiane de Moraes Boton e Luiz Caldeira Brant de Tolentino-Neto Revista Insignare Scientia 2019
19. Possibilidades de aproximação do cenário escolar na formação inicial em Educação Física Camila Rinaldi Bisconsini e Amauri Aparecido Bassóli de Oliveira Journal of Physical Education 2019
20. Prática como Componente Curricular: horizontes de compreensão dos formadores de professores de Química Vivian dos Santos Calixto, Neide Maria Michellan Kiouranis e Rui Marques Vieira Investigações em Ensino de Ciências 2019

Fonte: Os autores.

A partir do panorama apresentado pela Tabela 1, podemos observar que foram poucas as pesquisas realizadas e publicadas em periódicos a respeito da PCC, apesar de sua criação há 18 anos. Podemos identificar, que os estudos foram publicados em 18 periódicos distintos, em sua maioria nacionais e todos tendo sido publicados em língua portuguesa, fato que é compreensível, uma vez que a PCC é uma política de formação de professores de origem brasileira. Além disso, podemos observar que foram encontradas publicações a partir de 2011 (2011 = 2, 2012 = 2, 2014 = 3, 2015 = 2), embora a PCC exista desde 2002. É possível perceber, no entanto, um crescimento no número de publicações nos últimos 5 anos, totalizando 11 trabalhos (2017 = 3, 2018 = 1, 2019 = 7).

De acordo com os objetivos estabelecidos em nosso estudo, a análise de conteúdo (Bardin, 2011) foi realizada em três seções dos trabalhos analisados: quanto aos objetivos, quanto às fontes de dados utilizadas e quanto aos resultados obtidos. Esta organização da análise e o número de categorias obtidas em cada seção está representada na Figura 1.

Fonte: Os autores.

Figura 1 Representação da organização da análise dos 20 trabalhos selecionados e o número de categorias obtidas em cada seção de análise: Objetivos, fontes de dados e resultados obtidos.  

Quanto aos objetivos dos trabalhos, encontramos nove categorias analíticas, apresentadas no Quadro 2. A categoria Currículo compreende os trabalhos que se propuseram a analisar os currículos de cursos e suas implementações, além da organização da PCC no interior dos cursos, demonstrando a preocupação com a forma de organização curricular da PCC. Enquanto isso, a categoria Atribuição de sentidos compreende os trabalhos que buscaram investigar quais os sentidos atribuídos, por professores formadores e licenciandos, à PCC. A categoria seguinte, Concepções de Prática como Componente Curricular, abrange os estudos que descreveram quais as concepções de PCC que, professores formadores, futuros professores ou, ainda, a literatura possui. Essas duas últimas categorias explicitam que os sentidos que são atribuídos à PCC e as concepções de PCC podem influenciar nas formas com que esse componente é organizado no curso de formação, realizado pelos formadores e recebido pelos estudantes de licenciatura e, por isso, merecem a dedicação de estudos.

Quadro 2 Síntese das categorias obtidas em relação aos objetivos dos trabalhos analisados. 

Categoria Número de itens Trabalhos incluídos (código) Descrição da categoria
Concepções da PCC 5 3; 7; 8; 13; 17 Inclui os trabalhos que analisaram as concepções de PCC presentes nos cursos e na literatura.
Currículo 4 1; 10; 14; 16 Inclui trabalhos que analisaram o currículo de cursos e suas implementações em relação à PCC.
Atribuição de sentidos 4 2; 4; 11; 20 Inclui os trabalhos que analisaram os sentidos atribuídos à PCC.
Análise de publicações sobre a PCC 2 6; 18 Inclui os trabalhos que analisaram a literatura publicada sobre a PCC.
Potenciais da PCC 1 5 Inclui o trabalho que analisou o potencial da PCC para a formação de professores de Biologia.
Processos de construções discursivas 1 9 Inclui o trabalho que analisou o processo de construção discursiva em disciplina de PCC.
Aproximação do cenário escolar 1 19 Inclui o trabalho que analisou a aproximação com o cenário escolar através da PCC e do estágio.
Recursos didáticos 1 12 Inclui o trabalho que analisou a utilização de um recurso didático em disciplina de PCC.
Proposta de formação 1 15 Inclui o trabalho que analisou uma proposta de formação de professores que inclui, entre outros, a PCC.

Fonte: Os autores.

Alguns estudos se dedicaram a analisar os trabalhos publicados que dizem respeito à PCC e, portanto, foram incluídos na categoria Análise de Publicações sobre Prática como Componente Curricular, demonstrando a preocupação em compreender a literatura produzida na área. Em nossa análise, emergiram, ainda, outras categorias. A saber, Potenciais da Prática como Componente Curricular, que inclui um trabalho publicado, cujo objetivo foi investigar os potenciais da PCC em contribuir com a formação de professores. Também observamos a categoria Processos de construção discursiva, que investigou esses processos na relação teoria-prática no interior de uma disciplina de PCC. A categoria, Aproximação do cenário escolar, contempla um estudo que investigou as relações de aproximação dos estudantes de um curso de licenciatura ao ambiente educativo, tanto pelo estágio curricular supervisionado, como pela PCC. Ainda, a categoria Recursos didáticos emergiu de um estudo cujo objetivo era o de investigar a utilização de um recurso didático em uma disciplina de PCC. Por fim, a categoria Proposta de formação emergiu a partir de um estudo no qual foi investigada uma proposta de formação de professores.

Em relação ao Corpus dos estudos, em particular às fontes de dados utilizadas, quatro categorias foram emergidas, a partir dos trabalhos analisados (Quadro 3). São elas: Documentos institucionais, que compreende os trabalhos que utilizaram os PPC (Projeto Pedagógico de Curso), as ementas de disciplinas e os relatórios institucionais como fontes de coletas de dados. Essa é a categoria que inclui o maior número de trabalhos, 45% dos trabalhos analisados, demonstrando que os documentos institucionais são as principais fontes de dados utilizadas nos estudos a respeito da PCC. Em seguida, a categoria Professores e alunos compreende os trabalhos que se utilizaram de entrevistas e questionários, tanto com docentes de cursos de licenciatura, quanto seus alunos, como fontes de dados em seus estudos sobre a PCC. Essa categoria representa, também, um importante dado, pois, para que se possa discutir a PCC é importante que se considerem as reflexões e ponderações de quem a realiza e vivencia.

Quadro 3 Síntese das categorias obtidas em relação às fontes de dados utilizadas pelos trabalhos analisados. 

Categoria Número de itens Trabalhos incluídos (código) Descrição da categoria
Documentos institucionais 10 1; 3; 7; 8; 10; 11; 14; 15; 16; 17 Inclui os trabalhos que utilizaram os PPC, as ementas de disciplinas e os relatórios institucionais.
Professores e alunos 6 2; 4; 5; 12; 19; 20 Inclui os trabalhos que utilizaram entrevistas e questionários com docentes e discentes.
Publicações sobre PCC 3 6; 13; 18 Inclui os trabalhos que utilizaram artigos, dissertações, teses e normativas.
Observações de aulas 1 9 Inclui o trabalho que observou aulas para coleta de dados.

Fonte: Os autores.

Conforme os objetivos estabelecidos nos estudos aqui analisados, a categoria relacionada às Publicações sobre Prática como Componente Curricular emergiu. Nessa categoria, foram incluídos os estudos que utilizaram estudos já publicados, legislações e normativas a respeito da PCC, como fontes de dados, demonstrando a importância de compreender a literatura existente na área. Por fim, um estudo utilizou-se de Observações de aulas como fonte de dados para a realização de seu estudo, buscando compreender as concepções de PCC que o docente possui.

Nem todos os estudos foram realizados no interior de uma instituição ou em relação a algum curso, porém observamos que os estudos ocorreram no âmbito de instituições públicas. Essa informação nos leva a um questionamento, sem resposta definitiva: por que as instituições privadas que oferecem cursos de licenciatura não constituem amostra dos estudos? Esse questionamento ocorre, principalmente, se as fontes de dados são os PPC e esses documentos devem estar disponíveis para consulta, segundo a Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, a qual regula o acesso à informação, garantindo a publicidade de documentos (Brasil, 2011). As instituições privadas poderiam, também, fazer parte de uma amostra. Ou essas instituições não cedem autorização para que estudos do tipo aconteçam?

No que diz respeito aos cursos em que foram realizadas as pesquisas, pudemos observar que a maioria dos estudos foram realizados em cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas (5), Licenciatura em Química (4), Licenciatura em Matemática (2), Licenciatura em Educação Física (2), Licenciatura em Filosofia (1), Licenciaturas Interdisciplinares (1), Licenciatura em Letras não especificada (1) e Pedagogia (1). Chamamos a atenção para o trabalho publicado por Albres e Souza Júnior (2019), pois, apesar de a PCC ser um componente curricular instituído para os cursos de licenciatura brasileiros, os autores observaram a sua implementação em um curso de bacharelado em Letras Libras. Para os autores, o PPC do curso justifica a realização da PCC, uma vez que se preconiza a relação entre as dimensões teóricas e práticas da formação, ainda que se trate de um bacharelado.

Em nossa análise, categorizamos, ainda, os estudos quanto aos resultados obtidos. Nesse sentido, observamos a existência de quatro categorias de análise (Tabela 4). A primeira categoria diz respeito às Fragilidades observadas em 75% dos trabalhos por nós analisados. Nesses trabalhos, os autores relataram que os cursos analisados estão de acordo com as DCN, quanto à carga horária mínima de 400 horas para a PCC e a distribuição desse componente desde o início do curso (Brandalise e Trobia, 2011; Kassemboehmer e Farias 2012; Silva, Jófili e Carneiro-Leão, 2014; Maffei, 2014; Souza Neto e Silva, 2014; Pereira e Velasco, 2015; Brito, 2017; Barbosa e Cassini, 2017; Chrysostomo e Messeder, 2017; Zabel e Malheiros, 2018; Albres e Souza Júnior, 2019; Boton e Tolentino-Neto, 2019ª; 2019b; Brasil e Guimarães, 2019; Bisconsini e Oliveira, 2019).

Quadro 4 Síntese das categorias obtidas em relação aos resultados obtidos pelos trabalhos analisados. 

Categoria Número de itens Trabalhos incluídos (código) Descrição da categoria
Fragilidades observadas 14 1; 3; 5; 6; 7; 8; 10; 11; 12; 13; 14; 16; 17;18; 19 Inclui os trabalhos que apontaram fragilidades em concepções, sentidos, organização e desenvolvimento da PCC.
Relevância da PCC 2 2; 4 Inclui os trabalhos que destacaram a relevância da PCC em seus resultados.
Habilidades docentes 3 9; 15 Inclui os trabalhos que destacaram, em seus resultados, o desenvolvimento de habilidades do trabalho docente.
Aproximação entre teoria e prática 1 20 Inclui o trabalho que destacou, em seus resultados, a PCC como aproximação entre teoria e prática.

Fonte: Os autores.

Os autores Brandalise e Trobia (2011) salientaram que as disciplinas de Instrumentação, que contemplam a PCC, têm significativas contribuições na formação dos acadêmicos, uma vez que disponibilizam, desde o início do curso, o envolvimento com atividades relacionadas ao trabalho docente. Todavia, existem fragilidades no desenvolver e realizar da PCC, que podem variar, desde o despreparo do docente, como também relatado por Chrysostomo e Messeder (2017), até a desvalorização das disciplinas pelos discentes e docentes. Além disso, Kassemboehmer e Farias (2012), em seu levantamento, observaram que, apesar de cumprir a carga horária, a PCC é um espaço de muitas dúvidas para quem construiu o PPC em questão, pois no curso de Licenciatura em Química analisado, a PCC não é apresentada em um lugar ou momento claro. Apesar disso, os conteúdos correspondentes ao saber de interface se encontram em consonância com aquilo que propõe a literatura, para a formação de professores de Ciências.

Há, também, o estudo de Brasil e Guimarães (2019), que investigou as concepções de PCC em cursos de Licenciatura em Química e observou que, em sua grande maioria, a carga horária de PCC é integralmente cumprida, distribuídas em disciplinas da área do conhecimento, disciplinas específicas para PCC, ou, em alguns casos, em ambas. Para os autores, as interpretações das normativas feitas pelos cursos estão relacionadas aos contextos nos quais estão sendo desenvolvidos.

Os resultados obtidos por Barbosa e Cassiani (2017) apontam um caminho semelhante ao de Brasil e Guimarães (2009): no PPC do curso analisado, a PCC não possui nenhuma definição clara. Além de outras fragilidades, como a carga horária estar inclusa em disciplinas que não podem, de acordo com as DCN, receber a PCC e docentes que atribuem sentido positivista à PCC, ligada às práticas de laboratório. Essa atribuição de sentido positivista à PCC também foi observada por Boton e Tolentino-Neto (2019b). Para Zabel e Malheiros (2018), não existe o total esclarecimento sobre o porquê da distinção dessa carga horária nos cursos e nem como a PCC deve ser desenvolvida. Foi observado, ainda, por Silva, Jófili e Carneiro-Leão (2014), que no desenvolvimento da PCC, propriamente dita, se priorizam os conhecimentos teóricos, sejam eles específicos ou pedagógicos, em detrimento da prática em si. Essas fragilidades estão de acordo com os resultados encontrados por Boton e Tolentino-Neto (2019b), ao analisarem artigos, dissertações e teses publicadas sobre PCC: apesar de haver conhecimento relacionado à PCC, ainda existe falta de entendimento sobre como é e como deve ser desenvolvida a PCC.

Outra fragilidade da PCC foi destacada por Bisconsini e Oliveira (2019), que observaram que os licenciados em Educação Física não reconhecem a PCC como forma de aproximação com o trabalho docente, apenas o Estágio Curricular Supervisionado, mas que existe a necessidade de outras iniciativas para intensificarem o contato com a escola, ao longo da formação, no sentido de ampliar o repertório de vivências que abordem a rotina do professor de Educação Física na Educação Básica. Essas observações demonstram que, apesar de muitos anos terem se passado desde a regulamentação da PCC pelas DCN de 2002, os formadores de professores ainda não possuem um claro entendimento do papel da PCC e, além disso, os seus discentes ou não reconhecem a PCC como formadora ou a desvalorizam.

Dentro da categoria Fragilidades observadas, Brito (2017) observou que as licenciaturas interdisciplinares analisadas, embora obedeçam às normativas, subvertam-se em prol da inovação, da singularidade e da originalidade atribuídas a esses cursos. Ou, ainda, como observado por Souza Neto e Silva, em seu estudo publicado em 2014, na Universidade Federal Paulista, a PCC é abordada em disciplinas de conteúdos específicos, disciplinas de fundamentos da educação, em disciplinas dos cursos e, ainda, no estágio curricular supervisionado. Contudo, um curso de Pedagogia ofertado pela instituição não possui carga horária dedicada à PCC, estando fora do imposto pelas normativas (Souza Neto e Silva, 2014).

Albres e Souza Júnior (2019) relataram que, apesar de ser um curso de bacharelado, a PCC está presente desde a primeira fase da formação, cumprindo a carga horária exigida nas DCN, embora, em algumas disciplinas, a carga horária de PCC prevista seja de 36 horas, no planejamento docente esteja reduzida a 4 horas. Para os autores, em alguns casos, a dedicação da carga horária é ainda redundante, pois a disciplina em questão já trata da prática por si só, exigindo uma melhor distribuição dessa carga horária.

Essa categoria analítica sobre as fragilidades da PCC apontadas nos estudos analisados, está de acordo, ainda, com os resultados de um dos trabalhos aqui analisados. Maffei (2014) afirma que poucas são as publicações que retratam a PCC em cursos de Licenciatura em Educação Física, porém os estudos estão preocupados em apresentar quais as fragilidades são encontradas em relação à PCC e ao seu papel na formação de professores. Esse é mais um fator a ser observado, uma vez que se expande para os demais cursos de licenciatura. No entanto, apesar de todas as fragilidades observadas quanto à PCC, Pereira e Velasco (2015) apontaram que as PCC propõem reflexões a respeito do Ensino de Filosofia, e atribuem ao curso de Licenciatura em Filosofia identidade própria, o que faz com que o curso não se confunda com o bacharelado.

Outra categoria que emergiu de nossas análises é a que abrange os estudos cujos resultados destacaram a Relevância da Prática como Componente Curricular, como Calvo e Freitas (2011) observaram, em que os docentes do curso de Licenciatura em Letras analisado reconhecem a relevância da PCC desenvolvida, desde o início do curso. Para os autores, é importante ter clareza do conceito de transposição didática no desenvolvimento da PCC, bem como ações coletivas entre os formadores, favorecendo o comprometimento com a formação dos licenciados. Já Viana, Munford, Ferreira e Moro (2012) consideram o docente responsável pela disciplina observada, visto que reconhece a importância desses conteúdos, ainda que suas práticas concordem com o modelo da racionalidade técnica. Reconhecer a importância da proposta da PCC em articular as dimensões teóricas e práticas da formação é importante para o desenvolvimento da mesma e demonstra preocupação com a formação de professores.

Já na categoria Habilidades docentes, está incluído o trabalho desenvolvido por Brandt e Habold (2019), no qual demonstraram que a PCC, tendo como eixo a pesquisa, é indispensável para o desenvolvimento de habilidades de investigação do futuro professor, contribuindo para a sua formação profissional, científica, política e artística. Outro trabalho incluído na categoria, é o desenvolvido por Viana, Munford, Ferreira e Fernandes, em 2015, cujos resultados apontaram que as relações teoria-prática são construídas em diferentes momentos da formação inicial de professores, principalmente na discussão e na mobilização de experiências em relação ao trabalho do professor.

Por fim, o trabalho publicado por Calixto, Kiouranis e Vieira (2019) foi incluído na categoria Aproximação entre teoria e prática. No estudo, os autores relataram que a PCC é concebida pelos docentes como uma forma de aproximar teoria e prática, valorizando saberes relacionados aos aspectos da aprendizagem no Ensino de Química (Calixto, Kiouranis e Vieira, 2019). Nesse sentido, as possibilidades de implementação da PCC são remetidas aos componentes curriculares que trabalham esses saberes (Calixto, Kiouranis e Vieira, 2019).

Considerações Finais

A partir dos trabalhos analisados, pudemos observar que, ainda, são poucos os trabalhos publicados com a temática da PCC em periódicos indexados no Portal de Periódicos da Capes. Dos vinte trabalhos analisados, o que nos chamou mais atenção é que observamos que a maioria concentra-se em analisar a consonância de cursos em relação às DCN, ao mesmo tempo em que investigam os sentidos e o desenvolvimento da PCC. Apesar de os trabalhos destacarem que os cursos analisados se encontram de acordo com o exigido pelas DCN, no que refere-se à carga horária e distribuição da PCC, muitas são as fragilidades encontradas no interior dos cursos analisados nesses trabalhos, como demonstrado pela grande porcentagem de trabalhos que as destacaram (75%).

Dentre as principais fragilidades relatadas, está o desconhecimento dos docentes - os textos encontrados demonstraram que os formadores nos cursos de licenciatura pouco sabem sobre a PCC. Ou, ainda, sentem dificuldades no desenvolvimento ou cumprimento das atividades de PCC. Apesar de 18 anos terem se passado, desde a instituição da PCC nos cursos de licenciatura, nos trabalhos publicados ainda se relatam dificuldades no que tange à compreensão desse componente curricular, que variam desde a falta de compreensão da PCC, a desvalorização desse componente caracterizada pelo baixo valor em avaliação quando comparado às demais avaliações da disciplina, e a confusão no sentido da prática, sugerindo a interpretação equivocada e a atribuição de sentido positivista de que a prática se refere às práticas de laboratório, principalmente em cursos da área de Ciências da Natureza, que possuem componentes práticos de conhecimento específico da área.

A partir de nossa análise, dentre os trabalhos que buscaram dados além dos documentos oficiais, a maioria utilizou relatos de professores e alunos. Observamos, que poucos trabalhos se preocupam em observar o que realmente acontece em sala de aula, durante a carga horária de PCC, ainda que essa observação possa ser subjetivada pelas interpretações do pesquisador.

Nos chama a atenção, que apenas um trabalho se preocupou com o recurso didático utilizado na PCC e, principalmente, nenhum trabalho apresentou propostas para a realização da PCC, em qualquer dos cursos ou disciplinas que compuseram sua amostra. Isso sugere a nós que, embora a PCC seja estudada pelos pesquisadores, talvez, para eles, o seu desenvolvimento seja uma questão difícil. A literatura sobre a PCC carece de propostas de atividades de realização da mesma, o que é um campo fértil de desenvolvimento de trabalhos, que poderiam contribuir de forma bastante enriquecedora ao desenvolvimento desse componente, na formação de professores.

Nesse viés, entendemos a necessidade de diálogos e discussões entre os formadores, tanto da área específica, quanto pedagógica, buscando a compreensão do sentido da PCC, tal como apresentado pelos documentos oficiais das DCN, tendo em vista a real efetivação desse componente, além de pesquisadores e estudiosos da PCC. Uma vez que os resultados aqui obtidos demonstraram a contribuição da PCC, na formação dos futuros professores, ao levar a reflexão da prática profissional, ao longo de toda a formação, desenvolvimento de atitudes reflexivas e de pesquisa, importantes para a educação no cenário atual.

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Recebido: 03 de Março de 2021; Aceito: 23 de Maio de 2021; Publicado: 19 de Junho de 2021

Correspondência ao Autor1 Gabriela Schmitz E-mail: gabrielaluisas@gmail.com Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil CV Lattes http://lattes.cnpq.br/0566759862829960

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