SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número55Bienestar en la Escuela y Percepción de la Discriminación de Género por las NiñasInvestigación walker: índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Psicologia da Educação

versión impresa ISSN 1414-6975versión On-line ISSN 2175-3520

Psic. da Ed.  no.55 São Paulo jul./dic 2022  Epub 31-Ago-2023

https://doi.org/10.23925/2175-3520.2022i55p88-97 

Artigos

REPERCUSSÕES DO CHORO DOS BEBÊS DURANTE O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO À CRECHE

Repercussions of infants´s crying during the process of adaptation to day care

Repercusiones del llanto de bebés durante el proceso de adaptación a guardería

Lindsay Guimarães Uellner1 
http://orcid.org/0000-0001-6544-6706

Giana Bitencourt Frizzo2 
http://orcid.org/0000-0001-8106-4441

1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Porto Alegre - RS - Brasil; lindsayuellner@gmail.com

2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Porto Alegre - RS - Brasil; gifrizzo@gmail.com


Resumo

O presente estudo buscou compreender a percepção das mães e dos pais sobre o choro dos bebês no contexto de adaptação à creche. Participaram do estudo dez mães e dois pais e a idade dos bebês variou de dois meses e meio a quinze meses. A partir de análise de conteúdo qualitativa, os resultados apontaram uma preocupação quanto ao choro, considerando-o, às vezes, como uma dificuldade no processo de adaptação. A discussão salientou a naturalidade dessa reação manifestada pela criança durante esse momento, ressaltando-se a importância de se compreender o choro como uma forma de comunicação. É preciso observar outros aspectos ao refletir sobre como esse momento está sendo sentido pelo bebê, visto que a ausência do choro não garante o bem-estar. Dessa forma, compreende-se que o processo de adaptação contempla a tríade: criança, família e escola. Além disso, o choro pode estar relacionado aos diversos sentimentos vivenciados pelos envolvidos e a partir das relações estabelecidas entre eles.

Palavras-chave: Educação infantil; Choro; Adaptação; Apego; Vínculo

Abstract

The present study aimed to understand the perception of mothers and fathers about the crying of infants in the context of adaptation to early childhood education. Ten mothers and two fathers participated in the study, and the age of the infants ranged from two months and a half to fifteen months. Based on qualitative content analysis, the results indicated a concern about crying, sometimes considering it a difficulty in the adaptation process. The discussion emphasized the naturalness of this reaction manifested by the child during this moment, emphasizing the importance of understanding crying as a form of communication. In addition, it is necessary to observe other aspects when reflecting on how this moment is being felt by the infant, since the absence of crying does not guarantee well-being. In this way, it is understood that the process of adaptation contemplates the triad: child, family and school. In addition, crying may be related to the various feelings experienced by those involved and from the relationships established between them.

Keywords: Early childhood education; Crying; Adaptation; Attachment; Bond

Resúmen

El presente estudio buscó comprender la percepción de las madres y de los padres sobre el llanto de los bebés en el contexto de adaptación a la guardería. Participaron del estudio diez madres y dos padres y la edad de los bebés varía de dos meses y medio a quince meses. A partir de análisis de contenido cualitativo, los resultados apuntaron una preocupación en cuanto al llanto, considerándolo, a veces, como una dificultad en el proceso de adaptación. La discusión subrayó la naturalidad de esa reacción manifestada por el niño durante ese momento, resaltando la importancia de comprender el llanto como una forma de comunicación. Además, hay que observar otros aspectos al reflexionar sobre cómo ese momento está siendo sentido por el bebé, ya que la ausencia del llanto no garantiza el bienestar. De esta forma, se comprende que el proceso de adaptación contempla la tríada: niño, familia y escuela. Además, el llanto puede estar relacionado a los diversos sentimientos vivenciados por los involucrados ya partir de las relaciones establecidas entre ellos.

Palabras clave: Educación infantil; Llanto; Adaptación; Apego; vínculo

Introdução

O processo de adaptação à creche contempla a inserção da criança no ambiente escolar, que compreende a faixa-etária de 0 a 3 anos. Entende-se a importância desse momento para a criança pelas mudanças significativas em sua rotina e no seu convívio (Tourinho, 2005; Fein, 1995). A criança passa a ter contato com um novo ambiente, novos adultos, novas crianças e novos cuidados. Além disso, se ressalta o caráter dinâmico da adaptação, ao se considerar que mudanças necessitam de um novo processo de adaptação, como, por exemplo, alteração de turma, de professoras e de horários (Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993). Todavia, entre os autores, não existe um consenso sobre o conceito de adaptação (Martins, Becker, Leão, Lopes, & Piccinini, 2014; Rapoport & Piccinini, 2001a).

Também não há concordância sobre a caracterização do “período de adaptação” (Martins & Cols., 2014; Rapoport & Piccinini, 2001a). Alguns autores consideram que a adaptação se estende da inserção da criança na creche até o final do primeiro mês; já outros ampliam dos três até os seis meses posteriores à entrada da criança no ambiente escolar (Fein, 1995; Rapoport & Piccinini, 2001a). Enquanto isso, outros sinalizam que a adaptação se inicia já nos primeiros contatos da família com a escola1, sendo as primeiras impressões fundamentais e estendendo-se por um período indeterminado (Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993).

Uma pesquisa buscou averiguar as concepções das educadoras2 sobre a adaptação de bebês à creche e os resultados demonstraram que 54% das educadoras entrevistadas acreditavam que o tempo depende de cada bebê. Cada adaptação é única e se faz fundamental adaptar o processo às particularidades da criança (Rapoport & Piccinini, 2001a).

Assim, a qualidade da adaptação também se vincula a uma inserção gradual (Peixoto at al., 2017). O tempo que a criança ficará na escola a cada dia não deve ser fixo, mas sensível às suas necessidades (Rapoport & Piccinini, 2001b).

Ao refletir sobre o processo de adaptação é importante considerar que ele engloba tanto a criança, quanto a família e a escola (Rapoport & Piccinini, 2001a). O modo como esse processo é vivenciado influencia as reações da criança, sendo necessário um investimento de ambas as partes envolvidas. Assim, a adaptação decorre de uma multiplicidade de fatores, não senso possível considerá-los isoladamente (Rapoport & Piccinini, 2001b).

Alguns autores (Amorim, Vitória, & Rossetti-Ferreira, 2000) salientam a influência das características da criança, destacando a saúde física e psicológica, a história pessoal, o nível de desenvolvimento, bem como a capacidade com que estabelece e mantém relações afetivas, além da capacidade de lidar com as modificações que podem vir a acontecer frente às relações preestabelecidas. Estudos também apontam que o temperamento da criança pode influenciar o processo (Fein, 1995; Klein, 1991). Além disso, ainda não há consenso se a idade da criança também pode ser considerada como um indicador importante no processo de adaptação (Rapoport & Piccinini, 2001a; Rapoport & Piccinini, 2001b; Vallejo, Pérez, Rodriguez, Herrera, & Aguilera, 2000).

A influência da relação estabelecida entre família e escola é outro aspecto interessante. Percebe-se que os sentimentos dos familiares quanto ao ingresso da criança no ambiente escolar também interferem (Rapoport & Piccinini, 2001b). Muitas das emoções deles, ou mais especificamente da mãe, são percebidas pela criança e manifestadas no comportamento dela. Dessa forma, se faz essencial a confiança depositada na escola e nas professoras, transmitindo segurança para que a criança experimente novas relações (Tourinho, 2005). Entretanto, essa relação de confiança será construída e muito permeada pela presença da família na escola, possibilitando o vínculo afetivo com as professoras (Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993).

Nesse contato com a família, salienta-se que algumas manifestações das crianças durante esse momento acabam mobilizando significativamente as mães e os pais, como é o caso do choro (Martins & Cols., 2014; Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993). O choro é umas das primeiras formas de comunicação que a criança encontra, utilizando-se dessa ferramenta desde seus primeiros dias de vida (Frizzo, Vivian, Piccinini, & Lopes, 2013; Tourinho, 2005). Segundo Winnicott (1966), há diversos motivos pelos quais as crianças choram, citando pelo menos quatro tipos: satisfação, dor, raiva e pesar. Cada um desses tipos possui características que podem ser percebidas a partir do som emitido e dos movimentos corporais (Winnicott, 1966), além de uma intensidade e um padrão próprio, pois cada bebê chora à sua maneira (Bowlby, 1984). Nesse sentido, é essencial poder dedicar-se à escuta sensível do choro das crianças para interpretá-lo de forma adequada e sanar suas necessidades (Felipe, 2001), pois a interpretação desse choro também diz respeito à interpretação que o adulto faz dele (Frizzo & Cols., 2013).

O choro, portanto, pode ser visto como um recurso da criança, sendo considerado como algo positivo, podendo, inclusive, segundo alguns médicos, sinalizar um sintoma de saúde e energia nos recém-nascidos (Winnicott, 1966). O bebê, quando chora, exercita seu corpo e ao mesmo tempo encontra métodos próprios para lidar com suas dificuldades, podendo atuar como tranquilizante. Contudo, através desse recurso as crianças conseguem manifestar que necessitam da ajuda do adulto (Winnicott, 1966). Nesse momento, o contato físico se faz muito importante, para que a criança se sinta acolhida e perceba a disponibilidade do adulto que deverá lhe inspirar confiança (Winnicott, 1966).

Rapoport e Piccinini (2001b) sugeriram que o choro tende a ser a manifestação mais comum entre as crianças durante o processo de adaptação, sendo expresso principalmente na chegada e na saída. Percebe-se que o choro é visto como um importante indicativo no processo, demonstrando se a criança está bem ou não e se ela está se adaptando (Pantalena, 2010). O choro se mantém presente entre as diferentes faixas etárias; porém, pode ser mais frequente no grupo de bebês menores (Bossi, Soares, Lopes, & Piccinini, 2014). Chokler (2003) ressalta que a criança é um sujeito não apenas de reações, mas também de ações, sendo carregada de emoções, sensações, movimentos, medos, ansiedades, pensamentos, além de ter a capacidade de agir por iniciativa própria e de se vincular.

Assim, outras manifestações de insatisfação também devem ser observadas, como passividade, apatia, resistência à alimentação, resistência ao sono, manifestação de doenças (Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993) e alguns sintomas físicos como febre, vômitos etc. (Rapoport & Piccinini, 2001b). Nesse sentido, entende-se que outros fatores são relevantes para avaliar o processo de adaptação, como, por exemplo, a interação social e a exploração do ambiente (Martins & Cols., 2014; Pantalena, 2010).

No entanto, quando o choro se manifesta durante o processo de adaptação, ele também pode estar relacionado ao apego estabelecido com as figuras parentais, demarcando uma insatisfação quanto à separação. Por isso, é importante respeitar que a criança esteja preparada para essa separação. Bowlby (1989) aborda, através de sua teoria do apego, o estabelecimento de laços emocionais íntimos entre indivíduos, sendo este um componente básico da natureza humana. Essa relação vai se construindo com as pessoas com as quais o bebê tem uma interação mais significativa ou que respondem mais adequadamente às suas necessidades. Dessa forma, a criança também realiza uma aprendizagem do apego (Chokler, 2003).

É possível refletir sobre como o processo de adaptação pode ativar esse comportamento de apego por ser um momento que desacomoda a criança, pois ela se depara com novos fatores, podendo se utilizar do choro, que é uma das formas mediadoras do comportamento de apego (Bowlby, 1984). Há indícios de que uma criança que construiu um vínculo de apego com as figuras parentais, provavelmente estabelecerá um vínculo afetivo com outros cuidadores. As figuras a quem se dirige o comportamento de apego não são tratadas de forma idêntica, havendo uma diferenciação entre figuras principais e subsidiárias (Bowlby, 1984).

O papel de quem cuida da criança será de ajudá-la a se sentir confortável, segura e bem-vinda (Balaban, 2011). As próprias educadoras reconhecem que buscam ser uma fonte de segurança e confiança à criança (Klein & Martins, 2017). Contudo, para que esse novo vínculo seja constituído, é essencial que o pai, a mãe ou outro familiar que tenha um vínculo afetivo forte, permaneça junto à criança até quando se fizer necessário (Vitória, & Rossetti-Ferreira, 1993). Infelizmente, os resultados de Rapoport e Piccinini (2001a) apontaram que entre as educadoras entrevistadas, a presença dos familiares na escola não era prevalente.

Frente ao aumento de crianças em creches (Balaban, 2011; Klein & Martins, 2017; Marshall, 2004), evidencia-se ainda mais a importância de se estudar a Educação Infantil e, primordialmente, sobre o processo de adaptação, pensando-se em como esse momento é vivenciado pela criança, pela família e ainda pela escola. Dessa forma, investigações sobre o processo de adaptação de bebês e crianças pequenas são essenciais, tema este que apresenta uma produção escassa (Peixoto & Cols., 2017; Rapoport & Piccinini, 2001a). Nesse sentido, o objetivo geral do estudo é compreender a percepção das mães e dos pais a respeito do choro dos bebês no contexto de adaptação à creche.

Método

Participantes

Participaram deste estudo dez mães e dois pais, com idades entre 29 e 43 anos (m= 34,75, dp= 4,51). A escolaridade variou entre Superior Completo e Pós-graduação. Nove moravam com cônjuge, dois separados/divorciados e um solteiro. Apenas um participante não trabalhava no momento. A renda familiar variou entre R$ 2.500 e R$ 13.300 (dois a treze salários mínimos). O bebê considerado na pesquisa era o primeiro filho(a), com exceção de dois casos.

Quanto ao sexo dos bebês, sete eram do sexo feminino e cinco eram do sexo masculino. A idade deles se refere àquela que apresentavam durante o ingresso à creche, tendo, então, um de dois meses e meio; um de cinco meses e meio; três de seis meses e meio; dois de sete meses; dois de oito meses, um de dez meses, um de doze meses e um de quinze meses. Todos os participantes deste estudo fizeram parte do projeto “[retirado para não identificação dos autores]. Todas as famílias eram residentes de Porto Alegre ou da região metropolitana e eram de diferentes níveis socioeconômicos. As famílias foram recrutadas a partir de hospitais, postos de saúde ou por indicação de outros profissionais da área da saúde.

Utilizaram-se alguns critérios para a inclusão na pesquisa: os bebês deveriam ser saudáveis, nascidos a termo e ter até doze meses de idade quando do primeiro contato com o grupo de pesquisa. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da UFRGS (CAAE: 14094213.5.1001.5334) e atende à Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa com seres humanos. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Local

As entrevistas foram realizadas nas salas do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Psicologia.

Procedimentos

Foi utilizado um delineamento qualitativo e descritivo (Gil, 2002) para compreender a percepção das mães e dos pais a respeito do choro dos bebês no contexto de adaptação à creche. As mães que tinham interesse em avaliar o desenvolvimento de seus filhos entravam em contato com as pesquisadoras e, então, eram convidadas a participar do estudo. Era feita, primeiramente, a Ficha de Contato Inicial (adaptado de GIDEP/NUDIF, 2003a) e após a assinatura dos Termos de Consentimentos Livre e Esclarecido, as mães eram convidadas a preencher os instrumentos: Questionário sobre os Dados Sociodemográficos da família (adaptado de NUDIF, 2008) e a Entrevista sobre a Experiência da Maternidade (GIDEP/NUDIF, 2003b 3. Os pais seguiram o mesmo procedimento.

Materiais

Ficha de Contato Inicial (GIDEP/NUDIF, 2003a): tinha o objetivo de saber se as famílias atendiam aos critérios para participar do estudo.

Questionário sobre os Dados Sociodemográficos da família (adaptado de NUDIF, 2008): instrumento que visava conhecer o bebê e sua família, obtendo demais dados demográficos.

Entrevista sobre a Experiência da Maternidade/Paternidade (adaptada de GIDEP/NUDIF, 2003b/c): entrevista semiestruturada que investigava diversos aspectos da experiência da maternidade/paternidade.

Análise de dados

As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. Os dados coletados das entrevistas semiestruturadas foram tratados por análise de conteúdo (Laville & Dionne, 1999).

Examinou-se, especificamente, os dados provenientes do 4º bloco da Entrevista sobre a Experiência da Maternidade/Paternidade (adaptada de GIDEP/NUDIF, 2003b/c). Através dessa análise buscou-se o que se destacava quanto ao processo de adaptação e percebeu-se que o choro se ressaltou nos relatos, dando origem à categoria Repercussões do choro nas mães e nos pais.

Resultados e discussão

Repercussões do choro nas mães e nos pais

Nessa categoria incluíram-se os relatos em que as mães e os pais mencionaram sobre aspectos que os tocaram durante o processo de adaptação dos filhos. Dentre esses aspectos o choro se destacou, suscitando neles sentimentos e causando reações. Em algumas situações a presença do choro gerou certa preocupação, sendo às vezes relacionado a uma dificuldade no processo. Ao passo que a ausência do choro foi vista como um fator positivo. Segue abaixo, respectivamente, duas vinhetas que ilustram bem essa associação:

(...) o primeiro e o segundo dia foram os piores, que ela chorava (...), aquele choro forte, de como se ela tivesse caído, se machucado, e lágrima, e lágrima, ‘buá, buá’, e grito, e grito, e grito.” (Caso 2) e “(...) primeiro dia que eu fui buscar, ela tava dormindo bem tranquila, nunca veio com aquele olhinho de choro de que chorou muito tempo assim, sabe”. (Caso 4).

Na primeira vinheta acima, o choro parece ter sido um dos recursos que a criança encontrou para expressar seus sentimentos, através de um choro com bastante energia. Segundo Winnicott (1966), quando o bebê chora ele solicita ajuda, comunicando ao adulto que algo lhe desagrada e nesse sentido chora exatamente porque acredita no seu cuidador, demonstrando confiança quanto aos cuidados recebidos.

Entendendo o choro como um meio de comunicação, destaca-se a importância de buscar compreender o que cada choro pode querer comunicar. Segundo Pantalena (2010), ouvir o choro é dar voz aos bebês, no sentido de mostrar acolhimento e compreensão das necessidades da criança e respondendo a essas necessidades de forma adequada. Com relação à existência de mais de um tipo de choro, salienta-se que cada um deles tem uma intensidade e um padrão próprio, repercutindo também de forma própria sobre os companheiros do bebê. Ao encontro disso, o choro não é facilmente ignorado e nem tolerado, pois se torna difícil habituar-se as diferentes variações no ritmo e na amplitude do choro (Bowlby, 1984).

Durante o processo de adaptação, se compreende que o choro pode ter relação direta com os sentimentos da criança quanto às novas mudanças, bem como com os sentimentos da família e da equipe que recebe essa criança. O choro, porém, pode comunicar outras necessidades, como fome, sono e cansaço. Ao encontro da escuta do choro, o adulto precisa observar os sinais sutis que a criança manifesta para demonstrar suas necessidades. Nesse sentido, a família contribui significativamente ao participar ativamente do processo de adaptação, pois, por conhecer a criança, poderá passar informações importantes à equipe, favorecendo o acolhimento (Balaban, 2011):

(...) os três primeiros dias ela dava uma choradinha quando ela sentia fome porque na verdade ela ia bem com as prof, mais por que ela mamava bastante... sempre quando ela queria tinha o mamá, daí ficou só... (...) Teve essa (dificuldade) que eu te falei só, de chorar pra mamar, mas desses três dias depois ela ficou tranquila. (Caso 7).

Todavia, a ausência de choro não significa que a criança está bem (Pantalena, 2010), por isso é essencial observar outras reações como a passividade, a apatia, a alimentação e o sono nesse momento (Vallejo & Cols., 2000; Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993), a interação social, a exploração do ambiente (Martins & Cols., 2014; Pantalena, 2010) e os sintomas físicos (Rapoport & Piccinini, 2001b). Dessa forma, informar os familiares sobre possíveis reações das crianças pode favorecer com que a adaptação aconteça mais tranquilamente (Martins & Cols., 2014), evitando-se diversas fantasias que as mães e os pais possam vir a formular. A análise dos resultados mostrou que alguns familiares reconhecem a presença de outros indicadores, além do choro, para refletir sobre o processo de adaptação: “Mas ela tá bem, ela come bem, ela dorme, tira a sonequinha, então acho que isso são bons indícios assim.” (Caso 4).

É esperado e natural que a criança manifeste que está sentido as mudanças que estão acontecendo e isso pode mostrar que ela está conectada com a sua rotina anterior (Balaban, 2011). Contudo, em alguns casos pode acontecer da criança, inicialmente, demonstrar curiosidade quanto ao novo espaço e, posteriormente, sentir as mudanças: “(...) lá na escolinha foi uma adaptação não usual. No primeiro dia uma choradeira, não... ela já chorou lá no sexto, sétimo dia deu uma choradinha, mas já se distraiu.” (Caso 11).

Quando percebem que o ambiente escolar realmente fará parte da rotina podem expressar seus sentimentos de variadas formas, como ao apresentar modificações no seu comportamento em casa, através de alterações no sono, na alimentação, acessos de raiva (Brazelton, 1994). Também é possível a ocorrência de protestos e recusas para sair de casa, da mesma forma que a criança pode chorar mais e recorrer mais a objetos que a confortem, como um brinquedo ou uma mamadeira. Nesse sentido, esse comportamento indica que a criança necessita do apoio do seu cuidador para se reorganizar, o que não deve ser motivo de preocupação para as famílias, a não ser que se prolongue significativamente (Brazelton, 1994).

Retomando-se a manifestação do choro durante esse processo, ele pode atuar buscando tanto a aproximação da figura de apego quanto o desejo de mantê-la por perto (Bowlby, 1984).

No segundo dia, ela dizia: “mamã, mamamã”. E eu lá embaixo, aí eu disse pra dona da escolinha: “olha aqui, ó, ou tu põe uma psicóloga aqui do lado da mãe, ou tu me deixa sair e aí, na volta, tu me conta: “olha, tua filha chorou” (Caso 2).

Durante os primeiros dias de adaptação pode se fazer presente nas crianças o medo de separar-se da figura de apego. Frente a isso, a ansiedade de separação é sentida ao se vivenciar a sensação de perder a figura amada ou de se tornar separado dela, o que é considerado saudável, pois é uma reação de proteção (Bowlby, 1989). Além disso, também pode vir a se fazer presente o medo de estranhos se, por ventura, acontecer, logo no início, a separação da figura de apego principal ou subsidiária (Pantalena, 2010).

Em algumas situações, percebe-se que o choro pode ser considerado como uma manifestação direcionada às professoras, como exemplifica o discurso de um pai entrevistado: “O Antônio até hoje nunca chorou de ir pra creche, nem quando, nem contra as professoras da turma” (Caso 1). Nesse sentido, é interessante sinalizar que o choro não se dirige aos cuidadores, não devendo ser tomado como pessoal, visto que existem outras justificativas para ele estar acontecendo. Quando o cuidador faz essa leitura, tende a permanecer investindo na formação de vínculo de forma gradual e respeitosa e assim permite que a criança não sinta ansiedade e medo.

Ao longo do desenvolvimento, a criança vai construindo a capacidade de manter a imagem mental da figura de apego; porém, em momentos de tensão é mais difícil suportar a ausência visual, no sentido de parecer que essa figura não vai mais voltar (Balaban, 1988). Contudo, é importante lembrar que o comportamento de separação pode ser consideravelmente diferente de criança para criança e independentemente da idade é essencial que se respeite a ligação da criança com os pais, sendo essa a parte mais importante do processo de adaptação (Balaban, 1988).

No presente estudo, o choro não manteve relação direta com a faixa-etária, não sendo possível classificar a sua frequência e nem a sua intensidade em relação à idade de cada criança, diferentemente dos resultados encontrados no estudo de Bossi et al., (2014). Outra pesquisa (Averbuch, 1999) também buscou analisar as diferentes faixas-etárias durante esse momento e os resultados foram pouco conclusivos, o que pode se dever aos inúmeros fatores que perpassam o processo de adaptação.

Nos relatos analisados, também se ressaltou o quanto foi desconfortável para as mães e para os pais escutarem o(a) filho(a) chorando e, em algumas situações, essa manifestação provocou nos familiares reações. Ao perceber essa mobilização, salienta-se o fato do processo de adaptação também ser um processo vivenciado pela família da criança (Ferreira, 2007):

o início foi bem difícil, eu chorei junto, ela chorava e eu chorei junto, (..) eu ia ter que voltar para o trabalho e isso tava me deixando angustiada (...), ela ia ficar chorando na escola assim, tem o tempo dela, porque eu tava disposta a esperar o tempo dela e o meu tempo junto, porque acaba sendo junto do nosso tempo, então aquilo ia ser cortado, né, então isso tava me angustiando (...) (Caso 8).

Essa angústia sentida também se apresenta em alguns estudos (Martins & Cols., 2014; Vitória & Rossetti-Ferreira, 1993), visto que o choro, durante o processo de adaptação, é uma das manifestações que mobilizam significativamente as famílias. Por si só, o choro já é um fator de ansiedade para os adultos (Felipe, 2001; Frizzo & Cols., 2013). Nesse sentido, Ferreira (2007) salientou, a partir dos seus resultados, que as mães sentiam o choro expresso na inserção da criança na escola como se algo negativo estivesse acontecendo, o que se refletia em desconfiança e preocupação. Em outro estudo (Bossi & Cols., 2014), o choro também repercutiu em preocupações nos familiares e levou a situações como a de uma mãe que não conseguia levar o filho à creche, deixando isso a cargo de seu esposo, pois ficava chateada de deixá-lo chorando e de um outro caso em que o pai relatou que no primeiro dia de adaptação deixou seu trabalho imediatamente, quando soube que o filho estava chorando (Bossi & Cols., 2014). Contudo, mães e pais podem reagir ao choro da criança de outras formas, por exemplo, com irritação: “Eu noto, na quinta, quando eu fui a buscar, ela tava a chorar e isso foi uma coisa que me irritou (riso)” (Caso 12).

Vitória e Rossetti-Ferreira (1993) também ressaltaram a possibilidade da mobilização dos familiares quanto à ausência do choro durante esse processo, o que não foi corroborado por esta pesquisa. Quando isso se faz presente as mães apresentam dúvidas com relação ao sentimento dos filhos sobre elas, questionando-se sobre a criança ainda gostar delas pelo fato de não ter chorado.

Muitos sentimentos são evocados nos familiares durante o ingresso da criança na escola e, nesse sentido, os sentimentos vividos pela criança podem estar relacionados com os dos pais. Perpassam nas mães e nos pais muitas dúvidas, angústias, preocupações, ambivalências, ansiedades, medos, desconfortos e excitação (Balaban, 1988). O comportamento e as reações manifestadas pela criança podem ser influenciados pelos sentimentos vivenciados pela mãe ao deixar o filho na escola. Da mesma forma, as reações da criança também podem influenciar as reações da mãe (Ferreira, 2007). Um estudo (Martins & Cols., 2014) revelou que quanto mais intensas são as reações da criança frente ao ingresso na creche, mais os familiares se sentem culpados quanto à escolha que fizeram. Algumas reações vivenciadas pela criança durante a inserção na creche podem sensibilizar a mãe, sendo difícil de lidar com a sua própria ansiedade e junto a isso com a ansiedade do filho durante esse momento (Ferreira, 2007). A mãe também pode experimentar sentimentos que não são agradáveis se no reencontro com o filho o vê chorando ou adoecido, ainda mais quando a família não consente com a escolha desse cuidado alternativo (Martins & Cols., 2014).

Além disso, a forma como a mãe significa o choro do filho pode ter relação com a sua própria história frente às separações vividas. Em um dos casos deste estudo (Ferreira 2007), a mãe passou a se sentir desconfiada, preocupada e insegura visto o filho começar a chorar e não querer ficar na escola e, ao se investigar a infância dela, esta recordou que chorava muito quando ingressou na creche, parecendo sentir medo de ser abandonada por seus pais. Ferreira (2007) também destacou que é importante considerar outras experiências de separação vividas pela dupla mãe-bebê para poder refletir sobre como está sendo sentida essa separação quanto ao ingresso na creche.

Frente aos diversos sentimentos que podem perpassar os familiares durante esse momento, percebeu-se, a partir das análises, que o choro permanece sendo um ponto de atenção, mesmo depois que o processo não está mais no seu início: “Eu gosto de quando eu largo ela e ela não fica chorando, ou dá aquela choradinha, se acalma e já tá ótimo, né, que aí eu saio mais tranquila.” (Caso 2).

Todavia, se salienta que as reações quanto à separação dos familiares, como o choro, nem sempre desaparecem depois que a criança está adaptada (Balaban, 1988). Porém, ela se tranquiliza na presença da professora, que atua como figura de referência subsidiária, já tendo confiança nessa relação. Essas reações também podem vir a reaparecer nas segundas-feiras, visto a criança ficar em casa um período maior que é o final de semana (Balaban 1988).

Ao encontro disso, se apresenta a dificuldade dos próprios familiares quanto a esse momento de separação do filho. Alguns utilizam como estratégia para se separarem a saída sem se despedirem. Todavia, isso pode vir a alimentar um sentimento de insegurança e abandono, pois a mãe não transmite a segurança de que se ausentará por um tempo e retornará para lhe buscar (Averbuch, 1999). O bebê não consegue fazer a diferenciação de uma separação temporária breve, uma separação temporária longa e uma perda; mas, aos poucos, vai entendendo isso a partir das suas experiências (Pantalena, 2010). Diante disso, é essencial que as professoras possam validar os sentimentos da criança, reconhecendo essa tristeza nos momentos se separação e podendo explicar que a mãe vai, mas volta e, assim, se mostrando disponível para tentar ajudá-la a se sentir melhor (Balaban, 2011; Pantalena, 2010).

Considerações finais

O estudo buscou compreender a percepção das mães e dos pais quanto ao choro das crianças durante o processo de adaptação à creche. A partir disso, perceberam-se diferentes reações frente ao choro, o que pode estar relacionado às particularidades do momento, ao entender que cada processo é único, considerando a tríade: criança, família, escola. Em grande parte dos relatos, a manifestação do choro foi sentida como preocupante, sendo possível, a partir da discussão do presente trabalho, trazer elementos que ampliem essa representação, validando o choro como um meio de comunicação. Através da manifestação do choro, a criança reflete o seu estado interior, expressando o que está sentindo e solicitando ajuda da(s) sua(s) figura(s) de referência (Winnicott,1966). Além disso, se ressalta que outros aspectos precisam ser considerados, visto que a ausência do choro não assegura o bem-estar da criança.

Ao considerar a importância do choro no desenvolvimento da criança, o presente estudo permitiu ampliar as reflexões possíveis sobre essa manifestação no processo de adaptação à creche. Salientou-se que este pode ter relação com o apego desenvolvido com a mãe ou com o pai, que costumam ser a figura de referência principal. Ao encontro disso, é necessário que a separação da criança com a sua figura de referência siga o ritmo da própria criança. É importante para o desenvolvimento dela que possa lidar com as separações dos pais, porém é fundamental que possa fazer isso ao lado de pessoas sensíveis, estando sob cuidados carinhosos (Balaban, 2011; Brazelton, 1994).

Além dos sentimentos experimentados ao se vivenciar o choro da criança, também se destacaram nos relatos das mães e dos pais outros sentimentos com relação ao processo de adaptação como um todo, como a culpa relativa à vontade de voltar a trabalhar. Nesse sentido, se obteve um material riquíssimo sobre os diversos sentimentos, mas que não foram explorados no presente estudo, sugerindo-se, assim, a importância de que outras pesquisas trabalhem a fundo esse tema.

Ao encontro disso, ressalta-se a importância da participação de um psicólogo que acompanhe o processo e se dedique a escutar e acolher os familiares, além deste profissional poder orientá-los quanto a possíveis situações, reações, sentimentos. Também é importante que as professoras conheçam as reações das crianças durante esse momento para se tranquilizarem e para tranquilizar a família. Com relação ao choro, acredita-se que se as professoras souberem explicar aos familiares sobre essa manifestação, tanto na sua presença quanto na sua ausência, estes ficarão mais confiantes. Portanto, é essencial considerar o atendimento à família e as relações estabelecidas com ela, construindo-se entre a equipe e a família um vínculo de afeto que possibilite que esta também se sinta segura da escolha que fez ao inserir o(a) filho(a) na creche.

Frente à discussão elaborada, foi possível perceber a importância de se investigar a história pessoal das mães e dos pais quanto às experiências de separação de seus próprios pais, pois durante a adaptação dos filhos podem reviver esses sentimentos. Este não era, porém, um dos objetivos do presente estudo e pode ser melhor investigado em pesquisas futuras. Todavia, como escola é fundamental que se tenha esse olhar sobre os sentimentos de cada família recebida.

Seria interessante poder ter contado com a participação na pesquisa tanto da mãe quanto do pai da criança, porém essa foi uma das limitações do estudo, visto que apenas um deles se disponibilizou a participar. Outra limitação foi a participação de poucos pais, tendo apenas dois pais em contraponto às mães participantes que totalizaram dez.

Entretanto, a partir do material obtido, foi possível se utilizar da metodologia qualitativa, tendo poucos casos, mas analisados em profundidade (Patton, 2002), sendo possível entender detalhadamente diferentes percepções e reações frente ao choro das crianças. Ao encontro disso, este trabalho possibilitou um diálogo entre a psicologia e a educação, favorecendo a união do conhecimento destas duas áreas. Explorou-se um tema pouco abordado em pesquisas, mas muito importante na reflexão sobre a prática, visto que pensar sobre o choro da criança e seus diversos motivos pode contribuir com uma escuta ativa e sensível dessa manifestação durante o processo de adaptação escolar.

Referências

Amorim, K., Vitória, T., & Rossetti-Ferreira, M. (2000). Rede de significações: perspectiva para análise da inserção de bebês na creche. Cadernos de Pesquisa, 109, 115-144. [ Links ]

Averbuch, A. R. (1999). Adaptação de bebês à creche: O ingresso no primeiro ou segundo semestre de vida. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grade do Sul, Porto Alegre, RS. [ Links ]

Balaban, N. (1988). O início da vida escolar: Da separação à independência. (Y. L. S. Berlin, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]

Balaban, N. (2011). Transition to group care for infants, toddlers and families. In: E D. M. Laverick & M. R. Jalongo (Orgs.), Transitions to early care and education, educating the young child (pp. 7-20). New York: Springer Science-Business Media. [ Links ]

Bossi, T. J., Soares, E., Lopes, R. C. S., & Piccinini, C. A. (2014). Adaptação à Creche e o Processo de Separação-Individuação: Reações dos Bebês e Sentimentos Parentais. Psico, 45(2), 250-260. [ Links ]

Bowlby, J. (1984) Apego. (Vol.1 da trilogia Apego e Perda). (A. Cabral, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. [ Links ]

Bowlby, J. (1989). Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. (S. M. Barros, trad.). Porto Alegre: Artes Médicas . [ Links ]

Brazelton, T. B. (1994). Momentos decisivos do desenvolvimento infantil . (J. L. Camargo, trad.) São Paulo: Martins Fontes . [ Links ]

Chokler, M. (2003). Los organizadores del dasarrollo. Um enfoque transdiciplinario para la comprensión del desarrollo infantil temprano. Lima, Peru: Centauro editores. [ Links ]

Fein, G. G. (1995). Infants in Group Care: Patterns of Despair and Detachment. Early Childhood Research Quarterly. 10, 261-275. [ Links ]

Felipe, J. (2001). O Desenvolvimento Infantil na Perspectiva Sociointeracionista: Piaget, Vygotsky, Wallon. Em C. Craidy & G Kaercher (orgs.), Educação Infantil. Pra que te quero? (pp. 27 - 38 ). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]

Ferreira, G. V. (2007). O impacto da adaptação de crianças na creche sobre os sentimentos maternos. Projeto de pesquisa para a obtenção do grau de Especialista em Psicologia Clínica, Universidade Federal do Rio Grade do Sul, Porto Alegre, RS. [ Links ]

Frizzo, G. B., Vivian, A. G., Piccinini, C. A., & Lopes, R. S. (2013). Crying as a Form of Parent-Infant Communication in the Context of Maternal Depression. Journal of Child and Family Studies, 22, 569-581. [ Links ]

GIDEP/NUDIF (2003a). Ficha de Contato Inicial. Instituto de Psicologia - UFRGS, Porto Alegre. Instrumento não publicado. [ Links ]

GIDEP/NUDIF (2003b). Entrevista sobre a Experiência da Maternidade. Instituto de Psicologia - UFRGS, Porto Alegre . Instrumento não publicado. [ Links ]

GIDEP/NUDIF (2003c). Entrevista sobre a Experiência da Paternidade. Instituto de Psicologia - UFRGS, Porto Alegre . Instrumento não publicado. [ Links ]

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. (4ed). São Paulo: Atlas. [ Links ]

Klein, H. A. (1991). Temperament and childhood group care adjustment: A cross-cultural comparison. Early Childhood Research Quarterly, 6, 211-224. [ Links ]

Klein, B. S. & Martins, G. (2017). Concepções de Educadoras de Berçário sobre Desenvolvimento Infantil e Interação Educadora-Bebê. Temas em Psicologia, 25(1), 117-130. [ Links ]

Laville, C. & Dionne, J. (1999). A construção do saber. Manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Editora UFMG/Artmed. [ Links ]

Marshall, N. L. (2004). The quality of early child care and children’s development. Current Directions in Psychological Science, 13(4), 165-168. [ Links ]

Martins, G., Becker, S., Leão, L., Lopes, R., & Piccinini, C. (2014). Fatores associados à não Adaptação do bebê na Creche: da Gestação ao Ingresso na Instituição. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 30(3), 241-250. [ Links ]

NUDIF (2008). Questionário sobre os Dados Sociodemográficos da família. Instituto de Psicologia - UFRGS, Porto Alegre . Instrumento não publicado. [ Links ]

Pantalena, E. S. (2010). O ingresso da criança na creche e os vínculos iniciais. Dissertação de mestrado, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo. [ Links ]

Patton, M. Q. (2002). Qualitative research and evaluation methods (3ed). Thousand Oaks, CA: Sage. [ Links ]

Peixoto, C. Barros, S., Coelho, V., Cadima, J., Pinto, A. I., & Pessanha, M. (2017). Transição para creche e bem-estar emocional dos bebês em Portugal. Psicologia Escolar e Educacional, SP. 21(3), 427-436. [ Links ]

Rapoport, A., & Piccinini, C. A. (2001a). Concepções de Educadoras Sobre a Adaptação de Bebês à Creche. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 17(1), 69-78. [ Links ]

Rapoport, A., & Piccinini, C. A. (2001b). O Ingresso e Adaptação de Bebês e Crianças Pequenas: Alguns Aspectos Críticos. Psicologia: Reflexão e Crítica. 14(1), 81-95. [ Links ]

Tourinho, R. T. (2005). Adaptação da criança na pré-escola e comportamento de apego/desapego: a constituição do vínculo afetivo criança e educador na pré-escola. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu. [ Links ]

Vallejo, O. G., Rodríguez, L. P, Herrera, I. F., & Aguilera, S. A. (2000). Comportamiento del proceso de adaptación en un círculo infantil.Revista Cubana de Medicina General Integral,16(1), 63-67. [ Links ]

Vitória, T., & Rossetti-Ferreira, M. C. (1993). Processo de adaptação na creche. Caderno de Pesquisa, 86, 55-64. [ Links ]

Winnicott, D. W. (1966) A criança e o seu mundo. (A. Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar Editores. [ Links ]

1 Neste estudo, os termos creche e escola serão utilizados como sinônimos.

2 Os termos educadora e professora serão utilizados como similares. Entendem-se as particularidades de cada um deles, porém optou-se por utilizá-los de acordo com o estudo embasado em cada situação e por entender que tanto professoras quanto educadoras participam do processo de adaptação. Além disso, esses termos serão utilizados no feminino por essa profissão ser mais exercida por mulheres e por predominar na literatura dessa forma, porém também se ressalta que é desempenhada por homens.

3 Na fase II do projeto maior foram aplicados outros instrumentos, porém optou-se por descrever somente os que foram utilizados no presente estudo.

Recebido: 14 de Dezembro de 2018; Aceito: 27 de Outubro de 2022

Creative Commons License Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a obra original seja devidamente citada.