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Childhood & Philosophy

versão impressa ISSN 2525-5061versão On-line ISSN 1984-5987

Resumo

OLARIETA, Beatriz Fabiana. O sol e as laranjas. Ou sobre o lugar onde as crianças e a poesia se encontram. child.philo [online]. 2013, vol.9, n.17, pp.11-23. ISSN 1984-5987.  https://doi.org/110.12957/childphilo.2017.26711.

Ao apresentar a instigante vizinhança entre as palavras de algumas crianças (a partir do registro que Pedro Bloch faz em seu Dicionário de humor infantil) e as de um poeta (Pablo Neruda em O livro das perguntas), este ensaio explora a infância como uma dimensão da existência humana que foge tanto da visão cronológica do tempo quanto da linguagem capturada pela lógica. Ao longo do trabalho mostra-se como tempo e linguagem funcionam como estabilizadores da experiência e como a infância fere a forma de ordenar o mundo que eles habitualmente propiciam. Ao provocar uma desestabilização, ao entrar numa dimensão inaugural, a infância que habita nas crianças (mas não só nelas, nem sequer em todas elas) e na poesia abre uma oportunidade para a criação de novos sentidos e traz a multiplicidade e o movimento que habitam no mundo. Pensar-nos é necessariamente pensar-nos no tempo. Não há experiência possível fora do tempo. Por sua vez, da forma que entendamos o tempo dependerão as possibilidades ou impossibilidades da nossa experiência. A infância costuma ser considerada como uma etapa de transição que vai constituir o passado do qual nós adultos provimos. Do mesmo modo, é habitual transformá-la em promessa de futuro de nossa espécie. Na busca de uma compreensão que escapa dessa perspectiva, apresenta-se aqui a infância do tempo como um devir que excede os corpos das crianças e penetra no de um velho poeta. Deleuze permeia essa possibilidade. Por outra parte, nossa experiência também se define na linguagem. As palavras nos ensinarão não só a dizer, mas também a ver, a pensar, a compreender as coisas e a compreender-nos de um modo particular. Então, quando alguém entra na infância da linguagem (além da idade que tenha), quando brinca com as palavras e as força a dizer coisas novas, brinca com os sentidos do mundo, brinca com o modo que esse mundo é pensado e percebido, com o modo ue esse mundo se apresenta e com as possibilidades que temos de agir nele.

Palavras-chave : Infância; Criança; Poesia; Tempo; Linguagem..

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