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Educação & Formação

versión On-line ISSN 2448-3583

Educ. Form. vol.7  Fortaleza  2022  Epub 28-Jun-2022

https://doi.org/10.25053/educ.form.v7.e7189 

Artigos

Motivos para a evasão das meninas em Projetos de Inclusão Social por meio do esporte

Razones para la evasión de las niñas de los proyectos de inclusión social a través del deporte

Jose Antonio Viannai 
http://orcid.org/0000-0003-3630-3321; lattes: 8688907789895910

Ulhiana Maria de Medeiros Arrudaii 
http://orcid.org/0000-0001-5831-9821; lattes: 3196582797347171

Paulo Coelho Araújoiii 
http://orcid.org/0000-0002-0993-3101; lattes: 5762817440235743

iUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: javianna@hotmail.com

iiUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: umamedeiros@globo.com

iiiUniversidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. E-mail: pcaraujo@fcdef.uc.pt


Resumo

Este estudo exploratório, de abordagem qualiquantitativa, procurou verificar a percepção de professores e ex-alunas em Projetos de Inclusão Social por meio do esporte, sobre os motivos para a evasão dos participantes do gênero feminino. Responderam ao questionário semiestruturado 23 professores (M idade = 37,7 anos) e foram entrevistadas dez ex-alunas (M idade = 17,1 anos) em dois Projetos de Inclusão Social situados no interior de favelas no Rio de Janeiro. As informações extraídas respeitaram os critérios de análise de narrativa, sendo triangulados com o referencial teórico da área. Foram identificados motivos para a evasão de ordem social, pedagógica, psicológica e de gestão. A necessidade de trabalhar e a de estudar foram os principais motivos apontados para a evasão. Os procedimentos didáticos nas aulas também foram citados com destaque, além da descontinuidade das políticas públicas de esporte e lazer para as camadas populares.

Palavras-chave: gênero; esportes; inclusão social; evasão; meninas

Resumen

Este estudio exploratorio, con enfoque cualicuantitativo, buscó verificar la percepción de docentes y exalumnos en Proyectos de Inclusión Social a través del deporte sobre los motivos de la evasión de las participantes femeninas. Veintitrés profesores (M edad = 37,7 años) respondieron el cuestionario semiestructurado y diez exalumnos (M edad = 17,1 años) fueron entrevistados en dos Proyectos de Inclusión Social ubicados en el interior de favelas de Río de Janeiro. La información extraída respetó los criterios de análisis narrativo, siendo triangulada con el marco teórico del área. Se identificaron las razones de la evasión social, pedagógica, psicológica y gerencial. La necesidad de trabajar y la de estudiar fueron las principales razones aducidas para la evasión. También se destacaron los procedimientos didácticos en las clases, además de la discontinuidad de las políticas públicas de deporte y ocio para las clases populares.

Palabras clave: género; deportes; inclusión social; evasión; chicas

Abstract

This exploratory study, with a quali-quantitative approach, sought to verify the perception of teachers and former students in Social Inclusion Projects through sports on the reasons for the dropout of female participants. Twenty-three teachers (M age = 37.7 years) answered the semi-structured questionnaire and ten former students (M age = 17.1 years) were interviewed in two Social Inclusion Projects located in the interior of favelas in Rio de Janeiro. The extracted information respected the narrative analysis criteria, being triangulated with the theoretical framework of the area. Reasons for social, pedagogical, psychological and management evasion were identified. The need to work and study were the main reasons given for evasion. The didactic procedures in the classes were also highlighted, in addition to the discontinuity of public policies for sport and leisure for the lower classes.

Keywords: gender; sports; social inclusion; evasion; girls

1 Introdução

Atualmente verificamos um incremento em campanhas para estimular o desenvolvimento de atividades físicas para crianças e jovens, particularmente em alguns grupos populacionais mais vulneráveis - Organização das Nações Unidas (ONU) -, justificadas pelos riscos do agravamento de doenças crônicas e/ou pelo sedentarismo verificado nessas populações, em face de um conjunto de novas práticas sociais, por certo, mais aliciantes para a ocupação dos seus tempos livres.

Tendo em conta que os grupos populacionais mais vulneráveis são aqueles que mais se ressentem da falta de oportunidades sociais e de estímulos físicos e desportivos, em especial, as faixas etárias que compreendem as crianças e jovens (5 a 17 anos), levou a ONU (2018), refletindo as preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a sugerir para esse público-alvo a prática diária de atividade física de moderada a intensa, de forma a propiciar um estilo de vida mais ativo e saudável.

Contemporaneamente, o esporte contempla um aspecto mais global de educação, no qual as crianças e adolescentes, meninas ou meninos, conseguem aprender mais do que a habilidade motora, compreendendo também a afetividade e a mudança positiva de atitude (ZALUAR, 1994). Aproveitar essa capacidade é transformar o esporte em uma ferramenta pedagógica poderosa.

As proposições da OMS e da ONU se materializaram em campanhas difundidas pela mídia e pelos governos de distintos países (CLARKE; JONES; SMITH, 2021) e em Projetos de Inclusão Social através do esporte (PIS), dirigidos para as populações mais vulneráveis, buscando influenciar as pessoas para que assimilem crenças positivas sobre a prática regular de atividades físicas (KRAVCHYCHYN; OLIVEIRA, 2015; VIANNA; LOVISOLO, 2011).

No Brasil, a partir da década de 1980, foram elaborados programas educativos governamentais com vistas ao atendimento através do esporte ou do trabalho de determinados grupos populacionais, favorecendo, assim, a sua inclusão social, traduzindo-se em benefícios quer na redução da evasão escolar, quer no combate ao trabalho infantil, além de perspectivar uma menor associação com o tráfico de drogas durante a infância e adolescência no contexto das comunidades populares onde se inseriam (ZALUAR, 1994).

Acredita-se que os impactos dos PIS são capazes de atingir a vida de crianças e adolescentes, mais concretamente na vida de meninas moradoras de comunidades populares no município do Rio de Janeiro, considerando que as pressões sociais impostas sobre elas, principalmente na fase da puberdade, estabelecem barreiras para a prática física e/ou esportiva (ONU MULHERES, 2016).

As pressões sociais ocorridas até os 15 anos de idade entre as meninas brasileiras concorrem para o índice de abandono desportivo, que se situa nos 34,8%, enquanto, entre os meninos, o índice de abandono desportivo se apresenta com valores de 19,3% (BRASIL, 2015). Essas informações sugerem a necessidade de investimentos em pesquisas que abordem o ingresso, a permanência e a evasão de meninas no esporte, com a perspectiva de ampliar e aprofundar a compreensão desse fenômeno.

Apesar do crescimento no número de pesquisas sobre gênero no Brasil (SILVA; DIAS; RIOS, 2020), ao pesquisar os artigos que tinham como temáticas centrais “gênero”, “esporte” e “projetos sociais” em três plataformas de produções científicas (Scielo, Periódicos Capes e Lilacs), Medeiros (2020) identificou 643 publicações no período entre 2013 e 2019. Do quantitativo de artigos selecionados para a revisão integrativa (80), a autora identificou que 36,25% dos artigos (29) destacavam a relação de gênero com base em aspectos biológicos; 20% (16) sobre diferenças de gênero e sexualidade no esporte; 5% (4) sobre os efeitos da prática esportiva por gênero em crianças e/ou adolescentes; e 2,5% (2) sobre transgêneros no esporte. Entre os estudos selecionados, apenas 10% (8) abordavam a temática de gênero no campo dos PIS e seus impactos na vida social e escolar de meninas.

Um aspecto a ser considerado é que as pesquisas de avaliação do impacto social em PIS colocaram o seu foco nos sujeitos em atividade nas instalações esportivas, mas com pouca atenção aos motivos diversos que concorreram para que os indivíduos participantes dos PIS abandonassem as atividades desportivas, em especial, os do gênero feminino. Para lançar luz sobre esse fenômeno, o presente estudo teve como objetivo verificar a percepção de professores e ex-alunas em PIS sobre os motivos para a evasão dos participantes do gênero feminino.

2 O contexto teórico

Os estudos referentes à organização social de relação entre os sexos (SCOTT, 1990) e à distinção das pessoas por gênero, cor, entre outras diferenças específicas da natureza humana (DACOSTA et al., 2005), tiveram impacto direto no meio esportivo, pois ajudaram na compreensão acerca do que é construído social e culturalmente em um determinado espaço/tempo como sendo associado a homens e mulheres de maneira segregada - relacionadas com as percepções sobre os corpos, as gestualidades, as representações de saúde, beleza e desempenho (GOELLNER, 2013).

Segundo Goellner (2013), os estudos desenvolvidos nesse período contribuíram para a quebra de paradigmas e do senso comum em relação aos discursos que hierarquizam homens e mulheres socialmente, reproduzindo e reafirmando tais práticas. Essa quebra de paradigmas de gênero contribui também para a conscientização social sobre o tema, ressaltando a necessidade de maior atenção na definição das políticas públicas que promovem a igualdade de direitos entre gêneros nos diferentes campos de conhecimento, entre eles, o esporte.

No Brasil, numa análise dos três Planos Nacionais de Políticas para Mulheres (PNPM), Bertollo e Schwengber (2017) concluíram que o esporte, juntamente com o lazer, ganhou espaço nos referidos documentos com o passar das edições, até obter, em sua terceira edição, um plano de ação com estratégias e metas definidas que impactariam a vida das mulheres brasileiras através do esporte e sua manifestação no campo do lazer.

A hierarquização entre os gêneros também tem se manifestado em aulas de Educação Física. Altmann, Ayoub e Amaral (2011) e Bittencourt e Bassalo (2021) verificaram nas falas de professores e professoras que as situações de conflito entre meninos e meninas se dão devido a uma diferença de habilidade e força entre eles. Segundo os autores, os estímulos feitos pelo docente contribuem para minimizar os conflitos e para favorecer a inclusão das meninas nas atividades nas aulas. Aniszewski et al. (2019) chamam a atenção para a seleção de conteúdo para as aulas de Educação Física, pelo fato de o predomínio dos esportes ser mais motivante para os meninos do que para as meninas e outros grupos não enquadráveis no binarismo da diversidade de gênero (PRADO; RIBEIRO, 2014) e favorecer mais as habilidades do primeiro grupo.

Esses resultados derivados de estudos em ambiente escolar nos permitem considerar ser necessário a busca do equilíbrio no oferecimento das atividades que agradem o público feminino e a toda diversidade de gênero como uma estratégia fundamental para o atendimento de suas necessidades e demandas nos variados ambientes da prática esportiva, ajudando a construir e potencializar o gosto pelos esportes e pelas práticas corporais em geral. Parece ser necessário também o conhecimento dos interesses e necessidades do público a que se destina a atividade ministrada, a fim de possibilitar o acordo entre as propostas institucionais, as crenças, os valores dos(as) professores(as) e as aspirações e expectativas dos alunos(as).

3 Metodologia

Esta pesquisa exploratória colocou ênfase na busca por informações, detalhes e lacunas pertinentes aos motivos para a evasão das meninas nas aulas esportivas e corporais dos projetos sociais. Optou-se pelo levantamento de dados quantitativos e qualitativos que auxiliaram na descrição das principais características e informações desse fenômeno (MINAYO, 2009) em dois PIS, ambos situados no interior de favelas no município do Rio de Janeiro, em locais com características similares de vulnerabilidade social.

Os sujeitos deste estudo foram separados em dois grupos de indivíduos com a seguinte composição: Grupo 1 (G1): 23 professores em atividade no projeto (8 Fem. / 15 Masc.), com idade média de 37,7 anos; e Grupo 2 (G2): 10 ex-alunas nos PIS com média de 17,1 anos de idade.

Os sujeitos do G1 responderam a um questionário autoadministrado composto por 15 questões, elaborado especificamente para este estudo, para que os sujeitos pudessem expressar suas percepções acerca dos motivos para a evasão das meninas no PIS.

As participantes do G2 foram selecionadas a partir das fichas de inscrição e matrícula nos arquivos dos PIS. O número de sujeitos foi estabelecido de acordo com o nível de saturação na frequência das respostas, ou seja, as respostas passaram a ficar repetitivas. A técnica para a coleta de dados foi a entrevista individual com perguntas abertas, na qual a entrevistada poderia discorrer sobre os seus motivos para a evasão do PIS, de modo não diretivo (CRESWELL, 2007; MINAYO, 2009). As entrevistas foram realizadas individualmente nas instalações esportivas onde se desenvolveram os PIS. Para uma análise mais detalhada, as entrevistas foram gravadas (apenas o áudio) e transcritas.

Em ambos os grupos, o processo de classificação e organização das falas dos sujeitos em categorias foi feito mediante alguns critérios: a) Semântico: palavras e expressões com sentidos e significados similares; b) Teórico: o aparecimento de palavras e expressões que compõem ou fazem parte do mesmo conceito ou ideia de pensamento presente na literatura. Buscou-se, com a análise das informações, levantar recorrências nas respostas.

Os dados coletados e as informações extraídas respeitaram os critérios de análise de narrativa proposta por Certeau (1998) para posterior triangulação com a literatura nacional e internacional sobre o tema (CRESWELL, 2007). A presente pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 15352219.5.0000.5282.

4 Resultados e discussão

Neste bloco apresentamos os resultados que podem contribuir para identificar os motivos que concorreram para que as ex-alunas dos PIS abandonassem as atividades esportivas promovidas pelos programas implantados nos espaços das favelas do Rio de Janeiro.

Quanto à análise das respostas dos professores e das ex-alunas dos PIS sobre os motivos para a evasão, estas foram reunidas em categorias para facilitar a compreensão dos fatos que concorreram para o abandono das atividades. Destacaram-se na análise dos discursos os motivos: “Social” (necessidade de trabalhar, ter que dar mais atenção aos estudos ou não ter companhia para se deslocar até o PIS); “Pedagógicos” (questões relacionadas diretamente às aulas); “Gestão” (paralisações das aulas no PIS por motivos político e sociais); e “Psicológico” (não gostar da modalidade, não se identificar com a modalidade e outros).

Foram identificados os seguintes motivos para a evasão na percepção dos professores investigados (Tabela 1).

Tabela 1 Percepção dos professores dos motivos para a evasão feminina no PIS 

Aspectos Social Pedagógico Psicológico Gestão
Motivos Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Gravidez precoce 10 13
Não ter amigos na aula 8 10,4
Trabalho doméstico 8 10,4
Brigas com meninos 6 7,8
Preconceito 3 3,9
Envolvimento com o tráfico 1 1,2
Não gosta da aula 15 19,5
Não alcançou metas pessoais 4 5,2
Não gosta da atividade/modalidade 4 5,2
Insegurança 9 11,7
Não se identificou com a atividade 6 7,8
Sem talento/habilidade 3 3,9
Total 36 46,7 23 29,9 18 23,4 - -

Fonte: Os autores.

*Foram permitidas respostas múltiplas.

Os dados revelam que os professores consideram que os principais motivos para que as meninas abandonem as atividades no PIS são de ordem social (46,7%), com destaque para a gravidez precoce, o trabalho doméstico e não ter amigos na atividade escolhida. Entre os aspectos citados pelos professores, apenas a necessidade de trabalhar ou estudar foi confirmada na fala das ex-alunas, o que sugere a necessidade de estabelecer acordos intersubjetivos que favoreçam a eficácia das propostas pedagógicas (ZALUAR, 1994). Brigas com os meninos, preconceito em praticar atividade considerada masculina e envolvimento com tráfico de drogas foram identificados pelos docentes com menor ênfase.

Não gostar da aula, não ter alcançado as metas pessoais e não gostar da modalidade/atividade foram considerados como motivos de ordem pedagógica (29,9%) por terem relação com os procedimentos e estratégias de ensino que podem promover a adesão, a aderência ou a evasão dos participantes. Nesta categoria, não gostar das aulas foi o item citado com maior recorrência entre todos os indicadores para a evasão. É necessário destacar que os procedimentos didáticos são os instrumentos tanto para possibilitar a utilização do conteúdo como um meio para o desenvolvimento integral do aluno quanto para possibilitar ao discente alcançar as suas aspirações. Em ambos os motivos anteriores ocorre um processo de exclusão motivado por fatores externos ao praticante.

Ainda segundo os professores, em terceiro lugar (23,4%) se encontra os motivos com características psicológicas (insegurança em praticar com meninos, julgar-se sem talento/habilidade para praticar ou não se identificar com a modalidade), o que pode provocar a autoexclusão. No entanto, assim como na pesquisa de Vianna, Souza e Reis (2015) com alunos no ambiente escolar, a maior parte dos professores investigados percebe que os casos de evasão de meninas causado pelo constrangimento gerado por meninos ocorre “poucas vezes” (9 menções) ou “nunca” aconteceu (10 menções). Enquanto três respondentes afirmaram que esse fato ocorre muitas vezes.

A análise dos dados coletados com as ex-alunas revela pontos de acordo e divergências entre a percepção dos professores investigados. Embora os motivos de ordem social também tenham tido maior recorrência na fala das ex-alunas, as respostas diziam respeito principalmente: a) à necessidade de começar a trabalhar para auxiliar na renda familiar ou para o sustento próprio. Entendemos serem essas preocupações derivadas da faixa etária das entrevistadas, que, estando nos últimos anos de escolaridade e sem perspectivas de continuidade no sistema formal de ensino, ingressam no mundo do trabalho; b) à demanda de atividades escolares ou à incompatibilidade de horário com as aulas escolares, que aparecem associadas ao seu ingresso no ensino superior em horário pós-laboral. Esses fatores justificam, conforme os excertos a seguir, o abandono das atividades esportivas oferecidas através dos PIS.

[...] como eu não tava mais estudando, eu queria um pré-vestibular que não fosse o dia todo [...], mas que me ajudasse. E aí eu fazia sábado, de graça. [...].

Aí eles estavam encaminhando para Jovem Aprendiz, e aí calhou de eu ser selecionada lá, e aí esse ano eu comecei a trabalhar e também passei na faculdade à noite.

[…] eu saio do trabalho e vou pra faculdade à noite. […] não dá pra fazer mais nada durante a semana. (EX-ALUNA G2-3, 19 anos).

Por esse relato, percebemos as mudanças de prioridades dessas jovens, que vão mudando segundo novos interesses e perspectivas em relação ao presente e ao futuro, ou conforme as oportunidades sociais que aparecerem fora dos PIS, como se sobressai no relato que destacamos a seguir:

O motivo foi escolha. Chega um momento na vida que a gente tem escolhas, aí eu tive que escolher entre o balé e a ginástica [...]; eu acho que foi por conta de oportunidade também, porque lá [na escola de balé] eu ia ter curso de formação de professores de dança. (EX-ALUNA G2-4, 17 anos).

Vale referir que os PIS não têm como perspectiva iniciar a formação profissional na atividade praticada, similar à formação promovida por escola de dança ou por curso superior dessa modalidade para licenciar bailarinos e bailarinas. Porém, é de fundamental importância o entendimento dos PIS sobre essa demanda formativa das meninas, sendo nesses espaços, para muitas delas, o primeiro contato com uma modalidade esportiva, de luta ou dança. Cremos que o não atendimento das expectativas femininas através desse primeiro contato pode gerar uma experiência negativa, cuja tendência seria a evasão da modalidade (MEDEIROS; VIANNA, 2021; VIANNA; LOVISOLO, 2018; VOTRE et al., 2011).

No que se refere à aquisição de habilidades e competências esportivas nos espaços dos PIS, é essencial garantir que as demandas sejam minimamente correspondidas, para, desse modo, contribuir para a permanência dos participantes e garantir o sucesso nas ações de socialização e formação cidadã promovidas pela instituição ao longo do tempo. Em estudo longitudinal com jovens indianos Bhan et al. (2020) identificaram que a prática esportiva pode aumentar a participação social e ampliar os benefícios para a subsistência de adolescentes, além de diminuir a tendência ao casamento infantil e aumentar o uso de anticoncepcionais entre as meninas, o que corresponde, na perspectiva da cultura local, à elevação do capital social e à ampliação das oportunidades sociais das participantes (HILLS; WALKER; BARRY, 2019).

Ao não contemplar as demandas iniciais das meninas, os PIS podem reforçar as estatísticas de pesquisas macrossociais sobre o nível de atividade física desenvolvida no Brasil, que destacam que as pessoas do gênero feminino são mais sedentárias e com nível de atividade física praticada inferior ao do gênero masculino durante a adolescência e a vida adulta (HENRIQUE; ANISZEWSKI; SIMÕES, 2020), bem como não contribuir para modificar o baixo nível de brasileiros ativos (30% da população), o que atinge principalmente os sujeitos das camadas populares (UNDP, 2017). Em contrapartida, ao contemplar os interesses dos praticantes, o PIS pode contribuir para a adesão das meninas e promover melhor nível de atividade física e peso corporal dentro dos níveis recomendados.

As influências do meio social que determinam papéis sociais para os gêneros masculino e feminino, tal como a realização do trabalho doméstico (trabalho não remunerado, que é, na maioria das vezes, desempenhado por mulheres), devem ser consideradas como um aspecto que colabora para a maior evasão das meninas (BRASIL, 2015; ONU MULHERES, 2016). Segundo Votre et al. (2011), na relação entre o trabalho doméstico não remunerado e o lazer, este último acaba ocupando um espaço pouco importante na vida das pessoas do gênero feminino, que devem ter outras ocupações prioritárias na vida doméstica. O lazer para esses sujeitos se configura em atividades domésticas mais leves ou atividades de lazer dentro do próprio espaço da casa, como assistir à televisão, por exemplo; enquanto, para os do gênero masculino, o lazer é considerado um momento da prática esportiva ou outras atividades que extrapolem os espaços da sua residência, cujo entendimento de lazer está associado à diversão, ao esporte e à fuga da rotina.

Assim como o trabalho desempenhado por ambos os gêneros, a prática de atividades físicas e esportivas também sofre com a marca social acerca do que é destinado ao universo masculino e feminino. Os sujeitos não realizam atividades em conjunto, pois desde cedo aprendem socialmente que meninos e meninas brincam e praticam exercícios diferentes, sob o viés de que são biologicamente diferentes. Mesmo atualmente, quando a igualdade de gênero vem ganhando espaço nas questões físicas e esportivas, a segregação por gênero ainda é encontrada como marca de alguns espaços e modalidades (VOTRE et al., 2011).

Destacaram-se também na fala das entrevistadas alusões sobre os motivos de ordem social - “Não ter ninguém para levar ao PIS” -, mais relacionados às alunas com idades de 10 e 14 anos, que necessitam de companhia para se deslocar até as instalações do PIS, com menos riscos de aliciamento e desvios de conduta provocados pela criminalidade local ou de serem vitimizadas nos confrontos violentos entre bandidos e policiais.

Assim como nos dados levantados com os professores, os aspectos pedagógicos nas aulas do PIS surgiram na fala das ex-alunas como o segundo motivo mais recorrente nas categorias levantadas, que podem ser representados no excerto a seguir:

Aos poucos, aquilo não foi me trazendo entusiasmo pra eu permanecer. Então, aos poucos eu fui abandonando. [...] eu saí da natação e até hoje ninguém veio me perguntar: ‘Ah! Por que você saiu?’. Acho que ninguém deve ter notado isso. (EX-ALUNA G2-5, 18 anos).

Esse relato nos remete ao fato de como o não atendimento de uma demanda pode não apenas gerar evasão, mas, acima de tudo, pode causar algum sentimento de frustração e rejeição por parte dos participantes. Destaca-se na fala da entrevistada G1-5 a importância do(a) professor(a) ter atenção durante as aulas aos sinais dados pelos participantes nas atividades, abrindo espaço para o feedback sobre a qualidade das aulas, o impacto sobre a sua evolução e eventualmente sobre a ocorrência de evasão dos PIS.

As orientações de Cely et al. (2017), de que o professor deve assumir a responsabilidade de promover estratégias que respeitem o nível de conhecimento e habilidade de todos os(as) seus(uas) alunos(as), parecem adequadas neste contexto de educação por meio de atividades físicas, assim como em outros ambientes de formação de sujeitos em situação de vulnerabilidade social. Para tanto, é importante que o docente assuma uma postura receptiva e mediadora e que os conteúdos da aula sejam elaborados para acolher e respeitar as diferentes demandas dos educandos (LOPES; SILVA; FERREIRA, 2020). Nessa mesma linha de raciocínio, Constantino e Silva (2015) afirmam que, além de os professores darem importância às posturas, personalidades e demandas diferentes dos alunos, o que se revela fundamental para a sua ação docente é que seja uma prática pedagógica pautada em estratégias de ensino adequadas às particularidades dos alunos e do contexto social no qual o ensino se desenvolve.

Outro motivo de ordem pedagógica identificado nos dados foi a perspectiva de aprendizagem, que também foi identificado nos estudos de Vianna e Lovisolo (2009) e Zaluar (1994), nos quais atender às aspirações dos participantes de aprender mais e melhorar o desempenho no esporte seria um fator para motivar a permanência dos praticantes nas atividades dos PIS.

Não gostar das estratégias de ensino, da modalidade ou das aulas ministradas pelos professores (Tabela 1) pode ser sinal de que os procedimentos didáticos e pedagógicos nas aulas dos PIS não atenderam às expectativas das meninas que abandonaram as atividades. Parece ser imperativa a promoção de acordos pedagógicos com os distintos grupos etários em atenção às necessidades e demandas de cada grupo. Ao considerar que a competência técnica é um domínio motivacional considerado importante pelos praticantes em PIS para a atividade física (BENTO et al., 2019), o professor tem o papel de mediador e condutor do diálogo pedagógico para o estabelecimento de regras e acordos entre as partes.

Como estratégia de ensino que pode ser utilizada para estimular o investimento das meninas das camadas populares em atividades físicas esportivas, pode ser citada a participação em grupos de pares com elas mediante características sociais (por exemplo: filhas de mães solteiras) (SCHAILLÉE; THEEBOOM; VAN CAUWENBERG, 2015) e oportunizar responsabilidades de liderança (BEAN et al., 2015).

A fala das ex-alunas revelaram ainda elementos de ordem de gestão da política pública como motivos para a evasão em PIS - tais como as “interrupções nas aulas dos PIS” associadas à descontinuidade de políticas governamentais de esportes e lazer, que promovem a descontinuidade das atividades e desestimulam a permanência nas atividades praticadas -, o que não foi identificado no grupo de professores, que não parecem perceber que os efeitos negativos da descontinuidade das atividades colaboram para aprofundar os efeitos da exclusão social e da pobreza na vida de crianças e adolescentes das camadas populares, que se manifesta como o cerceamento à participação e à obtenção dos benefícios da prática (COLLINS; HAUDENHUYSE, 2015).

Esses motivos para a evasão alertam sobre a necessidade da adoção de políticas públicas que sejam capazes de levar um serviço de qualidade e sem quebra de continuidade, em especial, para as populações mais vulneráveis socialmente, que são afetadas, rotineiramente, com interrupção de aulas nas escolas e nos programas sociais devido aos confrontos motivados pela criminalidade violenta. O Poder Executivo Municipal negar ou interromper esses serviços é também uma violação dos direitos constitucionais ao esporte e ao lazer (ZALUAR, 1994), que pode ter implicação negativa na formação e na elevação do capital social dos participantes atendidos pelas políticas de inclusão social através das atividades físicas e esportivas (PIKE; PAGE; VINAS, 2018).

Aspectos de matriz psicológica, como não gostar da modalidade e não se identificar com a atividade (na perspectiva das ex-alunas) e sentimento de insegurança; não se identificar com a atividade ou julgar-se sem talento para a prática (sob o viés dos professores), entre outros, foram verificados com menor ênfase do que os aspectos social e pedagógico, em ambos os grupos. A oferta de atividades diversificadas parece ser fundamental para permitir aos praticantes vivenciar várias modalidades, até optar por aquela com que mais se identifica.

As atividades com caráter predominantemente masculino parecem não contribuir para a adesão feminina e resultar em evasão, abreviando o período de permanência nas atividades do PIS. Essa experiência de curto prazo pode comprometer os benefícios psicológicos, tais como a percepção de competência motora, cognitiva e global (BRAUNER; VALENTINI; SOUZA, 2017) e a resiliência (BHAN et al., 2020; CORTÊS NETO et al., 2020), que são decorrentes da prática da atividade por maior período de tempo.

5 Considerações finais

Relativamente aos motivos expressos pelos professores e pelas ex-alunas dos PIS na cidade do Rio de Janeiro, consideramos que o número pequeno da amostra não nos permite tecer maiores considerações sobre outros motivos que eventualmente concorrem para a evasão de programas de inclusão social através da atividade física e do esporte.

Apesar dessa consideração, é-nos permitido interpretar que a variável idade pode permitir a expressão de motivos distintos, se tivermos em conta que os motivos expressos para a evasão das alunas mais velhas se associam à busca de emprego ou à continuidade dos estudos em cursos universitário ou pré-universitário, enquanto os motivos mais relevantes expressos para a evasão das ex-alunas mais jovens as associam à impossibilidade de deslocamento até as atividades, sem a companhia de um responsável, por questões de segurança.

Alguns dos motivos revelados por ambos os grupos parecem ser comuns, estando estritamente vinculados às questões de cariz social, e condicionam a presença ou a ausência das jovens nas instalações onde se desenvolvem as atividades físicas e esportivas. Estes podem ser decorrentes da descontinuidade das políticas públicas de esportes e lazer para os sujeitos das camadas populares, dos confrontos ou enfrentamentos entre as forças policiais e alguns grupos marginais - ou mesmo entre grupos opositores existentes nessas comunidades -, o que concorre para o desestímulo das participantes pela contínua solução de continuidade das atividades promovidas pelos PIS.

Outros motivos que se destacaram nas falas dos investigados estão relacionados aos procedimentos de ensino adotados nas aulas pelos professores em diferentes atividades e modalidades, que as fazem perder o interesse na atividade escolhida, assim como a percepção da falta de uma perspectiva utilitária da prática por elas escolhidas, identificando, portanto, uma falta de sentido à sua permanência nos programas físico-esportivos oferecidos.

No sentido oposto ao referido quanto à perspectiva utilitária da atividade, descortinamos a expressão de motivo que concorre para a continuidade de algumas alunas, quando associadas a eventuais cursos de formação que lhes permitam ser, elas próprias, futuras docentes das modalidades que escolheram praticar.

À guisa de síntese dos dados coletados, consideramos que os motivos evidenciados pelas ex-alunas dos programas de inclusão social através do esporte nos permitiram enquadrá-los como sendo de natureza social, pedagógica, de gestão e psicológica, crendo que um número maior da amostra de ex-alunas poderia consolidar a natureza dos motivos aqui referidos, bem como trazer à luz outros motivos que não nos foi permitido perceber nesta análise.

O processo de socialização que estabelece os padrões de comportamentos, atitudes e pensamentos do que é ser do gênero masculino ou feminino pode colaborar para que a jovem opte pelo papel social esperado socialmente. Para estudos futuros, achamos importante investigações que busquem identificar as estratégias de ensino que são mais eficazes para que essas demandas femininas no esporte sejam alcançadas, garantindo, assim, a sua permanência nos PIS.

6 Referências

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Recebido: 08 de Novembro de 2021; Aceito: 10 de Janeiro de 2022; Publicado: 28 de Abril de 2022

Jose Antonio Vianna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação de Ensino na Educação Básica

https://orcid.org/0000-0003-3630-3321

Pós-doutor em Ciências do Desporto na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Coimbra. É professor no Programa de Pós-Graduação de Ensino na Educação Básica - CAp / Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Líder no Grupo de Pesquisa em Percepções do Cotidiano Escolar / Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Contribuição de autoria: Responsabilidade de supervisão e liderança para o planejamento e execução da atividade de pesquisa, incluindo orientação externa à equipe principal.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/8688907789895910

E-mail: javianna@hotmail.com

Ulhiana Maria de Medeiros Arruda, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

https://orcid.org/0000-0001-5831-9821

Mestra em Ensino na Educação Básica no Programa de Pós-Graduação de Ensino na Educação Básica - CAp / Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Contribuição de autoria: Condução de um processo de pesquisa e investigação, especificamente realizando os experimentos, ou coleta de dados/evidências.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/3196582797347171

E-mail: umamedeiros@globo.com

Paulo Coelho Araújo, Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

https://orcid.org/0000-0002-0993-3101

Doutor em Ciências do Desporto na Universidade do Porto. É professor associado de nomeação definitiva na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Coimbra.

Contribuição de autoria: Ideias, formulação ou evolução de metas e objetivos de pesquisa abrangentes.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/5762817440235743

E-mail: pcaraujo@fcdef.uc.pt

Editora responsável:

Lia Machado Fiuza Fialho

Pareceristas ad hoc:

Cláudia Lima e Marnilde Farias

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